quinta-feira, fevereiro 25, 2010

DEMOCRATAS

Democratas: “Sim” à Democracia e “não” às Ditaduras

No momento em que o presidente Lula da Silva faz sua terceira visita a Cuba e posa sorridente para fotos abraçado aos ditadores Fidel e Raul Castro, a Comissão Executiva Nacional do Democratas lamenta o silêncio inexplicável do governo brasileiro ante a morte do preso político cubano Orlando Zapata Tamayo, enterrado em Havana no mesmo dia em que chegou ao país a comitiva brasileira.

A agonia e morte do prisioneiro, que estava em greve de fome desde o início de dezembro e vinha sendo torturado por sonhar com um regime de liberdade, é a prova cabal de que a barbárie impera em Cuba. Ali, passa de 200 o número de presos por supostos crimes de “consciência", segundo estimativa da anistia internacional.

O presidente Lula da Silva, que sempre disse defender a democracia e o Estado de Direito, devia refletir sobre suas responsabilidades perante a história do Brasil, a história do seu partido e até sua própria história antes de apoiar ditaturas como as que vigoram no Irã e em Cuba. O presidente da República também não devia carrear vultosos financiamentos públicos brasileiros, à revelia do Poder Legislativo, para a ditadura dos irmãos Castro.

Cuba é um país que se tornou pária por não cumprir as cláusulas democráticas exigidas nas relações diplomáticas dos povos civilizados. Também não cumpre contratos. Isto quer dizer que o dinheiro levado por Lula da Silva não será devolvido. O Brasil jamais recebeu de volta os empréstimos que fez a Cuba.

O presidente Lula da Silva não é dono da poupança dos brasileiros. Ele deve gerir os recursos mediante critérios legais, em vez de usá-los para doação a seus ditadores de estimação. Para se ter idéia do absurdo desta ação presidencial cabe lembrar que o montante que Lula garantiu a Cuba é mais de dez vezes superior à soma das doações feitas pelo Brasil ao Haiti, país devastado pelo terremoto de 12 de janeiro.

O Democratas pretende convocar o presidente do BNDES, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, para explicar no Congresso os critérios que foram usados pela instituição para definir os empréstimos a Cuba. Emprestar dinheiro a uma ditadura é financiar a tortura, é homenagear um regime opressivo que leva os dissidentes à morte.

O povo brasileiro apóia a liberdade de pensar, participar e discordar. O povo brasileiro não aceita o equívoco deste governo que vai a Cuba tentar mostrar ditadores, que perderam todas as batalhas da História, como heróis. Heróis são os que morrem pela liberdade.

Brasília, 25 de fevereiro de 2010

Rodrigo Maia- Presidente


NOTA

Em nota, o líder do Democratas na Câmara, Paulo Bornhausen também se manifestou sobre Lula em Cuba e a morte do cidadão cubano Zapata.

Veja a íntegra:

"Lula envergonha o Brasil"

Mais uma vez Lula demonstra que é um governate só de discurso, e de dois discursos.

No Brasil, posa de defensor da democracia e dos direitos humanos.

Em Cuba, se curva diante para um dos mais facínoras ditadores do planeta ainda vivo.

Não há o que se relevar desta vez.; e não se trata de apenas mais uma gafe.

O presidente Lula deu uma demonstração inequívoca de desrespeito aos direitos humanos e aos mais básicos fundamentos da Democracia. Desdenhou de uma tragédia ocorrida sob o patrocínio da ditadura cubana, que ele e seus assessores tanto celebram e defendem.

Enquanto o cidadão cubano Orlando Zapata Tamayo morria dentro de um hospital do governo cubano, Lula e seu assessor de imprensa se fotografavam com o ditador Fidel Castro.

Personificando uma indignação burocrática, Lula ainda criticou os dissidentes de seu ídolo por não terem protocolado um pedido de audiência, como se numa ditadura o poder permitiria tal gesto.

Indignada está a nação brasileira. Indignados estamos nós do Democratas, que não aceitamos essa agressão gratuita à democracia e exigimos uma retração do presidente Lula ao povo cubano e ao povo brasileiro.

Temos orgulho de nossos valores democráticos e humanistas, de nossa índole solidária e de nossa fé e convicção nas liberdades individuais e dos direitos básicos do ser humano.

Lula não representa o povo brasileiro. Só o envergonha.

Deputado Paulo Bornhausen (SC), Líder do Democratas

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

O hino à imbecilidade e o monumento ao cinismo

25 de fevereiro de 2010

Para fingir que não soube do pedido de socorro emitido por 42 presos políticos cubanos, o presidente Lula compôs um hino à imbecilidade. “As pessoas precisam parar com esse hábito de fazer cartas, guardarem para si e depois dizerem que mandaram para os outros”, começou. Como se o texto não tivesse sido reproduzido por todos os jornais do país. “Quando uma pessoa manda uma carta para um presidente, no mínimo, só pode dizer que o presidente a recebeu se protocolar a carta”, concluiu. Como se a ditadura dos irmãos amigos se dispusesse a fretar um avião para depositar na Praça dos Três Poderes um dos signatários do documento.

Para culpar o preso político Orlando Zapata Tamayo pela própria morte, Lula ergueu um monumento ao cinismo. “Temos de lamentar, como ser humano, sobre alguém que morreu porque decidiu fazer greve de fome”, começou. Como se Zapata tivesse permanecido 85 dias sem se alimentar para dedicar-se ao ofício de faquir depois da libertação. “Vocês sabem que sou contra, porque fiz greve de fome”, concluiu. Como se merecesse tal qualificação o anedótico jejum que simulou durante a paralisação dos metalúrgicos do ABC entre abril e maio de 1980.

“O pessoal escondia bala, acordava para roubar bolacha, uma vergonha”, diz José Maria de Almeida, um dos participantes da comédia. Em 1997, como atesta o video abaixo, Lula confessou que tentara contrabandear para a cela um pacote de balas Paulistinha. A pedido dos próprios metalúrgicos, em busca de uma saída honrosa para o falso problema, o cardeal Paulo Evaristo Arns solicitou-lhes que encerrassem o que nem começou. O fim da paródia foi celebrado com um amistoso jantar entre encarcerados e carcereiros. “Fiquei tão contente quando a greve de fome acabou que mandei servir lula a dorê para o pessoal”, conta o agora senador Romeu Tuma.

O depoimento gravado em vídeo atesta que, enquanto os companheiros permaneceram hospedados no Dops, o delegado Tuma transformou o que deveria ser uma prisão do regime autoritário num aconchegante hotel com celas. Lula nem faz ideia do que é uma cadeia de ditadura. Nunca soube o que é greve de fome. Conjugados, o falatório em Cuba e as declarações de 1997 avisam que o mundo deste começo de século será lembrado como um deserto de estadistas. É esse o habitat do governante das cavernas.

ARNALDO JABOR

Raul Castro culpa os americanos pela morte de preso cubano


JORNAL DA GLOBO 24/02/10

Os fatos agora podem ser manejados, tirados da cartola, jogados no lixo. As palavras hoje servem para soterrar os sentidos.

Raul Castro , o velho fascista cubano, disse que a culpa pela morte do Sapateiro Zapata é dos Estados Unidos. É, o prisioneiro morreu por culpa dos americanos e não pela repressão cubana que logo impediu na base da porrada protestos contra sua morte.]

Ai, Lula, que é especialista em transformar palavras em fatos e ocultar fatos com palavras, emendou de bate-pronto: “as pessoas precisam parar de fazerem cartas e depois dizerem que mandaram. Se tivessem pedido para mim para conversar, eu teria conversado”.

