quarta-feira, dezembro 23, 2009

SEBASTIAN MALLABY

China, a pedra no sapato do Brasil

O Estado de S. Paulo - 23/12/2009


O Brasil é o país do momento, o cadinho onde se mesclam quase 200 milhões de pessoas. Nesta democracia pujante, cujo presidente desfruta de enorme popularidade, a pobreza está diminuindo rapidamente. Recentemente, o País saiu vencedor no sorteio para escolher a sede da Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas de 2016. Missões diplomáticas brasileiras estão sendo abertas no mundo todo. Sua economia foi uma das últimas a sofrer os efeitos da crise internacional e uma das primeiras a livrar-se dela. E, no entanto, as realizações do Brasil são vulneráveis. Para preservar seu maravilhoso sucesso, o Brasil talvez precise apelar para algo que assusta seus diplomatas: um confronto com a China.

A vulnerabilidade do Brasil está relacionada à sua moeda, o real, que no ano passado teve uma valorização de 33% em relação ao dólar. Uma nova elevação poderá prejudicar os exportadores e tornar impossível para os produtores nacionais concorrer com importações baratas, comprometendo a vitalidade, que é o pressuposto básico do milagre brasileiro. Aliás, uma nova valorização parece bastante possível e as forças que impulsionam o real não deverão se reverter.

O primeiro motivo é a fragilidade da economia dos Estados Unidos, que faz com que o Federal Reserve (Fed, banco central americano)mantenha baixas as taxas de juros, induzindo o capital a procurar retornos maiores em outros países. O Brasil é um dos favoritos: suas taxas de juros são altas e as condições financeiras inspiram confiança.

Segundo a maioria das agências responsáveis pelas previsões, a recuperação dos EUA continuará lenta no futuro próximo. Portanto, a lógica da redução das taxas de juros americanas provavelmente não mudará, e a pressão para a valorização do real deve se manter.

O segundo elemento que empurra o real para cima é a China. Se a sua lógica econômica predominar, o real cairá em relação ao yuan chinês: a China tem um enorme superávit da conta corrente, enquanto o Brasil tem um déficit. Mas no ano passado a China voltou a atrelar sua moeda ao dólar, de modo que o yuan seguiu o dólar na queda, comprometendo a capacidade do Brasil de competir com os produtores chineses.

Ao mesmo tempo, o yuan, ilogicamente fraco, afeta os produtores de outros países, encorajando os bancos centrais a manter baixos os juros e atraindo mais capital para o Brasil. Essa pressão da China provavelmente aumentará com a economia chinesa.

O que o Brasil pode fazer para que sua moeda não continue se valorizando? Pode cortar as taxas de juros para frear o ingresso de dinheiro, mas a economia do Brasil está aquecida e a redução das taxas de juros ativaria a inflação. Poderia combater o ingresso de capitais por meio de impostos - e já experimentou esta opção -, mas essas restrições tendem a vazar como guarda-chuva furado. Poderia intervir no mercado de câmbio, vendendo reais e comprando dólares, mas a escassa poupança brasileira ficaria amarrada a uma moeda (dólar) que está se desvalorizando. Ou o Brasil poderia proteger a sua indústria com tarifas, mas o protecionismo provocaria um ciclo de retaliação.

A verdade desconfortável é que os instrumentos de que o Brasil dispõe não são suficientemente fortes para impedir que sua moeda ponha em risco o seu sucesso. E a diplomacia? Pedir aos EUA que subam suas taxas de juros e tirem a pressão do real seria uma medida destinada ao fracasso. Com o desemprego americano em torno de 10% e com mais 7% da força de trabalho obrigada a aceitar empregos em tempo parcial, o Fed não elevará as taxas de juros para salvar o Brasil de sua situação difícil.

Resta a opção de uma conversa com a China. Ao contrário do Fed, o banco central chinês tem boas razões para elevar as taxas de juros e abandonar o dólar, a moeda em declínio à qual o yuan está atrelado.

Essa situação distorce a economia chinesa, levando a nação a acumular enormes reservas em dólares que estão destinadas a se desvalorizar.

Além disso, a liderança política chinesa passou por cima dos tecnocratas que gostariam de modificar a âncora cambial e ignorou os apelos dos EUA e da Europa. Mas talvez se mostrem mais abertos aos argumentos de uma economia emergente e bem-sucedida como o Brasil, principalmente se os brasileiros conseguirem o apoio de outros membros do Grupo dos 20 (G-20).

Infelizmente, o Brasil hesita em argumentar com a China. Seus diplomatas valorizam a solidariedade entre as nações emergentes do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), mesmo que essa solidariedade possa ameaçar o crescimento no qual se baseia a posição brasileira no Bric. E, por enquanto, o aperto monetário do Brasil não é suficientemente grave para pedir ajuda. Sua economia deverá crescer respeitáveis 3,5%, aproximadamente, no próximo ano, e, nos últimos tempos, o Brasil tem apresentado resultados tão bons que parece não ter tempo de se preocupar com os problemas.

Recentemente, em São Paulo, quando os brasileiros festejavam o fim do campeonato de futebol, ladrões penetraram no prédio de uma empresa de carros fortes por meio de um túnel escavado anteriormente e explodiram um cofre, levando quase US$ 6 milhões. Os seguranças da empresa ouviram a explosão, mas não fizeram nada, achando que eram torcedores comemorando um gol com fogos de artifício mais potentes.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Selic só sobe no 2º trimestre, diz banco

FOLHA DE SÃO PAULO - 23/12/09



Enquanto muitos economistas preveem aumento da taxa Selic no começo de 2010, o Credit Suisse projeta que os juros irão permanecer estáveis até o final do primeiro trimestre.
De acordo com relatório interno do banco, "caso se confirme a manutenção de um forte crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] na margem, o início desse ciclo ocorreria apenas em abril".
"Entendemos que a probabilidade de aumento de juros em janeiro é extremamente baixa. O Relatório de Inflação de dezembro [divulgado ontem pelo Banco Central] sugere que a dinâmica da inflação e dos indicadores de atividade econômica será determinante para definir o início do ciclo de aperto monetário", segundo o economista-chefe do Credit Suisse, Nilson Teixeira.
O banco suíço projeta aumento da taxa Selic de 1,5 ponto percentual nas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) do segundo e do terceiro trimestres do próximo ano, o que levaria a taxa ao patamar de 10,25% no final de 2010.
Hoje a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, está em 8,75% ao ano.
Segundo o relatório do Credit Suisse, os seguintes fatores justificam a expectativa de um ciclo de aperto monetário moderado: inflação estável e aumento dos investimentos.
"As importações elevadas e os preços das commodities bem-comportados em 2010 contribuirão para manter a inflação relativamente estável e, portanto, a não requerer expressivo aumento de juros nos próximos trimestres", afirma o relatório.
Para o banco suíço, "a forte expansão dos investimentos nos próximos trimestres contribuiria para elevar gradualmente o crescimento potencial da economia, reduzindo eventuais pressões inflacionárias".

