domingo, janeiro 24, 2010

PAINEL DA FOLHA

O tempo e o vento

SILVIO NAVARRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 24/01/10


A convenção antecipada do PMDB de 6 de fevereiro servirá para reconduzir Michel Temer (SP) à presidência da sigla, mas, segundo seus próprios aliados, não será indicativo de alinhamento automático do partido à candidatura petista de Dilma Rousseff.
Embora ele saia fortalecido, a avaliação é que setores que concordaram em não criar problemas agora à sua aclamação vão insistir, na convenção de junho, na tese da chapa própria ou da "independência".
Os diretórios de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Acre, Pernambuco e Rio Grande do Sul têm resistências ao nome de Dilma. Além disso, todos eles têm dificuldades com arranjos regionais, outro fator que atrapalha o abraço com o PT.


Meteorologia. De um aliado de Temer sobre a decisão de antecipar a convenção: "É melhor resolver tudo enquanto ainda continuamos fortes".

Memória. O histórico, entretanto, é favorável ao grupo pró-aliança. Em 2002, a briga do PMDB chegou ao Supremo, quando o partido fez a convenção antes das prévias para impedir a candidatura de Roberto Requião (PR). Quatro anos depois, a direção da sigla repetiu a manobra com Anthony Garotinho (RJ).

Cenários. Uma ala do PT crê que a indicação de Antonio Palocci para coordenar a campanha de Dilma não anula o papel de Fernando Pimentel. O mineiro já dá sinais a aliados de que pode abandonar o embate com Patrus Ananias pela vaga ao governo.

Pano. Depois de uma semana de troca de ataques com o PT, a cúpula tucana estuda um recuo. O comando do partido avalia que é preciso baixar a poeira antes do retorno do Congresso, quando alguns dos seus parlamentares mais inflamados poderiam exagerar na dose. O tema será levado à reunião da Executiva.

Combinado 1. Na conversa de Lula com o ministro Carlos Lupi (Trabalho) não se avançou apenas na articulação para Ronaldo Lessa (PDT) concorrer ao governo de Alagoas. O presidente também pediu que Lupi convença Osmar Dias a oficializar logo sua candidatura no Paraná.

Combinado 2. O senador Álvaro Dias (PSDB) não esconde a irritação com a movimentação do prefeito de Curitiba, Beto Richa, para concorrer ao governo paranaense. A depender do desfecho, há quem enxergue uma janela para Álvaro se dedicar à campanha do irmão, Osmar.

Cifrado 1. Trecho do relatório final da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal afirma que executivos da Camargo Corrêa -investigada por suspeita de evasão de divisas- tinham uma "forma peculiar" de códigos, todos com três letras, para identificar políticos, obras e partidos.

Cifrado 2. A tabela foi apreendida num dos computadores de Pietro Bianchi, diretor da construtora. "PPT", por exemplo, significava "PT Político". E "MIC" se referia a Miguel Colasuonno, atual diretor administrativo da Eletrobrás e presidente do conselho da Eletronuclear.

Latitudes. A PF também afirma ter recolhido documentos suspeitos sobre obras da empreiteira no exterior, como Peru, Panamá e Equador. Mas argumenta que os papéis não foram analisados "porque a Justiça brasileira carece de competência para investigar fatos ocorridos fora do território nacional".

Rédea. Balanço do Conselho Nacional do Ministério Público aponta aumento de 23% no número de processos da corregedoria. A maioria se refere a reclamações disciplinares.

Caixa. O deputado Aldo Rebelo (PC do B) vai lançar um livro no qual relata que a bilheteria de um jogo entre Palmeiras e Corinthians financiou a campanha do antigo PCB na eleição de 1945.
com LETÍCIA SANDER e MALU DELGADO

Tiroteio

"Lula já disputou cinco eleições e, de tão acostumado, ainda não entendeu que desta vez ele está fora."
Do deputado GUSTAVO FRUET (PSDB-PR), sobre a entrada de Lula no fogo cruzado entre petistas e tucanos, chamando o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), de "babaca".

CONTRAPONTO

Pré-pago


Ao final de uma visita a áreas inundadas pelas enchentes em Pindamonhangaba (SP), na semana passada, o senador Aloizio Mercadante (PT) pediu socorro ao prefeito da cidade, João Antônio Salgado Ribeiro (PPS), ao notar que o seu celular estava sem bateria e não havia telefone público disponível nas redondezas:
- Prefeito, preciso fazer uma ligação urgente para Brasília e estou sem bateria. Poderia me emprestar seu celular por alguns minutos?-, perguntou, sem jeito, o petista.
Ao que o prefeito devolveu sem nenhuma cerimônia:
- Perfeitamente, senador. Mas só uma coisinha: o aparelho está sem crédito...

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