quinta-feira, dezembro 03, 2009

ALBERTO TAMER

Brasil luta por uma causa perdida

O Estado de S. Paulo - 03/12/2009


É inútil, desnecessária e improdutiva essa discussão publica, em Genebra, entre o ministro das Relações Exteriores e o representante comercial dos Estados Unidos a respeito de Doha. Enquanto todos procuram um enterro digno, como ressaltou um negociador europeu, e se calam, o Brasil sai atirando sozinho. A culpa do fracasso é só e unicamente dos EUA. Esquecemos que a União Europeia silencia porque concorda com o governo americano. Para eles, não há acordo se os países em desenvolvimento também não fizerem concessões.

Antes, eram exigências só para o setor industrial, mas agora incluem o agrícola. Estão com seus armazéns lotados de trigo, soja, milho, leite. Precisam proteger seus produtores, mesmo que já estejam agraciados com subsídios generosos que levam anos de discussão na OMC.

Se quando cresciam a quase 5% os EUA e a UE não queriam nada, é evidente que também não vão querer agora que mal estão saindo da recessão. Para eles, o mercado interno é preferencial neste momento de crise; a prioridade é protegê-lo contra a competição externa que aumentaria ainda mais a taxa crescente de desemprego já próxima de 10%.

NÓS TAMBÉM

Para eles, não. Para nós, também. É inimaginável pensar que vamos reduzir tarifas de importação quando a indústria recua e vacila, quando apenas agora o mercado de trabalho reage. As exportações de manufaturados para os EUA, em novembro, recuaram 43,7% em relação ao ano anterior, e 18% para o mundo. Neste ano só aumentaram para a China, mais 21,6%. Mas isso porque eles só nos compram commodities como as agrícolas, de ferro e soja e nos exportam produtos industriais. Não só isso, nos rouba mercado aqui dentro, e no exterior. Dos EUA e até da Argentina. Só faltam o Paraguai e o Uruguai.

DESGASTAR, POR QUÊ?

Se antes, quando tudo estava bem não havia acordo, por que haveria agora?

Se essa é a realidade, para que se desgastar, discutir enquanto os nossos parceiros de "luta" se acomodam num mutismo conveniente e oportuno? O acordo de Doha está sendo debatido em vão há oito anos. E nessa reunião de Genebra que terminou ontem, só se buscava uma forma honrosa de enterrá-lo, como afirmou um dos quase 100 negociadores que acorreram com prazer a essa cidade tão agradável de lagos magníficos? Por que não outra reunião, no próximo ano? Mas, por favor, depois do inverno. Doha morreu há pelo menos três anos e só o Brasil, ninguém sabe por que, e a OMC, para sobreviver, acreditam nela.

MAS TEMOS QUE PROTESTAR!

Por quê? Se ninguém mais protesta com a nossa veemência que provoca atritos inúteis e dispensáveis? Nossa prioridade deve ser aumentar as exportações para quem nos importava mais até agora: Estados Unidos e União Europeia. Agora, a China chegou, mas é uma parceira incômoda. Importa 80% de matérias-primas e nos exporta outro tanto de produtos industrializados, que competem com os nossos, no País e no exterior. Uma parceira no mínimo desconfortável e nada confiável.

E nossas exportações para o mercado americano praticamente estagnaram. Não só isso, recuaram quanto à sua participação total:

2006 - US$ 24,7 bilhões, que equivaleram a 18% do total exportado pelo Brasil;

2007 - US$ 25,3 bilhões, que equivaleram a 15,8% do total exportado pelo Brasil;

2008 - US$ 27,6 bilhões, que equivaleram a 14% do total exportado pelo Brasil.

Em 2009, até novembro, houve uma queda inadmissível de 43,7%!

"Um dos grandes desafios no ano que vem é retomar a presença brasileira em mercados importantes como os Estados Unidos, que ao longo de 2009, recuou 43,7%, afirmou Weber Barral, secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento. "Os Estados Unidos são uma das prioridades para o ministério em 2010, uma vez que nossas exportações para lá são majoritariamente de produtos industrializados e de alto valor agregado."

Não deixa de ser no mínimo estranho que seja exatamente com esse parceiro comercial que o Itamaraty decidiu brigar em defesa de uma causa perdida...

EUROPA TAMBÉM

Em relação à União Europeia, o quadro é idêntico. Até outubro de 2009 (dados disponíveis), as exportações brasileiras para o mercado europeu foram compostas por 50% de produtos industrializados e 49,1% de básicos. Em relação a 2008, houve queda de 49,6% nas vendas de bens semimanufaturados, de 25% nas de manufaturados e de 26,2% nas de produtos básicos. De novo, dados oficiais, do governo.

É um cenário de distorções inaceitáveis, mas que estamos aceitando e agravando há anos. Por quê?

ARI CUNHA

Salvando Zé Dirceu


Correio Braziliense - 03/12/2009

O que se ouve pelas ruas é que a posição do presidente Lula amenizando o assunto político de Brasília mostra velada intenção de salvar o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Foi cassado e responsabilizado pelo mensalão em função do qual o governo Lula conseguiu distribuir dinheiro para deputados. Fez maioria e vive a calma da votação de seus projetos na Câmara Federal. José Dirceu tem feito tudo para apagar participação naquele episódio. Hoje, rico e advogando até em outros países, não tira da cabeça e tisna espalhada no rosto e confessada perante o público. Exemplos há. O destino está selado. A boca do povo está cheia de informações. Os ouvidos estão moucos de tanto não falar. Mas os registros ficam guardados.

Dólares em caixa

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Dinheiro estrangeiro chega ao Brasil aos borbotões. Em quatro dias o Tesouro amealhou dinheiro superando o acumulado de junho a setembro deste ano. Há dúvidas porque o dinheiro estrangeiro não dá segurança em suas idas e vindas.

Descoberta

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Deputado Edmar Moreira tem propriedade em Minas Gerais avaliada em 25 milhões de reais. Será julgado por quebra de decoro parlamentar. É acusado de haver usado 230 mil reais do dinheiro público para cobrir o contrato com empresa de segurança.

Cortando a carne

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Springs é fábrica de produtos de cama e mesa nos Estados Unidos. Demitiu 9 mil operários das 16 fábricas que possuía na América do Norte.

Saia curta

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Notícias de Geyse Arruda tomaram mais espaço na mídia internacional do que de José Roberto Arruda. Ela deu a volta por cima. Conseguiu muitos adeptos. Ele convenceu o DEM a não expulsá-lo antes de ouvir a defesa.

Parceiros

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Capacitação de técnicos e compra de equipamentos para a produção de genéricos contra a Aids. A parceria de Brasil e Moçambique é importante porque leva a visão do ministro Temporão de que todos precisam amadurecer como sociedade. &quotO preconceito acaba com a informação, coragem e atitude. "

Base

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Interessante dado divulgado pela Fundação Nacional de Saúde. Para cada R$ 1 investido em saneamento básico, o governo economiza R$ 4 em internações. O assunto foi levado ao senador Fernando Collor, presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado. Para ele, o PAC pode ser a saída da visão míope dos administradores que sustentam a ideia de trocar o saneamento por outros investimentos.