SOB MEDIDA

Décadas atrás, as máquinas de costura eram incluídas nos enxovais das noivas. Mas o equipamento acabou perdendo o posto entre as necessidades do lar conforme cresciam as opções de roupas vendidas já prontas. Por isso, a Singer, mais antiga multinacional do mundo -foi fundada em 1848 nos EUA e se instalou na Escócia na década seguinte-, precisou se reinventar para sobreviver e crescer. De três anos para cá, a unidade local da empresa passou a apostar nas máquinas industriais. "Notamos que, de olho no crescimento da economia do país, as fábricas têm renovado o seu parque", explica Valter Lúcio Bezerra, que acaba de assumir a presidência da empresa no Brasil e a vice na América Latina. "Ainda é pequena a penetração do vestuário importado no nosso mercado." E existe um público fiel para o equipamento doméstico. Atualmente, cerca de 50% dos consumidores da Singer usam a máquina para ganhar dinheiro, criando peças, fazendo reparos ou prestando serviços para confecções. A outra parcela gosta de inventar os seus próprios modelos. "É um instrumento de expressão artística, portanto", diz Bezerra.

NA PASSARELA

O evento semestral Première Brasil, salão têxtil latino-americano, cuja primeira edição acontece em janeiro, em SP, pretende alinhar o Brasil ao calendário de moda internacional. O objetivo é permitir que a indústria se prepare com antecedência e possa aumentar suas exportações. "O país não vai mais precisar aguardar os desfiles europeus que são feitos no segundo semestre para saber as tendências do verão seguinte", diz Andréia Repsold, vice-presidente da Fagga Eventos, que faz parte do grupo francês GL Events, responsável pela realização do Première Vision, em Paris. A primeira edição apresentará a cartela de cores do verão 2011 do evento francês.

COMBUSTÍVEL
Depois das grandes dificuldades que empresas e consumidores tiveram, devido à crise econômica internacional, para obter empréstimos, 2010 será um ano de recordes de financiamentos, segundo preveem as instituições do setor. De acordo com pesquisa da Febraban, o mercado de crédito livre (que exclui operações direcionadas como a do habitacional) deve crescer quase 20% no próximo ano.

SACOLAS
Cerca de 10% das vendas em shoppings estão ocorrendo entre 22h e 23h, horário estendido para o fim de ano, segundo a Abrasce (associação de shoppings).

INGRESSO
Na Gol, não houve distribuição de panetone nem barra de cereal neste fim de ano. Quem quis participar da festa teve de pagar R$ 25. Todos os 3.500 ingressos foram vendidos.

A VAGABUNDA E O ABILOLADO

ELIO GASPARI

Os gênios e a massagista milionária


Folha de S. Paulo - 23/12/2009


Os magnatas da internet trabalham como mouros, mas quem ficou milionária com uma só ideia foi Bonnie Brown

O GOOGLE tentou e quase conseguiu. Ofereceu US$ 550 milhões pelo sítio Yelp, mas, quando estavam perto do acerto, um dos dois donos do negócio, Jeremy Stoppleman, 31 anos, resolveu congelar a conversa.
Como o fim do ano é uma ocasião em que muita gente faz planos para ganhar rios de dinheiro, a história de Stoppleman, dos criadores do Google e de uma massagista de San Francisco ajuda a organizar sonhos. Frequentemente as pessoas olham para as histórias dos milionários e pensam: "Essa ideia podia ter sido minha" e voltam às suas rotinas. Infelizmente para os milionários de sonhos, os magnatas do Google e do Yelp, eles não enriqueceram por conta de ideias, mas pelo que ralaram para manter seus projetos de pé. Milionária de uma ideia, só a massagista.
Stoppleman e seu sócio Russel Simmons, de 30 anos, fundaram em 2004 um sítio de serviços e relacionamento para os moradores de San Francisco. Dão dicas de restaurantes, hotéis, serviços médicos, programas culturais, ou mesmo cabeleireiros. Expandiram-se para 200 cidades, com mais de 2,5 milhões de recomendações e 25 milhões de acessos anuais.
Olhado de longe, o sucesso do Yelp é um caso de triunfo de uma boa ideia. Visto de perto, a ideia é banal. Deu certo porque Stoppleman e Simmons estudaram, aprenderam e ralaram em cima dos projetos. Ambos são feras da engenharia de computadores e tiveram fé nos seus tacos. Simmons, um gênio matemático, formou-se aos 16 anos. Stoppleman era vice-presidente do PayPal, largou a boca e foi à luta. A primeira versão do sítio dava pouca importância aos comentários dos internautas. Quando seus donos perceberam que a audiência estava nesse detalhe, reprogramaram a página. Atualmente uma pessoa pode entrar no Yelp com seu celular para saber a qualidade da lavanderia, do restaurante ou da manicure da vizinhança do lugar onde está.
(Stoppleman e Simmons conseguiram US$ 20 milhões com os "anjos investidores", pessoas que já tiveram uma grande ideia, ficaram milionárias e dedicam-se a procurar jovens com grandes ideias.)
Num ponto muito menor, o caso do Yelp saiu da matriz que gerou o Google. O gigante da internet começou numa garagem com cinco empregados e tem hoje cerca de 20 mil funcionários. Quando Larry Page e Sergey Brin fundaram o Google eles já eram craques na Universidade Stanford. A ideia de criar uma ferramenta de busca também era banal. O êxito saiu da obsessiva perseguição do interesse do consumidor e da sua liberdade de navegação. Os engenheiros do Google revolucionaram o mercado de publicidade e espalharam o pânico nos nichos de fabricantes de carruagens do universo das comunicações.
Stoppleman, Simmons, Page e Brin viraram milionários porque tiveram ideias banais, armaram grandes projetos e perseguiram-nos com inteligência e trabalho. Quem trabalhou pouco e virou milionária só com uma ideia arriscada, sem trabalhar muito, foi a massagista Bonnie Brown. Em 1999, saindo de um divórcio dilacerante, ela respondeu a um anúncio de um tal de Google. A senhora teve uma ideia: pediu (ou aceitou) o equivalente a R$ 3.000 por mês e um punhado de ações. Cinco anos depois decidiu ir embora, embolsou alguns milhões de dólares e teve outra ideia: sacou só uma parte do ervanário. Hoje ela tem massagista e faz filantropia

ROBERTO DaMATTA

No Natal, o retorno de Babel


O Globo - 23/12/2009

A conferência de Copenhague, na Suécia de alguns sonhos, prova que não somos totalmente racionais ou utilitários.

Se fôssemos, teria havido entendimento, pois sem planeta não há Estados Unidos, lucro, sistemas ou natais felizes. Tristes, vimos um circo de discórdias e hipocrisias. Houve desarmonia até na delegação pátria, salva pelo proverbial populismo de um Lula revelado ecologista de primeira hora, pronto a prometer o que logo será esquecido. Abatido, reli o ensaio de Freud sobre a guerra. Ele me fez compreender que o “civilizado” tem seus hóspedes não convidados: a força bruta, a inveja, o ressentimento e o fato, difícil de aceitar, que nossas vidas pessoais e coletivas não são dirigidas somente por projetos intelectuais conscientes. É preciso ir além das etiquetas globais para encontrar o lado submerso da montanha de orgulho e egoísmo que igualmente nos sustenta.

Em toda a Terra, havia somente uma língua, e empregavam-se as mesmas palavras. (...) Utilizaram o tijolo em vez da pedra, e o betume serviulhes de argamassa. Depois disseram: “Vamos construir uma cidade e uma torre, cujo cimo atinja os céus. Assim, havemos de tornar-nos famosos para evitar que nos dispersemos por toda a superfície da Terra.” O SENHOR, porém, desceu, a fim de ver a cidade e a torre que os homens estavam a edificar. E o SENHOR disse: “Eles constituem apenas um povo e falam uma única língua. Se principiaram desta maneira, coisa nenhuma os impedirá, de futuro, de realizarem todos os seus projetos. Vamos, pois, descer e confundir de tal modo a linguagem deles que não consigam compreenderse uns aos outros.” E o SENHOR dispersouos dali por toda a superfície da Terra, e suspenderam a construção da cidade. Por isso, lhe foi dado o nome de Babel, visto ter sido lá que o SENHOR confundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra, e foi também dali que o SENHOR os dispersou por toda a Terra.