Em seguida, ele “reclama” do morto, dizendo que ele devia ter protocolado a carta. Imaginem o cara morrendo e protocolando a carta. Depois falou: “eu lamento que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome”.

Ai, fica difícil. Quer dizer que o morto de fome, além de ser assassinado pelos Estados Unidos, mentiu para o Lula que tinha mandado carta sem protocolo e também o sujeito relaxado esse Sapateiro se “deixou” morrer.

Que comentário pode ser feito sobre isso? Que a realidade é falsa. Só as versões mentirosas ou demagógicas são verdadeiras.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Novos cotistas

O GLOBO - 25/02/10



No tempo em que as siderúrgicas eram estatais, lá pelos anos 70 e 80, um dos grandes negócios da praça era ter uma cota de venda de aço. O dono da cota era o intermediário entre a estatal e o comprador, obviamente ganhando uma comissão por isso. Na teoria, se dizia que os intermediários eram especialistas nesse mercado, sabendo como colocar a mercadoria em melhores condições.

Na prática, o sujeito ganhava o direito de vender tantas toneladas de aço, montava um escritoriozinho e colocava lá uma pessoa para atender telefone, o que não era fácil, dada a escassez de linhas, então também operadas por estatais.

Como se ganhava a cota? Não, não era concurso, nem licitação, nem outro método imparcial. Era uma escolha dos donos do poder.

Na última terça-feira, José Dirceu, defendendo-se da denúncia de estar fazendo lobby para um empresário, no caso Telebrás, disse que tudo se explicava pela “oposição política e ideológica” ao plano do governo Lula de recriar uma grande tele estatal.

Solicitado a especificar essa oposição, disse: “Evidentemente existe interesse das telefônicas, das TVs abertas, porque do quê estamos falando? De um mercado de bilhões e bilhões de reais. Vamos supor que se crie a Telebrás. Se as empresas do governo passam a trabalhar com a Telebrás, [isso] sai das empresas de telefonia.

É disso que se trata a discussão.” O presidente Lula já havia anunciado sua disposição de restabelecer a Telebrás com o objetivo de entregar banda larga mais barata no país todo, pois entende que as empresas privadas não dão conta desse objetivo.

Disse ainda que as privadas teriam que concorrer com a estatal.

Isso, claro, levanta questões importantes.

A primeira delas: em quais condições se dará essa competição? Sabese, por exemplo, que um imenso obstáculo para o barateamento da banda larga — e das comunicações em geral — está nos impostos elevados pagos pelo setor. Há impostos pesados sobre os equipamentos — inclusive no modem — e sobre os serviços.

A estatal pagaria os mesmos impostos? Disputaria os clientes em igualdade de condições? O comentário de Dirceu acrescentou outra questão, enorme. Levanta a hipótese de que o governo pode determinar às suas empresas que contratem exclusivamente a Telebrás para seus sistemas de comunicação, o que retiraria das privadas o tal mercado “de bilhões e bilhões de reais”.

Analistas dizem que isso não seria possível, pois as empresas públicas estariam obrigadas a abrir licitação para contratar tais serviços, e que estatais e privadas deveriam ser tratadas igualmente nesses processos.

Mas, convenhamos. Se for para criar uma Telebrás que funcione com as mesmas regras, restrições e impostos das companhias privadas, disputando “mano a mano”, para quê fazê-lo? Começa que a competição será difícil — as outras já estão aí, equipadas e funcionando — e a estatal, tendo de seguir as determinações do TCU, por exemplo, estará, na verdade, em desvantagem.

Por outro lado, convenhamos, Dirceu é um quadro bem informado.

Além disso, a hipótese que ele levantou faz sentido com outras ações do governo, como a ampliação dos poderes da Petrobras e a exclusividade, sem competição, para explorar o présal.

Por que não faria a mesma coisa com uma superTelebrás, sobretudo neste momento em que o governo, o PT e sua candidata estão anunciando o”Estado forte” e criam estatais? Na verdade, todo esse caso Telebrás é um sinal do que se está criando: uma mistura de governo e seu imenso poder com um cipoal de interesses privados, dos “novos cotistas”, o pessoal que consegue, digamos, trabalhar com o Estado e suas companhias. Mesmo que não haja roubalheira, haverá um vício insanável para a eficiência da economia em geral: contatos em Brasília valerão mais que uma produção competitiva.

Numa economia de mercado, o Estado tem o papel de regular, fiscalizar, induzir e prestar serviços públicos essenciais. Quando há estatais, estas têm que ser separadas do governo de plantão e submetidas a regras de atuação claras e equilibradas com o setor privado.

O que se está fazendo aqui é uma economia de negócios — uma mistura de governo e interesses privados, determinados interesses. É a pior combinação. E a que dá mais dinheiro para quem está por dentro.

KENNETH MAXWELL

Os chiliques de Gordon Brown


FOLHA DE SÃO PAULO - 25/02/2010


Pelas normas parlamentares britânicas, a próxima eleição geral do Reino Unido precisa ser realizada no máximo até 3 de junho. A data exata é escolhida pelo primeiro-ministro. Agora só restam cem dias de prazo.
E após um longo declínio, as perspectivas de Gordon Brown pareciam estar melhorando. Depois de meses de grande desvantagem em relação ao Partido Conservador, os trabalhistas, de acordo com a pesquisa desta semana do "YouGov", tinham menos de seis pontos percentuais de desvantagem. Tentando aproveitar a virada favorável ao seu partido, o primeiro-ministro procurou projetar uma imagem mais suave ao discutir as alegrias e tragédias de sua vida e verteu lágrimas abertamente em uma entrevista na TV ao falar da morte de sua filha, ainda bebê, em 2002.
Mas as boas notícias duraram pouco. No domingo, o jornal londrino "Observer" publicou um excerto longo e devastador de um novo livro sobre o mandato de Brown como primeiro-ministro, desde que ele substituiu Tony Blair, em junho de 2007. Escrito pelo principal comentarista político da publicação, Andrew Rawnsley, "The End of the Party" retrata um Gordon Brown "instável, sofrido e sob cerco em seu esforço por se adaptar ao posto de primeiro-ministro".
Seus colegas de gabinete se apressaram em defendê-lo e descartaram como "malévolas" e "infundadas" as alegações do livro.
Mas Christine Pratt, que criou o "National Bullying Helpline", um serviço de assistência telefônica a vítimas de intimidação, confirmou ter recebido queixas de funcionários da equipe do primeiro-ministro. Ela foi imediatamente atacada por partidários de Brown por sua violação de confidencialidade.
Rawnsley oferece numerosos detalhes sobre os momentos sombrios, os acessos de ira e as exibições de rudeza, e até de brutalidade, de Brown para com seus assessores. E também faz muito ao explicar o papel crucial assumido por lorde Mandelson, secretário da Indústria e Comércio -no passado, um dos mais perigosos e ferozes críticos de Brown, mas hoje seu principal defensor.
Que o primeiro-ministro britânico tem um problema de relações públicas não é novidade. "O temperamento ocasionalmente vulcânico de Gordon Brown dificilmente poderia ser considerado como um segredo de Estado" é a formulação oferecida por um correspondente da rede de TV BBC. Mas as novas críticas abriram linhas de ataque aos seus oponentes políticos.
O líder conservador, David Cameron, exigiu um inquérito; Nick Clegg, líder dos liberais democratas, fez o mesmo. Ambos tentarão aproveitar as revelações no período que antecede a eleição geral britânica.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

ALBERTO TAMER

OMC, em risco, admite: Doha acabou


O Estado de S. Paulo - 25/02/2010


A Organização Mundial do Comércio (OMC) admitiu pela primeira vez. Não há como continuar as negociações da Rodada Doha, que se arrastam há nove anos sem resultado. Por isso, a OMC, cancelou a reunião ministerial marcada para março.