Vácuo

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Atendido o pedido do senador Pedro Simon, e nada. Ele quer que a população reaja contra a corrupção. Na verdade ela já fez a parte dela. Colheu 1,3 milhão de assinaturas contra candidatos fichas- sujas. É 1,3 milhão contra 81 senadores. Até agora, nada.

População

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Aprovado o projeto do senador Leomar Quintanilha que prevê um plebiscito sobre a criação do estado de Carajás, no Pará. Se for criado, o estado de Carajás terá 38 municípios e 1,3 milhão de habitantes. O mesmo número de assinaturas contra ficha-suja.

Segurança

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Na Câmara, depois de discutida em um congresso, a segurança do país deve sofrer mudanças. O deputado Marco Maia quer votação conjunta com o Senado. É que as informações sobre as atividades de inteligência do Executivo deveriam ser compartilhadas com o parlamento. Outro braço importante e praticamente ignorado pelas autoridades são algumas ONGs, mídia e corpo acadêmico de universidades.

História de Brasília


Ainda sobre a falta que a Vasp faz. A Real passou a distribuir entre os passageiros “memorandos” com a informação aos patrões de que o empregado está chegando com um dia de atraso por causa da companhia. (Publicado em 18/2/1961)

NESSAS DUAS MERDAS, NÃO COLOQUEI A MÃO!

JANIO DE FREITAS

O dinheiro do suborno


Folha de S. Paulo - 03/12/2009

Um ato de corrupção na administração pública, como suborno, só raramente não tem conexões comparsas


COMO CONVÉM a um país sério, a regra se impõe. Outro bando de políticos e dirigentes é denunciado, exposto e moralmente condenado na sua venalidade, como convém. Mas, do outro lado, o dos subornadores, só aparecem de raspão três empresas de nomes, existência e fins comerciais obscuros. Como convém? Por certo, ou não seria assim. Mas por que ou a quê convém?
Em toda a vasta corrupção, as beneficiárias formais são empresas. O benefício real, porém, é dos diretores e acionistas. Empresas jamais negociam, autorizam e pagam subornos, que são atos de pessoas.
Já está admitido que o recém-descoberto mecanismo de corrupção no governo e na Câmara Distrital, em Brasília, atravessou os últimos cinco anos. Além do admitido, pode-se acrescentar até uns três anos, ainda que então faltassem vídeos, se faltaram. Nesses e em quaisquer anos, todo pagamento de suborno foi feito por motivo tão sórdido quanto o próprio suborno. Nenhum pagamento, porém, se fez com dinheiro legítimo da empresa subornadora, como ato benevolente. Há sempre alguma correspondência entre o que recebeu sem direito e o que paga como suborno. A corrupção é um crime em que nunca faltam duas faces.
Se de apenas um pagador (Codeplan), segundo a denúncia do intermediário e seu ex-secretário Durval Barbosa, só o governador José Roberto Arruda recebeu mais de R$ 56 milhões, de que altos negócios veio essa quantia ou que altos negócios cobriram o buraco feito pela saída, para o suborno, do dinheiro empresarial?
A relegada utilidade de questões assim não se limita à sua indagação imediata. Um ato de corrupção na administração pública, por suborno ou outra das variadas modalidades, só raramente não tem conexões comparsas. No atual caso, a diversidade ocupacional dos envolvidos demonstra bem as ramificações que se viabilizam e se protegem. Por que o dinheiro que vai parar nas meias de um deputado distrital ou no ventre de um dono jornal é idêntico, na procedência, ao posto no bolso de um ou mais secretários de governo, senão da sacola preferida pelo próprio governador?
A identificação dos negócios originários da corrupção é de importância maior, porque o dinheiro que materializa as transações corruptas nos poderes públicos sai dos cofres públicos. É dinheiro recolhido da população. É dinheiro da nação, cuja finalidade legal é única: o interesse público.

Quando?
Com tanto passado e presente para ser cético, não imagino que seja para o meu tempo, mas uma cena me parece possível em algum futuro. Simples e clara: quando um ministro duvidoso como esse Juca dito da Cultura vocifera para repórteres honestos -"Vocês são pagos para dizer mentira"-, receba ao menos uma das tantas reações apropriadas, imediatas ou não.

TODA MÍDIA

A guerra de Obama

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/12/09


O "New York Times" saiu com a manchete de papel "Obama acelera tropas e promete iniciar retirada em 2011" e não com o envio de mais 30 mil soldados. Mas no próprio jornal a coluna de Thomas Friedman já anunciava discordar da "decisão de escalada". No fim do dia, a manchete on-line já era o "questionamento forte" ao plano, no Congresso.
Também o site Politico abriu o dia com a manchete "Discurso de Obama: um chamado sóbrio para uma missão limitada". E fechou, muito pelo contrário, com "A consequência: uma nova realidade para Obama" e a Casa Branca "se preparando para meses brutais à frente", junto à opinião pública.

Drudge Report e "The Economist" já abriram e se mantiveram com "Obama's War". O primeiro linkou a "Der Spiegel", "Nunca um discurso de Obama soou tão falso". A segunda postou que "é basicamente o que os generais encomendaram".

"MAIS AMERICANOS VÃO MORRER"
Na manchete no site da BBC, um "comandante sênior do Taliban" deu entrevista, em resposta: "Foi um ano de sucesso para nós. Obama está mandando mais soldados, e isso significa que mais americanos vão morrer. Quero dizer às mães dos soldados estrangeiros: Se amam seus filhos, mantenham-nos em casa, em seu próprio país"

EUA VS. BRASIL
O "Washington Post" deu a reportagem "EUA e aliados discordam sobre Honduras", com o subtítulo "Brasil não quer que golpe saia sem punição".
No "Wall Street Journal", "EUA enfrentam resistência crescente a sua política latino-americana". O país, "que já considerou a região seu quintal, tem dificuldade cada vez maior onde Brasil e China agora disputam influência". Citando as diferenças sobre as bases na Colômbia e o Irã, diz que "a ascensão do Brasil como potência hemisférica está virando um desafio e, em termos de política externa, uma decepção", no original, "disappointment".

EUA, SEGUNDO JIM O'NEILL
O "WSJ" postou ontem que "Goldman Sachs proclama recuperação mundial, mas os EUA ficam para trás". Jim O'Neill, economista chefe do banco, lançou novo relatório, prevendo um "flamejante" crescimento global no ano que vem, de 4,4%. Já os EUA não passam de "anêmicos" 2,1%. Puxando o mundo, os emergentes, "especialmente a China e a Índia". "A ascensão do consumidor no mundo em desenvolvimento é um desenvolvimento estratégico maior para nossa era", escreve O'Neill.

