terça-feira, março 02, 2010

ODEMIRO FONSECA

Riscos nos aeroportos

O Globo - 02/03/2010

Aeroportos definitivamente não são bens públicos. Em 2010, no Brasil, 145 milhões de passageiros (total de embarques mais desembarques) estarão dispostos a pagar por produtos e serviços em terminais aeroportuários. A Infraero os atenderá mal. Monopólios estatais são crônicos problemas políticos e péssimos em atender demanda de consumidores.

Já o setor privado adora uma boa demanda e tem condições de construir aeroportos mais baratos e operá-los muito melhor, como se observa pelo mundo.

Uma doméstica referência são os shoppings. Os serviços necessários para receber um passageiro na entrada de um terminal e colocá-lo dentro do avião (e vice-versa) são similares aos prestados por um shopping. A construção de um shopping do tamanho do aeroporto de Brasília custa R$ 3 mil por m2 e demora 18 meses para ficar pronto. Por m2, as expansões dos aeroportos S. Dumont e Congonhas custaram seis vezes mais e demoraram 15 vezes mais. Além do desperdício de capital público, a operação da Infraero é medíocre, comparada a shoppings. Em estacionamentos, banheiros, alimentação, conforto, segurança e limpeza, a diferença é gritante.

E os shoppings oferecem cada vez mais serviços.

Em área construída, existem hoje 20 shoppings maiores que o aeroporto de Guarulhos e 50 shoppings maiores do que o aeroporto de Brasília, os dois maiores aeroportos em tráfego. Os empreendedores de shoppings aprenderam a construir barato e rapidamente. É onde se ganha a guerra. Em 30 anos construíram área equivalente a 120 aeroportos de Guarulhos ou 240 aeroportos de Brasília. Administram tráfego de pessoas 70 vezes maior do que o da Infraero.

Esse pessoal constrói e opera aeroportos com um pé nas costas, desde que criado o ambiente institucional adequado.

Empurrado pela realidade, este governo ou o próximo estabelecerá novo marco regulador para aeroportos. Mas aí é que mora o perigo. Se o governo insistir em fazer os projetos dos aeroportos, contratar as empreiteiras de sempre e depois conceder os terminais a operadores privados, os ganhos dos passageiros poderão ser pequenos e as histórias de corrupção, grandes. E continuarão os problemas políticos e jurídicos, as longas e caras construções e os terminais desconfortáveis. Para termos aeroportos agradáveis e funcionais para a Copa do Mundo e Olimpíada, precisaremos de PPPs e segurança jurídica para que o setor privado possa projetar, investir, financiar, construir, expandir e operar os terminais.

Um comentário:

fontoura disse...

Como esse cara quer comparar um aeroporto com shopping... Agora todo mundo se acha autoridade para falar do setor aéreo. Temos um aeroporto gerido pela inicitiva privada (Porto Seguro) este sim é muito pior que uma rodoviaria.