A existência da OMC como órgão regulador do comércio internacional está em jogo. Pode limitar-se a resolver disputas. A organização está sem credibilidade e vários países importantes já partiram para acordos bilaterais. Só o Brasil, não. O nosso chanceler, Celso Amorim, fã incondicional de Doha, continua dizendo que um acordo multilateral ainda é possível. Agora, para 2011. Ninguém acredita, apenas ele. Até o presidente já deixou de lado essa história para evitar mais desgastes.

É A RETIRADA

A Austrália ontem anunciou que estava retomando a negociação para um acordo com a China, parado há 14 meses. O Mercosul também promete voltar a negociar com a União Europeia em maio, uma história-lenda que Brasília insiste em alimentar.

OBAMA SAIU DESSA

O presidente Barack Obama que praticamente abandonou Doha quando assumiu há um ano, prometendo dobrar exportações, mas por meio de acordos bilaterais.

Para se ter uma ideia do abandono em Genebra, o governo dos Estados Unidos nem tem embaixador para a OMC. Há um ano, Obama tenta convencer o Congresso a aprovar seu novo representante, mas se não der não faz mal. Não é assunto prioritário. Se a Casa Branca não consegue nem enviar embaixador, a perspectiva de negociar internamente uma liberalização fica ainda mais distante.

O fim de Doha e o da OMC, como órgão regulador do comércio multilateral, pode ser um atraso, mas é a realidade que os EUA e a Europa, com muitos acordos já fechados. Obama quer uma "diplomacia de resultados". Igualzinha à nossa, que só trouxe fracasso. Se ganhamos importância no cenário internacional foi por causa do grande êxito da política econômica. O Itamaraty não ajudou em nada. Só atrapalhou.

Os sinais de retirada ganham força a cada dia. A tendência está deixando as autoridades na OMC preocupadas. Seu diretor-geral, Pascal Lamy, teme que a crise gere uma proliferação de acordos bilaterais discriminatórios. O sistema multilateral caminha para ser substituído por uma teia de acordos.

Alguns países, como China e África do Sul, querem que se fatie Doha, aprovando os assuntos mais fáceis agora e deixando o resto para o Deus dará. No congelador.

OS POBRES QUEREM


Para os países mais pobres, a OMC deveria tentar abrir alguns mercados nos países ricos, mudando o formato de Doha, sem esperar pelas delicadas negociações entre China, Brasil, Estados Unidos, Índia e Europa. Nem isso dá. A ideia morreu no nascedouro, mesmo que ainda falem dela.

Legalmente, a Rodada Doha estipula que um acordo apenas poderia ser concluído se todos os aspectos das negociações fossem alvo de um consenso. Consenso que não existiu desde o início. Politicamente, ninguém poderia matar o projeto da rodada, já que significaria um alto custo diplomático. Mas, ao mesmo tempo, a manutenção de uma negociação por quase dez anos sem resultados está minando a credibilidade do sistema multilateral.

TUDO ÀS MOSCAS EM GENEBRA

A falta de representação da maior economia mundial é sintoma da crise de credibilidade e relevância que vive a entidade. Nesta semana, a OMC cancelou sua reunião ministerial marcada para março e governos já admitem que a conclusão da Rodada Doha ficaria para, na melhor das hipóteses, 2011. Depois de nove anos de negociações e centenas de reuniões, governos não sabem o que fazer com o processo que prometida gerar bilhões de dólares em abertura de mercados e redução da pobreza. Ainda no auge da crise econômica, o G-20 decidiu colocar Doha como um dos pilares da retomada e da reforma do sistema multilateral. Parte da inclusão ocorreu por insistência do governo brasileiro e a meta era a de concluir a negociação até o fim de 2010. Os negociadores estariam comprometidos a superar suas diferenças. De um lado, EUA e Europa fariam concessões no setor agrícola. De outro, países emergentes considerariam abertura em seus mercados para bens industriais. Mas nada disso vai ocorrer.

Para muitos, a culpa pelo fracasso é do governo americano. Washington pressiona Brasil, China e Índia por aberturas significativas de seus mercados, mas não diz o que está disposto a oferecer em troca. Diante do impasse, o acordo era de que, em março, ministros se reuniriam para determinar o que fazer com a Rodada.

Agora, a opção foi por cancelar a viagem dos ministros e serão apenas embaixadores que tentarão chegar a um entendimento.

Fontes confirmaram ao Estado que o cancelamento da participação dos ministros foi uma exigência da administração de Barack Obama. Só que não há nem ministros, nem embaixadores. Não há ninguém com autoridade para negociar o que até agora foi inegociável.

Doha morreu. Vamos esperar que a OMC, de alguma forma, sobreviva.

COLABOROU JAMIL CHADE

NELSON DE SÁ - TODA MÍDIA

Autodissolução

folha de são paulo - 25/02/10


Na manchete do UOL ao longo de tarde e noite, "DEM do Distrito Federal decide se autodissolver". Também por Folha Online e Reuters Brasil, "DEM decide pela autodissolução".
Antes, o UOL havia destacado a análise "Perda do Distrito Federal acelera declínio do DEM". Para além de Brasília ou das "críticas à administração da maior cidade do país, o pior pode estar por vir" nas eleições, segundo David Fleischer, da UnB, e Claudio Couto, da FGV. Para o segundo, "o encolhimento do DEM torna o Brasil polarizado entre a esquerda moderada do PT e o PSDB, de centro e liberal".
A Reuters, em despacho, avisa que "Escândalo pode afetar a oposição na eleição".

LULA, O CÚMPLICE
Na home da Folha Online, "Lula encontra Raúl e Fidel Castro em meio a polêmica por morte de preso". "Quando o silêncio é cúmplice", comentou Clóvis Rossi, em post. A morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, em greve de fome, foi a manchete de papel do americano "Miami Herald", a poucos quilômetros de Cuba.
Na mesma edição do "Miami Herald" e no espanhol "El País", Lula publicou longo artigo, mas nada de Cuba. "Brasil mantém compromisso de longo prazo" no Haiti, destacou o brasileiro, que vai hoje ao país.

PONTES
Paulo Coelho foi entrevistado na nova "Foreign Policy", que destaca uma frase: "O que dá esperança é que, quando todas as pontes estão caindo, quando as pessoas não se entendem, ao menos elas entendem a música, a dança. A arte é das poucas pontes intactas entre culturas diferentes"

HILLARY VEM AÍ
No destaque da AP nos sites dos jornais americanos e também da ABC, a secretária de Estado, em depoimento ontem no Congresso, reclamou que da divisão partidária que impediu a nomeação de representantes dos EUA "criou confusão entre amigos e aliados" -o que foi visto como referência ao Brasil, que só recebeu o embaixador Thomas Shannon há três semanas.
O site do Departamento de Estado postou que Hillary Clinton viaja à América Latina e "estará se reunindo com o presidente Lula" no dia 3. Segundo a Reuters, vai cobrar apoio a sanções contra o Irã.

HOLDER FALA
Do Rio, no alto das buscas pelo Yahoo News, com AFP, "EUA pressiona Brasil a lutar contra a pirataria de filmes e músicas". O secretário de Justiça, Eric Holder, vai hoje a uma reunião em Brasília com outros ministros de Justiça da região para "harmonizar" operações para a defesa da propriedade intelectual.

GATES OUVE
De Washington, Bloomberg e Reuters informaram que o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, se reuniu com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para defender o jato Boeing como opção para o Brasil. E Jobim pediu que os EUA se "reapresentem" à região, onde são vistos com "grande desconfiança".