A Babel bíblica que retorna nesta pífia reunião clímax, sobre o clima em Copenhague, é exemplar. Acompanhei a reunião porque, como antropólogo que estudou a noção de “panema” ou de má sorte na Amazônia brasileira, testemunhei a possibilidade de viver com a natureza. Com esse “ambiente” que impõe limites e, supunha-se, estava sempre contra nós.

Morando com populações “pobres” e “primitivas” aprendi haver um laço de parentesco com o meio ambiente. Um caçador ou pescador ficava “empanemado” se abusasse de uma espécie, caçando-a além do necessário para seu consumo. O mesmo ocorreria se sujasse um ribeirão ou não controlasse o percurso da carne e do peixe dentro de sua comunidade. Caso fossem vendidos ou consumidos por pessoas ambíguas (mulheres grávidas, menstruadas e invejosos) o caçador ou pescador ficaria azarado: erraria sua pontaria ou perderia seu peixe nas próximas tentativas de transformar os seres vivos que com ele compartilham águas e matas em alimento. A fonte desse equilíbrio não é, como vimos na Suécia, discursos demagógicos, afirmação de poder ou séries estatísticas reveladoras da diminuição de florestas ou geleiras.

Não! É mais primordial e surpreendente.

Trata-se da reação da “mãe” desta ou daquela espécie animal ou curso d’água que, numa relação pessoal com o predador, vinga-se dele, fazendo com que fique “azarado”.

Faltou em Copenhague a concepção de uma natureza dotada de personalidade.

Fossem os seus líderes “caboclos” ou “índios”, Babel não retornaria porque haveria consciência dos efeitos devastadores da violenta ruptura promovida pelo humanismo individualista do ocidente, o qual, em nome do poder e da produção, suprimiu a ideia de limite. A noção de que a humanidade também faz parte — como dizia Lévi-Strauss — da natureza e do planeta.

Como mudar essa relação exclusivamente predatória com a natureza como, aliás, temos lutado para fazer com os loucos, as mulheres, os excluídos, os diferentes e parcelas de nós mesmos? Como aprender com o “selvagem” — o outro absoluto a ser civilizado ou destruído — que não há povo ou ser vivo eleito? Dizem que o Homem foi criado por último para não se sentir orgulhoso.

Mas o entendimento corrente é que, sendo o último, ele tudo coroava. Daí a passagem de vítima a algoz do ambiente.

Não se pode mais imaginar, como ocorreu no início da era industrial, que os recursos naturais são ilimitados.

Modernizado e lendo a si mesmo como um indivíduo-cidadão, o macaco nu amalucado por ideologia, ciência, mercado, álcool, arte, literatura ou religião criou um modo de produção aniquilador da “natureza”.

Hoje, um planeta enfermo dá sinais daquilo que os “selvagens” conhecem: que não somos senhores privilegiados deste mundo, mas um mero ator entre outros. Se o nosso individualismo coletivo — pomposamente chamado de nacionalismo e de patriotismo — nos faz recalcar o limite; o retorno das diferenças nos diz que temos que aprender a falar uma mesma língua. Não por ideologia ou religião — esses grandes motivadores de tenebrosas transformações sociais — mas porque estamos suicidando o planeta.

Que o querido leitor tenha um Natal festivo pensando no que tem e não no que falta.

GOSTOSA

JOSÉ SIMÃO

Natal! Vou dar CUECA PINÓQUIO!

FOLHA DE SÃO PAULO - 23/12/09


Deve crescer de mentirinha. É o que eu vou mandar pros políticos de Brasília


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! É que em Votuporanga tem duas empresas de mototáxis: mototáxi do Biroca e mototáxi do Chupeta. Se o Biroca estiver ocupado, utilize os serviços do Chupeta. Ou seja, ninguém vai passar o Natal em branco! Rarará!
E a melhor coisa é passar o Natal com um iPod: canta bem, não pede lagosta pra ceia e você desliga quando quiser! Aliás, esse foi o som mais ouvido nesse Natal: iPod. IPOD parcelar em dez vezes? POD!
E eu vou dar uma cueca pinóquio pra todo mundo. Tem vários sites eróticos vendendo cueca pinóquio. Deve crescer de mentirinha. É o que eu vou mandar pros políticos de Brasília; CUECA PINÓQUIO. Por R$ 15! E em Brasília estão desejando um feliz 2.010%. Tem político que acha pouco. Não vê a hora de chegar 2.050%!
E sabe o que um Papai Noel de shopping pediu pro Papai Noel? Um emprego fixo. Rarará! E uma amiga minha foi transar com um Papai Noel de shopping e voltou revoltada: ele não encolheu a barriga e nem tirou as botas!
E diz que o Lula vai lançar um IPOD pro Verão 2010! Imposto sobre Praias, Ondas e Derivados! Ferrou com o verão! Rarará! E esse é o lema de Natal da encalhada: muitos Natais e nenhuma noite feliz. E essa é a oração de Natal da encalhada: "Com Deus eu me deito/ com Deus eu acordo/ até quando, meu Deus?!". Até o Natal de 2012. Quando o mundo acabar!
Aliás, por isso que deram 2014 e 2016 pro Brasil. Porque o mundo acaba em 2012! Fomos ludibriados! E essa: "Paraguai é populismo".
Errado. Depois do Lugo é PAUpulismo. Paupulismo de esquerda. E esse ano ninguém pode se queixar do Serra e do Kassab. Eles prometeram água e esgoto na porta. E cumpriram. Principalmente no Jardim Pantanal: água e esgoto na porta. É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que no Paraná tem um sítio chamado Rancho Caga-Fogo! Tá aí um ótimo lugar pra ceia de Natal. Mais direto, impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil E atenção! Cartilha do Lula.
O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Asiático": companheiro que acordou com azia da festa da firma. O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.

PAINEL DA FOLHA

Decifra-me

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 23/12/09

Acusado por Lula de fazer alianças apenas à esquerda e de nunca repetir candidato ao governo, dificultando a fixação de um nome pelo eleitorado, o PT de São Paulo se dedicou ontem, além de reclamar da bronca, a interpretar a mensagem do presidente.
Para alguns, Lula sinalizou que, na ausência de Ciro Gomes (PSB), o PT deveria ir de Aloizio Mercadante, que, apesar dos aloprados, não fez feio no resultado final em 2006. Outros ponderam que, se o negócio é repetir, a opção poderia ser Marta Suplicy, candidata em 1998 e petista mais bem posta nas pesquisas. Para tristeza de Paulo Skaf (PSB), ninguém considerou que Lula, ao dizer que o PT-SP "precisa de um Zé Alencar", estava sugerindo apoio ao presidente da Fiesp. Mesmo porque isso está fora de cogitação no partido.


Como assim? Um expoente do PT paulista estranha o sermão de Lula a propósito da permanente troca de candidatos ao governo: "Mas foi ele quem escolheu todos!".

Olha eu aqui. Por trás da mais recente gafe de Aloizio Mercadante, segundo quem Ciro Gomes "tomou o pau de arara na direção errada", há quem enxergue um movimento do senador para se lançar candidato ao governo.

Plano C. Entre os destinos imaginados pelo Planalto para Ciro está o de não concorrer nem à Presidência nem ao Palácio dos Bandeirantes, voltando a ser ministro de Lula no último ano de governo.

