quarta-feira, dezembro 02, 2009

TUTTY VASQUES

Caixa-preta do DEM

O ESTADO DE SÃO PAULO - 02/12/09


"O nome do meu professor de oratória ele não pode revelar nem morto!" O senador José Agripino Maia foi o primeiro a entrar em pânico com a ameaça velada que JOSÉ ROBERTO ARRUDA deixou no ar ao dizer que radicalizaria com o partido caso fosse expurgado da legenda. Sabe Deus o que o governador do Distrito Federal tem a contar sobre seus correligionários. Corre no Congresso o boato de que, entre outras coisas cabeludas, Arruda estaria disposto a entregar que diabos o Heráclito Fortes tem na boca pra falar com ela sempre cheia daquele jeito.

O DEM é, como se sabe, uma caixinha-preta de surpresas pessoais. Basta olhar nos olhos do Rodrigo Maia ou do Ronaldo Caiado para entender o tamanho do estrago que o governador pode fazer em seus pares se resolver abrir o bico. Há, no entanto, que se dar um desconto à fama de péssimo mentiroso no currículo do injuriado. A versão de que ele seria capaz de provar que Gilberto Kassab é, de fato, casado e tem filhos, francamente, nem a Marta Suplicy cairia de novo nessa.

PÁREO DURO

Robin Williams pode ser a arma dos EUA contra Marco Aurélio Garcia. Pela quantidade de bobagens que disse na TV sobre o Brasil, o ator americano virou uma espécie de assessor especial da Presidência da

República deles.

OUTRA FAMÍLIA

"Não tenho qualquer laço de parentesco com o governador do Distrito Federal!"

Geisy Arruda, a ex-loura da minissaia rosa-choque da Uniban

Chifre em cabeça de cavalo

O empresário Guilherme Leal, provável candidato a vice de

Marina Silva na chapa do PV, disse ao coleguinha José Paulo Kupfer que o Lula "vê o meio ambiente como empecilho". Como se o presidente soubesse o que é empecilho!

Tracinho lindo

Já tem paparazzo de plantão na Band! Daniella Cicarelli pode dar traço esta semana. Não será como daquela vez na praia, mas qualquer coisa que ela dê em público tem lá sua graça.

Pai é pai!

Conselho do cantor Fábio Júnior ao filho Fiuk, revelação do programa Malhação: "Só não beije a boca da ilusão!" Pra não correr o risco de acabar igual à Hebe, né?

Balança, mas não cai!

Está explicado por que JOSÉ ROBERTO ARRUDA chegou amparado por um andador à sua primeira entrevista coletiva depois daquilo tudo: o que o governador tem dado de mancada... Pode acabar caindo!

Mar de lama

Chamar de Residência Oficial de Águas Claras a casa do governador do DF, francamente, não foi lá que o DEM andou lavando roupa suja na segunda-feira, caramba?!

Vale-tudo

Já tem torcedor do Internacional apelando até para a "oração da propina" no desespero por uma vitória do Grêmio sobre o Flamengo.

Sorria!

Dezembro entrou e a gente nem sentiu, né não?! Relaxa, vai!

DIRETO DA FONTE

Olga sem Prestes

SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 02/12/09


Vem por aí uma preciosidade histórica: meses antes de seu trágico fim, Olga Benário estaria decidida a abandonar Luiz Carlos Prestes. Quem revela é Leandro Narloch, no Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, que está para sair pela LeYa.
O autor se vale de um telegrama de 22 de junho de 1935, mandado por ela aos chefes do PC em Moscou. "Como Prestes já está aqui e em seis meses termina minha missão, peço confirmação do meu direito de voltar aos estudos ao término desse período." No caso, "aqui" era o Brasil e "voltar aos estudos" significava abandonar o companheiro e regressar a Moscou.
Não conseguiu. Acabou sendo presa, torturada e levada a um campo de concentração na Alemanha nazista, onde morreu em 1942.

Oito e oitenta
Quem esteve com Lula recentemente ouviu dele muitas reclamações contra oito governadores. O grupo está fazendo força para que a emenda ampliando o aumento do salário mínimo para os aposentados seja aprovada no Congresso.
Principalmente, Aécio Neves e Roberto Requião.

Cigarro, nem de chocolate
Mais uma boa vitória para a turma antitabaco. Passou pela CCJ projeto de Clodovil que proíbe a fabricação, importação e até a propaganda de produtos voltados ao público infanto-juvenil que reproduzem a forma de... Cigarros.

Ultra compact disc
Contas fresquinhas da Associação Antipirataria de Cinema e Música. Apreenderam, neste ano, nada menos que 7,3 milhões de CDs e DVDs piratas no Estado.
Destes, 500 mil ao pó retornarão. Esmagados amanhã por um rolo compressor, em frente ao Pacaembu.

Back to the future
Vistos almoçando sexta no Gero, tête-à-tête, Rogerio Fasano e João Paulo Diniz. Novos negócios à vista?

Bode sem sala
Acredite quem quiser.
Guido Mantega estuda acabar com as ADRs - os papéis lançados por empresas brasileiras no exterior.

Escreveu, não leu
Foi sentida a falta de Claudio Lottenberg, dirigente da Confederação Israelita do Brasil, no recente almoço oferecido a Shimon Peres, em Brasília, por Lula.
A coluna foi atrás e descobriu que o médico, que escreveu artigo contra a vinda de Ahmadinejad ao Brasil, simplesmente foi cortado da lista de convidados.

Reforço florestal
Carlos Minc quer convencer o Congresso a cuidar melhor da Mata Atlântica.
Como? Autorizando a transformação de 2.535 cargos vagos no governo em 1.000 agentes do Ibama e Instituto Chico Mendes.

O som do silêncio
Fernando Matta se apresenta hoje em Brasília na... CPI da pedofilia do Congresso.
O conhecido DJ Malboro é acusado criminal.

Bons de bico
Além de faturar alto com o fato, os bicões da Casa Branca Michaele e Tareq Salahi estão conseguindo muito mais que os 15 minutos de fama preconizados por Andy Warhol.
O casal prometeu dar sua primeira entrevista, hoje, à rede americana NBC. Ontem eles "furaram"com Larry King, na CNN.


NA FRENTE

O Conselho Diretor do IPq vai dar a Andrea Matarazzo, dia 18, a Medalha de Mérito. Em reconhecimento aos esforços que fez para melhorar o atendimento psiquiátrico às populações carentes da cidade de SP.

