quinta-feira, fevereiro 11, 2010

PAINEL DA FOLHA

Caça-palavras

Renata Lo Prete -

Folha de S.Paulo - 11/02/2010


Reunidos ontem para discutir o programa de governo a ser apresentado no congresso do PT, na próxima semana, os incumbidos da tarefa divergiram sobre três pontos. O primeiro é a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas, que consta da minuta elaborada sob a coordenação do assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. Há na sigla quem tema descontentar o setor empresarial em plena pré-campanha.

Sem prejuízo da defesa da presença do Estado na economia, uma ala petista pondera ser necessário frisar no programa também o papel da iniciativa privada. Por fim, foi detectada a necessidade de editar o trecho sobre a política de direitos humanos.

Santinho!
Dilma chegou a bater na mesa ontem ao saber que foi convocada para explicar o Programa Nacional de Direitos Humanos no Senado.

Sumiram
Chamou a atenção do Planalto as ausências dos peemedebistas Romero Jucá, líder do governo, e Renan Calheiros, líder da bancada no Senado, na votação que manteve o veto de Lula ao sinal vermelho do TCU para quatro obras da Petrobras.

Balanço 1
Em cerimônia no Ministério da Justiça, Lula parabenizou Michel Temer pela "unidade" expressa na convenção do PMDB. O presidente da sigla respondeu que, para mantê-la, é preciso resolver as disputas com o PT em Minas, Pará e Bahia.

Balanço 2
Um deputado peemedebista atalhou: "E o Rio Grande do Sul?". Temer arrematou, em tom brincalhão: "Lá já está resolvido".

Tá quente...
Resolvido ou não, há abundantes sinais de que o PMDB gaúcho, outrora computado como certo pelos tucanos, está flertando com Dilma. Depois de dizer que o diretório "deve" seguir a aliança nacional, o prefeito e pré-candidato ao governo José Fogaça abriu ontem a torneira dos elogios: "A convivência com a ministra tem sido altamente produtiva, frutífera e boa para Porto Alegre".

...tá frio
Mas e José Serra? "Na verdade não tenho muita convivência com ele", desconversou Fogaça. "Nós fomos colegas no Senado".

Dois gumes
Enquanto isso, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, esteve com Joaquim Roriz e Mão Santa para acertar o apoio do PSC a Serra. Os tucanos ganharão um sempre útil acréscimo ao tempo de TV. Em compensação, terão de exibir seu candidato no palanque de Roriz.

Oriente-se
Depois de ouvir Dilma Rousseff confundir Governador Valadares com Juiz de Fora, o líder do PSDB na Assembleia, Domingos Sávio, resolveu dar ao colega do PT, Padre João, um GPS e um mapa de Minas para ser entregue à ministra, nascida no Estado.

Cartas na mesa
O vice-governador do DF, Paulo Octávio, levou Marcelo Toledo, suspeito de ser um dos operadores do mensalão candango, para uma conversa com o governador José Roberto Arruda. Em tom ameaçador, Toledo teria admitido aceitar o benefício da delação premiada.

Pé do ouvido
Nélio Machado, criminalista contratado para defender Arruda, bateu um papo em São Paulo, na semana passada, com Tarso Genro, àquela altura ainda ministro da Justiça e portanto chefe da Polícia Federal.

Magoei 1
O governo Evo Morales não gostou de ouvir Lula dizer que o Brasil continuará a importar gás, mesmo sem necessidade, para "ajudar a Bolívia, um país pobre".

Magoei 2
O ministro da Presidência, Óscar Coca, respondeu que, independentemente de "sentimentos de bondade, afeto ou desafeto", há um contrato de fornecimento para o Brasil que vai até 2019. Também o vice-presidente, Álvaro Garcia Linera, registrou que o acordo tem "cumprimento obrigatório".

Tiroteio
A gestão de José Serra em São Paulo fez água: na zona leste por excesso, na zona sul por falta.
Contraponto

Trilha sonora
Um grupo de amigos do deputado Paulo Maluf (PP) se reuniu na semana passada num restaurante na zona sul paulistana para festejar os 90 anos do cantor Pedro Miguel. Hélio Bastos, que esteve na Casa Civil quando Maluf ocupava o Palácio dos Bandeirantes (1979-1983), resolveu palpitar no repertório do aniversariante:

-Lembra da música predileta do doutor Paulo?

-Claro, mas ninguém vai acreditar...- devolveu o cantor, para em seguida levantar a plateia com a canção de Chico Buarque e Vinícius de Moraes:

-Maestro, vamos de "Gente Humilde"!

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