quinta-feira, março 11, 2010

KENNETH MAXWELL


Notícias e invencionices

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/03/10

A SEMANA PASSADA revelou desdobramentos inesperados na mídia dos EUA.
O acontecimento mais notável, de muitas maneiras, é o sério debate quanto à possibilidade de o "National Enquirer", um tabloide sensacionalista vendido em supermercados, receber um prêmio Pulitzer por suas revelações sobre John Edwards. O Pulitzer é o mais prestigioso prêmio de jornalismo dos EUA. O antigo senador Edwards é um ex-advogado que enriqueceu exercendo o direito e se destacou na política pela aparência atraente e jovial e pela mensagem populista. Era um dos principais candidatos à indicação presidencial do Partido Democrata na eleição de 2008 e tinha uma imagem perfeita. Sua mulher, Elizabeth, que sofre de câncer, o acompanhava na campanha e atraiu muito apoio político devido à coragem que exibia na luta contra a doença.
Mas o senador tinha um segredo. Depois de receber uma denúncia, o "National Enquirer", a partir de setembro de 2007, investigou persistentemente o político e, em julho de 2008, fotografou-o em visita à sua amante Rielle Hunter e ao filho ilegítimo do casal no Beverly Hilton Hotel. Apesar de o restante da imprensa ter ignorado o assunto e das negativas de Edwards, o "National Enquirer" acompanhou a história, refutando a negação de paternidade de Edwards e expondo seu uso indevido de verbas de campanha para pagar Hunter.
O "New York Times" não se saiu tão bem. Zachery Kouwe, repórter de negócios do jornal, se demitiu após acusações de que havia plagiado o "Wall Street Journal". Clark Hoyt, o ombudsman do "New York Times", declarou em sua coluna de domingo que o caso envolvia plágio serial, apesar de Kouwe alegar que "foi apenas descuido meu". Hoyt apontou para as semelhanças entre o caso de Kouwe e o de Gerald Posner, no "Daily Beast", que vinha plagiando frases do "Miami Herald", como constatou o jornalista Jack Shafer, da revista "Slate". Posner também se demitiu. O título de Hoyt para seu comentário era "gatunagem jornalística".
Textos tomados "de empréstimo", sem atribuição, não se limitam à imprensa diária. Motoko Rich, do "New York Times", revelou nesta semana que a editora Henry Holt suspendeu as vendas de "The Last Train from Hiroshima", livro de Charles Pellegrino que narra a história do bombardeio atômico ao Japão. O autor, pelo que a editora veio a aferir, usou uma fonte fraudulenta, Joseph Fuoco, que alegava ter escoltado o avião Enola Gay em sua missão de bombardeio. Ao que parece, Fuoco não participou da missão.
Pellegrino também alegava ter um doutorado por uma universidade da Nova Zelândia. A universidade disse ao "New York Times" que essa alegação era "infundada"

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