Thomaz Magalhães lança hoje Quebra de Script. Na Livraria da Vila do Cidade Jardim.

Abre hoje, no Itaú Cultural, a mostra Ocupação, do artista Abraham Palatnik.

Beto Amaral e Pedro Igor Alcântara comandam a última edição da Gant Session. Hoje, no Baretto. Com Marisa Orth.
Neta Mello lança seu livro, Sem Remetente. Hoje, na Livraria da Vila da Fradique.

Marcelo Frisoni, marido de Ana Maria Braga, anda bem solto pela noite de SP.

O livro sobre a obra do pioneiro do grafite em São Paulo, A Arte de Jaime Prades, será lançado hoje, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

E sai um duplo Guinness. Foi encontrado na Califórnia copo de 2,44 metros de altura, onde cabem 1.628 litros de cerveja marca Guinness. Ele entrou para o... Guinness, the Book.

GOSTOSA


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TODA MÍDIA

HONDURAS SEM FIM

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/12/09


No título do "New York Times" para longa reportagem, ontem, "Destino de líder deposto torna nebuloso o resultado da eleição em Honduras". Em suma, o eleito "não vai afastar facilmente o golpe e o impasse político".
O jornal ouve uma representante do Carter Center, que se negou a enviar observadores à eleição, e um representante do Human Rights Watch, que relata "prisões, mortes e censura" nos dias que precederam a votação. Por sinal, no título do "China Daily", "EUA e Brasil se dividem sobre a crise hondurenha".

OS CHINESES ESTÃO CHEGANDO
Deu no "NYT" e nos financeiros, mas a cobertura maior foi no "China Daily", "Wugang paga US$ 400 milhões por parte da MMX". Com foto de um cargueiro de ferro, saúda que a estatal será a segunda acionista na empresa do "homem mais rico do Brasil, Eike Batista"

"PORTOS SEGUROS"
O "Financial Times", com eco na BBC Brasil, publicou a reportagem "Investidores rasgam as velhas regras de comportamento", na resposta à crise de Dubai. Em suma, "os mercados emergentes da China e do Brasil viram crescer a entrada de recursos, com investidores tratando-os como portos seguros, por suas finanças públicas mais saudáveis". Por outro lado, países menores da União Europeia viram as aplicações externas sumirem.

LONGO PRAZO
O "FT" acrescentou, em outra longa reportagem postada ontem, que a China e corporações brasileiras como a Petrobras já apontam uma "tendência promissora" pós-crise, com a "emissão de títulos com prazos mais longos".

POTÊNCIA BANCÁRIA
Em meio à crise de Dubai, a Al Jazeera, do Qatar, com o título acima, produziu um perfil do BNDES, com elogios ao presidente da instituição, Luciano Coutinho, mas também com críticas pelo apoio a projetos na Amazônia.

PRÉ-SAL ETC.
Com reportagens em áudio e texto sobre a nova classe média e o pré-sal, entre outros temas já conhecidos, a rede pública de rádio dos EUA, NPR, dedica a semana ao Brasil, falando em "Eldorado" do petróleo e exibindo estaleiros em ação

DE LÁ PARA CÁ
Sob pressão no Brasil, onde a compra da GVT é questionada, a francesa Vivendi fechou a venda de sua parte na NBC, manchete on-line do "Wall Street Journal" de ontem. Para o "FT", o negócio de US$ 5,8 bilhões "alivia a pressão sobre a Vivendi após a compra da GVT por US$ 4,2 bilhões". Segundo o "NYT", ouvindo analistas, os franceses "não querem ficar fora dos emergentes, é o território quente".

DAVID FLEISCHER

O difícil desfecho do panetonegate

O Estado de S. Paulo - 02/12/2009


Nos meados dos anos 80 (antes da Constituição de 1988), encontramos com uns parentes paulistas. Quando eles começaram a falar mal "dos políticos corruptos em Brasília", nossos filhos (nativos de Brasília) revidaram - "os corruptos em Brasília são os deputados e senadores que vocês (dos outros Estados) elegem e mandam para cá"!!

Depois da nova Constituição, veio a autonomia política de Brasília - uma bancada de três senadores e oito deputados federais, e ainda um governador eleito por voto direto e um Legislativo local com 24 deputados distritais. Foi aí que "a coisa" começou, a partir de 1991, e os nossos filhos não poderiam mais contestar as reclamações dos parentes.

Até hoje, o único senador brasileiro cassado pelos pares foi de Brasília - Luiz Estevão - eleito pelo PMDB com apoio de Joaquim Roriz em 1998. Brasília já teve dois senadores que renunciaram a seus mandatos para não ser cassados - José Roberto Arruda (então no PSDB) em 2001 e o próprio Joaquim Roriz (PMDB) em 2007.

Agora, no fim de 2009, estourou a Operação Caixa de Pandora, em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal a investigar graves acusações do chamado "mensalão do DEM" - sendo que José Roberto Arruda foi o único governador eleito pelo então PFL (hoje DEM) em 2006.

No inquérito policial, Arruda aparece como o comandante de um esquema de propinas bastante amplo - membros do seu secretariado (inclusive um do PSDB) e do segundo escalão, pelo menos oito deputados distritais da base do governo, um grande número de empresários que "venceram" licitações e até insinuações de envolvimento de desembargadores do TJ-DF. Embora, de Lisboa, o presidente Lula tenha afirmado que "os vídeos não falam por si" (panos quentes de Estoril), as imagens são contundentes - e provavelmente, nos próximos dias, outros vídeos mais "pesados" ainda serão "vazados".

Com razão, a liderança nacional do DEM ficou muito consternada e preocupada, pois esse episódio poderia macular a imagem desse partido que tenta se distanciar do PFL (descendente do PDS e da Arena) - com o novo nome Democratas adotado em 2007 -, tanto que vários desses líderes querem a expulsão sumária de Arruda. Porém, o governador foi chamado no dia 30 de novembro para "se explicar" diante da Comissão Executiva do DEM. Nessa sessão, Arruda devolveu a bola com força dobrada - "se o DEM radicalizar, eu vou radicalizar mais ainda". Dizem os bem informados que o governador poderia revidar pesadamente, revelando os "podres" de muitos políticos do DEM. Aguardamos essa decisão crítica do DEM, se vai "recuar" diante das ameaças de Arruda ou não. O problema é que o PFL-DEM como partido vem encolhendo desde 2002 e em 2010 poderia se tornar um partido nanico.