SUBMARINO
Vários jornais britânicos destacaram o apoio latino-americano à Argentina na disputa pelas Malvinas e as críticas de Lula à ONU. O "Times" informou que, segundo fonte, "Londres disponibilizou submarino para suplementar a força militar" no arquipélago, onde a prospecção foi iniciada pela plataforma Ocean Rig

SEM OS EUA?
O "Times" informa que, consultados por Londres, "os EUA só ofereceram ao Reino Unido um apoio morno", com o Departamento de Estado dizendo que "não toma posição sobre as demandas de soberania de qualquer dos dois países". O jornal observa que o apoio da inteligência americana foi fundamental para a vitória britânica na Guerra das Malvinas, "há uma geração".
No "Telegraph", um analista postou o texto "Obama tem que ficar ao lado do Reino Unido".

MILAGRE
O novo correspondente da BBC, Alfonso Daniels, estreou ontem com uma reportagem sobre a polícia pacificadora na favela Santa Marta, no Rio. "Um milagre aconteceu aqui", disse, subindo o morro.

BAR ZIL

NAS ENTRELINHAS

Bomba de nêutrons

Alon Feuerwerker

Correio Braziliense - 25/02/2010


O governador está preso, o vice renunciou, o noticiário vem impregnado da palavra “intervenção”. Diante do quadro, os outros políticos de Brasília dividem-se em duas categorias: os espectadores e os comentaristas

Um aspecto intrigante na atual crise do Distrito Federal é a parcimônia dos políticos ao ocupar o espaço aberto com o colapso das estruturas oficiais. Em situação normal, estariam todos a surfar na tragédia alheia — é da vocação. Disputariam a tapa o privilégio de serem vistos pelo eleitor do DF como a alternativa saneadora e salvadora. Entre cotoveladas e pontapés, lutariam bravamente pelo protagonismo diante das câmeras, pela pole position no grid eleitoral.

Mas não. A imagem espelhada da desgraça de uns não aparece como a ambição de outros, vem como prudência. Excessiva até. Ao menos para consumo externo. O governador está preso, o vice renunciou, o noticiário anda impregnado da palavra “intervenção”. Diante do quadro, os políticos restantes de Brasília dividem-se em duas categorias: os espectadores e os comentaristas. No frigir dos ovos, ninguém está dando a cara a tapa. Apertem os cintos, porque os candidatos a líder sumiram.

Além do caos produzido pelo situacionismo, esse é outro vetor que alimenta as especulações em torno da intervenção federal. A parte do sistema político brasiliense que ainda não necrosou está paralisada. Dá a impressão de temer algo. O quê exatamente?

Desde o início da crise, ainda no ano passado, estava claro que as revelações tinham potencial para levar à morte boa parte do tecido político do “quadradinho”. Houve em seguida a época da calmaria, quando o jogo de perde-perde entre o Buriti e a Câmara Legislativa desenhava-se para ser um esperto ganha-ganha. Como estavam todos enrolados, todos sobreviveriam. Tratar-se-ia apenas de aproveitar as chicanas jurídicas para vencer a corrida contra o relógio neste último ano dos quatro regulamentares.

Era um equilíbrio em si instável, pois ninguém parecia ter boas ideias para atacar a questão-chave: a legitimidade. Nas sociedades democráticas, toda vez que se faz um cálculo político é preciso saber também o que pensa sua excelência, o eleitor. Até por haver entre nós mecanismos independentes de defesa da coletividade. Por exemplo, o Ministério Público.

As revelações mais recentes, que levaram à prisão do governador, vieram desequilibrar novamente o jogo, reabrindo as possibilidades políticas dos que ao longo dos anos costumavam perfilar-se como alternativa a tudo. Mas a montanha está a parir o rato. Parece que uma bomba de nêutrons, a que extermina os seres vivos e preserva os edifícios, estourou sobre a política da capital federal.

Esquerdos humanos
Quando governos se metem a patrocinadores de cruzadas morais, o risco de desmoralização é latente.

A administração Luiz Inácio Lula da Silva vem de criar um bafafá com o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que pretende ditar regras sobre tudo e para todos, transformando os atuais ocupantes do Executivo em juízes da moralidade.

Mas Lula, sempre tão sortudo, desta vez deu azar.

Poucas semanas depois da polêmica aberta com o PNDH, eis que nosso presidente visita Cuba nos dias da morte, por greve de fome, de um assim chamado “preso de consciência” cubano. O termo designa o sujeito que está detido só pelo que pensa — e por tentar colocar em prática suas ideias sem recorrer à violência.

Claro que Lula não vai se meter nos negócios internos da ilha caribenha, afinal o Brasil respeita a soberania das demais nações e não tem a vocação de ditar regras.

A não ser quando interessa.
Como em Honduras, alvo de diretrizes imperiais emanadas do governo brasileiro sobre como, por que, em que ritmo e rumo a que objetivos os hondurenhos devem tocar seu processo político.

Talvez estejamos diante de uma releitura do célebre bordão malufista: direitos humanos sim, mas para os humanos direitos. No caso específico, para os humanos esquerdos. Categoria generosa que, em último caso, pode abrigar todos os amigos e companheiros de viagem.

Terá gás?
Era mesmo um exagero convocar Dilma Rousseff para falar do PNDH no Senado. Sobre o assunto e seus detalhes, qualquer jornalista pode fazer as perguntas necessárias, se julgar conveniente.

Mas é bom e democrático que o ministro da área explique a coisa toda na Câmara Alta. Resta saber se desta vez a oposição vai se preparar adequadamente para duelar no mérito. Um terreno em que ela costuma perder gás rapidinho

LUIZ FELIPE LAMPREIA

A casca de banana do outro lado da rua


O GLOBO - 25/02/2010



O Irã é hoje, sem dúvida, a maior ameaça à paz e à segurança do mundo. Seu programa nuclear avança velozmente, sendo composto por milhares de centrifugadoras enriquecendo urânio a um nível de concentração que já atingiu os 4% necessários para gerar eletricidade.

Seu presidente já afirmou que foi também atingido o nível de 20%.

Dizem os cientistas que é mais difícil chegar a 20% do que aos 90% necessários para confeccionar uma bomba atômica. Não se sabe se é verdade ou bazófia, mas há indicações de que assim é. Em outras palavras, o Irã está próximo do limite da capacidade nuclear.

As negociações diplomáticas para evitar este desfecho gravíssimo avançam lentamente, porém, seja porque o Irã negaceia, seja porque a pressão não é suficientemente contundente. As sanções econômicas que são ventiladas hoje geralmente não funcionam. É também sempre difícil trazer a China, potência com veto no Conselho de Segurança, a concordar com sanções.

Medidas que realmente atinjam interesses iranianos fundamentais — tais como bloqueio de seus depósitos financeiros internacionais ou compra de tecnologias sensíveis — são particularmente difíceis de reunir apoio suficiente para serem implementadas. De todo modo, o efeito de eventuais sanções é difícil de prever, já que, por vezes, não surtem o efeito desejado, e acabam reforçando o sentimento nacionalista e a coesão em torno do governo de que são objeto.

Nas ruas de Teerã e de outras grandes cidades, há uma contestação crescente do regime que se parece cada vez mais com os estados autoritários tradicionais, ou seja, ditaduras nas quais o aparelho de segurança controla o Estado e a maior parte da vida pública.

Na América Latina, já vimos este filme muitas vezes. À medida que a contestação popular aumenta, o resultado é um impasse, que não repercute sobre o progresso iraniano rumo ao armamento atômico.