De saída. Está combinado com Lula: Tarso Genro (PT) deixa o Ministério da Justiça até 10 de fevereiro para se dedicar integralmente à campanha pelo governo gaúcho.

A bordo. Dilma Rousseff pega carona com Lula hoje para SP. Enquanto o presidente participa de evento de Natal com catadores de papel, a ministra faz uma bateria de exames no Sírio-Libanês.

Que fase! Depois de fracassar na tentativa de emplacar Duarte Nogueira (SP) como seu sucessor na liderança da bancada do PSDB na Câmara, agora a cargo de João Almeida (BA), José Anibal (SP) viu o aliado Nogueira perder também a disputa pela liderança da minoria, que ficou com o tucano Carlos Sampaio (SP).

QG. Apontada pela Polícia Federal como local onde seria feita a partilha do mensalão candango, a empreiteira Conbral é alvo de ação de improbidade do Ministério Público Federal juntamente com a Paulo Octávio Investimentos, empresa do vice-governador.

Histórico. A Conbral e a Paulo Octávio Investimentos são acusadas de desvio de R$ 240 milhões de uma obra tocada com recursos da Funcef, fundo de pensão dos servidores da Caixa. O caso está no Supremo desde 2005.

Nova parceria. Recentemente, as duas empresas voltaram a trabalhar juntas. Trata-se de um megaempreendimento para construir hotel-residência em Brasília.

Outro lado. A Paulo Octávio Investimentos alega que a ação é "temerária e sem fundamentação séria e válida".

Trena. As empresas de "PO" tocam outras obras públicas, como a sede da Justiça Federal em Florianópolis, do Conselho da Justiça Federal, a reforma do terminal dois do Aeroporto do Galeão e o anexo do Ministério Público do DF.

Visitas à Folha. Claudio e Suzana Padua, vencedores do prêmio Empreendedor Social de 2009, promovido pela Folha e pela Fundação Schwab, David Hertz, vencedor do prêmio Empreendedor Social de Futuro, e Nicolau Priante Filho, finalista, visitaram ontem a Folha, onde foram recebidos em almoço.

Ersin Erçin, embaixador da Turquia no Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Mustafa Kapucu, cônsul-geral em São Paulo.
com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

Então ficamos assim: o PSDB escala Tostão e Coutinho, Lula escala dois postes e vamos ver quem faz gol.
Do deputado federal tucano ARNALDO MADEIRA em resposta ao presidente, que desmereceu as chances de uma eventual chapa Serra-Aécio dizendo ter "dúvidas se Tostão-Tostão, Coutinho-Coutinho no mesmo time daria certo".

Contraponto

Ouvindo a base


Com a política brasiliense transformada em caso de polícia, o senador Cristovam Buarque (PDT) fazia discurso de agradecimento pelo prêmio recebido do site Congresso em Foco, que anualmente destaca alguns parlamentares.
-Quando fui informado do prêmio liguei para minha mulher e pedi um conselho sobre o que falar a vocês- disse à plateia o ex-governador do Distrito Federal.
Os espectadores aguardavam um turbilhão de críticas ao mensalão candango, mas Cristovam surpreendeu:
-Ela me disse: "Vai lá, agradece o prêmio e vê se não disputa mais nenhuma eleição!".

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

FABIO GIAMBIAGI

Estatizar o Estado

O ESTADO DE SÃO PAULO - 23/12/09


Neste ano, na qualidade de funcionário de carreira do BNDES, tocou-me presidir um dos processos licitatórios do banco. A licitação, de certa importância, visava à aquisição de um software para o controle de risco da instituição. Por coincidência, o período no qual me coube desempenhar a tarefa coincidiu com a profusão de escândalos, alcançando os mais diferentes partidos, órgãos públicos e esferas de poder. Foi interessante refletir acerca dos contrastes entre as práticas viciadas de alguns órgãos públicos relatadas nos jornais e a forma correta em que tais licitações são conduzidas em outras instituições, como o BNDES.

Lidando com as empresas participantes do certame e cuja atitude foi, ao longo do processo, de uma correção exemplar, a primeira reflexão que me ocorreu foi que o contexto é fundamental. Da mesma forma que nenhum brasileiro - mesmo que os habituados a tirar R$ 50 do bolso para corromper um policial de rua - perguntaria a um guarda nos EUA quanto custaria ficar livre de uma multa, pois seria preso no ato por tentativa de suborno, as empresas que participam de processos honestos agem com honestidade. Os ilícitos têm duas pontas: quando não há demanda, a oferta não aparece.

A segunda reflexão tem que ver com os procedimentos. Por que há áreas da administração sempre envolvidas em escândalos, seguidas vezes advertidas pelos órgãos de controle, enquanto, nas áreas em que as práticas são honestas, as intervenções suspensivas, terminativas ou anulatórias por parte do Judiciário ou do Tribunal de Contas da União (TCU) são raras? Não é só o ambiente humano que conta, mas também os aspectos institucionais. Em particular, três questões são importantes para que uma licitação seja mais bem "blindada" contra a corrupção: 1) a existência de processos decisórios envolvendo diferentes instâncias e pessoas; 2) a segregação de funções, separando a responsabilidade da condução administrativa do processo em relação à da área interessada na compra, minimizando as chances de conflito de interesses e introduzindo um componente-chave de independência e imparcialidade; e 3) a correta justificativa pública das decisões emanadas em cada uma das etapas, de maneira a municiar a todos os agentes com os elementos necessários para constranger possíveis irregularidades.

Assim, a estrutura se encarrega de inibir a atuação de quem possua um DNA incompatível com a lisura: quem não é honesto simplesmente não tem como se beneficiar de propinas, pela forma em que está organizado o processo decisório.

Finalmente, a terceira reflexão envolve os demais participantes desse tipo de processos. Nestes, por vezes o material a ser julgado é composto por volumes com grande número de páginas, que nem sempre podem ser lidos em detalhe por quem assina os documentos. Nesse processo, a confiança em quem está na base do sistema é fundamental. É crucial escolher, para as tarefas de leitura e avaliação de uma licitação, funcionários dedicados ao serviço público, com zelo e que tenham um firme compromisso com a ética.

O Brasil precisa ampliar os espaços do setor público nos quais as compras se processam da forma em que isso se dá na "banda boa" da administração. Quem analisa os escândalos na aquisição de material que se sucedem no País, governo após governo, encontra os mesmos elementos em comum: indicações políticas para cargos de direção em certas empresas; estatais com antecedentes de irregularidades; funcionários conhecidos por se prestar a "dirigir" licitações em troca de recursos; e caixa 2 das eleições. Os métodos foram descritos de forma crua por Roberto Jefferson por ocasião do "mensalão". Para entender a essência do problema, basta pensar por que um partido tem interesse em indicar o diretor de compras de uma estatal. Não é preciso ser especialista em ciência política para concluir qual é a resposta.

Já que parte do setor público foi "leiloada" por interesses partidários privados, a saída envolve uma combinação de: 1) limitação drástica do número de cargos de confiança a ser preenchido por indicação política, a exemplo das práticas observadas nos países mais avançados; 2) preenchimento da maior parte dos cargos das estatais com base em critérios técnicos; e 3) nomeação de funcionários públicos com o currículo adequado para os cargos responsáveis por decisões envolvendo grandes volumes de compras. Em resumo: precisamos estatizar o Estado!