Durante o chamado "mensalão do PT", em 2005, muita gente concluiu que "o PT virou um partido comum, igual a todos os outros partidos". Agora, aos olhos do eleitorado de 2010, "o DEM se tornou um partido comum, igual aos outros". Até os ex-comunistas do PPS, quem diria? As gravações da Polícia Federal mostraram que elementos desse partido integrante da base de Arruda receberam propinas de empresas ligadas ao setor de saúde. O PSDB também está preocupado, pois Arruda foi líder dos tucanos no Senado quando renunciou em 2001. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que este episódio pode ter consequências muito negativas para o DEM e também para o PSDB em 2010.

Este episódio lastimável também mostrou claramente certos "problemas" na cobertura pela imprensa. Enquanto as redes de TV - Globo, Record, Bandeirantes e SBT - foram contundentes na sua cobertura (nacional e local) deste panetonegate, o canal local, cujo proprietário é o vice-governador Paulo Octávio, fez uma cobertura "genérica" sobre o governo do Distrito Federal e os deputados. Os jornais nacionais de São Paulo e Rio de Janeiro têm feito coberturas grandes, dedicando três ou quatro páginas todos os dias desde que esse caso explodiu, no dia 27 de novembro. Mas o dono de um jornal local nanico foi flagrado guardando maços de dinheiro na cueca.

É difícil prever o desfecho deste caso; quem poderia "sobrar" para assumir os últimos 13 meses do governo Arruda? Com o vice-governador e o presidente da Câmara Legislativa comprometidos com o escândalo, poderia sobrar para o vice-presidente do Legislativo local, um deputado distrital do PT. O presidente do TJ-DF poderia assumir o governo, ou poderia ser convocada uma nova eleição (indireta) - como foi o caso no Estado do Tocantins. O presidente Lula poderia decretar uma intervenção federal no Distrito Federal - mas essa possibilidade é bastante remota.


O PAI DO MENSALÃO

ARI CUNHA

Ceará beneficiado


Correio Braziliense - 02/12/2009



Com a previsão de receber R$ 1,5 bilhão do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, o Ceará consta da lista como o segundo na ordem dos 11 estados. Em primeiro lugar vem a Bahia, com R$ 1,8 bilhão. O Orçamento reforçou o caixa do fundo com R$ 8 bilhões em 2010. Projetos estão sendo organizados. Quando o dinheiro estiver definido, a aplicação será fácil. Os planos abrangem várias frentes. O desenvolvimento da agricultura irrigada, projetos de piscicultura de base familiar, desenvolvimento rural sustentável e solidário, desenvolvimento industrial, fortalecimento da cadeia produtiva do petróleo, apoio ao comércio, serviços e turismo, além de iniciativas para o biodiesel e outras voltadas para a interiorização do desenvolvimento. Governador Cid Gomes declarou-se satisfeito. “Somos o terceiro em população no Nordeste, mas temos renda per capita menor do que outros estados.” A situação será formada no ano eleitoral. Pela lei, o dinheiro público tem data para uso. As coisas estão em ordem e dentro da lei. É esperar a hora e dar a partida para o desenvolvimento.

A frase que não foi pronunciada


“Aquele que nunca aceitou que atire o primeiro panetone.”
» Delúbio Soares, pensando enquanto assiste TV.


Cardápio

»
Merenda escolar no Nordeste não será feita com produtos industrializados. O objetivo é prestigiar a agricultura familiar. Governo federal comprova a eficiência dos pequenos produtores. Um lote de alimentos está sendo organizado. Ministro Guilherme Cassel disse que esta é a hora para a produção dos quintais.

Ônibus

»
Deplorável o estado dos ônibus oferecidos pelo governo à população. O estilo dos nossos coletivos remonta ao pós-guerra. Era o aproveitamento dos chassis de caminhões transformados em coletivos. Certa vez, o presidente Geisel inaugurou em Goiânia. Declarou que era horrível. Para descer, colocaram um degrau no chão. Reduziu a altura e contrariou a autoridade.

Incompleta

»
A Fórmula 1 está incompleta. Em alguns setores, não há pilotos. A movimentação se fará até hoje, com especulações.

Dubai

»
O Banco Internacional de Compensações, que reúne os bancos centrais, tem US$ 123 bilhões em Dubai e Emirados Árabes Unidos. A turbulência nasceu quando Dubai fez exposição pública de que estava com problemas. Esta nota é compilação de Jamil Chade e Andrey Netto, correspondentes em Genebra e Paris.

Convencimento

»
Começam pelos corredores do Congresso as conversas de lobistas para discutir o papel do Ibope no Brasil. A TV Record não se conforma com a queda no índice de audiência no fim de semana. Houve um desacerto nas informações em que o instituto culpava a rede de telefonia celular. O problema é a ligação entre a pontuação e o investimento, que chega a R$ 10 bilhões por ano, em anúncios.

Enem

»
Por falar em audiência, o fim de semana promete. A TV Brasil vai concentrar a atenção dos estudantes que fizeram o Enem. No sábado e domingo, a partir das 23h15, o canal vai transmitir a correção das provas.

Sem fonte

»
Termina sem brilho a CPI das Tarifas de Energia. Sem indiciamentos, Alexandre Santos, relator, recomenda o encaminhamento ao Ministério Público dos R$ 40 bilhões pagos indevidamente pelos consumidores nos últimos anos. Apesar da sugestão de que não haja mais a renovação automática das concessões, tudo fica como está. Inclusive a perda de quem pagou a mais.

Burocracia

»
Aviso do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Se a máquina não for programada para desburocratizar as contratações e execuções de obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, essas serão feitas por meio de medidas provisórias. Afinal, esperar não é fazer.

Iguais

»
Empregados domésticos unidos pelas mesmas regras na Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. O projeto de normas do Regime Laboral do Pessoal de Serviço Doméstico foi traçado pela deputada argentina Mabel Muller. Para se tornar lei, basta que um representante de cada país a aprove.