O cronômetro está avançando nos três tabuleiros acima referidos e, se o caminho do armamento nuclear for o mais rápido, é possível que a Europa, os Estados Unidos e Israel sejam forçados a um dilema terrível, uma verdadeira escolha de Sofia : aceitar um Irã nuclear ou atacá-lo para evitar que ocorra este desfecho. Qualquer das duas alternativas seria nefasta. Um ataque, além de militarmente difícil e incerto, semearia o caos total no Oriente Médio, onde já não faltam tensões e impasses.

A arma nuclear daria ao Irã uma espada de Dâmocles sobre a cabeça de Israel, que seria compreensivelmente intolerável para um povo que já sofreu o que sofreu.

À medida que este quadro se torna mais grave, a posição brasileira de aproximação com o regime de Ahmadinejad torna-se cada vez mais incompreensível.

Não se trata de “não curvar-se aos desígnios das grandes potências”, como argumentam os porta-vozes do governo.

Consiste em cometer um gesto gratuito, cujo preço é incomparavelmente maior do que qualquer possível retorno comercial ou político.

É errado apoiar um regime que reprime brutalmente nas ruas uma oposição desarmada. Essa política provoca um risco de contágio ao programa nuclear brasileiro, que é respeitado por todos os com promissos que assumimos nos últimos vinte e dois anos de renúncia às armas nucleares.

Não há dúvida que o Brasil tem um programa nuclear exclusivamente pacífico e é considerado internacionalmente como um país sério e sem ambiguidades neste terreno.

A nova intimidade com o Irã cria suspeitas -infundadas, por certo, mas difíceis de desmentir, dado o tom de algumas declarações oficiais de apoio a Teerã — que em nada atendem aos nossos interesses e só podem criar dificuldade de toda ordem para nós.

Em matéria de tal gravidade, à medida que o quadro diplomático e militar se deteriora, persistir nessa linha e, por exemplo, visitar o inefável Ahmadinejad em Teerã só pode trazer-nos prejuízos materiais e políticos incalculáveis, e completamente desnecessários.

Como dizia o grande ministro Antonio Azeredo da Silveira, com seu humor incomparável, apoiar o Irã é atravessar para pisar de propósito em casca de banana na outra calçada.

Ainda é tempo para o governo brasileiro refletir melhor e, discretamente, para não ser forçado a admitir a extensão do equívoco, deixar de atravessar a rua.

LUIZ FELIPE LAMPREIA foi ministro das Relações Exteriores(1995-2001).

FABIO GIAMBIAGI

O atraso argentino


O Estado de S. Paulo - 25/02/2010

Passar umas semanas na Argentina é uma boa receita para apreciar a nossa democracia, que aos poucos se vai consolidando.

O país vizinho, embora com maior nível educacional que o nosso e um desenvolvimento histórico mais precoce, há anos já se encontrava, em alguns aspectos, em condições institucionais precárias. Dois elementos merecem destaque. O primeiro é a situação das províncias. Enquanto, no Brasil, os Estados foram fruto da constituição da Nação, como desdobramento das capitanias hereditárias, na Argentina as províncias precederam a Nação. Isso deu a elas um poder político especial, a ponto de as Constituições locais terem autonomia para fixar uma série de dispositivos que no Brasil devem obedecer a uma legislação nacional. Dessa forma, há várias províncias nas quais existe a figura da reeleição sequencial por diversas vezes, procedimento que no Brasil é vedado. O segundo fator de atraso era o mecanismo eleitoral. Enquanto o Brasil já dispunha da urna eletrônica há várias eleições, a Argentina continuou praticando o voto manual. O resultado disso é que candidatos importantes a eleições majoritárias que não se localizam nos maiores partidos podem acabar tendo uma votação formal bastante inferior à efetiva, pela falta de fiscais - expediente que no Brasil lembra a República Velha.

A esses e outros fatores se somou a deterioração institucional do país verificada nos últimos anos. Citem-se, como exemplo, os seguintes fatos:

Néstor Kirchner estabeleceu um estilo baseado no confronto permanente. Como consequência, ele acabou empurrando para a oposição até segmentos do próprio Estado, a ponto de o principal candidato de oposição à Presidência ser o atual vice-presidente;

esse estilo funcionou quando o governo tinha maioria parlamentar, mas gera um estresse enorme num contexto em que a maioria é da oposição ao mesmo tempo que o governo se recusa a ceder. Quando sugeriram ao presidente do Senado - do governo, mas aceito pela oposição em respeito à prática usual de deixar a presidência com a primeira minoria quando ninguém tem mais de 50 % dos parlamentares - que propusesse uma fórmula para aproximar governo e oposição num dos tantos embates, sua reação foi: "Si intento negociar, el Loco me hecha" ("o maluco me demite"), frase que é todo um símbolo do grau de submissão do Parlamento aos desejos do Poder Executivo;

quando a Shell ousou deixar de seguir a recomendação oficial de congelar os preços dos derivados de petróleo, alguns postos de gasolina foram destruídos, diante da passividade policial. O líder "piquetero" responsável por isso foi nomeado, depois, para ocupar um cargo oficial;

em 2009 haveria eleições em outubro. Temendo que a crise se agravasse e a popularidade do governo decaísse ainda mais, o governo antecipou as eleições em vários meses;

o Indec (IBGE argentino) foi destruído. Há mais de três anos a inflação oficial é em torno de 10% inferior, a cada ano, à captada por outras fontes. Os índices oficiais não significam mais nada e deixaram de ser usados como balizamento dos reajustes salariais. Os melhores técnicos foram mandados embora, demitiram-se ou estão passando por tratamento psiquiátrico, tal é o ambiente que impera no órgão;

desde que o banco central argentino foi declarado independente, em 10 anos a instituição já teve 5 presidentes que foram demitidos ou obrigados a se demitir pelo governante de plantão;

o encarregado de assumir o "trabalho sujo" em nome de quem manda iniciou recentemente uma reunião com dirigentes empresariais que queria "domesticar" com as seguintes palavras: "Tenho lá fora a minha rapaziada, especializada em quebrar espinhas e arrancar olhos";

e os fundos de pensão estão sendo utilizados para sacar a descoberto. Com isso, quem não pode se sujeita a ter uma perda grande de padrão de vida ao sair da ativa. E quem pode acerta com a empresa o recebimento de uma parcela do salário "por fora", para poupar no exterior.

A demissão do presidente do banco central, inicialmente mantido no cargo por decisão de uma juíza - que um ministro foi depois à TV declarar que seria "procurada pela polícia" para entregar o arrazoado oficial para fazer valer a demissão judicialmente -, foi apenas o último de uma série de episódios. Por essas histórias, o maior dos desafios que a Argentina terá pela frente depois de 2011 será melhorar a qualidade das suas instituições.

