quinta-feira, fevereiro 11, 2010

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

"Não descartamos fusão", diz Camargo Corrêa

Folha de S.Paulo - 11/02/2010



"Não descartamos a possibilidade de fazer fusão dos ativos de cimento no Brasil e na Argentina com a Cimpor", disse à Folha Carlos Pires Oliveira Dias, membro do Conselho de Administração da Camargo Corrêa e um dos acionistas da companhia, sobre planos futuros após a compra de 22,17% da construtora Teixeira Duarte na cimenteira portuguesa Cimpor. O preço oferecido foi de 6,50 por ação.

A participação poderá ser acrescida de até mais 3% do capital da Cimpor detidos por pessoas físicas ligadas a Teixeira Duarte, segundo Pires Dias, que acompanhou as negociações. "Nem todos os familiares puderam ser contactados a tempo", disse Vitor Hallack, presidente do Conselho.

A aquisição torna a Camargo Corrêa, até então considerada à parte na disputa pela Cimpor, a maior acionista individual da empresa portuguesa, diz Pires.

A Lafarge, que tinha 17,28% na Cimpor, acabou vendendo a sua participação para a Votorantim. Segundo Pires, não existia um acordo entre acionistas da Cimpor.

"Há sinergia entre a Cimpor e a Camargo Corrêa. Uma fusão [com a companhia portuguesa] nos tornaria um player importante, o que é visto como interessante pela administração da Cimpor", disse Pires.

Por ora, a companhia aguarda as próximas manifestações da CSN com relação à OPA (Oferta Pública de Ações), em que oferece 5,75 por ação da cimenteira portuguesa, valor inferior ao pago pela Camargo.

A siderúrgica não pode desistir da oferta, mas pode melhorá-la até amanhã. Dia 17 vence o prazo para os acionistas aceitarem ou rejeitarem a proposta. O Conselho de Administração da Cimpor já recomendou aos acionistas que recusassem a oferta.

Há muita sinergia entre a Cimpor e a Camargo Corrêa
CARLOS PIRES OLIVEIRA DIAS
membro do Conselho de Administração da Camargo Corrêa

Se familiares de Teixeira Duarte, que têm 3% da empresa, venderem, nós já compramos
VITOR HALLACK
presidente do Conselho da Camargo Corrêa

Fazenda posterga alta de tributação em bebidas
O Ministério da Fazenda, em reunião com representantes do setor de bebidas frias, decidiu postergar a adoção de nova tabela que implicaria aumento da tributação.

A nova tabela, que deveria entrar em vigor em março, foi calculada pela Receita Federal para pagamento de impostos e foi feita em conformidade com o setor.

A lista leva em conta os diferentes volumes e embalagens dos produtos. Pela primeira vez, representantes das empresas alegaram que este será um ano de muitos investimentos e que, com o aumento de tributação, teriam de subir preços de produtos ou reduzir o ritmo de expansão.

O ministro Guido Mantega, diante do setor que compareceu em peso e unido, pela primeira vez, ficou de estudar o tema. Declarou que considera importante o volume de investimentos previstos pela indústria e que gostaria de marcar outra reunião do setor, desta vez, com o presidente Lula. Por ora, e possivelmente neste semestre, a nova tabela não será aplicada.

CHUVA, SUOR E CERVEJA
"Carregamos muito os outros setores. Nosso aumento de tributação pagou a isenção de IPI de outros setores", diz João Castro Neves, presidente da AmBev. Se não houver aumento da carga tributária, o investimento neste ano, será de R$ 2 bilhões, sem contar despesas com vendas, um recorde na companhia. Novas fábricas estão sendo construídas nos mesmos terrenos das unidades já existentes para dobrar a produção em ao menos três delas. A planta de Minas já está pronta e a de Manaus será inaugurada até março. Em São Paulo, a unidade de Agudos também terá a produção duplicada.

Uma fábrica totalmente nova será construída em local que ainda será definido. As chuvas até que atrapalham um pouco a distribuição de bebidas, mas o consumo segue alto com todo o calor neste verão e a chegada do Carnaval, diz Neves. A companhia tem em estudos 40 inovações de produtos para lançamento nos próximos anos, sendo que um deles deve sair entre março e abril.

A Copa do Mundo também vai inspirar novas embalagens e promoções que, segundo a AmBev, pode gerar um aumento de volume superior em junho e julho, quando as vendas recuam devido ao inverno.

TIJOLO 1
A construção civil brasileira fechou 2009 com crescimento de 10,21% no nível de emprego do setor, na comparação com dezembro do ano anterior. O saldo ficou positivo com 213 mil trabalhadores contratados no ano e chegou a 2,298 milhões de empregados em dezembro do ano passado, segundo o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

TIJOLO 2
Houve demissões em dezembro de 2009, sob efeito sazonal, segundo o SindusCon-SP. A construção civil dispensou 53,5 mil trabalhadores com carteira assinada, o que representa queda de 2,28% no nível de emprego do setor na comparação com novembro. No Estado de São Paulo, foram demitidos 8.818 trabalhadores, queda de 1,34%. No ano, o setor criou 58,2 mil novos postos de trabalho no Estado, alta de 9,82%.

DESACORDO
Na reunião de terça-feira entre o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e representantes da indústria, liderados pelo presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, sobre a PEC da redução da jornada de trabalho, Robson Andrade, o provável sucessor de Monteiro na presidência da CNI, disse que a redução de encargos da folha de pessoal já é bandeira antiga do empresariado, indicando que o argumento não seria aceito como moeda de troca, segundo um participante da reunião.

VIDRO VERDE
Está em tramitação na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado o projeto de lei que responsabiliza as empresas que vendem e instalam vidros automotivos a darem destinação final adequada ao produto, como a reciclagem. A iniciativa partiu do Instituto Autoglass Socioambiental.

Minas Gerais apresenta programa nos Estados Unidos
O programa de inovação do governo mineiro, que criou um sistema de polos de desenvolvimento de pesquisa e tecnologia focados em setores, gerou interesse no governo dos Estados Unidos.

No próximo dia 25, o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais, Alberto Duque Portugal, irá a Washington para fazer uma apresentação para oficiais da Casa Branca, membros do Departamento de Energia e Comércio, agências federais e representantes de laboratórios e de universidades americanas.

Portugal falará sobre o projeto implantado em 2006 pelo governo mineiro. "O trabalho de Minas abrange atração de investimento para gerar valor agregado, fortalecer incubadoras, acelerar inclusão digital e fechar parcerias com centros de pesquisa particulares."

O exemplo brasileiro será apresentado em um simpósio que pretende orientar o projeto da administração de Barack Obama, que está investindo em "clusters" de alta tecnologia, para o desenvolvimento de setores como energia para acelerar a produção de combustíveis solares e melhorar a eficiência energética por meio de design.

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