Fabio Giambiagi, economista do BNDES, é autor do livro Reforma da Previdência (Ed.Campus)

LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO

Contra o uso da "licença ética"

FOLHA DE SÃO PAULO - 23/12/09


Além de ser danosa aos credores, a PEC dos Precatórios contribuirá para fazer avançar a insegurança jurídica no país

EMBORA AOS poetas seja dada a licença poética para extrapolar as normas cultas, aos poderes públicos não é concedida "licença ética" para que tomem medidas que estejam acima do Estado de Direito, do interesse público e da democracia.
Por isso, não se pode aceitar os desmandos contidos na PEC dos Precatórios, que prega um "calote oficial" nos cidadãos brasileiros que ganharam na Justiça seus processos, mas que não receberão o que lhes é devido no prazo justo.
Com a nova PEC 62/09 (antiga PEC 12), Estados e municípios passam a ter legalmente os meios para protelar o pagamento dos precatórios -ordens de pagamentos sobre as quais não cabem mais recursos.
Na democracia, os Poderes precisam atuar para impedir qualquer burla ao Direito, e não criar meios para desvirtuar garantias constitucionais.
Assim sendo, diante da aprovação de proposta tão injusta pelo Congresso Nacional, a Ordem dos Advogados do Brasil decidiu ingressar, ao lado de outras entidades da sociedade civil, com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para defender os interesses dos credores.
A Constituição assegura plenamente os direitos dos credores, explicitado pelo enunciado "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".
No entanto, a PEC dos Precatórios ignora as decisões judiciais e as garantias legais do jurisdicionado. Rasga as sentenças transitadas em julgado, que são instrumentos de distribuição de justiça, e estabelece que os pagamentos realizados pelos poderes públicos (estaduais e municipais) serão efetuados no prazo de 15 anos, observados os limites mínimos de até 1,5% da receita corrente líquida (RCL).
Com um estoque de precatórios pendentes estimado em R$ 100 bilhões, quem entrar na fila de pagamento neste ano corre o risco de não receber o crédito dentro da expectativa de vida de um brasileiro -ou seja, 72 anos.
A ampliação dos prazos de pagamento, com um percentual tão baixo da receita que se reservaria para o custeio dessa quitação, reforça a certeza de que os governos continuarão a postergar o cumprimento de suas obrigações com os credores, embora estejamos diante de um incremento da arrecadação dos Estados e das prefeituras -arrecadação que, no ano que vem, deve crescer ainda mais com a recuperação da economia.
Diante desse cenário promissor das administrações públicas, as regras impostas pela PEC dos Precatórios tornam-se ainda mais imorais.
Temos a plena convicção de que os entes públicos dispõem de caixa para agilizar os pagamentos do estoque das dívidas de precatórios sem que isso traga um desequilíbrio para a prestação dos serviços públicos importantes à população.
A PEC prevê, ainda, que 50% dos precatórios deverão ser pagos em ordem cronológica, e a outra metade da dívida deverá ser quitada por três critérios: leilão, audiências de conciliação e menor valor.
O critério de leilões é uma manobra que podemos considerar uma "licença ética" do legislador, pois o credor que conceder o maior desconto sobre o total da dívida receberá primeiro, ou seja, receberá quem se submeter a arcar com um brutal e imoral deságio da dívida. Tal proposta não condiz com a moralidade pública. É, literalmente, "faca no pescoço".
Em diversas ocasiões a OAB-SP esteve à frente de acordo com a prefeitura e o governo de São Paulo para que os débitos fossem pagos. A PEC impede que a mesa de negociações continue franqueada à sociedade.
Além de ser danosa aos credores, a PEC dos Precatórios contribuirá para fazer avançar a insegurança jurídica no país, que tem à frente três grandes eventos internacionais -a Copa do Mundo de 2014, a Olimpíada de 2016 e a exploração do pré-sal- que dependerão de vultosos investimentos estrangeiros.
Os contratos não podem ficar sujeitos à criação de novas leis que se choquem com outras já existentes ou que se sobreponham a elas. Mas, no Brasil, fica patente que os direitos constitucionais podem ser abalados por novos diplomas legais, com efeitos retroativos, capazes de causar fissuras no ordenamento jurídico nacional.
Cabe ao Parlamento trabalhar para elaborar novas regras jurídicas que ajudem a solucionar conflitos, e não expor, ainda mais, o desequilíbrio de forças entre o Estado e o cidadão.
Na defesa da cidadania, não cabe "licença ética".

LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO , advogado criminalista, mestre e doutor em direito penal pela USP, é presidente da OAB-SP (seccional paulista do Ordem dos Advogados do Brasil).

PAU PEQUENO

ARI CUNHA

Poluição fácil

CORREIO BRAZILIENSE - 23/12/09


Poluir é fácil. Difícil é despoluir. Exemplo claro está na cidade de Cubatão, no litoral paulista. Na década de 1950, a cidade continha o maior número de fábricas. As empresas cresciam. As indústrias se multiplicavam. Ficavam ricas. A situação foi se tornando tão difícil que o governo resolveu investir. Crianças nasciam sem cérebro, gente de todas as idades sofria de problemas respiratórios. O presidente da República era Getúlio Vargas. Pessoas de idade, obrigadas a viver naquele ambiente, sofriam até a morte. Começou o trabalho de limpeza, o prefeito de Cubatão, com equipes de médicos, engenheiros, construtores, Federação das Indústrias, todos juntos. Faziam reuniões e adotavam providências para a solução. Cubatão pode ser exemplo para muitas cidades ou países. Se autoridades pesquisarem, vão conhecer por dentro o sucesso da época.


A frase que não foi pronunciada

“O esgoto corre pelos transmissores das TVs.”
Mãe tentando encontrar programa educativo para o filho em idade pré-escolar.




Improbidade
Tinta indelével não larga quem fez mal. Está voltando à circulação notícia sobre Waldomiro Diniz. Quando ninguém esperava, vem a Justiça e interpreta processo antigo. Está condenado por improbidade administrativa. Quem lembra da época, ele ria com as investigações. Queria voltar às ligações de Goiás. Deu no que deu. Como a Justiça é ampla, talvez haja recursos, o que não falta em nossas leis.

Fausto
Por enquanto, as ações que tramitam na
Justiça Federal contra Daniel Dantas foram suspensas. A liminar foi concedida pelo ministro Arnaldo Esteves Lima, do STF. Enfraquece o juiz Fausto de Sanctis.

Zelaya na garganta
Lula procurava crescimento na América Latina. Conheceu o coronel Hugo Chávez, da Venezuela. Animou-se com o companheiro, falante e gesticulante. Não tem sido boa companhia. Na reeleição de Honduras, Zelaya não obteve sucesso. Hugo Chávez deu a ideia. Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Chanceler Celso Amorim justifica a posição.

Feira livre
Na cidade de São Paulo, o serviço de coleta de lixo adotou providência enérgica. Só apanhará sobras das feiras que estejam ensacadas. Antes, a sujeira era tanta, que caminhões-pipa lavavam as ruas com jato forte. O trabalho durava horas. Atualmente, quem desejar tranquilidade que não fabrique lixo.

Lago
Quem navega pelo lago deve adotar providências, caso seu equipamento não seja moderno. As águas do Paranoá estão baixando. O desenho foi mudado com enxurradas de lama. Atenção é o que se recomenda. Quando a coisa cessar, a Academia dos Portos estará pronta para redesenhar o lago, como foi planejado. Fica difícil o trabalho.

Telefônicas
Está na hora de o Ministério das Comunicações adotar medidas em favor dos usuários. São incontáveis as comunicações das empresas telefônicas aos clientes. Na maioria, propaganda. Nesse caso, os assinantes podiam ter abertas as mesmas portas para divulgar seus interesses.