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Fabio Giambiagi é economista, é autor do livro Reforma da Previdência (Ed.Campus)


ROBERTO MUYLAERT

Velhos dogmas petistas revisitados

folha de são paulo - 25/02/10


E agora, quando ninguém mais tem medo de Lula, eis que o presidente reabre a velha, empoeirada e superada cartilha do PT

LULA CONSEGUIU afastar, desde o início, os temores da sociedade em relação ao respeito aos princípios básicos da governabilidade, para não recuar de um país inserido no século 21 para uma nação retrógrada.
Nesse ponto, o governo não só fez a lição de casa como foi além, sendo fácil elogiar os pontos altos atingidos pelo Brasil de Lula.
Começa pelas importantes conquistas sociais e pela inserção do país no cenário internacional, fruto de infatigáveis viagens e de uma empatia pessoal que abre caminhos internacionais com a mesma facilidade com que influenciou pessoas desde São Bernardo do Campo.
Quem já esteve com Lula sabe que ele é convincente, quase irresistível, ao tratar o interlocutor como se fosse velho amigo. Até Angela Merkel ele conseguiu puxar pelo braço, apesar do estilo não-me-toques alemão.
Sua característica de monoglota, ao contrário do senso comum, facilita a comunicação com gente de todo lugar. Quem se expressa em sua própria língua está sempre em vantagem com relação a alguém que utiliza o idioma do outro, mesmo que fale bem. Em especial nas discussões políticas e de negócios, nas quais a sutileza e a precisão de algumas expressões não admitem interpretações livres.
Os brasileiros sempre acham que devem tomar a iniciativa de quebrar a barreira da comunicação, partindo do princípio, correto, de que ninguém conhece o nosso idioma. Na ONU, há alguns anos, o português não era nem mesmo língua oficial a ser utilizada nas sessões da organização.
Na era Lula, nosso idioma entrou em cena, com os intérpretes cumprindo o seu papel e o presidente descontraído, fazendo piadas à vontade, certo de que a tradução das falas pode até melhorar o seu vernáculo, como acontece com as versões dos livros de Paulo Coelho.
Agora, mundo afora, não é mais senso comum que no Brasil se fala espanhol. E já há colegas presidentes de países vizinhos, "cucarachos", tentando ouvir, sem fones no ouvido, as falas do nosso presidente.
Tudo baseado no entusiasmo transmitido ao povo por Lula, num país que só vai em frente se acreditar que tudo pode melhorar, como reza o mantra, às vezes falacioso, do "nunca antes neste país".
Quem tem memória antiga lembra que Juscelino Kubitschek foi o último presidente a fazer o país acreditar de verdade em si próprio, com a indústria automobilística, a construção naval, as hidrelétricas, a vitória na Copa de 1958, além da meta síntese, Brasília, que agora completa 50 anos.
Seu sucessor, Jânio Quadros, destruiu o modelo "50 anos em cinco" de Juscelino em apenas uma noite, com discurso amargo, pesado, transmitido para todo o país, em que bradou contra a inflação catastrófica, as dívidas "impagáveis" do governo, a inviabilidade de Brasília e da "estrada para cobra tomar sol", a Belém-Brasília. Depois desancou os funcionários públicos, ao dizer que o serviço agora seria em tempo integral e terminara a era de "deixar o paletó na cadeira" para fingir que estava trabalhando e sair.
Os corredores das repartições federais ficaram lotados, gente que nunca tinha aparecido, com medo de perder a sinecura, fato inédito para funcionários estáveis sem contrapartida pelo salário recebido.
E agora, quando ninguém mais tem medo de Lula, eis que o presidente reabre a velha, empoeirada e superada cartilha do PT.
A ordem é esquecer reformas essenciais, contratar mais e mais funcionários públicos (100 mil em seu governo), não ver necessidade de economizar, preencher cargos públicos apenas com critério político, tolerar desmandos e considerar intocável a obsoleta CLT, da década de 1940, entre outras coisas. A meta síntese de Lula é estatizar tudo o que for possível, como disse sua candidata, contrariando 9 entre 10 economistas: "o Estado é bom empresário".
Parodiando uma frase do milionário americano Paul Getty, "uma empresa privada mal administrada é melhor que uma estatal bem administrada". Até mesmo a Petrobras, exemplo de estatal imprescindível, melhorou o desempenho depois que foram abertas concessões para empresas privadas abrirem poços de petróleo.
Em princípio, estatal é melhor para o país, já que os resultados ficam para o Estado em vez de ir para o bolso dos capitalistas nacionais ou estrangeiros. O problema é que estatal não tem dono, e os cargos são preenchidos por indicações sujeitas a influências políticas e corrupção. Em vez do lucro, é o prejuízo que fica para o tesouro nacional.

ROBERTO MUYLAERT , 74, jornalista, é editor, escritor e presidente da Aner (Associação Nacional dos Editores de Revistas). Foi presidente da TV Cultura de São Paulo (1986 a 1995) e ministro-chefe da Secretaria da Comunicação Social (1995, governo FHC).

CELSO MING

Vespas sem ferrão

O Estado de S.Paulo - 25/02/2010


Entre as mais polêmicas novidades apresentadas pelos top-economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) está a proposta de que os bancos centrais dos países de alta renda operem sua política monetária (política de juros) de modo a controlar a inflação não mais a 2% ao ano, como é agora, mas com meta declarada de 4%.

Nunca na história monetária recente do planeta Terra os juros estiveram tão baixos por período tão prolongado. Nos Estados Unidos, por exemplo, estão entre zero e 0,25% ao ano desde dezembro de 2008 e tão cedo não sairão daí. Juros baixos são fartura de dinheiro. Os bancos centrais dos países centrais tiveram de inundar os mercados com recursos para compensar o estrago na economia causado pelo estancamento do crédito e a retração dos negócios. Dinheiro demais tende a puxar os preços das matérias-primas (commodities), provocar inflação e assoprar bolhas, antes que a economia esteja em condições de se recuperar.

A partir do momento em que a inflação voltasse a se mostrar, os bancos centrais teriam de puxar pelos juros, ou seja, teriam de retirar recursos da economia. No entanto, essa operação, conhecida como estratégia de saída, corre o risco de matar a recuperação da economia, num ambiente de forte desemprego e de consumidor atolado em dívidas.

A ideia proposta por Olivier Blanchard (economista-chefe do FMI), Giovanni Dell"Ariccia (consultor do Departamento de Pesquisa do FMI) e Paolo Mauro (chefe de divisão do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI) é a de que os bancos centrais dobrem a meta de inflação e deixem que os preços subam mais do que habitualmente para que os juros básicos possam permanecer à altura do tapete por mais tempo e, dessa forma, não matar no ovo a recuperação econômica.

A proposta feita por quem foi feita já é, por si só, uma demonstração de que as autoridades monetárias estão se sentindo como vespas sem ferrão diante da iminência de ataque ao ninho. Mas a aceitação dessa proposta pode provocar desarranjos ainda maiores à economia global.

A partir do momento em que os bancos centrais aceitassem uma inflação mais alta, enormes panelas de pressão seriam destampadas. Ontem, em depoimento no Congresso americano, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, advertiu que, a partir do momento em que os bancos centrais passassem a trabalhar com uma inflação de 4%, o risco imediato seria o de que a inflação saltasse para 5%, 6% ou 7%.

Os agentes econômicos tentariam se defender de uma alta ainda mais acentuada de preços e seria inevitável uma esticada nas cotações das commodities e dos serviços. Mais à frente, os bancos centrais teriam ainda mais dificuldades para controlar a inflação.

Agora, imaginem o que poderia acontecer com os títulos de dívida. Só o Tesouro dos Estados Unidos tem hoje cerca de US$ 7,2 trilhões em títulos públicos em poder do mercado, rendendo juros de 3% ou 4% ao ano. A certeza de que a inflação saltaria para 4% indicaria que o retorno dessas aplicações seria negativo. E a simples mudança de metas, como definição de política, poderia provocar uma rejeição desses títulos, num momento em que todos os grandes países do mundo estão fortemente endividados.

Confira
Reversão- O Banco Central decidiu pela retirada do alívio dado aos bancos nos recolhimentos compulsórios adotados a partir de outubro de 2008. Na prática, o dinheiro fica mais raro e mais caro para o crédito.

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O argumento apresentado pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, foi o de que era preciso voltar ao normal. Mas avisou que a decisão tem a ver com ''práticas prudenciais''.

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Vai ter ainda de ser esclarecido se esse endurecimento monetário está sendo tomado agora para adiar o endurecimento que viria com nova alta dos juros básicos (Selic) ou se nada muda no que se previa antes.