História de Brasília


Está fazendo muita falta a antiga linha da Vasp ligando Fortaleza a Brasília. A única, atualmente, é a da Real, que está imitando, em tudo, a Central do Brasil. (Publicado em 18/2/1961)

GOSTOSA

PAULO RABELLO DE CASTR

O modelo de alta gastança em 2010


Folha de S. Paulo - 02/12/2009


Na raiz do defeito de fabricação do modelo de crescimento brasileiro está o disparate dos gastos públicos correntes

COM A virada de 2009, Lula e o Brasil vêm de fato merecendo a exclamação histórica de Obama: "Esse é o cara!". Os mercados também estão repetindo: "Essa é a bola da vez!". E as seguidas valorizações de papéis e ativos produtivos, desde o início do ano, parecem comprovar que a boa fase da economia brasileira veio para ficar.
Há, de fato, razões objetivas para o otimismo reinante. Primeiro, o fator diferencial: enquanto muitos vão péssimo, o Brasil se destaca por ter retomado a marca do PIB pré-crise.
Segundo, pelo fator China, pois, enquanto esta continuar pedalando sua torrente de empréstimos e o sistema bancário deles resistir, estará assegurada a demanda que sustenta os preços de nossas commodities. E lá vamos nós!
Terceiro, a bolhinha do nosso crédito doméstico. Pelo quarto ano consecutivo, a expansão do crédito pessoal, público e para empresas crescerá pelo menos o dobro do ritmo da produção interna. Consumo e importações crescem em escalada.
Por último, sobe o gasto público, também ao dobro da expansão do PIB, com ênfase na despesa corrente. O Congresso aproveitou para contratar despesas de pessoal que acrescentam entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões anuais aos futuros Orçamentos. É uma festa contagiante.
Os fiscalistas de plantão, mal-humorados, querem estragar o ambiente, lembrando que esse "modelo" de gastança pode estar contratando novo estancamento da economia mais à frente. Essa é a última coisa que gostaríamos de ver no horizonte. Entretanto, alguns sinais desalentadores indicam a importância do alerta. A dívida bruta do setor público voltou à casa dos 70% do PIB. Como os atuais juros são de um dígito, o reflexo financeiro sobre o endividamento é moderado.
Mas, se o BC precisar elevar a taxa básica, o custo da dívida subirá rapidamente, comprometendo o minguante superavit primário. Este, por sua vez, ficou praticamente zerado com as medidas, corretas, aliás, de correção anticíclica. A má notícia é a forte elevação do deficit fiscal total para mais de 4% do PIB. Foram gastos correntes, estéreis do ponto de vista de ganhos futuros, os responsáveis pelo avanço do desequilíbrio das contas públicas. Os investimentos públicos ficaram para trás.
Nada mais de negativo conseguirá se grudar à imagem do presidente Lula, que terminará seu mandato com glórias de um Luís 17, tendo sobrevivido à guilhotina política para encerrar um ciclo de ressurreição da fama externa e da autoestima interna do Brasil. Passadas, porém, as festas da realeza e a estreia do filme do pressagiado, com direito a choro até de cabra-macho, é de esperar um pouco mais de humildade pelos desafios que herdamos da atual fase.
Com uma taxa de poupança cadente, ou seja, a economia guardando cada vez menos recursos para seu futuro, e um "modelo", como cunhou Raul Velloso, especialista no assunto, de alto consumo presente e baixo investimento, estaremos condenando o Brasil ao mesmo tipo de dependência ao capital estrangeiro, sob forma de poupanças externas, que virão, sim, explorar o nosso pré-sal, o pós-sal, a siderurgia, a petroquímica, o grande varejo, a banca de investimentos, com todos os riscos de volatilidade historicamente associados à nossa crônica carência de poupança nacional.
Na raiz desse defeito de fabricação do modelo de crescimento brasileiro, está o disparate dos gastos públicos correntes, cuja demanda permanente de mais carga tributária impede o brasileiro de investir mais, comandando assim seu próprio destino.

PAULO RABELLO DE CASTRO , 60, doutor em economia pela Universidade de Chicago (Estados Unidos), é vice-presidente do Instituto Atlântico e chairman da SR Rating, classificadora de riscos. Preside também a RC Consultores, consultoria econômica, e o Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio SP. Escreve às quartas-feiras, a cada 15 dias, nesta coluna.

BRASÍLIA - DF

Entre o mar e o rochedo


Correio Braziliense - 02/12/2009





O relator da proposta de partilha do pré-sal, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tenta costurar um acordo entre estados produtores e não produtores para viabilizar a votação de seu relatório. Em Brasília, os governadores de Pernambuco, Eduardo campos (PSB), e da Bahia, Jaques Wagner (PT), mobilizavam as bancadas do Norte e do Nordeste para exigir paridade na distribuição dos royalties com os estados produtores. Sobrou para o Ministério da Ciência e Tecnologia e para a Marinha do Brasil, que tinham garantidos 18,75% e 11,25% de participação nos royalties, respectivamente. A proposta é reduzir essa participação. O MCT ficaria com 9,5% e a Marinha, com 5,5%.

Os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Lelo Coimbra (PMDB-ES) foram os interlocutores na negociação, mas falta combinar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Primeiro, porque é preciso que o governo federal ceda parte de seus royalties para estados e municípios. Segundo, porque os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), não acreditam na aprovação da proposta em plenário sem o empenho efetivo do Palácio do Planalto.

Refinarias

O secretário de Fiscalização de Obras do Tribunal de Contas da União (TCU), André Luiz Mendes, reiterou ontem, na Comissão Mista de Orçamento, os dados de fiscalizações feitas em três obras da Petrobras: as refinarias Abreu e Lima (PE), Presidente Getulio Vargas (PR), e o porto de Barra do Riacho (RJ). De acordo com ele, foram encontrados indícios de sobrepreço em todas elas. Em Abreu e Lima, há ainda um caso de superfaturamento de R$ 96 milhões nas obras de terraplanagem. Mendes disse que, nos três casos, houve limitação, por parte da Petrobras, no trabalho dos técnicos do TCU.

Liderança



Os tucanos desembarcaram do governo Arruda numa operação conjunta com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (foto), que se prepara para assumir o controle do Democratas. A crise que se abateu sobre a legenda, no rastro das denúncias contra o governador José Roberto Arruda, enfraqueceu o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que preside a sigla.



Potência

O Banco do Brasil concluiu, ontem, a incorporação da Nossa Caixa, que virou uma gerência da diretoria regional de São Paulo. Demian Fiocca, economista que comandou a incorporação, encerrou a trajetória no governo e voltou à iniciativa privada. São mais de 1,3 mil agências e 31 mil funcionários

Taxiando

As obras dos aeroportos de Vitória (ES) e Guarulhos (SP) poderão voltar a receber recursos do Orçamento da União em 2010. Depois de debater a situação, ontem, a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) manteve as obras nos anexos do Orçamento de 2010. “Nada impede a continuação da obra por meio de novo contrato”, afirmou o deputado Carlos Melles (DEM-MG), em entrevista após a audiência pública.