BRASIL, SEGUNDO KRUGMAN
De passagem, o economista Paul Krugman, colunista do "NYT" e Nobel, declarou aos sites que o Brasil foi "feliz" na reação à crise, "mas não vai se tornar superpotência no próximo ano, e os mercados estão agindo como se fosse". O economista vê o real "muito valorizado" pela euforia dos investidores externos.
Na agência Bloomberg, no topo das buscas pelo Yahoo News no final do dia, "Krugman diz que planeja vender alguns investimentos no Brasil".

CONSTITUINTE, O RETORNO
O portal G1, da Globo, destacou que "Lula agora diz que o escândalo é deplorável".
Já a BBC Brasil deu na manchete, desde a Ucrânia, que "Lula defende Constituinte para fazer reforma eleitoral". Sobre as imagens, "vi algumas, acho que é grave, mas tudo agora vai ter um processo".

GOSTOSA

BRASÍLIA - DF

A polêmica do Xingu


Correio Braziliense - 03/12/2009



O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PV), espera licenciar o polêmico projeto da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), até janeiro. Obra estratégica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o setor energético, a construção da hidrelétrica coloca em xeque o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), cujo diretor de licenciamento, Sebastião Custódio Pires, deixou o cargo, assim como o coordenador-geral de Infraestrutura de Energia Elétrica, Leozildo Tabajara da Silva Benjamin. Segundo Minc, os dois não aguentaram as pressões do Ministério Público contra o licenciamento da obra. Saíram porque não querem ser processados, mais uma vez, por improbidade administrativa. O presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, também ameaça pegar o boné.

Responsável pela desobstrução burocrática da obra, Minc chegou à conclusão de que a legislação ambiental e o Ibama estão fora da realidade, defasados no tempo e no espaço. “A elaboração do projeto ambiental de Belo Monte mobilizou mais de 100 técnicos da empresa construtora, que recebiam de R$ 10 mil a R$ 12 mil de salários, enquanto nós temos apenas seis técnicos, que recebem R$ 5 mil, para analisar o projeto e enfrentar exigências burocráticas que precisam ser ultrapassadas”, justifica. Minc argumenta que o projeto melhorou muito, pois eram quatro usinas no Xingu, “um absurdo”, e o governo decidiu construir apenas uma, em Belo Monte, reduzindo para um terço a área de várzea inundada. Em tempo: agora são só quatro técnicos.

Panetone// Parece piada, mas não é: o governador José Roberto Arruda (DEM) mandou cancelar edital de licitação para a compra de 120 mil panetones pelo GDF, por meio de leilão eletrônico. Seriam distribuídos pela Secretaria de Desenvolvimento Social às vésperas do Natal para a população carente do Distrito Federal.

Unabomber

Passariam de 200 os vídeos gravados pelo ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa. O ex-delegado aposentado começou as gravações ainda no governo de Joaquim Roriz, a quem teria chantageado até ser nomeado secretário de Assuntos Sindicais. Não parou mais, até detonar o governo Arruda na semana passada.

Belo Monte



Com potência instalada de 11,2 mil megawatts (MW), a Usina de Belo Monte é o último grande projeto de geração de energia do governo Lula. As comunidades indígenas que vivem na região do Xingu são contra a obra, assim como organizações sociais e ambientais. O cantor britânico Sting, em companhia do cacique Raoni (foto), faz uma campanha internacional contra a obra. Ontem, representantes indígenas protestaram contra a iniciativa em audiência pública no Senado. A vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, questiona a realização da obra. O procurador da República no Pará, Ubiratan Cazetta, acusa o governo de esconder informações.

Boas-Festas

A cúpula do DEM resolveu regionalizar a propaganda oficial do partido programada para 17 e 19 de dezembro, com comerciais de um minuto e de 30 segundos. Agora, já pensa em voltar atrás. O governador José Roberto Arruda e o vice, Paulo Octávio, estavam preparando mensagens de ano-novo para os eleitores do Distrito Federal, que vão comemorar os 50 anos de fundação de Brasília em 2010.

Mulheres

No Brasil, são registrados mais de 100 mil casos de contaminação pelo papilomavírus (HPV) por ano. Responsável por 70% dos cânceres de colo de útero, o HPV pode ser prevenido por meio de vacina. Especialistas garantem que o número de mulheres infectadas pode chegar a 10 milhões

Código



O Palácio do Planalto adotou uma posição ambígua em relação à votação do novo Código Florestal Brasileiro. A relatora é a senadora Kátia Abreu (foto), do DEM-TO, que pretende apresentar ao governo como opção para a aprovação do código no Senado a anistia aos desmatadores até 2006 e a autorização para a recomposição de áreas sensíveis, como margens de rios, com espécies exóticas (eucalipto e pinus, por exemplo). Em troca do desmatamento zero na Amazônia e na Mata Atlântica, Kátia Abreu deixa o cerrado e a caatinga de fora.


Divórcio/ O Senado aprovou, em primeira votação, com 54 votos favoráveis, três contrários e uma abstenção, o divórcio direto no Brasil. A proposta, de autoria do deputado Sérgio Barradas (PT-BA), acaba com a exigência de separação judicial prévia para a realização do divórcio. Cerca de 500 mil pessoas se divorciam por ano no país.

Expectativa/ O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, estreia hoje em grande estilo no STF. Apresentará ao plenário o seu voto no processo contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), por esquema irregular de financiamento político-eleitoral.

Previdência/ A criação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) foi aprovada, ontem, na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. O objetivo é estabelecer uma autarquia de natureza especial para controlar a atuação dos fundos de pensão. Será criada uma Secretaria de Políticas de Previdência Complementar, que formulará políticas de governo e diretrizes para a previdência complementar.

Azebudsman/ A Petrobras esclarece que não há superfaturamento, sobrepreço ou qualquer outra irregularidade em suas obras. Tampouco houve qualquer limitação ao trabalho realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Reitera que tem prestado todos os esclarecimentos necessários ao tribunal e ao Congresso Nacional. NR: A assessoria de imprensa da Petrobras precisa avisar ao pessoal do TCU, que divulgou a informação na Comissão Mista de Orçamento.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Juros para Dilma?


O Globo - 03/12/2009

As mais recentes projeções das melhores consultorias econômicas trazem para Lula e Dilma uma boa e uma má notícia.

A boa: 2010 será um período de forte crescimento. É provável que o último ano de Lula seja o seu melhor, com uma expansão do PIB acima dos 6%, como prevê, por exemplo, o competente Departamento de Pesquisas e Estudos (Depec) do Bradesco, em relatório divulgado nesta semana.

A má notícia: esse ritmo de crescimento estará acima da capacidade do país, elevando o déficit das contas externas e, especialmente, pressionando a inflação. Mantidas a política econômica e o regime de metas de inflação, o Banco Central vai aumentar os juros para conter esse excesso. E pior para Dilma: a taxa básica de juros, nesse cenário, deve começar a subir em abril próximo.

No prognóstico do Depec, o BC vai elevar os juros nas três reuniões imediatamente anteriores às eleições, de modo que a taxa básica começa a campanha nos atuais 8,75% ao ano, chegando a 10,25% no dia da votação, em 3 de outubro. Entre o primeiro e o segundo turnos, ainda haveria mais uma talagada.

