terça-feira, dezembro 07, 2010

THOMAS SHANNON

Mudanças climáticas, oportunidade de avanços
Thomas Shannon 


O Estado de S.Paulo - 07/12/10
Atualmente, já vemos no mundo todo efeitos nocivos das mudanças climáticas, desde o aumento da temperatura e o derretimento das geleiras até a elevação do nível do mar e o prolongamento das secas. Se a comunidade internacional não intensificar seus esforços para enfrentar o problema, os danos ao nosso planeta só ficarão piores. A próxima conferência das Nações Unidas sobre o clima, no México, oferece uma oportunidade para avanços importantes - e precisamos aproveitar esse momento juntos.
Os Estados Unidos comprometeram-se a trabalhar com o Brasil e com nossos outros parceiros internacionais para enfrentar esse grande desafio global.
Em Cancún precisamos trabalhar para aproveitar o progresso obtido no ano passado em Copenhague e avançar em todos os elementos fundamentais das negociações-mitigação de emissões, transparência de ações, financiamento, adaptação, tecnologia e proteção de nossas florestas. Ao fazermos pressão para avançar nessas questões e buscarmos um resultado equilibrado, precisamos também evitar solapar o que conseguimos em Copenhague, onde os líderes do mundo inteiro deram um passo significativo e inédito no compromisso coletivo de enfrentar o desafio das mudanças climáticas. Tentativas de recuar dos compromissos do Acordo de Copenhague ou de renegociar seus fundamentos apenas aumentariam o perigo para nosso planeta, nosso povo e nosso futuro.
Como parte do Acordo de Copenhague - apoiado por aproximadamente 140 países, incluindo o Brasil -, pela primeira vez todas as principais economias se comprometeram a empreender ações para limitar suas emissões e fazer isso de modo internacionalmente transparente. O acordo também inclui disposições sobre marcos de ajuda financeira para subsidiar o desenvolvimento de tecnologia limpa, a adaptação e a proteção das florestas nos países mais necessitados. Essas disposições consistem numa promessa dos países desenvolvidos de financiamento de "início imediato" no valor de quase US$ 30 bilhões no período 2010-2012 e num compromisso com a meta de mobilizar anualmente, até 2020, US$ 100 bilhões de recursos públicos e privados nos contextos de mitigação significativa e transparência.
Os Estados Unidos estão cumprindo o compromisso de início imediato para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir emissões e a adaptar-se aos efeitos adversos das mudanças climáticas.
Somente neste ano, os Estados Unidos aumentaram significativamente seu financiamento para o clima para um total de US$ 1,7 bilhão, sendo US$ 1,3 bilhão em ajuda aprovado pelo Congresso e US$ 400 milhões de financiamento para desenvolvimento e crédito à exportação. Evidência desse progresso pode ser vista no Brasil, onde os Estados Unidos estão investindo US$ 4 milhões e alavancando os conhecimentos técnicos do País para reduzir as emissões do desmatamento e a degradação das florestas, com a finalidade de criar estratégias sustentáveis para o manejo de florestas e para promover a preparação para o mercado de carbono florestal. Essas atividades são desenvolvidas em consonância com as políticas de conservação lançadas pelo governo do Brasil para proteger a biodiversidade e reduzir ainda mais as emissões em todo o País; e, consideradas em conjunto com nossa cooperação em pesquisa sobre mudanças climáticas e capacitação, formam o núcleo da parceria Estados Unidos-Brasil sobre mudanças climáticas.
Os Estados Unidos também estão trabalhando muito para reduzir suas próprias emissões e fazer a transição para uma economia de energia limpa. A Lei de Recuperação, do presidente Barack Obama, destinou mais de US$ 80 bilhões em investimentos, empréstimos e incentivos a uma gama de iniciativas vitais para essa meta. Pusemos em prática a mais ambiciosa economia de combustíveis dos Estados Unidos e padrões de emissão de canos de escapamento de todos os tempos. Estamos adotando medidas importantes para reduzir as emissões de nossas maiores fontes poluidoras. E o presidente Obama continua empenhado em obter a aprovação de legislação sobre energia e clima.
Ao viajar pelo Brasil, vejo grande preocupação com os impactos atuais e as ameaças potenciais das mudanças climáticas - preocupações que os americanos compartilham. Mas fico estimulado pelas ações que estão sendo empreendidas aqui e em todo o mundo no sentido de trabalhar rumo a um futuro com energia limpa que promova crescimento econômico sustentável para todos. Assim como nenhuma nação pode escapar dos efeitos das mudanças climáticas, nenhuma nação pode resolver esse problema sozinha.
Há duas semanas visitei em Goiás o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que havia sido recentemente devastado por queimadas após um ano de secas inusitadamente severas. O Serviço Florestal dos Estados Unidos e o Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade trabalharão juntos para compartilhar as melhores práticas de proteção de áreas naturais em benefício das futuras gerações. Neste ano, nossos dois países chegaram a um acordo para converter antigas dívidas em financiamento para organizações ambientais brasileiras, demonstrando que a parceria Estados Unidos-Brasil sobre mudanças climáticas é sólida, receptiva às necessidades locais e baseada em responsabilidades compartilhadas.
Os riscos apresentados pelas mudanças climáticas e a dificuldade de contê-las representam desafios para qualquer país, e precisamos superar esses obstáculos. Nossos esforços globais para construir uma economia sustentável e de energia limpa tirará as pessoas da pobreza, fornecerá serviços de energia elétrica no mundo todo e preservará nossos tesouros ambientais mais preciosos. O Acordo de Copenhague é - e a próxima reunião de Cancún sobre mudanças climáticas também deverá ser - um passo importante no nosso compromisso coletivo de acelerar essa transição, deixando um planeta mais limpo e mais saudável para todos.
EMBAIXADOR DOS ESTADOS UNIDOS NO BRASIL 

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