quarta-feira, agosto 26, 2009

AUGUSTO NUNES

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A celebração da ignorância é um insulto aos pobres que estudam

26 de agosto de 2009

“Eu cheguei à Presidência da República mesmo sem ter um curso superior”, recitou Lula de novo a frase que começou como pedido de desculpas, virou justificativa, foi promovida a motivo de orgulho e acabou por transformar-se no refrão do hino à ignorância. ”Talvez até quando eu deixar a Presidência o Pró-Uni me dá uma colher-de-chá e eu possa até cursar uma universidade”, disse na discurseira de terça o único chefe de governo do mundo que não sabe escrever, detesta leituras e tem tanto conhecimentos gerais acumulados quanto um aluno do curso primário.

Desse perigo estão livres os professores e os bedéis. Lula evita livros e cadernos como o Superman evita a kriptonita. Político profissional há 30 anos, não estudou por que não quis. Tempo teve de sobra. Vai sobrar mais tempo ainda quando sair do Planalto. Mas também sobra preguiça. Além do mais, foi dispensado de aprender qualquer coisa pelos companheiros que sabem juntar sujeito e predicado ou multiplicar números com dois dígitos usando apenas o cérebro.

A lastimável formação escolar do chefe foi tratada como pecado venial até que o crítico literário Antonio Cândido ensinou que, dependendo do portador, ignorância é virtude. “Essa história de despreparo é uma bobagem”, decretou há dois anos, entre um ensaio e a leitura de um clássico, o professor da USP que não perdoava sequer cacófatos. ”Lula tem uma poderosa inteligência, e uma capacidade extraordinária de absorver qualquer fonte de ensinamento que existe em volta dele ─ viajando pelo país, conversando com o povo, convivendo com os intelectuais”.

Depois de 20 anos de convívio com o fenômeno, Antônio Cândido descobriu que existe pelo menos um doutor de nascença. ”Nunca vi Lula ser um papagaio de ninguém”, admirou-se. “Nunca vi Lula repetir o que ouviu. Ele tem uma grande capacidade de reelaborar o que aprende. E isso é muito importante num líder”. Passou a reelaborar o que aprende com tamanha desenvoltura que anda dando aulas a quem sabe

Em junho, numa entrevista à RBS, explicou por que a ministra Ellen Gracie fracassou na tentativa de conseguir o emprego no Exterior: não estudou tanto quanto deveria. “Mas ela é moça, ainda tem tempo”, consolou. Em julho, enquadrou os críticos do programa que produziu o sumiço dos miseráveis e dos famintos, além de promover milhões de pobres a brasileiros da classe média. ”Alguns dizem assim: o Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia e vai por aí afora”, decolou o exterminador de plurais.

” Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala ‘o Bolsa Família é pra deixá as pessoas preguiçosa porque quem recebe não quer mais trabalhá”. Quem discorda do presidente que ignora a existência da fronteira entre o Brasil e a Bolívia, reincidiu, ”é uma pessoa ignorante ou uma pessoa de má-fé ou uma pessoa que não conhece o povo brasileiro”. Povo é com ele, gabou-se outra vez nesta quarta-feira.

No meio da aula em São Bernardolição, recomendou o estudo de português. ”É muito importante para as crianças não falarem menaslaranjas, como eu”, lembrou. Mas não tão importante assim, ressalvou na frase seguinte: “Às vezes, o português correto as pessoas nem entendem. Entendem o menas que eu falo”.

Falso. Mesmo os que não se expressam corretamente entendem quem fala menos. Não falta inteligência ao povo. Falta escola. Falta educação. Falta gente letrada com disposição e coragem para corrigir adultos que foram pobres. Lula deixou de dizer menas quando alguém contou, faz anos, que a palavra não existe.

Poucas manifestações de elitismo são tão perversas quanto conceder aos filhos dos desvalidos o direito de nada saber até o fim da vida. Milhões de meninos mais pobres do que Lula foi enfrentaram carências inverossímeis para assimilar conhecimentos. Conseguiram. A celebração da ignorância é sobretudo um insulto aos pobres que estudam.

É também uma agressão aos homens que sabem. Num Brasil pelo avesso, os que se expressam corretamente logo pedirão licença aos cretinos e aos intelectuais lulistas para falar sem erros, e os que estudaram em Harvard terão de esconder o diploma no sótão. O elogio da cretinice foi longe demais. O país está exausto do paternalismo demagótico.

