domingo, janeiro 10, 2010

PAINEL DA FOLHA

Livro-caixa

SILVIO NAVARRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/01/10


Há em curso no TSE uma movimentação para incluir na resolução que será aprovada até março, contendo exigências para a prestação de contas nas eleições, um mecanismo que obrigue os partidos a informar a fonte das chamadas "doações ocultas". Ou seja, se uma empresa doar ao partido, e não diretamente ao candidato, a sigla teria de detalhar a viagem do dinheiro, especificando qual campanha ele financiou.
O presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, é crítico da falta de transparência nas doações. O tema, entretanto, divide juristas. Uma ala avalia que o TSE tem competência para interferir na legislação. A outra, que só o Congresso poderia mudar as regras, algo que passou longe da minirreforma eleitoral.


Árbitro. No TSE, o responsável por redigir a resolução que trata da prestação de contas das eleições deste ano é o ministro Arnaldo Versiani. Ele fará audiências públicas a partir de fevereiro para recolher sugestões sobre o que pode ou não ser regulado.

Tese. Relator da minirreforma aprovada em setembro, o deputado Flávio Dino (PC do B-MA) corrobora a proposta: "O TSE pode e deve fazer esta regulamentação".

No escuro. Nas eleições municipais do ano passado, 36% das doações aos prefeitos eleitos nas capitais foram ocultas -R$ 41 milhões.

Ajustes. Embora afirmem que Lula seguramente fará revisões no terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos, auxiliares do presidente descartam que ele contemple o pedido dos militares para que movimentos de luta armada sejam investigados.

Panelaço. Apesar do silêncio quando a polêmica com militares estourou, o PT prepara uma reação para defender o programa. O partido acionou ONGs e intelectuais para que se manifestem.

Migração. Pesquisas mostram que uma legião de governadores tende a desembarcar no Senado em 2011. A lista reúne os peemedebistas Luiz Henrique (SC), Eduardo Braga (AM), Roberto Requião (PR) e Paulo Hartung (ES), além de Blairo Maggi (PR-MT). E há quem inclua o tucano Aécio Neves (MG).

Anzol. Em Minas, declarações do ministro Hélio Costa (PMDB) de que gostaria de ser vice de Dilma Rousseff foram lidas como apenas tentativa de buscar visibilidade num momento em que o quadro no Estado segue confuso.

Na tela 1. A direção do PV pediu ao cineasta Fernando Meirelles que o programa de TV do partido compare em fevereiro a biografia da candidata verde Marina Silva (AC) com a trajetória de Lula.

Na tela 2. A ideia é mostrar a infância pobre, dizer que três dos dez irmãos morreram ainda crianças, a família migrou do seringal para sobreviver, e, assim como Lula, ajudou na construção do PT. Mas, o PV pretende bater na tecla da sensibilidade ecológica, capacidade de liderança sem concentração de poder e com formação acadêmica.

Time. Num enorme painel exposto no aeroporto de Brasília, o vice-governador Paulo Octávio (DEM), que se esforça para se distanciar do mensalão candango, é identificado como "governador interino" várias vezes de 2007 a 2010.

Palanque 1. A fala do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) anunciando que deverá apoiar Dilma foi recebida por petistas como um pedido de socorro para tentar colocar em pé sua candidatura ao governo do DF. "Sozinho, contra [Joaquim] Roriz e o candidato do Lula, ele não vai", diz um aliado.

Palanque 2. Cristovam tentou antes bater à porta do PSB de Rodrigo Rollemberg, mas ouviu que o partido vai de Agnelo Queiroz (PT).

com LETÍCIA SANDER e MALU DELGADO

Tiroteio

"Há tantos jabutis nesse programa que logo vão achar nele a emenda do terceiro mandato do Lula."
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre as críticas de diversos segmentos à amplitude do conteúdo do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos.

Contraponto

Irmandade


Em "Memórias do Brasil Grande" (2008), Wilson Quintella, ex-presidente da Camargo Corrêa, narra que uma briga com um colunista de um jornal resultou no assassinato do prefeito de Campo Grande Ary Coelho em 1952. À época, descobriu-se que o irmão do jornalista, então foragido, chefiava a Fundação Brasil Central, criada para mapear o oeste do país. Acusado de esconder o irmão, ele foi questionado pelo presidente Getúlio Vargas (1882-1954).
-Seu irmão está escondido na área da fundação?
-De jeito nenhum!-, respondeu.
Passados alguns segundos, Vargas quebrou o silêncio:
-Pois se fosse meu irmão, estaria.

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