sábado, fevereiro 20, 2010

REGINA ALVAREZ

Escolhas


O GLOBO - 20/02/2010


A comparação entre os modelos de desenvolvimento adotados pelo Brasil e pelos países asiáticos, que escolheram o caminho da industrialização para alavancar suas economias — tema abordado na coluna de ontem — provocou manifestações de leitores que merecem um retorno ao assunto. No Brasil, como se sabe, a indústria encolheu nas últimas décadas, resultado de um modelo focado na vocação agrícola e na exportação de produtos primários.

Alguns números levantados pelo professor Renaud Barbosa da Silva, da Fundação Getúlio Vargas, mostram o impacto dessa escolha na nossa balança comercial.

Os números espelham as relações de comércio do Brasil com a China e a Coreia do Sul, os dois emergente asiáticos que se destacam no processo de industrialização e crescimento econômico. E mostram uma relação desigual entre os valores importados e exportados.

Nos últimos três anos, recebemos da China, por tonelada exportada, o valor médio de US$ 115. E no mesmo período pagamos àquele país, por tonelada importada, US$ 2.857. A disparidade é resultado do alto valor agregado aos produtos chineses.

Exportamos minério de ferro e soja. Importamos eletroeletrônicos, partes e peças para a telefonia e uma infinidade de outros produtos valiosos.

Com a Coreia é quase a mesma coisa, com o diferencial que compramos automóveis dos sul-coreanos, item que lidera a pauta de importações daquele país. Nos últimos três anos, recebemos US$ 175 por tonelada exportada para a Coreia e pagamos Mulher no mercado II œ Quando se olha o rendimento, percebe-se uma redução lenta da desigualdade entre homens e mulheres.

Em 2003, as mulheres com curso superior ganhavam, em média, 59,7% do salário dos homens. Em 2009, esse percentual subiu para 62,5%.

— As empresas deliberadamente ainda favorecem a evolução dos homens. Além disso, há a questão das dinâmicas familiares. As mulheres já são provedoras dos domicílios tanto quanto os homens, mas ainda arcam com as tarefas domésticas muito mais do que os maMulher no mercado I œ O IBGE fez novos recortes sobre a participação da mulher no mercado de trabalho. Os números mostram que as mulheres mais escolarizadas estão ampliando seu espaço, mas que a recuperação da renda em relação aos homens tem sido lenta mesmo entre as que possuem curso superior.

Em 2009, de todas as mulheres aptas a trabalhar, 43,6% tinham 11 anos ou mais de estudo. Entre os homens, esse percentual era de 42,3%. Já no universo de mulheres que estavam efetivamente trabalhando, o percentual com 11 anos ou mais de estudo era de 62,1%. Entre os homens, a taxa era 53,7%. “O mercado exige uma escolaridade maior da mulher. É por meio do estudo que ela tem conseguido ganhar espaço”, explica o gerente da PME, Cimar Azeredo.

US$ 4.543 por tonelada importada.

Os números dão uma clara dimensão da importância de agregar valor ao que produzimos e exportamos.

Refletem os ganhos de quem optou pela industrialização, investiu em tecnologia e inovação.

O empresário Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, escreve para dizer que o setor agropecuário vive os mesmos problemas da indústria: carga tributária anacrônica, infraestrutura em frangalhos, política de juros altos e suas consequências no câmbio.

E defende o setor que representa, lembrando a contribuição da agricultura para o desenvolvimento nacional, gerando riquezas e empregos.

Camargo Neto diz que o setor agrícola não deve ser menosprezado, mas reconhece que é preciso investir no segmento industrial.

A combinação desses dois motores é o ideal para mudarmos de patamar no caminho do crescimento sustentado, como disse o professor Júlio Almeida na coluna de ontem. Ele aposta que este será o caminho escolhido no futuro pós-crise.

Nós torcemos.

Mulher no mercado I

O IBGE fez novos recortes sobre a participação da mulher no mercado de trabalho. Os números mostram que as mulheres mais escolarizadas estão ampliando seu espaço, mas que a recuperação da renda em relação aos homens tem sido lenta mesmo entre as que possuem curso superior.

Em 2009, de todas as mulheres aptas a trabalhar, 43,6% tinham 11 anos ou mais de estudo. Entre os homens, esse percentual era de 42,3%. Já no universo de mulheres que estavam efetivamente trabalhando, o percentual com 11 anos ou mais de estudo era de 62,1%. Entre os homens, a taxa era 53,7%. “O mercado exige uma escolaridade maior da mulher. É por meio do estudo que ela tem conseguido ganhar espaço”, explica o gerente da PME, Cimar Azeredo.

Mulher no mercado II

Quando se olha o rendimento, percebe-se uma redução lenta da desigualdade entre homens e mulheres.

Em 2003, as mulheres com curso superior ganhavam, em média, 59,7% do salário dos homens. Em 2009, esse percentual subiu para 62,5%.

— As empresas deliberadamente ainda favorecem a evolução dos homens. Além disso, há a questão das dinâmicas familiares. As mulheres já são provedoras dos domicílios tanto quanto os homens, mas ainda arcam com as tarefas domésticas muito mais do que os maridos. Isso faz com que os homens saiam em vantagem — observa a pesquisadora da Uerj Moema Guedes.

Países como EUA, Noruega, Suécia e Dinamarca têm apostado em ações afirmativas e mudanças na legislação para acelerar essa recuperação.

Nos países nórdicos, a ampliação do prazo da licença paternidade virou opção para o casal: — A mulher pode estar num momento bom no trabalho e não querer arcar com o ônus da saída. Nesse caso, o casal pode julgar que é melhor o marido ter a licença.
COM ALVARO GRIBEL

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