Submarino

A Marinha conta com sua participação nos royalties para o reaparelhamento da Força. Acaba de lançar o navio-patrulha Maracanã, com capacidade para deslocar 500 toneladas, que ficará baseado em Belém (PA). Em 9 de dezembro, deve lançar outra embarcação do mesmo padrão, o navio-patrulha Macaé. A menina dos olhos do programa continua sendo o submarino nuclear.


Multas



A Comissão de Viação e Transportes derrubou, ontem, a proposta da deputada Rita Camata (foto), do PSDB-ES, que altera o Código de Trânsito para punir com maior rigor quem for pego dirigindo sob o efeito de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. Um dos artigos suprimidos previa pena de reclusão de quatro a 12 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículos para quem conduzisse bêbado, participasse de “rachas” ou transitasse acima da velocidade permitida — situações que levassem ao homicídio culposo ou à lesão corporal culposa.

DEUS É CÚMPLICE!


CRISTIANO ROMERO

A ação do BC na crise, segundo o FMI

VALOR ECONÔMICO - 02/12/09


O Banco Central (BC) atuou de forma inovadora durante a crise financeira internacional. Quando comparado a outros bancos centrais, o brasileiro ajudou a criar um padrão a ser seguido no enfrentamento de futuras turbulências. A afirmação não foi feita por nenhum ufanista do governo Lula - embora haja poucos em Brasília dispostos a elogiar o BC -, mas por três economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) que acabam de concluir um estudo detalhado sobre a forma como 19 países emergentes enfrentaram a crise.

Intitulado "From Lombard Street to Avenida Paulista: Foreign Exchange Liquidity Easing in Brazil in Response to the Global Shock of 2008-2009", o trabalho, assinado por Mark R. Stone, W. Christopher Walker e Yosuke Yasui, avalia as medidas adotadas para enfrentar a escassez de liquidez dos mercados cambiais a partir da quebra do banco americano Lehman Brothers. O estudo já está disponível na internet (www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2009/wp09259.pdf).

A referência à "Lombard Street" diz respeito à obra homônima publicada, em 1873, pelo economista e jornalista inglês Walter Bagehot. Durante 17 anos, ele foi o principal articulista da revista "The Economist". No livro mencionado, desenvolveu o conceito moderno de banco central como emprestador de última instância. No texto do FMI, a alusão à Avenida Paulista se deve ao fato de ela ser o coração financeiro do Brasil.

Stone, Walker e Yosuke esmiúçam a ação do BC na fase mais aguda da crise e encontram um paralelo com os ensinamentos de Bagehot. Em linhas gerais, eles mostram que o BC, utilizando uma variedade de instrumentos, restaurou a liquidez do mercado de câmbio no Brasil sem queimar reservas de forma significativa. Mais: atuou de forma vigorosa sobre as expectativas, fazendo dos anúncios públicos armas poderosas. Para chegar a essas conclusões, os três autores fizeram uma análise empírica das medidas adotadas pelo BC, consideradas por eles "um caso especialmente interessante".

O estudo destaca cinco linhas de ação adotadas pelo BC. A primeira, empreendida na primeira semana da crise, foi promover operações de swap para ajudar a compensar a falta de dólar nas linhas de crédito à exportação. Cada swap consistiu de duas pernas: na primeira, o BC trocou dólares por reais; na segunda, a transação era revertida, com a recompra dos dólares. O efeito da transação no mercado, dizem os autores do estudo, foi reduzir os juros de quem tinha dívida em dólar. Os swaps foram realizados de 19 de setembro de 2008 a 29 de janeiro de 2009 e totalizaram US$ 11 bilhões.

A segunda iniciativa foi a venda de dólares no mercado à vista a partir de outubro, quando o mercado já estava disfuncional - foram gastos cerca de US$ 10 bilhões, uma perda de reservas considerada limitada pelo FMI quando comparada às que ocorreram nas crises anteriores (em 1998-99 e em 2002, o país perdeu cerca de 30% das reservas). A terceira ação foi a atuação direta na BM&FBovespa, vendendo dólares para aliviar posições especulativas de empresas exportadoras. A ação foi significativa: a posição líquida do BC no mercado futuro passou de US$ 22 bilhões positivos para US$ 12 bilhões negativos entre 15 de setembro de 2008 até o fim daquele ano.

"Enquanto as operações de swap foram uma resposta à escassez total de liquidez em dólar, a venda de dólar futuro foi, quase inteiramente, destinada a diminuir a pressão sobre as firmas exportadoras que tinham posições de curto prazo em derivativos cambiais e que elas precisavam desfazer", compara o texto do FMI.

A quarta iniciativa do BC foi vender dólares aos bancos, que poderiam emprestar os recursos a empresas exportadoras, desde que estas dessem em garantia papéis denominados em dólar e com boa classificação de risco ou contratos de exportação. Foram gastos US$ 11 bilhões entre 6 de outubro de 2008 e 14 de janeiro de 2009. A última iniciativa mencionada pelo FMI foi a decisão do BC de destinar até US$ 10 bilhões ao financiamento de empresas endividadas em dólar. Como os mercados se normalizaram nos meses seguintes, apenas US$ 2 bilhões foram usados.

As iniciativas, afirmam os especialistas do FMI, foram seguras (ao exigir contrapartidas e garantias) e adotadas no timing correto. Além disso, diminuíram o estresse e restauraram a confiança dos mercados. Os instrumentos foram inovadores (o BC atuou, inclusive, assinala o estudo, no mercado de derivativos). A magnitude foi a ideal porque se conseguiu atender a demanda do mercado por dólar, limitando a perda de reservas cambiais. O BC foi também, diz o FMI, claro no seu papel como provedor de liquidez, "enquanto alguns outros BCs de mercados emergentes foram menos transparentes".

Os autores lembram que o BC só reduziu a taxa básica de juros em janeiro de 2009, uma decisão criticada no debate interno da crise. Sem entrar em detalhes, e é bom lembrar que o Fundo recomendou a redução generalizada dos juros em todo o mundo, o estudo cita que o BC também atuou para normalizar a liquidez no mercado de reais e faz uma ponderação: emprestar em moeda local para empresas que estavam desesperadas em busca de dólar teria tido efeito limitado - elas teriam que converter os reais em dólar com o câmbio depreciado ou fazer swaps por dólares usando o mercado futuro que, naquele momento, estava muito menos líquido.

