domingo, fevereiro 21, 2010

PAINEL DA FOLHA

Para entender

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 21/02/10

Embora a fala de Lula sobre os perigos dos palanques duplos tenha incluído bronca leve no PT de Minas, dividido entre dois pré-candidatos enquanto um peemedebista lidera as pesquisas, o PMDB interpretou as palavras do presidente como um recado aos seus postulantes e sobretudo ao ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), que pretende enfrentar na Bahia Jaques Wagner, um governador não apenas petista como próximo do presidente.
Escaldado, o PMDB enxergou mensagem subliminar também na ameaça de Lula de não ir aonde houver encrenca. Aí, o destinatário seria o queixoso Sérgio Cabral. Mas o governador do Rio não quer exclusividade? Sim, mas neste caso é o Planalto que investe no segundo palanque, de Anthony Garotinho (PR).




Quem manda. A escolha de João Vaccari para comandar a tesouraria do PT foi selada apenas quando Lula bateu o pé. Tanto o antecessor, Paulo Ferreira, quanto Ricardo Berzoini jogaram contra.

Pauleira. Berzoini, aliás, deixa a presidência com o filme bastante queimado. Até o montepio da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara ameaçam lhe negar. De presente, por ora, o fã de rock recebeu apenas um iPod de Gleber Naime, outro que se despediu da direção do PT.

Showtime. De um cardeal petista, sobre o clima do congresso encerrado ontem: "Estava mais para convenção do Partido Democrata nos EUA do que para coisa do PT".

Primo rico. O PT distribuiu os delegados do congresso pelos hotéis de Brasília mais ou menos de acordo com as divisões internas da sigla. Segundo queixa do pessoal da esquerda, só rolou cinco estrelas para os integrantes da Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária.

Selado. No consórcio PSDB-DEM, mesmo os descontentes já aceitam o fato de que, exceto se José Serra desistir da Presidência, o candidato ao governo será Geraldo Alckmin. O próprio Aloysio Nunes (Casa Civil), nome dileto de Serra, já se conformou. A exceção é o vice Alberto Goldman, que não pode ouvir falar em Alckmin. Não que isso vá mudar as coisas.

Saideira 1. Dando por perdida a batalha, no STF, pela manutenção da contribuição sindical obrigatória, as centrais passaram a pressionar os ministros da corte para que o desfecho da votação ocorra apenas em abril. Assim, elas assegurariam ao menos o gordo repasse deste ano, que o governo fará em março.

Saideira 2. No ano passado, as seis centrais receberam R$ 64 milhões de imposto sindical. A CUT faturou R$ 21 milhões, e a Força Sindical, R$ 18 milhões. A despeito do lobby, o caso entrou na pauta desta semana no Supremo.

Agora vai? Integrantes da Executiva do DEM esperam que o presidente Rodrigo Maia seja assertivo ao deliberar na quarta-feira pela desfiliação de Paulo Octávio, governador interino do Distrito Federal. Tudo para amenizar o desgaste causado pelo excesso de "paciência" que teve com José Roberto Arruda.

Cadeira. "PO" tem assento na Executiva do DEM. É vice-presidente para assuntos de trabalho e habitação. No Conselho de Ética está Cássio Taniguchi, secretário de Desenvolvimento Urbano de Arruda até estourar o escândalo.

Cifras. Em 2006, quando se tornou vice na chapa de Arruda, Paulo Octávio declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 380 milhões.

Parede. Um agravante do quadro político do governador interino é a composição da comissão especial da Câmara Legislativa, que analisará amanhã os pedidos de impeachment. A estimativa é que pelo menos três dos cinco membros votem contra ele.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

José Dirceu reapareceu se sentindo em casa e dizendo que o mensalão foi "apenas" caixa dois eleitoral. Isso é, no mínimo, confissão de culpa.

Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre declarações do ex-ministro e deputado cassado durante o congresso do PT.

Contraponto

Nenhuma das anteriores O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, respondia na sexta-feira uma lista de perguntas distribuída aos delegados do congresso do PT quando se deparou com a seguinte questão de múltipla escolha: "A ação armada, em sua opinião, é...".
Ao ver o deputado marcar com um "x" a última opção disponível ("não tenho opinião formada sobre o tema"), uma repórter resolveu provocá-lo:
-O sr. não vai defender o passado de sua candidata?
Vaccarezza riu e, na dúvida, resolveu marcar mais uma opção: "admissível como meio de defesa da democracia e dos direitos fundamentais do cidadão".

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