Há diferenças entre analistas quanto a essas datas, mas a ampla maioria concorda que o BC estará aumentando os juros no período eleitoral.

Isso torna crucial a questão da permanência ou não de Henrique Meirelles na presidência do BC. Com Meirelles, tal é o entendimento, o BC fará o que tiver de ser feito. Ele já subiu os juros em outros momentos críticos.

Mas 2010 será o mais crítico de todos. Além do mais, Lula foi tomado pela soberba e ameaça abandonar a ortodoxia econômica que herdou de FHC e que, mantida, forneceu a base para o Brasil pegar carona na onda de crescimento mundial.

O governo, por exemplo, já está deixando de lado o superávit primário para detonar os gastos.

E então, o que fará Lula? Manterá a autonomia prática do BC, permitindo que este exerça o regime de metas de inflação e eleve os juros, ou vai mandar o banco esquecer essa coisa neoliberal? Não é pequeno o risco para a estabilidade econômica. A última vez que o governo segurou medidas duras para ganhar uma eleição foi em 1987, no pós-cruzado. O PMDB levou quase tudo e, um dia depois da votação, quebrou o país.

Custo Brasil

Fernanda é dona de uma academia de ginástica em Niterói. Ano passado, além das fiscalizações de rotina, mensais, recebeu uma extra da Vigilância Sanitária, que deixou 20 exigências.

Por exemplo: as lixeiras tinham de ser daquelas com pedal, obrigatoriamente.

Fernanda fez tudo que lhe pediram, documentou tudo em mais de 50 folhas e foi à repartição. Primeira sensação: as condições de higiene ali não passariam na fiscalização. Primeira surpresa: a funcionária disse que não podia entregar nenhum documento que registrasse o recebimento da papelada.

Apenas entregou um protocolo referente a “cumprimento de exigências”.

Mas, o alvará de funcionamento foi revalidado para 2009, de modo que Fernanda entendeu estar tudo OK. Semana passada, porém, apareceu por lá um fiscal da Vigilância Sanitária, que aplicou uma multa de 890 reais. Fernanda volta à repartição e fica sabendo que no ano passado não havia entregado uma certa “justificativa”. Aquelas 50 folhas!

Custo Brasil — 2

Antonio é dono de uma loja de bicicletas no Rio, legal. Dia desses, comentou com um fiscal que havia muito comércio informal de bikes. O fiscal concordou e explicou que, como sua repartição tem poucos funcionários, não há como fazer “blitz volante” para ir atrás dos ilegais.

— E se alguém denunciar? — perguntou Antonio.

— Isso pode — disse o fiscal, dando duas possibilidades: uma denúncia formal, na qual o denunciante se identifica no processo, seu nome podendo ser conhecido pelo denunciado; ou uma denúncia anônima, por telefone (mas, neste caso, explicou o solícito funcionário, serão pelo menos dois anos até o processo chegar às mãos de um fiscal).

Cara leitora, caro leitor: se tiver alguma história dessas, mostrando a dificuldade de ser legal no país, pode mandar para o e-mail abaixo. Obrigado

FUDEU!

MARA GABRILLI

Avançamos - e agora?

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/12/09


Agora, precisamos de você para avançar mais: seja inclusivo. Cobre e promova a acessibilidade. Esse é um ato de cidadania e respeito

PAULA, NASCIDA em 1962, teve poliomielite -uma doença praticamente erradicada do Brasil.
Ela não anda e tem dificuldade para movimentar os braços. Usa cadeira de rodas desde menina. Roberto, 50 anos, há 15 encontrou nas ondas rasas do mar um caminho curto entre a despedida da praia numa tarde ensolarada e uma cadeira de rodas para o resto da vida. Mara, que sofreu um acidente de carro aos 26 anos, descobriu, após perder todos os movimentos do corpo, que a mobilidade mais importante está na cabeça, porque é ali que está a "alavanca" da liberdade.
Essas pessoas enfrentaram, cada uma à sua época, a dificuldade de ter deficiência no Brasil. Com certeza, há muitas histórias. Hoje, 3/12, quando celebramos o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, estabelecido pela ONU em 1998, aproveito para contar algumas. Em 2005, quando assumi a primeira secretaria do país para tratar do tema, foi comum ouvir dos jornalistas que esse tema era "triste", que "não rendia pauta".
Paula demorou para cursar o ensino regular -seus pais achavam que criança com deficiência era doente e não precisava ir à escola. Roberto passou anos sem sair de casa -os locais de sua cidade não ofereciam acesso.
Das barreiras de atitude às barreiras físicas e sistêmicas, é com surpresa que observo o quanto avançamos.
E é aqui que as três pessoas de que falei (uma delas, eu mesma) se cruzam: quando as colocamos nos dias de hoje.
Já podemos sair às ruas e ver melhorias na acessibilidade de nossas cidades e no conceito de deficiência para a sociedade. Não somos mais coitadinhos, olhados na rua como se fôssemos do planeta da cadeiralândia.
Empresários e empreiteiros preocupam-se em cumprir as leis que obrigam tanto a adequação física das edificações quanto a empregabilidade das pessoas com deficiência -felizmente, a lei de cotas as está colocando de fato no mercado de trabalho. Os governos já não ignoram essa parcela da população em suas políticas públicas -e, se o fazem, hoje estamos lá para lhes puxar as orelhas.
A Prefeitura de São Paulo, quando governada por José Serra, foi pioneira em criar a primeira Secretaria da Pessoa com Deficiência do Brasil, por meio da qual criamos diversos programas de inclusão.
Como exemplo prático desse marco, cito apenas nossa avenida símbolo, a Paulista, que tornou-se também modelo de excelência em termos de acessibilidade após sua reforma e, hoje, é um local universal: confortável e seguro para qualquer pedestre, com deficiência ou não.
Outro dia, em um evento público que envolvia pessoas com deficiência, o assunto que permeava as rodinhas me deixou reflexiva. Não ouvi o comum das brigas contra preconceito, do desconhecimento das pessoas diante das deficiências ou da falta de adequação dos espaços. Claro que esses itens ainda não estão resolvidos, mas já entraram na pauta pública -já rolamos a primeira pedra.
O que se debatiam eram temas como a inclusão de pessoas com deficiência nos concursos públicos; a gestão financeira dos bens das pessoas com deficiência intelectual -que passaram a ter rendimento sem ter conhecimento pleno de como utilizá-lo; a discussão sobre como disponibilizar guias-intérpretes para pessoas com surdocegueira (que não ouvem nem enxergam) e que precisam de interpretação por meio do tato.
Aliás, fiz minha primeira lei municipal criando uma Central de Intérpretes para Surdos e Guia-Intérprete para Surdocegos na cidade. A central é um atendimento em tempo real com operadores que se comunicam com cidadãos surdos em todas as regiões de São Paulo via webcam, em Libras (língua brasileira de sinais). Ouvi dizer, com alegria, que em breve um piloto será implantado em três subprefeituras da cidade. Todos assuntos complexos, não? É a esse ponto que pretendo chegar.
Não estamos mais discutindo rampas. Não estamos mais brigando para que as pessoas nos enxerguem. Estamos, agora, mergulhando em questões mais profundas da inclusão. Tenho certeza de que Paulas, Robertos e Maras já podem circular com mais autonomia com suas cadeiras de rodas, muletas, bengalas, cães-guia e encontrar aspectos bem mais inclusivos do que encontravam antes.
Hoje, 11 anos depois da criação da data pelas pessoas com deficiência no mundo todo, posso dizer que avançamos, sim. Agora, precisamos de você para avançar mais: seja inclusivo. Cobre e promova a acessibilidade. Esse é um ato de cidadania e respeito ao próximo -e a você mesmo.