É interessante notar que, pela primeira vez, em 27 anos de crises internas e externas, o Brasil não precisou pedir socorro ao FMI. Os comentários, portanto, não estão relacionados ao receituário que a entidade costuma impor a quem lhe implora ajuda, mas a medidas adotadas soberanamente pelo país. O enfrentamento bem-sucedido da crise não foi obra de uma pessoa só ou mesmo de um grupo de pessoas, ainda que o mérito de alguns personagens seja inegável, mas de uma instituição chamada Banco Central do Brasil. A vitória, portanto, é da sociedade, que forjou o BC que está aí e, por meio de seus dirigentes políticos, vem, há dois governos, apoiando sua autonomia.

PAINEL DA FOLHA

Via alternativa

RENATA LO PRETE
Folha de S. Paulo - 02/12/2009

Enquanto José Roberto Arruda aposta que a encrencada Câmara Distrital jamais reunirá os dois terços de votos necessários à abertura de processo contra o governador, juristas que analisam o propinoduto no Distrito Federal acham que Arruda não deveria estar tão seguro de sua sobrevivência no cargo.
Citam decisão do STF, em 2006, sobre escândalo de corrupção em Rondônia. Naquela ocasião, com base em relatório da ministra Cármen Lúcia, a Corte reiterou decisão do STJ e entendeu que a Assembleia estava por demais envolvida para decidir sobre a prisão de deputados. A licença foi concedida sem consulta à Casa. Por essa tese, o STJ poderia dar sinal verde ao processo -e consequente afastamento- de Arruda.



Ponte aérea. A Adler, apontada como uma das empresas que abasteceram o mensalão no DF, prestou serviços à Prefeitura do Rio na gestão Cesar Maia (DEM).

QG. Indicado pelos Maias para a Secretaria de Esportes do Distrito Federal, André Felipe de Oliveira manteve base em Brasília mesmo depois de deixar o cargo, no final de 2007. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, se hospeda em sua casa no Lago Sul.

Por si só. Enquanto muitos enxergam cálculo eleitoral no silêncio do Planalto e do PT em relação à desgraça do adversário, um dirigente do DEM vê motivo mais prosaico: "E precisa falar alguma coisa?", pergunta, desolado.

Vai ou não vai? Frequentador assíduo de eventos do governo federal, Arruda consta da lista de convidados de Lula para inauguração, no dia 15, de 70 escolas técnicas.

Wally. Chapa de Arruda, com quem tem feito campanha no entorno do DF distribuindo convênios a prefeitos, Marconi Perillo (PSDB-GO) entrou por uma porta e saiu pela outra na reunião em que os tucanos decidiram entregar seus cargos no governo.

Dieta. Um deputado que almoçava no restaurante da Câmara conferiu as opções disponíveis de doce e, ao retornar à mesa, comentou: "Vocês não vão acreditar, mas tem panetone de sobremesa!". Na dúvida, ninguém pegou.

Memória 1. O empresário Alcyr Collaço, agora gravado colocando dinheiro na cueca, foi citado em 2006 no depoimento do ex-assessor da Casa Civil Marcelo Sereno à subcomissão de fundos de pensão da CPI dos Correios.

Memória 2. Sereno se referiu a Collaço como "amigo" e confirmou que ele era dono da Ipanema, investigada pela CPI no esquema do mensalão. A corretora estaria ligada a operações do fundo Portus.

E agora? Autora do pedido de impeachment de Arruda, a OAB-DF será presidida por Francisco Caputo, um dos advogados arrolados pelo governador em inquérito no STJ.

Vocabulário. Nova tradução de DEM: "Dinheiro Escondido na Meia". E de PFL: "Panetone Foi Liberado".

Termômetro 1. Colegas de José Antonio Toffoli avaliam que, quando o STF retomar amanhã o julgamento do valerioduto mineiro, o ministro, que havia pedido vista do processo, tende a considerar fraudulento o suposto recibo de caixa dois na campanha de Eduardo Azeredo em 1998.

Termômetro 2. Como tal papel, no entender de Toffoli, seria a única materialidade da participação do tucano, o voto responsabilizaria o coordenador da campanha, mas não o então governador. Assim, Toffoli abriria divergência com o relator, Joaquim Barbosa, que acolheu a denúncia.

Saia justa. Se confirmado, o voto de Toffoli deixará inconformado o PT, berço político do ministro. Dado o paralelismo com a denúncia do mensalão, o partido adoraria ver Azeredo denunciado.


com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

Pelo jeito, o Augusto Carvalho manteve apenas uma conta fechada: a do mensalão em Brasília.


Do vereador JOÃO ANTONIO, líder do PT na Câmara paulistana, sobre a suspeita de envolvimento do secretário de Saúde do DF, também fundador da ONG Contas Abertas, no Arrudagate.

Contraponto

"The end, Suplicy!" Eduardo Suplicy (PT-SP) fazia ontem à tarde na tribuna do Senado um interminável discurso, narrando praticamente cena a cena a cinebiografia do presidente Lula. Em apartes, o colega João Pedro (PT-AM) acrescentava detalhes e comentava o desempenho dos atores.
No comando da sessão, Mão Santa (PSC-PI) tentou por duas vezes encerrar o assunto, mas Suplicy resistia:
-Gostaria apenas de concluir...- e continuava a falar.
Até que Mão Santa fez soar a campainha do plenário e cortou a onda do petista:
-"The end, Suplicy'! "The End'! Quero ajudar o Barreto, porque se você continuar ninguém mais vai ver o filme!

GOSTOSA

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CÉSAR BENJAMIN

Por que agora?