A boa formação intelectual não transforma um governante em estadista. Mas quem se orgulha da formação indigente e despreza o conhecimento não tem chance alguma de ser lembrado como bom presidente.

GOSTOSA


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MÔNICA BERGAMO

MUTIRÃO DA DILMA

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/08/09

A equipe da pré-campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT-RS) à Presidência está fazendo uma batelada de pesquisas qualitativas para testar a ministra. Eleitores de todo o país, de várias idades, escolaridades e níveis de renda, estão sendo convidados a se reunir em grupos para ver vídeos em que Dilma aparece discursando ou dando entrevistas. Os selecionados para as discussões são eleitores de Lula hoje indecisos e outros que já votaram tanto no PT quanto no PSDB.

CONTRAPESO
As pesquisas capturaram que Dilma "corre o risco" de ser vista como antipática e arrogante pelos eleitores - característica que poderia compensar com seu lado "técnico, racional, competente", diz um dos assessores que analisaram os primeiros resultados. Com exceção das pessoas de baixa escolaridade e renda, que "fecham" com Lula, o apoio do presidente a ela terá "importância secundária" na definição do voto, dizem os eleitores dos grupos.

UMBIGO
A equipe de Dilma também testou José Serra (PSDB-SP), seu provável adversário em 2010. Com imagem de bom administrador, ele teria um calcanhar de aquiles: a ligação umbilical com Fernando Henrique Cardoso, que tem rejeição alta.

SELO
Alívio: a pesquisa tem mostrado que a imagem de "mentirosa" que a oposição tenta pregar em Dilma não colou entre os eleitores dos grupos. FOI POR MEDO DE AVIÃO Que Marina Silva, que nada! O que interessa atualmente ao PV "é saber onde está o Belchior", diz o presidente nacional da legenda, José Luiz Penna. O cantor é filiado ao partido. "Quem sabe a gente não lance o Belchior para o Senado? Pelo menos assim ele não desaparecerá mais", acrescenta o dirigente. O cantor está desaparecido, sem dar notícias nem mesmo à família há dois anos.

QUEM MANDA
E o PV decide hoje se dará à senadora Marina Silva (AC) as dez cadeiras que ela pediu na comissão política de 21 pessoas que definirá as diretrizes do partido. A legenda ficaria com as outras 11. ALÔ, MAMÃE! Como forma de prevenção à gripe A (H1N1), a prefeitura contatou cerca de 80 mil grávidas que fazem pré-natal na rede pública de saúde da capital, em visitas domiciliares (44%), por telefone (22%) e durante consultas (34%), para dar dicas de higiene e precaução. As futuras mães que apresentaram sintomas foram encaminhadas para atendimento médico.

PARA....HIHIHIHI

MINEIRIM BESTA!

Um Mineiro está visitando o amigo carioca que sofreu um acidente de carro e que irá ficar,
temporariamente, de cama, e mora numa belíssima casa de dois andares, no Jardim Botânico.
De repente o acidentado diz:
- Eu deixei as minhas sandálias lá em cima no meu quarto. Você não quer ir lá pegar pra mim, por favor? Quebra essa, vai?
Então, o mineiro sobe a escada e vai até o quarto do amigo carioca.
Chegando lá, ele percebe que a porta do banheiro está se abrindo e as duas lindas filhas gêmeas do amigo, 18 aninhos recém completados, estão saindo, com apenas um robe suficientemente transparente para escancarar os tesouros que elas inocentemente deixaram à vista.
O cara, um mineirim com 30 anos de belzonte, não perde a chance:
- Oi meninas, foi seu pai que me pediu para subir e transar com vocês!
As duas olham-se incrédulas:
- Ele nunca iria dizer isso!
- É lógico que disse! - responde ele - Querem ver?
E, gritando para o amigo lá embaixo, pergunta:
- É pra pegar só uma ou as duas?
- CLAAROOOO QUE AS DUAS, POOORRRAAAAA !!!!

FORMA


MERVAL PEREIRA

Educação e salário, tudo a ver

O GLOBO - 26/08/09

A relação entre nível educacional e crescimento econômico, e a consequência desse processo no rendimento de cada cidadão, é um dos pontos mais importantes do livro “Educação básica no Brasil — construindo o país do futuro”, lançado recentemente pela editora Campus.