MARA CRISTINA GABRILLI , 42, tetraplégica, psicóloga e publicitária, é vereadora da cidade de São Paulo pelo PSDB e fundadora da ONG Projeto Próximo Passo, hoje Instituto Mara Gabrilli. Foi secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo (2005-2007).

ROLF KUNTZ

Sinal amarelo nas contas externas

O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/12/09


Chamem um exorcista. Causa arrepios a evolução das contas externas, com exportações em marcha lenta, importações em alta e um promissor buraco na conta corrente do balanço de pagamentos - US$ 18,8 bilhões nos 12 meses terminados em outubro. O brasileiro com mais de 40 anos passou a maior parte da vida num país com inflação elevada e sempre a um passo de uma crise cambial. O Plano Real foi lançado há 15 anos, mas a estabilidade só se consolidou na virada do século. Em 1999 o País atravessou a última crise do balanço de pagamentos, com um rombo de US$ 33 bilhões nas transações correntes.

Entre 2003 e 2007 o Brasil acumulou superávits na conta corrente. O saldo comercial, somado às transferências unilaterais (principalmente remessas de trabalhadores no exterior), foi muito mais que suficiente, nesse período, para compensar o déficit estrutural na conta de serviços (royalties, juros, lucros, viagens, fretes e seguros). Em 2006 o saldo em conta corrente chegou a US$ 13,6 bilhões. No ano seguinte encolheu para US$ 1,5 bilhão. Com a aceleração do crescimento econômico, as importações começaram a aumentar mais que as exportações. O descompasso se intensificou em 2008. O resultado da conta comercial encolheu de US$ 40 bilhões para US$ 24,7 bilhões e o buraco em transações correntes ampliou-se para US$ 28,2 bilhões. O resultado só não piorou em 2009 porque a recessão freou as importações. Mas a tendência mudou, com a reativação da economia. De julho a novembro, o saldo comercial foi 17% inferior ao de igual período de 2008.

Para 2010 o mercado financeiro calcula um déficit em conta corrente de US$ 36 bilhões, mas isso dependerá de um superávit comercial de US$ 13 bilhões. Há quem admita, no entanto, a hipótese de um saldo comercial zero. Nesse caso, o déficit nas transações correntes ficará perto de US$ 50 bilhões. Será administrável, mas tenderá a aumentar. A combinação de crescimento econômico e real valorizado manterá no vermelho a conta corrente. Não haverá tragédia enquanto o ingresso de capital compensar o desequilíbrio. Até quando?

Isso dependerá de fatores externos e internos. Lá fora, a gastança fiscal e a política monetária frouxa serão substituídas, num futuro não muito longínquo, por uma política de ajuste. Os juros subirão, o capital ficará mais caro e os investidores poderão buscar outros destinos para seu dinheiro. Internamente, os fatores de atração poderão diminuir, se o governo continuar gastando de forma imprudente, o risco de inflação crescer e o País se tornar menos seguro do que tem sido nos últimos anos. A advertência foi formulada em artigo dos economistas Maria Cristina Pinotti e Affonso Celso Pastore, publicado no Valor na segunda-feira.

No dia seguinte, o mesmo assunto foi discutido, no Estado, em artigo do economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central. O Brasil só poderá realizar os investimentos previstos para os próximos anos (exploração do pré-sal, obras para a Copa do Mundo e para a Olimpíada, etc.) se dispuser de capital externo, segundo Goldfajn. De acordo com suas estimativas, o déficit em conta corrente, hoje próximo de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), poderá chegar perto de 5% em 2016 e depois diminuir para uns 3,5%, com o dólar na altura de R$ 1,70.

Essas projeções dependem de vários pressupostos. Alguns dos mais importantes: não haverá crescimento considerável da poupança interna; o cenário externo será razoavelmente favorável ao Brasil; e o governo não vai destruir as bases da confiança na economia brasileira. Quanto a esse ponto, Goldfajn mostra certa inquietação. A política fiscal será relaxada? Haverá insegurança quanto à orientação cambial?

Cristina Pinotti e Affonso Celso Pastore são mais diretos ao apontar no excesso do gasto público o principal fator de desajuste externo. Nos dois artigos, no entanto, as advertências são formuladas com boas maneiras, sem alarmismo. Mas é difícil manter a calma. A piora das contas externas já começou e tem sido causada principalmente pela farra fiscal. O capital externo tem sido necessário não para sustentar um surto de enormes investimentos, mas a despoupança do setor público. Uma política fiscal melhor aumentaria a poupança interna. Além disso, permitiria juros menores e, talvez, um câmbio menos valorizado. Outras mudanças tornariam a produção nacional mais competitiva. Mas tudo isso está fora do horizonte. O filme começa mal e o roteiro tem um jeitão conhecido.

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Decepções

O GLOBO - 03/12/09


A “decepção” que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está sentindo em relação a Lula, aquele que ele definiu como “o cara” para o mundo, dandolhe um upgrade internacional, parece ser a mesma que o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, detectou recentemente em relação a Obama. “Lula ainda tem grandes expectativas, mas o fato é que hoje há um certo sabor de decepção”, disse Garcia.

A crescente influência na América Latina do Brasil, líder regional inconteste, que tem dado demonstrações de ser pelo menos condescendente com líderes de países claramente antiamericanos como o Irã e a Venezuela, decepciona Obama. Certamente ele esperava que o presidente Lula levasse o Brasil a ser um parceiro mais próximo dos Estados Unidos, e está se mostrando mais próximo do Chávez do que se poderia supor.

O governo americano ficou muito preocupado com a passagem do Mahmoud Ahmadinejad pelo Brasil, Bolívia e Venezuela, onde consideram que o presidente do Irã teve apoio a seu programa nuclear que, dias depois, foi condenado pela Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU.

Também a crise política de Honduras anda afastando os Estados Unidos do Brasil, que estiveram próximos no início dela. Honduras é um país sem importância alguma para a geopolítica brasileira, e está sob a esfera de influência do México e dos Estados Unidos.

A crise de destituição do presidente eleito Manuel Zelaya só entrou no radar da diplomacia brasileira por instância da Venezuela, já que Zelaya havia levado seu país para dentro da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas).