Quadrilha
Belo Horizonte está às voltas com problemas policiais. Quadrilheiros ficham registros e contratos dos proprietários de empresas para uso indevido. De posse desses dados, fazem tramoias que estão sendo levantadas. Material colhido pela polícia poderá medir o lucro que a quadrilha ainda está obtendo.

Preços
Aviação comercial brasileira enfrenta concorrência de empresas estrangeiras. A Delta Airlines é outra que entra no mercado para servir Brasília. Com sucesso, porque tem bom serviço e o preço é de R$ 1.600. As empresas nacionais não podem acompanhar o fluxo. As importantes estão ligadas a outras e não poderão baixar as tarifas.

Família Sarney
Dona Marly e José Sarney confraternizam com a população. O cartão de Natal é sinal de convivência pacífica. As fotos são reproduções de quadros famosos da Família Sagrada. Há sinal de paz no horizonte.


História de Brasília

A mudança das favelas tem tomado tempo demais do prefeito e, com isso, até o momento, não sabemos quando teremos novo supermercado, que é, atualmente, o de que mais se ressente a população. (Publicado em 21/2/1961)

JOSÉ NÊUMANNE

Vacas de presépio que se fazem de pastores

O ESTADO DE SÃO PAULO - 23/12/09


Naquelas históricas assembleias gerais dos operários metalúrgicos de São Bernardo do Campo no Estádio de Vila Euclides na segunda metade dos anos 70 do século passado, o presidente do sindicato, Luiz Inácio da Silva, que ainda não havia incorporado o apelido Lula ao sobrenome, forjou um estilo ao qual foi fiel e que ao longo dos anos aperfeiçoou com esmero. Ele tinha dois lugares-tenentes, Osmar Mendonça, o Osmarzinho, e Enilson Simões de Moura, o Alemão. Encarregava cada um de defender uma posição e, enquanto os dois discursavam, Lula observava atentamente a multidão lá do alto do palanque. Somente quando tinha certeza absoluta sobre qual seria a posição a ser adotada para agradar a plateia dava a palavra final. Ali ele subverteu a ordem monolítica, mas frágil, da ditadura militar, que logo depois desabaria, e também inverteu o sentido original da palavra líder, não mais alguém que conduz a massa, mas quem se deixa por ela conduzir. Non duco, ducor.

Os longos anos de militância no PT, na oposição em plena democracia, frágil como a ditadura que sucedeu, ainda que parecesse inquebrantável, o retirante de Caetés, Pernambuco, tornou-se aos poucos o mais manhoso e bem-sucedido político da História do Brasil por aprimorar a arte de adular a massa para permanecer no topo. É um estilo de mando que contraria o dístico latino usado para definir o orgulho paulista. Tal como citado na última linha do parágrafo anterior, não mais o "não sou conduzido, conduzo" dos bandeirantes, dos coronéis, dos estancieiros e mesmo dos mineiros manhosos do PSD, mas um esperto "não conduzo, sou conduzido", que garante a permanência no alto das pesquisas de prestígio popular. Adular o povo é o jeitinho mais eficiente e menos perigoso de perpetuar seu excelente emprego, que garante fama e fortuna fáceis e um bando de bajuladores ao redor por muito mais tempo do que jamais poderia sonhar algum pretendente ao exercício pleno do mando. Trata-se de um meio extremamente inteligente e sem riscos de exercer o poder e garantir satisfação especial para si mesmo, a família, os amigos e os compadres sem ter de adotar uma decisão difícil, angústia que sempre incomodou o repouso dos guerreiros que de fato comandam.

Os altos índices de popularidade alcançados por Lula, como não o foram "nunca antes na História deste país", não são, contudo, um fenômeno paroquial, uma esquisitice tropical num universo estranho. Como se sabe, noço guia providencial dos povos da floresta, da roça, do açude e da transposição do Rio São Francisco é o cara (man) do homem mais poderoso da Terra, Barack Obama. Há entre o menino que teve o picolé recusado pelo pai sob o pretexto de que não sabia chupar e o primeiro mulato a ocupar a presidência dos Estados Unidos da América muito mais afinidades do que pode supor nossa vã historiografia. Mas isso não se tem comprovado em seus sucessos evidentes, e, sim, em seus fiascos ocultos. Como esse sofrido por ambos na Conferência do Clima em Copenhague semana passada.

Protagonistas de reuniões que partem de intenções magníficas e terminam em nulidades tenebrosas, ambos fazem parte de uma geração de estadistas pigmeus que de tanto se preocuparem com o que oferecer aos eleitores nas próximas eleições se esquecem do mundo que estão destruindo para as próximas gerações. Os dois se assemelham ao descendente de húngaros Nicolas Sarkozy, que só se aproxima do corso Napoleão Bonaparte na estatura física, distanciando-se do exemplo de antecessores em seus postos. Como Abraham Lincoln, que fez a guerra civil para garantir a unidade da confederação americana, e Dom Pedro II, sob cuja égide foi consolidado o domínio dos brasileiros sobre este território semicontinental onde estamos instalados.

Tanto eles quanto outros conduzidos que se fazem de condutores - Sílvio Berlusconi na Itália, Angela Merkel na Alemanha, etc. e tal - são hábeis comunicadores, capazes de encantar e engabelar as massas, mas inaptos para pôr em prática o verdadeiro sentido de governar: escolher metas a cumprir e persegui-las. Obama tem a habilidade de encantador de serpentes quando discursa. Lula põe as velhas raposas felpudas da política brasileira nos chinelos quando se trata de dizer a um interlocutor o que ele quer ouvir, seja individual, seja coletivamente. Mas nenhum dos dois tem a ousadia de enfrentar adversidade alguma para traçar o caminho a seguir, seja para resolver os impasses do comércio internacional, seja para evitar a tragédia ambiental que se abaterá sobre nós se providências não forem adotadas. Aos problemas que surgem respondem: "não é comigo." Aos que podem postergar reagem: "resolveremos no ano que vem."

Foi isso que ocorreu em Copenhague, como antes já havia acontecido na Rodada Doha. Lula dá lições de moral ao resto do mundo em matéria de preservação, mas não põe fim à destruição da Amazônia com uma simples proibição de queimadas e cortes pelos bandidos internacionais da motosserra. Falta-lhe coragem para fazer o que deve, mas lhe sobram argumentos para transferir a culpa para os outros. Neste mundo em que vivemos, Obama teve o topete de defender a guerra no habilíssimo discurso que fez na solenidade em que recebeu o absurdo Prêmio Nobel da Paz.

Essas vacas de presépio que se fingem de pastores de rebanhos repetem a geração de eunucos que permitiu o avanço de Hitler e Mussolini no período entre as guerras. Em pleno século 21, o mundo está a precisar que surja um novo Winston Churchill, um líder no sentido verdadeiro da palavra (condutor), temerário a ponto de prometer "sangue, suor e lágrimas" a seu povo para, contrariando-o e provocando-lhe dor, fazê-lo emergir sobrevivente e orgulhoso da devastação de uma guerra mundial.

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

O jogo

O GLOBO - 23/12/09


As pesquisas eleitorais que foram divulgadas nos últimos dias, especialmente a do Datafolha, que abrangeu um universo maior de pesquisados e avaliou também a situação nos estados, tiraram o presidente Lula de seu pedestal para colocá-lo na tentativa de polemizar com o governador de São Paulo, José Serra, tornado o virtual candidato do PSDB com a desistência do governador de Minas, Aécio Neves

Ao mesmo tempo em que chamou Serra “para a briga” eleitoral, Lula demonstrou claramente que a chapa purosangue tucana, com o governador mineiro como vice, incomoda o governo. Só há uma coisa que Lula gosta mais do que uma disputa eleitoral: o futebol. (Ou será o contrário?) E, quando ele junta as duas coisas, está num terreno que domina.