Folha de S. Paulo - 02/12/2009


DEIXO de lado os insultos e as versões fantasiosas sobre os "verdadeiros motivos" do meu artigo "Os Filhos do Brasil". Creio, porém, que devo esclarecer uma indagação legítima: "por quê?", ou, em forma um pouco expandida, "por que agora?". A rigor, a resposta já está no artigo, mas de forma concisa. Eu a reitero: o motivo é o filme, o contexto que o cerca e o que ele sinaliza.
Há meses a Presidência da República acompanha e participa da produção desse filme, financiado por grandes empresas que mantêm contratos com o governo federal.
Antes de finalizado, ele foi analisado por especialistas em marketing, que propuseram ajustes para torná-lo mais emotivo.
O timing do lançamento foi calculado para que ele gire pelo Brasil durante o ano eleitoral. Recursos oriundos do imposto sindical -ou seja, recolhidos por imposição do Estado- estão sendo mobilizados para comprar e distribuir gratuitamente milhares de ingressos. Reativam-se salas pelo interior do país e fala-se na montagem de cines volantes para percorrerem localidades que não têm esses espaços. O objetivo é que o filme seja visto por cerca de 5 milhões de pessoas, principalmente pobres.
Como se fosse pouco, prepara-se uma minissérie com o mesmo título para ser exibida em 2010 pela nossa maior rede de televisão que, como as demais, também recebe publicidade oficial. Desconheço que uma operação desse tipo e dessa abrangência tenha sido feita em qualquer época, em qualquer país, por qualquer governante. Ela sinaliza um salto de qualidade em um perigoso processo em curso: a concentração pessoal do poder, a calculada construção do culto à personalidade e a degradação da política em mitologia e espetáculo. Em outros contextos históricos isso deu em fascismo.
O presidente Lula sabe o que faz. Mais de uma vez declarou como ficou impressionado com o belo "Cinema Paradiso", de Giuseppe Tornatore, que narra o impacto dos primeiros filmes na mente de uma criança. "O Filho do Brasil" será a primeira -e talvez a única- oportunidade de milhões de pessoas irem a um cinema. Elas não esquecerão.
Em quase oito anos de governo, o loteamento de cargos enfraqueceu o Estado. A generalização do fisiologismo demoliu o Congresso Nacional. Não existem mais partidos. A política ficou diminuída, alienada dos grandes temas nacionais. Nesse ambiente, o presidente determinou sozinho a candidata que deverá sucedê-lo, escolhendo uma pessoa que, se eleita, será porque ele quis. Intervém na sucessão em cada Estado, indicando, abençoando e vetando. Tudo isso porque é popular. Precisa, agora, do filme.
Embalado pelas pré-estreias, anunciou que "não há mais formadores de opinião no Brasil". Compreendi que, doravante, ele reserva para si, com exclusividade, esse papel. Os generais não ambicionaram tanto poder. A acusação mais branda que tenho recebido é a de que mudei de lado. Porém os que me acusam estão preparando uma campanha milionária para o ano que vem, baseada em cabos eleitorais remunerados e financiada por grandes grupos econômicos. Em quase todos os Estados, estarão juntos com os esquemas mais retrógrados da política brasileira. E o conteúdo de sua pregação, como o filme mostra, estará centrado no endeusamento de um líder.
Não há nada de emancipatório nisso. Perpetuar-se no poder tornou-se mais importante do que construir uma nação. Quem, afinal, mudou de lado? Aos que viram no texto uma agressão, peço desculpas. Nunca tive essa intenção. Meu artigo trata, antes de tudo, de relações humanas e é, antes de tudo, uma denúncia do círculo vicioso da extrema pobreza e da violência que oprime um sem-número de filhos do Brasil. Pois o Brasil não tem só um filho.
Reitero: o que escrevi está além da política. Recuso-me a pensar o nosso país enquadrado pela lógica da disputa eleitoral entre PT e PSDB. Mas, se quiserem privilegiar uma leitura política, que também é legítima, vejam o texto como um alerta contra a banalização do culto à personalidade com os instrumentos de poder da República. O imaginário nacional não pode ser sequestrado por ninguém, muito menos por um governante.
Alguns amigos disseram-me que, com o artigo, cometi um ato de imolação. Se isso for verdadeiro, terá sido por uma boa causa.

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Piratas da fé


Folha de S. Paulo - 02/12/2009

É muito fácil fundar uma igreja no Brasil. No último domingo, esta Folha publicou reportagem em que relatava como três de seus profissionais criaram a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio, com custo de R$ 418.
Ninguém seja maluco de participar de igreja de jornalista, mas, ironias à parte, com a sua nova doutrina, Hélio Schwartsman e seus dois "bispos" puderam fazer operações financeiras isentas de IR e IOF.
Pela lei, como qualquer outra, a Igreja Heliocêntrica está dispensada de pagar IPTU (imóveis urbanos), ITR (imóveis rurais), IPVA (veículos) e ISS (serviços). A Constituição concedeu imunidade tributária às igrejas como forma de proteger a liberdade de culto. Na prática, esse princípio vem sendo sistematicamente desvirtuado.
Um dos efeitos históricos dessa distorção, para falar do que importa, foi a consolidação de um novo grupo de milionários da fé, basicamente composto por pastores-empresários e pastores-políticos. Eles se valem do dinheiro obtido por meio da religião (o dízimo, não tributado) para alavancar atividades mercantis que deveriam estar sujeitas ao recolhimento de impostos.
Não há como decidir por princípio se uma igreja é "séria" ou "vigarista". Aos olhos do fiel, a sua igreja será sempre legítima. Para um ateu, todas têm o dom de iludir.
A questão aqui é outra: o pastor pode pregar para (ou enganar) seus fiéis à vontade; só não pode é usar a Bíblia para ludibriar a Constituição. Igrejas não podem ser biombo de práticas comerciais nem a fé pode ser pretexto para atos ilícitos.
Quando alguém extrai lucro de um estacionamento ao lado de um templo e não paga IPTU por isso, temos aí um pequeno delito. Quando o dinheiro dos fiéis está na origem de um conglomerado empresarial que tem como joia da coroa uma TV (concessão pública) avaliada em R$ 2 bilhões, então o problema é bem mais sério. E pior fica quando esses piratas do Senhor se tornam figuras respeitáveis da República com o respaldo do governo.