Escrito por diversos estudiosos da educação, o livro tem dois capítulos que analisam essa correlação.

O do educador Cláudio Moura Castro mostra que um cidadão que tenha o ensino fundamental ganha o dobro de outro sem escolaridade, e os que têm ensino médio completo recebem cerca de 1/3 a mais de quem possui apenas o fundamental.

Os que são graduados recebem 3,5 vezes mais do que os que só têm o ensino médio.

Os economistas Fernando Holanda Barbosa e Samuel Pessoa, ambos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas, mostram que cada ano de escolaridade aumenta a produtividade do trabalho nos Estados Unidos em cerca de 8%.

Segundo os pesquisadores, diferenciais de escolaridade são explicações fundamentais para a diferença de renda per capita entre o Brasil e vários países. A educação explica de 30% a 50% da desigualdade de renda no Brasil entre a década de 1970 e meados de 1990.

A partir da mudança de paradigma, nos últimos 15 anos, a educação tem tido, segundo os autores, “papel central” na redução da desigualdade. Os economistas chamam a atenção para o fato de que “os efeitos do atraso educacional extrapolam os limites das variáveis estritamente econômicas, como renda e distribuição de renda.

A favelização das grandes metrópoles e a explosão da criminalidade na década passada também estão associadas ao atraso da educação”.

O economista Fernando Veloso, da FGV, coordenador do livro com Fábio Giambiagi, Samuel Pessoa e Ricardo Henriques, com estudo das estatísticas do ensino brasileiro, mostra que falamos que foi universalizado o acesso ao ensino fundamental — 97% das crianças de 7 a 14 anos estão na escola —, mas, “se olharmos os dados da taxa de conclusão do ensino fundamental no Brasil em 2007 veremos que apenas 60% o concluíram, enquanto no ensino médio só 35%”.

Estamos usando o termo “universalizar” de maneira errada, pois ele geralmente indica conclusão, inclusive para a ONU. Na análise por faixa etária, Veloso mostra a evolução na proporção da população com pelo menos o ensino médio completo, mas também as deficiências, que ainda são maiores que os avanços.

No Brasil, entre 25 e 64 anos, a média é de 30% com pelo menos o ensino médio completo, e, quando se pega o pessoal mais velho, de 55 a 64, a taxa é de 11%, o que mostra que melhoramos com os mais jovens.

Mas na Coreia do Sul, ressalta Veloso, os cidadãos de 55 a 64 anos tinham média de 37% com o médio completo, e os de 25 a 34 já têm 97%. “Nessa faixa, a Coreia universalizou o ensino médio, e o Brasil está com 38%, ainda uma distância enorme”.

Num livro anterior, em artigo escrito em parceria com Sérgio Guimarães Ferreira, ele estava mais pessimista do que hoje.

Embora entre 1980 e 2000, tenha havido aumento expressivo da escolaridade média, de 3,1 para 4,9 anos de estudo, países de renda per capita similar à brasileira experimentaram significativos aumentos de escolaridade, de forma que a diferença entre o Brasil e eles se elevou ao longo do período.

Em 1960, os brasileiros tinham um nível de escolaridade um pouco maior que o dos mexicanos, mas, em 2000, estes tinham 2,3 anos de estudo a mais do que nós. A Índia também teve um crescimento expressivo.

Em 1960, a sua escolaridade média era inferior à do Brasil em 1,2 ano de estudo, enquanto em 2000 ela já era um pouco superior à brasileira.

Enquanto em 1960 a Coreia do Sul tinha uma escolaridade média superior à do Brasil em 1,4 ano de estudo, em 2000 essa diferença havia se elevado para quase seis anos.

Como o Brasil estagnou durante muito tempo, até mais ou menos início da década de 80, a diferença era enorme, analisa Veloso. Mas a continuidade de programas educacionais, e o surgimento de instrumentos para medição da qualidade do ensino e, consequentemente, para a solução dos problemas, fazem com que ele esteja um pouco mais esperançoso hoje.

Em relação à Coreia, Veloso destaca a qualidade do ensino, e aí talvez seja ainda mais gritante a diferença. Na tabela da Pisa de 2006, a Coreia é 4 e o Brasil é 54 ; a Coreia está em 1 e o Brasil 49 em leitura.