ARI CUNHA

Sarney e José Aparecido


Correio Braziliense - 25/02/2010


José Aparecido e José Sarney sempre foram amigos pelos tempos vividos juntos. No governo de Brasília, Aparecido pede a Oscar Niemeyer projeto para a Casa dos Indígenas. Prédio pronto, os índios começaram a querer habitá-lo. Vendo que a arquitetura era um luxo, Aparecido preferiu pedir a Oscar Niemeyer que transformasse a obra num monumento aos índios. Havia muitos em Brasília hospedados na Casa do Ceará. Abusavam, e a presidente desfez o acordo com a Funai. Quiseram viver no monumento, o que não foi possível. Ameaçaram José Aparecido. Preocupado, havia perto da bandeira na Praça dos Três Poderes um redondel, escritório de Oscar Niemeyer. Aparecido foi ao Planalto tentar convencer José Sarney. Supersticioso, o presidente não aceitou. “Você que gosta dos índios dê-lhes guarida. Aqui perto do Planalto, não quero ouvir protestos dos homens da selva.” E pronto. Valeu a palavra do presidente.


A frase que não foi pronunciada
“Não é só a letra E que pode transformar Dilma em Dilema.”
» Presidente Lula, pensando no silêncio da noite.

Hollywood
Francisca Macedo informa que o Condomínio Hollywood foi vendido em licitação pública em 2002. Está totalmente vendido e, em seu lugar, está o bairro Taquari. Esta coluna agradece a comunicação e se desculpa pela informação antes divulgada.

Preços de imóveis
Quem informa é Pelágio Gondim, homem de imprensa da Terracap. Imóveis são vendidos a pessoas físicas, mesmo sendo apartamentos. Conjunto de interessados pode abrir firma e adquirir o que deseja. O prazo chega a ser de 240 meses. Nas cidades satélites distantes, lotes são vendidos até R$ 40 mil com infraestrutura terminada. Água, luz, esgoto e asfalto.

Hugo Chávez
O presidente Lula da Silva considera o presidente Hugo Chávez da Venezuela um democrata. O substantivo passou a ser adjetivo, o que não convém à política internacional. O ditador da Venezuela tem pouco petróleo e falta eletricidade. Persegue a oposição e põe o povo para calar ou ficar a seu favor. Regime personalista.

Bebedeira
O carnaval não intimidou muita gente. Foi grande o número de bêbados que não deram ouvidos à polícia. Alguns disseram que estão dispensados de obedecer. E explicam. Fazemos o que autoridades estão fazendo. Não está certo, mas não queremos ser minoria na população.

Tomaram dunas
Até recentemente, as dunas de Natal eram sagradas como preservação da natureza. O passar dos tempos motivou invasões. Dunas são movediças. No bairro Felipe Camarão, as casas irregulares são protegidas por paredes de pneus. Defesa Civil e Corpo de Bombeiros trabalham ensinando aos moradores que a natureza não recebe desaforos de ninguém.

Eleição
Dono de alto prestígio, o presidente Lula da Silva quer ter sua turma de choque. José Dirceu, especialista em caixa 2, cassado pela Câmara Federal como líder do mensalão, é o escolhido. Pelo passar dos dias, o presidente sabe o endereço do Tesouro, mas seu amigo vai buscar direto na fonte. Companheiros punidos pela mesma atuação sentem a abertura da porteira.

Caríssimo
Temos no Brasil uma costa com a extensão de 8.500km. Não se justifica, portanto, o alto preço do peixe no país. Iniciado pela Embrapa projeto que leva nosso peixe ao mundo. Melhor seria viabilizar a chegada do produto a um preço justo aos próprios brasileiros.

Novidade
Pedido médico da rede pública é especial em laboratório biomédico. O preço é cortado pela metade. Trata-se de uma alternativa que aparece para os contribuintes que têm pressa no resultado dos exames.

História de Brasília

O negócio do navio contrabandista, é este: a carga era “endereçada” para o Uruguai, mas a “paradinha” era mesmo em Angra dos Reis. O porto clandestino fica no terreno do sr. Jorge Duque Estrada (guardem o nome) em Angra dos Reis. Há ainda lá uma estação de rádio para intercomunicação dos contrabandistas e o sr. Duque Estrada continua protestando inocência. (Publicado em 25/2/1961)

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Alta do mínimo exclui beneficiário do Minha Casa

Folha de S.Paulo - 25/02/2010


O reajuste do salário mínimo concedido pelo presidente Lula em janeiro deixou de fora uma parcela de beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida. Os valores das categorias de renda estabelecidos no programa não foram reajustados de acordo com o novo mínimo.

Em muitos casos, os novos candidatos ao Minha Casa, Minha Vida terão condições menos favoráveis, com juros e entrada mais altos.

"Os valores do programa deveriam ter acompanhado o reajuste do salário mínimo", diz Celso Petrucci, diretor do Secovi-SP (sindicato da habitação).

Uma simulação feita no site da Caixa aponta que beneficiários na faixa salarial de seis mínimos, agora com renda superior, ficaram com condições de pagamentos piores.

O banco informou que o valor do mínimo considerado refere-se ao salário vigente na data de lançamento do programa. Segundo a Caixa, que segue orientação do Ministério das Cidades, "a renovação não é automática".

Na simulação, o trabalhador que ganhava seis mínimos de R$ 465 até dezembro de 2009, ou seja R$ 2.790, tinha direito a empréstimo com juros de 6% ao ano e entrada de R$ 5.985 para financiar R$ 72 mil.

Com o aumento do mínimo para R$ 510, o teto da faixa de seis mínimos subiu para R$ 3.060. Uma pessoa com a mesma renda do exemplo, saiu da categoria de três a seis salários mínimos para a faixa de seis a dez mínimos.

Para esse beneficiário, agora são oferecidas taxas de juros de 8,16% e entrada de R$ 16 mil para financiar R$ 64 mil.

BATE-BOLA
A Visa resolveu fazer marcação cerrada em locais em que clientes usam pouco os cartões de crédito.

Para fazer o dinheiro de plástico circular mais em consultórios médicos e odontológicos, a empresa vai sortear quatro pacotes de viagens para a Copa da África do Sul entre os profissionais que aceitam o meio de pagamento. As assistentes vão a Buenos Aires.

Ao todo, serão mais de 500 viagens para a Copa, em diferentes promoções da companhia, algumas delas em parceria com os maiores bancos brasileiros.

"Queremos acelerar os investimentos nos próximos cinco anos. Do total do consumo privado no Brasil, só 20% pagam com cartão e 80% usam dinheiro ou cheque, que são os nossos maiores concorrentes", afirma Rubén Osta, diretor-geral da Visa no Brasil.

RUMO À ÁFRICA 1
A carência por equipamentos para dar suporte ao crescimento de Angola criou uma demanda por máquinas usadas no país africano. O efeito será estudado pela consultoria Quorum Brasil, que vai a Angola nas próximas semanas para levantar outras características para orientar empresas brasileiras que pretendem investir no país africano.

RUMO À ÁFRICA 2
Na área de exportações, a empresa de consultoria identificou como potenciais os setores de alimentos, móveis, equipamentos e máquinas de médio e baixo valor agregado. Há ainda mercado para que empresas brasileiras ampliem as vendas a Angola de equipamentos agrícolas de média e baixa intensidade tecnológica, equipamentos médicos e odontológicos, fármacos e outros.

RELEITURA
O governador Sérgio Cabral (RJ) relê "Casa-Grande & Senzala" (Global Editora), de Gilberto Freyre e se dedica à leitura de "Uma Breve História do Século XX" (ed. Fundamento), de Geoffrey Blainey.