Primeiro, Lula admitiu que tanto Serra quanto Aécio são craques comparáveis a Tostão ou Coutinho, dois atacantes inigualáveis.

Mas deu uma estocada elegante quando deixou a entender que não havia nenhum Pelé no time adversário.

Só mesmo Lula pode ser comparado a Pelé na política, parece ter sido o recado subliminar e bemhumorado do presidente.

Como Serra caiu na pegadinha de Lula e respondeu, dizendo que dois craques podem jogar no mesmo time, o presidente investiu novamente, desta vez para dizer que, pelo comentário, Serra não seria um bom treinador.

A brincadeira parou por aí, pois o governador paulista se tocou de que o que mais quer evitar estava acontecendo, isto é, ele estava disputando espaço político com Lula ( ou com Pelé?), enquanto sua futura adversária, a ministra Dilma Rousseff, protegida pela popularidade de Lula, só aparece na boa, sem entrar em bola dividida.

Serra, que provavelmente gosta tanto de futebol quanto Lula, e até mesmo nesse campo são adversários — Lula torce pelo Corinthians e Serra pelo Palmeiras —, resolveu encerrar o papo futebolístico para se concentrar no governo de São Paulo, onde pretende se proteger das “provocações” do presidente sob o manto de um eleitorado cativo do PSDB.

Mas teve de ouvir de Lula que estar à frente das pesquisas eleitorais a esta altura não quer dizer muita coisa, pois o Palmeiras passou o ano todo na liderança do Campeonato Brasileiro e acabou aparecendo o Flamengo na última hora para ser o campeão.

Desde o segundo turno de 2002, quando teve 38% dos votos e perdeu a eleição para Lula, que Serra aparece à frente das pesquisas com uma média entre 35% e 40% de preferências.

Quando abandonou a disputa em 2006 dentro do PSDB para deixar Alckmin perder para Lula, estava na frente das pesquisas, mas já com Lula nos seus calcanhares.

Desta vez, a decisão de permanecer no governo paulista até o último momento obedece não apenas a uma prudência exagerada, mas a uma estratégia eleitoral.

Se em finais de março os ventos estiverem mudando de lado, com uma subida avassaladora da candidata oficial, José Serra poderá sempre desistir de se candidatar para disputar uma reeleição ao que tudo indica fácil em São Paulo.

Essa opção ficou mais complicada com a desistência de Aécio, pois agora a responsabilidade perante o partido é de Serra.

Uma desistência sua não garante que o governador de Minas se disponha a sair candidato já com o estigma da derrota o rondando.

O mais provável, no entanto, é que, nesse caso, Aécio venha a aceitar “ir para o sacrifício” como candidato do PSDB, com uma Dilma turbinada pelas pesquisas.

Além de poder exercitar sua capacidade de aglutinação com outros partidos que agora estão na base do governo, e de dar ao PMDB uma boa alternativa, o governador mineiro pode no mínimo pavimentar uma carreira política nacional concorrendo à Presidência mesmo com chances maiores de perder.

Mas, caso se confirme o cenário mais provável, e o governador José Serra saia para disputar a Presidência da República em março, ter demonstrado essa dedicação toda a São Paulo terá certamente uma resposta do eleitorado paulista, que pode dar a ele uma votação tão consagradora que praticamente garanta sua vitória final.

O candidato tucano em 2006, Geraldo Alckmin, teve nada menos que 54,2% dos votos de São Paulo, derrotando Lula que teve 36,8%.

No momento, as pesquisas dão a Serra 47% das intenções de votos, contra apenas 18% de Dilma.

O sonho de consumo dos tucanos é que Serra chegue perto do índice de Alckmin em 2006, o que é provável, e que Dilma fique parada onde está agora, o que é improvável.

Nesse caso, Serra sairia de São Paulo com uma vantagem de cerca de dez milhões de votos.

O mesmo raciocínio é usado com relação a Minas Gerais. O candidato tucano em 2006 teve 40% dos votos, contra 50% de Lula.

Mesmo que o governador Aécio Neves não seja o vice, seria possível vencer a eleição em Minas com o apoio de seu grupo, invertendo a equação da última eleição.

Para se ter uma ideia da situação atual, Serra perde por 34% a 30% na Bahia; está empatado em Pernambuco em 33% a 32% e perde no Ceará de 18% a 14%. Sem a participação de Ciro Gomes na eleição presidencial, Serra empata com Dilma de 31% contra 28%.

Na região Sul/Sudeste, Serra vence em São Paulo de 47% a 18%; no Paraná de 42% contra 17%; no Rio Grande do Sul de 36% a 21% e em Santa Catarina de 39% a 16%.

O fato é que o candidato tucano terá que basear sua força eleitoral no Sul e Sudeste, onde tem larga vantagem, pois, no Nordeste, Dilma Rousseff já o superou e, embora a diferença ainda seja pequena, é provável que com o apoio do presidente Lula a candidata oficial consiga livrar boa vantagem na região, até mesmo por que a força da coligação eleitoral que a apoiará está baseada agora nos governadores do Nordeste.

RUY CASTRO

Bulas do terror


FOLHA DE SÃO PAULO - 23/12/09


O fim do ano chegou e, com ele, o prazo dado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que todo medicamento vendido no Brasil passe a vir com duas bulas. Uma, dentro da caixa, em linguagem acessível ao leigo e em corpo e espaço adequados aos pacientes – os quais, apesar do nome, não têm paciência para ler a dita por causa da vista cansada. A outra, eletrônica, no site da Anvisa, na linguagem mais técnica possível, apenas para os médicos, e esses que se virem.

Pelo visto, a medida ainda não entrou em vigor. Outro dia, ao sair do banho num hotel em cidade estranha, dei uma estúpida topada com a canela na borda do azulejo do box. A perna inchou, ficou vermelha e, pelos dias seguintes, como o dodói não passasse, resolvi tomar providências. Bem à brasileira, uma amiga me examinou por telefone e receitou uma pomada. Comprei-a e apliquei. E só então li a bula.

“Este medicamento (fator de difusão enzimática)”, dizia o texto, “é composto de mucopolissacaridases com atividades condroitinásica e hialuronidásica, despolimerizando os mucopolissacarídeos (ácidos condroitino-sulfúrico e hialurônico) da substância fundamental do tecido conjuntivo, especialmente subcutâneo. A despolimerização da substância fundamental das trabéculas conjuntivas do tecido subcutâneo facilita as trocas metabólicas locais”.

A transcrição é literal. Pois li e entrei em pânico – imagine se os mucopolissacarídeos, ao despolimerizar as trabéculas conjuntivas, provocassem uma reação das atividades condroitinásica e hialuronidásica? O que seria de mim? Por sorte, nada disso aconteceu – ou, quem sabe, aconteceu – e o remédio logo começou a fazer efeito. Ótimo. Mas é aconselhável manter uma bula como essa fora do alcance das crianças.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

DORA KRAMER

Uvas verdes

0 ESTADO DE SÃO PAULO - 23/12/09



Na essência, o presidente Luiz Inácio da Silva está certo na análise que faz das ditas vantagens eleitorais da oposição. A dianteira do governador José Serra não significa que o resultado da eleição presidencial lhe será favorável em outubro de 2010, bem como a hipótese da formação de uma chapa com Serra na cabeça e Aécio Neves de vice não produz uma vitória certa.