Seguindo os passos de seu líder Hugo Chávez, tentou utilizar em Honduras uma “tecnologia institucional” exportada pelo bolivarismo: a alteração da Constituição por meio de um plebiscito para a permanência no poder.

Reconhecer o novo presidente eleito de maneira legítima no último domingo foi a opção dos Estados Unidos e começa a ser uma alternativa de diversos países europeus, enquanto o Brasil vai ficando isolado na sua posição.

Outra situação delicada para a nossa política externa é a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua. Lula parece disposto a confirmar o asilo, mesmo com o governo italiano pressionando, e o Supremo Tribunal Federal tendo aprovado a extradição.

Esses percalços externos se contrapõem à imagem internacional que o presidente Lula vem cultivando. Fidel Castro, o ditador de estimação dos petistas no poder, dividiu os governantes de esquerda da região em “revolucionários” e “tradicionais”.

A esquerda “tradicional”, que seria representada por políticos como Lula ou Michelle Bachelet, do Chile, ou Tabaré Vázquez, do Uruguai, já não responderia às necessidades dos povos latinoamericanos.

Os “revolucionários” Chávez, da Venezuela; Evo Morales, da Bolívia; Rafael Correa, do Equador; ou Daniel Ortega, da Nicarágua, refletiriam as reais aspirações das populações latino-americanas.

É por isso que Lula, desde a primeira aparição para os “donos do mundo” em Davos, no Fórum Econômico Mundial, em 2003, é tratado como “o cara”, mesmo antes de o presidente Barack Obama identificá-lo como tal.

Mas foi sem dúvida depois da crise internacional que abalou o mundo e a crença na autorregulação do mercado financeiro que a figura de Lula ganhou destaque na mídia internacional, não apenas por suas posições audaciosas, como quando culpou os “louros de olhos azuis” pela crise, mas também pela performance da economia brasileira.

O governo Lula saiu-se bem da primeira grande crise internacional que enfrentou, e os “louros de olhos azuis”, cheios de culpa, o escolheram como exemplo do novo mundo que precisa ser construído dos escombros do antigo.

Lula tem o perfil necessário para se transformar no novo líder mundial: presidente de um país emergente, ele mesmo um emergente em seu país, vindo da pobreza extrema, cuida de tirar da pobreza extrema seus conterrâneos.

Ao mesmo tempo, mantém as regras fundamentais da economia, garantindo o pagamento da dívida e abrindo para o investimento estrangeiro um mercado ávido em obras de infraestrutura, além de garantir juros altos para os investidores nacionais e internacionais.

A esquerda que Lula representa dá tranquilidade à comunidade internacional, que ainda conta com sua interferência para conter os ímpetos revolucionários dos demais líderes latinoamericanos.

Mas aí entra em campo um paradoxo de difícil entendimento para estrangeiros: faz muito tempo que o governo Lula usa a política externa como um contraponto à política econômica ortodoxa que manteve do governo anterior.

Uns consideram que seria uma espécie de compensação para a militância, enquanto não há espaço internamente para uma guinada à esquerda. Outros acham que é apenas isso, uma compensação em troca de tocar a economia nos padrões internacionais.

Mas à medida que vai aprofundando seu esquerdismo na política externa, vai se aproximando mais e mais de Chávez, e se afastando da comunidade internacional, embora precise do apoio dela para se manter como interlocutor importante e, no limite, continuar sonhando com uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Mas votando na contramão do mundo ocidental, ou no máximo se abstendo, como no caso do Irã, ao mesmo tempo em que pode garantir eventuais votos desses “parceiros” terceiromundistas, vai conseguindo se tornar não confiável aos olhos das grandes potências internacionais, que, no fim, têm os votos decisivos.

Lula pode vir a ter um problema de equilíbrio entre seu prestígio interno e o externo. A importância que o Brasil ganhou nos fóruns internacionais tem mais a ver com o êxito na economia e com sua fama de ser o representante de uma esquerda civilizada do que o contrário.

PAINEL DA FOLHA

Primeiro-ministro

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/12/09


A transcrição das escutas do mensalão do Distrito Federal demole o discurso de José Roberto Arruda (DEM) segundo o qual o denunciante Durval Barbosa, "herança maldita" de Joaquim Roriz, ocuparia posto "meramente burocrático" em seu governo.
A portas fechadas, ele discute com o secretário não apenas pagamento de propina a deputados como distribuição de cargos ("Quem a gente tem que colocar na Saúde?"), avaliação do governo ("E as pesquisas? Estamos bem, né?"), tratativas com o Judiciário ("Você me orienta, me diz: Arruda, preciso que você faça isso") e até mesmo a organização da festa de aniversário de sua filha pela ex-mulher de Durval.


Prudente. Ao discutir com Durval Barbosa a campanha de 2010, Arruda fala da decisão de contratar o marqueteiro Duda Mendonça. "Esse cara é genial!". Diz ainda que pretende "fazer as coisas com cuidado", pois "o grande problema da reeleição é o que aconteceu como com o governador..." Hesita um instante e conclui: "É cassado depois".

Isolando... Numa operação de redução danos, os "demos" mais otimistas esperam que a chapa de Arruda esquente a ponto de o governador tomar a iniciativa de pedir seu desligamento do partido antes da reunião na próxima semana. Quanto ao vice, Paulo Octávio, só será importunado se aparecer em alguma gravação.

...o quarteirão. Arruda se queixou diretamente à cúpula do DEM pelo fato de o partido nem sequer ter discutido a situação de Paulo Octávio na reunião de anteontem.

Profissionais. Voou panetone na residência oficial do governo do DF. Arruda e "PO" por muito pouco não chegaram às vias de fato na noite de terça-feira. O vice teria acusado o governador de montar "um esquema amador".

Seletivo. Principal algoz de Arruda entre os "demos" instalados em Brasília, Demóstenes Torres (GO) não dispensa a Paulo Octávio o mesmo furor punitivo. A diferença chama a atenção no Senado.

Lotação. Manifestantes que ontem tomaram o plenário da Câmara Distrital agora planejam ocupar hotéis de "PO".

Comenda. Circulam em Brasília convites para homenagem, hoje, ao deputado Leonardo Prudente (DEM), o do dinheiro na cueca. Trata-se de diploma de Mérito de Expressão Nacional.

Frito. Em jantar na segunda-feira em Brasília, os ministros do STF Ricardo Lewandovsky e José Antonio Toffoli opinaram que a situação jurídica de Arruda é para lá de crítica.

Da hora. Líder da bancada do PT na Câmara paulistana, o vereador João Antonio levou um vaso para distribuir folhas de arruda durante a votação do novo IPTU de Gilberto Kassab (DEM).

Time. Além do jornalista Ricardo Amaral, a Casa Civil tem agora um fotógrafo para acompanhar a ministra e pré-candidata Dilma Rousseff.