Fundo de pensão brasileiro é o que mais cresce
Com avanço de 54%, os fundos de pensão brasileiros foram os que mais cresceram no mundo em 2009, ou mais que o dobro que o segundo colocado (Hong Kong).

O resultado de 2009 reafirma um cenário que tem acontecido recentemente, já que o setor no Brasil é o que apresenta a maior taxa de expansão anual entre 1999 e o ano passado, segundo levantamento da consultoria Towers Watson, com fundos de pensão de 13 países.

Parte da explicação para a expansão no ano passado se deve à composição da carteira do segmento no país. No ano passado, 72% dos recursos dos fundos de pensão brasileiros estavam alocados em ações (de longe os que mais investiram nessa área), e a Bovespa foi a Bolsa de Valores que mais se valorizou no mundo no período.

Apesar do avanço, em total de ativos, os fundos brasileiros estavam em nono lugar, com US$ 392 bilhões. Líderes, os americanos tinham US$ 13,2 trilhões em 2009.

ELIANE CANTANHÊDE

É para rir ou para chorar?

FOLHA DE SÃO PAULO - 25/02/10



BRASÍLIA - A crise política -ou policial?- da capital da República evolui de tragédia para um pastelão de matar qualquer um de "indignação e vergonha", até Joaquim Roriz, que se disse escandalizado na TV.
Logo ele, a origem de tudo e candidatíssimo a um quinto mandato ao governo. É muita cara de pau.
Além dessa, outras cenas chocantes são a falsa arguição de suspeição sendo protocolada no Supremo contra Marco Aurélio de Mello no caso Arruda e o novo governador, Wilson Lima, se aboletando no "Buritinga", mistura de Buriti (árvore do cerrado que dá nome à sede do governo, em reforma) com Taguatinga (centro industrial do DF, se é que se pode chamar assim).
Deputado distrital e empresário, Lima registra uma invejável versatilidade no seu currículo de "vendedor de picolé, frentista, mecânico, lanterneiro, pintor, balconista e cobrador de ônibus".
Substitui Paulo Octávio, que não precisou desarrumar as gavetas, porque nem tivera tempo de arrumá-las, e José Roberto Arruda, que vai ficando na cadeia. Passou o Carnaval, já estamos entrando em março e lá está ele, enfim um troféu para a Justiça, cansada de só perder a corrida para a opinião pública.
O habeas corpus de Arruda é uma história paralela no pastelão. Um dos advogados tinha certeza de que o ministro Fernando Gonçalves (STJ) não iria mandar prender o governador. O outro, de que Marco Aurélio, o acatador-mor de habeas corpus, não iria negar justamente o de Arruda. Erraram feio. E ficaram mais desconfiados e racharam.
Daí o pedido de adiamento da votação de hoje do HC. Sabiam ou intuíam que Arruda iria perder mais essa e, perdido por um, perdido por mil. Melhor ganhar tempo para encorpar os argumentos jurídicos e diminuir os holofotes políticos.
Arruda na cadeia por mais uma semana no mínimo, Paulo Octávio expelido, o tal Wilson se empavonando, Roriz voltando. A crise não só continua. Piora a olhos vistos.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Cadeia de transmissão

O Estado de S.Paulo - 25/02/2010


Corre pelo mercado de energia elétrica que o elo entre José Dirceu e Nelson dos Santos, o moço que controla hoje a Eletronet - empresa falida que tem a Eletrobrás como sócia e está sendo ressuscitada -- tem nome e sobrenome.Seria André Araujo Filho, conselheiro da Cemig, o amigo de ambos. Quem é ele? O executivo representa a acionista Southern Eletric Brasil na Cemig. E de quem é a SEB? Pertence à Cayman Energy Traders, com sede nas Ilhas Cayman, por sua vez controlada pela Mirant Corporation, baseada em Atlanta, nos EUA. Nossa....

Os sem-relógio

O prazo oficial para assinar novos contratos e os relógios públicos das ruas de São Paulo voltarem à ativa termina amanhã. E, pelo que se apurou, não há nada ainda decidido sobre um novo contrato.


Agora vai?

A primeira providência de Aécio ao voltar, segunda, das férias nos EUA foi ligar para Serra. Os dois se encontram esta semana.

Verdades demais

Está no atoleiro a conversa entre o pessoal de Nelson Jobim, da Defesa, e de Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos, no grupo que prepara o projeto sobre a "comissão da verdade".

E a discórdia pode se ampliar amanhã, quando o grupo recebe, para debates, estudiosos da OEA e ONU.


Eles por elas

Isso é que é imparcialidade. O júri do Mister Brasil é composto só de mulheres. Entre as 15 votantes, Eugênia Fleury, Iara Baumgart e Renata Barrichello.


Vai por mim

Welber Barral, do Desenvolvimento, foi barrado no baile. Por problema de voo, teve de ceder lugar para o Itamaraty na negociação, hoje, com os mexicanos.


Surpreendente

No discurso no congresso do PT, durante posse de Dutra, Lula citou nominalmente duas pessoas: João Paulo e Marta Suplicy.


Ciro na 25ª hora

Informações desencontradas sobre o futuro de Ciro Gomes. Há quem jure que no dia 15 de março, no encontro que terá com Eduardo Campos e Lula, Ciro vai... ceder a aceitar disputar o governo de São Paulo.
Tudo o mais seria para esticar a corda e obter mídia.


Porta de entrada

Franklin Martins cai na rede. Apresenta semana que vem o Portal Brasil - site que reúne notícias e acesso a órgãos públicos federais, montado pela TV1. Começam com depoimentos de Roger Agnelli e Cledorvino Belini contando as vantagens do Brasil.


Vai, joão, vai

Bebel Gilberto sobe ao altar com o engenheiro de som Didier Cunha este final de semana, em Trancoso. A mãe, Miúcha, pode até dar uma canja durante a festa. Já o pai, João Gilberto, só diz se vai... em cima da hora.


Bom começo

Figurinos e cenário impecáveis na bem montada peça O Rei e Eu. O Ciam, de Anna Schvartzman e o Acredite, de Ana Feffer, arrecadaram alto com a pré-estreia.


Meno male

O movimento ambientalista conseguiu. Representantes do governo adiaram as audiências previstas da obra de ampliação do Porto de São Sebastião. A militantes do movimento, garantiram: "Porto sim, mas sem contêiner". Ou seja: o projeto original mudará para formato menos impactante.



Frutos da nova safra da MPB, Ana Cañas e Roberta Sá mostraram que nem só de voz se faz uma cantora. E atacaram de modelos para a campanha
da Arezzo.


NA FRENTE

Arthur Sales, modelo pernambucano de 18 anos, em Paris há um ano, conseguiu ser o primeiro brasileiro ocupar uma edição inteirinha da L"Officiel Hommes.

Maílson da Nóbrega é o orador de encontro de clientes da Votorantim Metais do mundo todo. Em março, no World Trade Center, São Paulo.

Chieko Aoki descansou domingo inteirinho no melhor resort que conhece: a sua própria casa. E é firme: não está envolvida e não se envolve em campanhas políticas.

James Cameron, Al Gore e Thomas Lovejoy transformarão Manaus, dia 26 de março, na capital mundial da sustentabilidade. Convidados por Eduardo Braga, farão palestras sobre o futuro do planeta no fórum Seminars.

Aderiram à campanha pró-Haiti dos Médicos Sem Fronteiras os jogadores Luis Fabiano, Vagner Love, Hernanes e Willian. Camisas oficiais doadas por eles vão a leilão, na internet, a partir de hoje.

Dalai Lama, quem diria, aderiu ao Twitter. Já está sendo chamado de "Postai Lama".