O parâmetro brasileiro poderia ser o Chile: de 25 a 34 anos, 64% completaram o ensino médio, e no Brasil apenas 38%.

O que fazer para melhorar a qualidade do ensino brasileiro, e ao mesmo tempo conseguir que a universalização signifique conclusão do curso? O programa de reformulação do sistema de ensino dos Estados Unidos, proposto pelo presidente Barack Obama, é um paradigma a ser seguido no Brasil. Propostas como pagamento de professores segundo o desempenho, já estão sendo adotadas em alguns estados, como São Paulo e Pernambuco, com o pagamento de bônus para as melhores escolas.

Outra forma sugerida é o estabelecimento de contratos de gestão entre o governo e as escolas que condicionem o repasse dos recursos ao cumprimento de metas de desempenho.

A quinta meta do programa “Todos pela Educação” é o “investimento em Educação ampliado e bem gerido”. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais mostram que o investimento direto em educação como um todo passou de 3,9% do PIB, em 2005, para 4,4% em 2006, chegando ao maior percentual dos últimos seis anos.

Na educação básica, o investimento foi de 3,2%, em 2005, para 3,7%, em 2006. O professor e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Ricardo Paes de Barros diz que “para alcançarmos a Meta 5 será necessário quadruplicar a velocidade com que o gasto público com educação vem aumentando no país”.

Na comparação com outros países, o Brasil investe na educação básica menos do que a Finlândia (4%), Suécia (4,5%) e Nova Zelândia (4,3%). No caso do investimento per capita, dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) de 2003 apontam que o Brasil investe nas séries iniciais do ensino fundamental quase a metade do que o México e quase três vezes menos que o Chile.

BRASÍLIA - DF

Duas éticas na Receita


Correio Braziliense - 26/08/2009


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não deixará pedra sobre pedra na Receita Federal. Continua sendo responsabilizado pela crise no órgão. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o ministro errou feio ao escolher Lina Vieira para substituir Jorge Rachid. Para consertar o estrago, Mantega substituirá todos os que não aceitarem o comando do novo secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, prestigiando o antigo grupo de Rachid.

É bom lembrar que a crise começou porque o grupo de Lina resolveu passar a limpo a contabilidade das maiores empresas do país, a começar pela Petrobras. É um caso clássico de choque entre a “ética das convicções” e a “ética da responsabilidade”, que sempre opõe os políticos à alta burocracia. De um lado, Guido Mantega e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), para os quais os objetivos de Lula são o que mais importa. De outro, a burocracia da Receita, com a responsabilidade de zelar pela legitimidade dos meios, a começar por princípios de equidade e impessoalidade na máquina arrecadadora. Por essa razão, a crise na Receita não acabará tão cedo.


Pluft// Alô, alô, fantasmas do Senado: começa amanhã o recadastramento de todos os servidores da Casa. O número de funcionários é desconhecido por conta de atos secretos, gatos na folha de pagamento e outros expedientes. Mas nada de pânico: o recadastramento pode ser feito pela internet.

Triplicou


O custo da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, será o triplo do que foi orçado, em 2006, segundo o gerente do projeto, Glauco Colepicolo Legatti, em depoimento à CPI da Petrobras no Senado. Ele negou superfaturamento ou sobrepreço pela Petrobras, mas admitiu que o custo da obra subiu de US$ 4 bilhões para
US$ 12 bilhões.

Cabresto


Argumento do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) para obter o apoio do PT a sua candidatura ao Senado: controla o quarto maior diretório do PMDB, com 52 delegados na convenção nacional. Será no encontro que o PMDB decidirá se os esforços do presidente Lula pelas alianças regionais serão suficientes para garantir o apoio da legenda à ministra Dilma Rousseff.

Retaliação


Maldade governista no blog Amigosdopresidentelula: “A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira viajou a serviço para Natal para participação no evento 200 anos da Alfândega Brasileira, em 19 de dezembro de 2008. Nesse dia, Dilma Rousseff estava no Rio de Janeiro, na sede da Petrobras, pela manhã, e de tarde, quando retornou a Brasília, Lina Vieira já havia viajado para Natal, por isso não houve encontro”. Como o evento ocorreu somente na segunda-feira, dia 22, segundo o blog, a ex-secretária viajou na sexta-feira, dia 19, e teria cobrado três diárias, incluindo o sábado e o domingo, indevidamente.