Vertical 1. Estimulado pelo PMDB pró-Dilma, o deputado Francisco Rossi tenta contestar a permanência de Orestes Quércia, pró-José Serra (PSDB), no comando do Diretório de São Paulo.

Vertical 2. A eleição do PMDB paulista será no dia 13, mas a ideia poderá minguar após o nome de Michel Temer ter sido citado numa lista de políticos que supostamente receberam dinheiro da empreiteira Camargo Corrêa.

Documento. Presidido pelo ministro do Supremo Cezar Peluso, o comitê permanente da ONU sobre presos decidiu que o próximo encontro, em abril, servirá para definir os termos da primeira convenção internacional com regras mínimas a serem observadas em todos os presídios.
com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Lula se curva a Baltasar Gracián, prosador espanhol do século 17 segundo quem "a verdade é geralmente vista, mas raramente ouvida"."
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), ironizando o fato de o presidente ter dito, num dia, que as imagens de distribuição de propina no DF "não falam por si" e, no seguinte, que são "deploráveis".

Contraponto

Código penal


Numa escuta da Operação Caixa de Pandora, José Geraldo Maciel, então chefe da Casa Civil do DF, se queixa com Durval Barbosa do presidente da Câmara Distrital, Leonardo Prudente, também colhido no escândalo. Barbosa, "gravador-geral" do governo, concorda e acrescenta:
-Lembra da conversa no cafezinho, eu, você e o Arruda? Avisei que teria de administrá-lo, porque ele enfia a faca na garganta- diz, referindo-se a Prudente.
-Ele é muito complicado...- assente Maciel.
Ao que Durval (dezenas de processos nas costas e currículo de arromba nos governos Roriz e Arruda) conclui:
-Isso para mim é extorsão! É crime! Como nós vamos conviver com pessoas que cometem crime?

PIADA

DIRETO DA FONTE

Sacode a poeira

SONIA RACY

O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/11/09

Apóstolo da doutrina Sul-Sul, Roberto Jaguaribe aguarda o agrément da rainha Elizabeth 2ª para substituir o diplomata Carlos Augusto Santos Neves no comando da embaixada brasileira em Londres.
Deve estar aliviado. Embora tenha respondido de forma impecável pelas relações com países da África e Ásia nos últimos anos, seu destino não foi nenhum dos postos nessas regiões. Ganhou um upgrade e tanto.

Jingle sem Bells
"Operação Natal" da Prefeitura pretende vistoriar os mais de 50 shoppings da cidade, pelo menos duas vezes, até Noel chegar. Primeiro por meio das subprefeituras, que enviarão ao Contru notas vermelho, amarelo ou verde para os estabelecimentos.
A cor-sinal definirá o grau na prioridade da segunda fiscalização. Que então será feita pelo próprio Contru.

Alerta antecipado
Quem colocou os olhos no projeto do Porto de São Sebastião se assustou. Com as modificações, a cidade hoje turística se transformará em um verdadeiro polo portuário com todas suas mazelas.
Os cais vão avançar até o meio da baía, desconstruindo o Canal de Sebastião e afetando as praias. O atracamento de navios - hoje a Petrobrás tem capacidade para 4 - triplicará.
Em resumo: o que faz Ilhabela ser o que ela é atualmente pode tornar-se apenas uma vaga lembrança.

Unidos...
O grupo que venceu a eleição no PT já está dividido: metade quer Palocci, metade quer Dutra no comando da campanha presidencial de Dilma em 2010.

...venceremos?
Antes que a decisão seja tomada, a ala majoritária petista vai tentar fundir as três tendências internas que elegeram Dutra.
Com isso, Zé Dirceu e companhia teriam 60% da sigla.

Passarela 1
As edições de primavera-verão das Fashions Rio e São Paulo serão alteradas por conta da Copa. Os desfiles no Rio acontecem no fim de maio. Em São Paulo, na primeira semana de junho.
Assim a turma da moda só irá perder uma partida da Seleção Brasileira.

Passarela 2
Enquanto isso, é dada como certa a participação da Chanel e show de Justin Timberlake. Onde?
No segundo Oi Fashion Rocks, outubro, no Rio.

Próprio punho
Depois de lançar Apesar de Vocês, sobre a ditadura brasileira, o americano James Green fez questão de deixar três exemplares do livro autografados.
Um para Chico Buarque, cuja canção inspirou o nome do livro, e os outros dois para Caetano Veloso e Gilberto Gil. Todos personagens da obra.

Walk-talk
Guido Mantega desmentiu ontem, da Alemanha, que estuda acabar com a emissão de ADRs, conforme publicou esta coluna.
Então, é melhor o ministro falar menos com o mercado financeiro sobre suas ideias.

New-cineasta
A base aliada em Brasília esfrega as mãos esperando novos capítulos das cenas gravadas com câmera escondida por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda. Dizem nos corredores que os episódios da arrecadação de propina integram a série produzida por "Durval Filmes".
E que os menos famintos aguardam ansiosos a temporada da nova série "Panetone Nunca Mais".

Sem escala
Aos usuários do Santos Dumont: a segunda pista do aeroporto foi liberada ontem pela Anac e os voos voltaram ao normal.

E o Panetone?
Ataque de ansiedade na Ofner. Comemorando o sucesso de vendas de 2009, a empresa comunica oficialmente que já está se preparando para a... Páscoa.

Na frente

Ao querer dar uma preciosidade histórica, a coluna publicou ontem um "pós-furo". Como assim? O Estadão, em 1993, publicou em primeira mão, o telegrama de Olga Benário, em reportagem Os Arquivos de Moscou, de autoria de William Waack. Que ganhou o Prêmio Esso por ela. Portanto, não é novidade o que o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil vai trazer.

Chico Ferreira e Gil Carvalhosa Leite inauguram hoje o Restô Le Jazz. Brasserie boêmia, na Rua dos Pinheiros.

O The Wailers, que teve como fundadores Bob Marley e Peter Tosh, volta ao Brasil em janeiro. Para se apresentarem na Via Funchal, dia 27.

O Balé da Cidade estreia Coisas que Nos Ajudam a Viver, com coreografia de Susana Yamauchi e iluminação de Sergio Funari. Fim de semana, no Sesc Pinheiros.

A Reebok leva às suas academias a aula radical Jukari Fit to Fly. As aulas serão ministradas por professoras treinadas pela trupe do Cirque du Soleil.

O documentário sobre Michael Jackson, This Is It, vai ser lançado em DVD. Mas só depois do Natal.

Anda educado, Lula. Ontem evocou a presença do presidente da Ucrânia, Victor Yushchenko, para não responder a pergunta sobre o Panetonegate. " Perguntar uma coisinha que o presidente da Ucrânia nem sabe o que é que é...".

JOSÉ SIMÃO

Brasil tá mudo! Lombardi morreu!