CADA VEZ MAIS IDIOTA

MARCOS SAWAYA JANK

Confrontação absurda


O Estado de S. Paulo - 02/12/2009
Cresce no País uma confrontação insana entre a agricultura e o meio ambiente, por conta de sucessivos e anacrônicos imbróglios legais que ignoram a evolução, a interdependência e o imenso potencial desses dois gigantes nacionais.
Acontece que a legislação ambiental brasileira é bastante avançada e de caráter mais preservacionista do que a de muitos países desenvolvidos. Além de o Brasil deter a segunda maior reserva florestal do mundo, perdendo apenas para a Rússia, nas últimas décadas houve um expressivo aumento das áreas protegidas pelo Estado, incluindo parques, reservas biológicas e áreas de preservação permanente, como as matas ciliares. O verdadeiro desafio é garantir a preservação das atuais florestas, ampliando a estrutura de fiscalização e definindo claramente os direitos de propriedade, portanto, eliminando a ilegalidade.
Na agricultura, o Brasil desenvolveu o melhor conjunto de tecnologias adaptadas à faixa tropical do planeta, tornando-se referência mundial em ganhos de produtividade. Exemplos são o hoje diversificado complexo de produção de alimentos, rações, fibras e bioenergia no Centro-Sul, a bem-sucedida integração lavoura-pecuária, o plantio direto (feito sobre as palhadas, sem revolver o solo) e o imenso potencial da agroenergia. Uma nova era em que culturas agrícolas tradicionais passam a produzir biocombustíveis, bioeletricidade e bioplásticos, contribuindo para a substituição do petróleo e a redução do aquecimento global.
Mas não faltam exemplos recentes de disputas irracionais entre agricultura e meio ambiente. O maior deles é a interpretação que vem sendo dada ao conceito de "reserva legal" previsto no Código Florestal. Criado nos anos 1930, esse conceito visava a preservar a quarta parte das florestas existentes na propriedade, num período de intenso crescimento agrícola, objetivando resguardar os recursos econômicos naturais, como a madeira, importante fonte de energia da época. Daí em diante, a legislação sobre a matéria mudou várias vezes, criando imensa confusão e insegurança jurídica. Basta dizer que entre 1996 e 2001 o governo editou e reeditou, por 67 meses consecutivos, uma medida provisória cuja redação era alterada praticamente a cada nova publicação. A partir de 2001, a medida provisória permaneceu inalterada e sem a necessária votação pelo Congresso Nacional, princípio fundamental do Estado democrático. Ou seja, a medida provisória tornou-se lei sem passar pelo Congresso.
Para piorar a situação, a referida medida provisória impõe ao produtor, retroativamente, a obrigação de recompor a vegetação nativa em 20% da área de cada propriedade agrícola na maioria do território nacional, 35% nos cerrados da Amazônia Legal e 80% na floresta amazônica.
Nos Estados com longa história de ocupação de seu território (Sul, Sudeste e Nordeste) não há mais remanescentes de vegetação nativa suficientes para atender aos 20% de reserva legal. Isso obriga os produtores a abandonar parte de suas áreas plantadas para nelas recomporem "ilhotas" de vegetação nativa dentro de cada propriedade. Trata-se de uma exigência que não encontra paralelo em nenhum país do planeta, até mesmo porque ela não faz nenhum sentido ambiental, econômico ou jurídico. A irracionalidade decorre do fato de que essas "ilhotas" jamais formarão ecossistemas integrados e reduzirão tremendamente a eficiência econômica das propriedades agrícolas.
A interpretação retroativa que vem sendo dada à reserva legal tem o potencial de comprometer 3,7 milhões de hectares de terras férteis cultivadas há mais de um século no território paulista, implicando perdas de receita de R$ 5,6 bilhões ao ano e aumentos exponenciais nos custos de produção e no preço da terra. Além disso, o imbróglio jurídico já está formado: sem a averbação da reserva legal em cada propriedade, renovações de licenciamento ambiental de operações agroindustriais não estão sendo autorizadas, linhas de crédito não estão saindo e registros de atos de transmissão, desmembramento e retificação de imóveis rurais vêm sendo negados.
Ações civis públicas vêm sendo distribuídas em série contra produtores rurais, com multas pesadíssimas e liminares confirmadas pelos tribunais estaduais. No mesmo passo, o Ministério Público vem pressionando os produtores rurais para a assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta, com cláusulas de abandono imediato de áreas produtivas, que comprometem a sobrevivência do negócio. Por fim, a partir do dia 11 deste mês de dezembro, o Decreto 6.514/08 passa a impor, a toda a agricultura brasileira, multas diárias da ordem de R$ 500 por hectare/dia pela falta da averbação da reserva legal, um valor desproporcional e claramente confiscatório.
Em suma, dependendo de como este assunto for encaminhado, estará em jogo a maior destruição de valor da história da agricultura brasileira, incomparavelmente superior aos prejuízos causados pelas persistentes barreiras tarifárias e não-tarifárias que temos enfrentado no exterior. É triste ver uma legislação anacrônica com tamanha capacidade de transferir renda, divisas e empregos para outros países, que certamente vão adorar essa modalidade surpreendente de autoflagelação que nos estamos impondo. Regras que ignoram que o conceito de "sustentabilidade" é, na sua essência, formado pela combinação inteligente de três fatores: eficiência econômica, responsabilidade ambiental e equidade social. Jamais deveríamos aceitar tamanha dicotomia entre crescimento agrícola e preservação ambiental, até porque nosso "gigante pela própria natureza" permite a realização de ambas de forma mais competente do que em qualquer outra região do planeta.

FERNANDO RODRIGUES

A insignificância de Brasília


Folha de S. Paulo - 02/12/2009

Se o mensalão do DEM ficar circunscrito aos políticos locais apanhados nos vídeos já apresentados, o impacto sobre a disputa presidencial de 2010 será zero ou muito perto disso.

Brasília é uma anomalia na organização geopolítica brasileira. Deveria ser só uma cidade administrativa no interior de Goiás. Aos poucos, ganhou todos os benefícios de um Estado. Tem três senadores, oito deputados federais e até uma espécie de Assembleia Legislativa, a quase inútil Câmara Legislativa.
A capital federal tem destaque na mídia por ser a sede dos três Poderes. Na prática, sua relevância como plataforma política é ínfima. Com 1,7 milhão de pessoas aptas a votar, responde por apenas 1,3% do eleitorado brasileiro.
Fosse o Piauí (1,7% dos eleitores brasileiros) o palco do mensalão do DEM, a visibilidade do escândalo tenderia a ser menor.
Um fato inescapável é Brasília ter sido inaugurada em 1960. Em 50 anos de existência, nunca produziu um único político de expressão nacional. Seu governador mais bem-sucedido talvez tenha sido Cristovam Buarque. Eleito pelo PT em 1994, popularizou o Bolsa Escola.
Civilizou o trânsito (motoristas respeitam a faixa de pedestres). Mesmo assim, não se reelegeu. Em 2006, candidato a presidente pelo PDT, teve 2,7% dos votos.
Do ponto de vista do Democratas, o partido já tem uma imagem depauperada. Rumará com mais rapidez para o oblívio, ampliando sua tucano-dependência -com poder reduzido na formação da chapa presidencial. Mas o tempo de TV para o PSDB continua garantido.
Tudo considerado, a insignificância política de Brasília minimiza o impacto do mensalão do DEM sobre a eleição presidencial. Exceto se o escândalo transbordar para outros Estados e houver aspersão de lama em políticos de maior calibre.
Uma hipótese ainda remota, embora não improvável.