Além de águas a mancheias para rolar, há no meio das fórmulas bem engendradas pelos partidos, o sentimento do eleitorado. Este não obedece a contas matemáticas. A soma dos eleitores de Minas e São Paulo - os dois maiores colégios eleitorais, representando quase um terço do eleitorado brasileiro - não se dá automaticamente.

Da mesma forma como a popularidade do presidente da República não se transfere mecanicamente para quem quer que seja.

Mas, como na política vale mais a forma que o conteúdo, o presidente Lula sem querer acabou marcando um gol contra no embate com a oposição. Sempre cuidadoso, desta vez Lula escorregou num ato falho cometido no improviso de uma fala qualquer que pudesse traduzir indiferença à hipótese de uma chapa puro-sangue do PSDB.

"Acho que num time de futebol nem sempre dois Coutinhos e dois Tostões, dois Dirceu Lopes dariam certo no mesmo time. Às vezes é preciso uma composição diferenciada para dar certo", disse o presidente. Na tentativa de desqualificar, acabou levantando a bola para o adversário chutar.

"Quando o jogador é muito bom, dá para duplicar", rebateu José Serra. Recebeu, de graça, a chance de sublinhar que Lula os havia qualificado de craques e a oportunidade de abordar pela primeira vez em público aquilo que já corria nos bastidores: seu desejo de ter Aécio como companheiro de chapa.

O governador de São Paulo deu, assim, mais um passo sem precisar dizer que estava caminhando.

E Lula, que não tem por hábito distribuir elogios a não ser a si mesmo, perdeu-se na confusão de produzir uma declaração que é o oposto do pensamento em vigor nas hostes governistas.

Tanto quanto a oposição deseja, o governo teme a concorrência conjunta de dois políticos de expressão nacional, com votos e influência nos dois colégios eleitorais que somam um terço do eleitorado de todo o País.

Quem acompanha política se lembra de que o PT e o Palácio do Planalto sempre apostaram na divisão do PSDB como forma de o partido inviabilizar por si mesmo as suas possibilidades eleitorais.

Não que isso esteja fora do cenário. Quando a campanha começar é que o tucanato mostrará se vai para a eleição afinado ou atabalhoado, como ocorreu nas duas últimas presidenciais.

Mas o sonho de consumo do governo, a saída de Aécio Neves do partido, não se concretizou. E se a esperança era a briga interna é porque a unidade soava ameaçadora. E continua soando ainda mais agora que o mineiro saiu do páreo.

A chapa "pura", se sair, define a eleição? Não, mas dá um trabalho danado e obriga o governo a reforçar suas tropas em dois Estados onde o PT já esteve forte, mas, por razões distintas, deixou o terreno ser ocupado pelo adversário.

Lula chama

Prova de que o governo sentiu o impacto do gesto de Aécio - e não da forma positiva como rezam as versões palacianas - que o presidente Lula saiu a campo de imediato.

Ao seu estilo simplificador, fazendo uso de metáforas que supostamente facilitam o entendimento, mas de fato nada têm a ver com a realidade do assunto tratado, o presidente provoca José Serra a sair da toca para responder às suas declarações.

Se conseguir, terá obtido sucesso no projeto de criar um clima de plebiscito já nas preliminares da campanha eleitoral.

A ofensiva não é só no campo da política. Não são ocasionais as manifestações de Lula e do presidente do Banco Central a respeito dos efeitos da eleição sobre a economia.

Henrique Meirelles prevê "tensões" e Lula aponta Dilma como fiadora exclusiva da continuidade da atual política.

A ideia é nitidamente explorar as desconfianças que o mundo dos negócios nutre em relação ao grau de intervencionismo de Serra.

Antiga musa

Em meados do ano o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e o presidente da Casa, Michel Temer, diziam que Temer só não seria indicado para vice se Aécio formasse dupla com Serra e Hélio Costa precisasse ser escalado para compor a chapa com Dilma, a fim de disputar o eleitorado de Minas.
Isso foi antes de Costa liderar as pesquisas para governador do Estado.

Acelerados

"O processo eleitoral está tão antecipado que já tem vereador querendo discutir boca de urna" (Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional e pré-candidato ao PMDB ao governo da Bahia).

ANCELMO GÓIS

"Hospital “Eikeinstein”

O GLOBO - 23/12/09


O Einstein, hospital paulista que é referência no Brasil, deve mesmo chegar ao Rio.
Eduardo Paes autorizou a construção na área das cavalariças do Jockey. Eike Batista já doou R$ 40 milhões. Faltam R$ 20 milhões, que, a princípio, virão de outros empresários cariocas.

COMO SE SABE...
O Einstein é beneficente e dá tão certo que tem R$ 800 milhões em caixa.
Por lei, é obrigado a atender 20% de seus pacientes pelo SUS – o que, segundo estudos da equipe do hospitalzão, já daria para cuidar de toda a Rocinha.
LÁGRIMAS DE LULA
Lula chorou ontem na biblioteca do PAC de Manguinhos.
Emocionou-se com a história de pôr livro no lugar de arroz. É que ali funcionava um depósito de arroz de 3.000m².
PISCINA AQUECIDA
Piorou a relação entre o presidente da Confederação de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, e o nadador César Cielo.
No recorde dos 50 m, sexta, em São Paulo, o cartola deu medalhas a vários campeões. Na vez de Cielo, nem apareceu.
O TREM-BALA DE LÁ
O consórcio da Odebrecht venceu a concorrência do primeiro trecho do trem-bala Lisboa-Madri. Coisa de 1,4 bi.
MALDADE PURA
De um malvado sobre o casamento de Ideli Salvatti, líder do PT no Senado, esta semana:
– A vida na oposição é bem mais difícil...
VERÃO DO VAMPIRO
Os vampiros – cruz, credo – estão mesmo na moda. “A guardiã da meia-noite”, da americana Sarah Stratford, que conta histórias de entidades lendárias dos EUA, vai sair no Brasil em janeiro, pela Editora Planeta.
VAGA NO STF
O que se diz nos gabinetes do Supremo é que o ministro Eros Grau antecipou para fevereiro a sua aposentadoria.
A Rádio Corredor do STF dizia ontem que Grau já teria até despachado seu carro para São Paulo. A conferir.
CADEIA NELES
O desembargador Gilberto Rego mandou o Ministério Público abrir sindicância contra torcedores do Flamengo já identificados que, após a decisão com o Grêmio, lincharam outros rubro-negros na porta do Maracanã.
Bem feito.
PATRÍCIA LARGA MAL...
Aliás, os jornais informam que o Flamengo fará sua pré-temporada no CT da Traffic, empresa que agência jogadores.
É, como se diz na terra do Didi de Araras, pôr o vampiro para cuidar do banco de sangue.
TEMPORÃO DO SAMBA
O ministro Temporão entrou no circuito para ajudar Walter Alfaiate, o querido sambista de 79 anos, hospitalizado com problemas pulmonares no Rio.
Transferiu Walter do Instituto Aloysio de Castro, estadual, para o Hospital da Lagoa, federal.
É QUE...
O ministro, como se sabe, tem um filho violonista que toca na Lapa, Fernando Temporão.
CENA CARIOCA
Ontem, por volta de 15 horas, um bebum, acredite, interditou a Auto-Estrada Lagoa-Barra. Pegou dois cones para usar como megafones.