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/12/09


Sabe o que o Lombardi cantou quando chegou no céu? "Silvio Santos vem aí!" Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Socuerro! Morreu o Lombardi!
Mas ele não existe! Era uma entidade! O anônimo mais famoso do Brasil! É como chester vivo: ninguém nunca viu!
Quando uma voz morre, a gente faz um século de silêncio! E aí começam as piadas. Sabe o que o Lombardi cantou quando chegou no céu? "Silvio Santos vem aí!" Rarará!
E no Twitter o Tiodino disse que o Lombardi vai pro céu porque ele tá com o carnê em dia! E a banda de apoio disse que o Lombardi não morreu, virou um prêmio do Baú da Felicidade. E que a próxima Telesena tem de vir com tarja preta.
E Brasília, hein? Brasília está um Deus nos Arruda! E esse Arruda enfrentou dois problemas: painel e paineltone! E o DEM mudou de nome pra RECEBEM! Ou então Deu Em Merda. Ou então Dinheiro Em Meias! E todo mundo tá falando: ué, grana não era na cueca, agora é em meia? Como diz o chargista Amorim: a meia é a cueca do sapato! Chega de cueca e meia. Queremos vídeo duma gostosa escondendo grana no cofrinho! Lugar de grana é no cofrinho!
E essa: Arruda diz ter recebido dinheiro apenas uma vez. Só que basta um pingo de café num copo de leite pra virar café com leite! Ele parece aquela amiga minha preenchendo formulário de emprego no quesito sexo: uma vez só, em Porto Seguro!
Qual é o seu sexo? Uma vez só, em Porto Seguro. Rarará!
E o Lula: "As imagens não falam por si". É o mensalão defendendo o demsalão. Essa é a moral da política: não tem virgem na zona! Moral suprapartidária!
E o Robin Williams no David Letterman: "Pra ganhar as Olimpíadas, o Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó". Comentário de um carioca: "Tô ofendido, nunca mais vou cheirar pó e pagar stripper".
E o Péssimo Terceiro? Chegou o décimo, ops, o péssimo terceiro.
Aquele que você demora 12 meses pra ganhar e uma hora pra gastar.
Como disse um amigo meu: "O que adianta ganhar 13 salários se a mulher gasta 14?". É mole?
Antitucanês Reloaded, a Missão.
Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Pelotas tem uma imobiliária chamada Fuhro Souto. Ueba! Mais direto impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Cofrinho": companheira que guarda dinheiro no dito cujo. Rarará!

GOSTOSA


DORA KRAMER

Responsável de plantão

O ESTADO DE SÃO PAULO - 03/12/09


Quando o primeiro escândalo de corrupção do governo Luiz Inácio da Silva emergiu das imagens de Waldomiro Diniz, então braço direito do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, extorquindo o dito empresário Carlos Augusto Ramos, também conhecido como o bicheiro Carlinhos Cachoeira, de imediato todas as vozes se levantaram em defesa de uma reforma política "profunda".

A tese por trás da proposta era a de que a culpa é do sistema político, eleitoral e partidário daninho.

De lá para cá, repete-se a mesma cantilena a cada novo caso escabroso de corrupção, conferindo-se à reforma política o status de solução de plantão para todos os males.

Por esse raciocínio, o "sistema" é que seria o grande corruptor de pessoas inocentes, cujo desejo de governar para fazer o bem só se realiza ao custo da adesão à realidade nefasta fazendo política com as mãos sujas, não obstante o coração permaneça imaculado. Seria o preço a pagar.

Essa lógica sustentou o discurso de quem queria uma justificativa para apoiar a reeleição de Lula, mas não tinha coragem de dizer que estava pouco ligando para a ética. Esta servira como bandeira de oposição, mas atrapalhava a execução do projeto de poder.

Isso no caso do PT. Nos partidos que não haviam feito nenhum trato explícito com a ética na política, nem se apresentam justificativas.

Muito embora também se agarrem com veemência na defesa da reforma política na hora em que a assombração transita por seus terreiros.

Depois da manifestação espontânea ao modo de Pôncio Pilatos - "as imagens não falam por si"-, orientado por sua assessoria sobre a ultrapassagem do limite do aceitável, o presidente Lula passou a considerar "deplorável" o que todo mundo viu sobre as atividades da quadrilha que atuava no governo de Brasília.

E, claro, atribuiu tudo à ausência da reforma política, acrescentando desconhecer as razões pelas quais ela não é aprovada. Levantou, porém uma suspeita: "Provavelmente porque os parlamentares seriam afetados pelas mudanças."

Para um gênio da política, Lula se mostra um tanto ingênuo. E esquecido. O primeiro enterro da reforma, ainda no primeiro mandato, ocorreu porque os partidos de sua base trocaram o arquivamento por votos a favor do projeto - fracassado - da reeleição do então presidente da Câmara, o petista João Paulo Cunha.

O funeral seguinte deu-se agora em 2009 pela conjugação de interesses dos partidos do governo e da oposição que, no lugar da reforma, aprovaram uns remendos que facilitaram sobremaneira o uso do caixa 2 e encurtaram os prazos para punições, na prática impedindo cassações de eleitos, inclusive os deputados de Brasília agora pegos com as mãos imundas na botija.

Isso quer dizer que o defeito primordial não é das regras - de fato defeituosas - é da deformação das pessoas, da permissividade geral e da impunidade de que desfrutam.

Vice versa

Se mesmo antes do escândalo de Brasília a composição da chapa presidencial do PSDB com o DEM na vice já era uma possibilidade para lá de remota, agora virou algo fora de cogitação.

No mês passado mesmo o tucano presidente do partido, senador Sérgio Guerra, dizia pública e textualmente que a dupla do governo Fernando Henrique "já deu o que tinha de dar".

Nem a ala do DEM, liberada pelo presidente, o deputado Rodrigo Maia, que ressuscitou a proposta recentemente a levava muito a sério. Apenas achou que não devia "entregar os pontos" e usar a exigência da vice para se valorizar.

A fatura do DEM para o apoio em 2010 já fora cobrada e paga anteriormente: a eleição de Gilberto Kassab para a Prefeitura de São Paulo.

Sabem de tudo

Em relação a José Roberto Arruda, nem o DEM nem eleitorado de Brasília nem os partidos que faziam parte do governo podem alegar que a cigana os enganou.

O DEM aceitou a filiação, o eleitor votou e o PSDB se juntou a um reincidente. No caso dos tucanos é ainda mais grave, porque Arruda havia sido convidado a sair do partido no episódio da violação do painel do Senado.

Sempre estiveram todos cientes de que grande quantidade de políticos, já eleitos ou candidatos, processados são potenciais criadores de casos e crises.

Não só eles, claro. Os de boa reputação também podem vir a prevaricar, mas seria um grande avanço se a Nação aderisse ao lema de que é melhor prevenir do que remediar.

Começando por pressionar o Congresso a aprovar a emenda constitucional de iniciativa popular que proíbe o registro de candidaturas de gente condenada em pelo menos uma instância judicial.

Aliás, Parlamento que continua ignorando a emenda que está nas mãos dos líderes dos partidos na Câmara não pode se espantar com nada nem tem moral para censurar ninguém.

Notadamente se o presidente da Casa figura em lista secreta de empreiteira.