Calote



Segundo o presidente do Democratas, o deputado Rodrigo Maia (foto), 15 mil funcionários da extinta Varig estão impedidos de receber os direitos trabalhistas há mais de três anos por causa da intervenção do governo no fundo de pensão Aerus-Varig. O parlamentar fluminense culpa a Secretaria de Previdência Complementar, que desde então só libera 8% dos proventos aos aposentados.

Castelão


Sem partido desde que deixou o DEM durante o episódio do castelo, em fevereiro, o deputado Edmar Moreira (MG) assinou a ficha de filiação ao PR. Seu suplente, Carlos Alberto (DEM-MG) ainda tenta conseguir, no Tribunal Superior Eleitoral, o mandato de Moreira por infidelidade partidária.

Centralismo



A executiva nacional do PDT se reúne hoje em Brasília na tentativa de apaziguar os ânimos de seu diretório na Bahia, dividido entre o apoio ao PT do governador Jaques Wagner ou ao PMDB do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Presidente estadual do partido, o deputado Severiano Alves foi enquadrado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi (foto), e deve aderir à base de Wagner.


Foi/ O senador Flávio Arns entregará até amanhã na Justiça Eleitoral de Curitiba e no diretório municipal do PT a documentação pedindo seu desligamento do partido, bem como uma cópia para a executiva nacional petista. O PT terá 30 dias para pedir o mandato do dissidente, que ontem era cortejado pelo PV paranaense.

Certidão/ Derrotado por 10.479 votos — num colégio de 5,3 milhões de eleitores — na disputa para o governo do Paraná, em 2006, o senador Osmar Dias (PDT) será o ponta de lança na defesa da inclusão do voto impresso no projeto de minirreforma eleitoral. As cédulas de papel seriam usadas para aferir a precisão da contagem dos votos.

Malhação/ Apesar da carta em que pediu a permanência do líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não perdoou o petista por sua atuação na crise do Senado. O paulista foi alvo de críticas de Lula na reunião de anteontem com peemedebistas.

Memória/ A explosão da bomba na sede da OAB Nacional, no Rio de Janeiro, que vitimou a funcionária da entidade dona Lyda Monteiro, completará 29 anos amanhã. Na sala onde ocorreu o atentado terrorista funciona a sede do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), cujo presidente, Henrique Cláudio Maués, propôs ao presidente nacional da OAB, Cezar Britto, que o Conselho Federal da entidade se reúna uma vez por ano no local.

APAGÃO

FERNANDO RODRIGUES

Perdas e danos no PT

FOLHA DE S. PAULO - 26/08/09

Está em voga no PT uma profecia segundo a qual o partido sairá da eleição de 2010 com uma bancada maior na Câmara e no Senado. Não se trata de um disparate completo, a julgar pelo desempenho da sigla em outras disputas.

O PT sempre elegeu mais deputados a cada eleição até 2002, quando Lula chegou ao Planalto. Naquele ano, 91 petistas conquistaram cadeiras na Câmara. O número caiu para 83 quatro anos depois, na esteira do mensalão.

Essa queda registrada em 2006 não se repetirá em 2010, nos cálculos dos lulistas, por duas razões principais. Primeiro, porque os escândalos atuais têm octanagem menor do que o mensalão e seus dólares na cueca. Segundo, a lambança no Congresso está sendo sepultada com mais antecedência do que as estripulias de 2005 e 2006.

Não que o PT considere positivo o espetáculo no qual Lula deu os braços a José Sarney e a Fernando Collor. Há perdas contabilizadas. A principal delas é a incapacidade de o partido ampliar sua área de influência na sociedade. Por exemplo, ser majoritário entre os eleitores de classe média mais bem informada em centros urbanos.

Daí decorre o sintomático desânimo petista a respeito da possibilidade de vitória para o governo de São Paulo, em 2010. A dúvida interna é se o candidato do PT terá 30% ou 35% dos votos no Estado dominado por tucanos há mais de uma década. Eis aí uma explicação para Lula e seus estrategistas empurrarem Ciro Gomes com tanto vigor para solo bandeirante.

O PT parece se dar por satisfeito com a simpatia dos eleitores menos favorecidos, atendidos pelo Bolsa Família. Por essa razão, a sigla deve abrir mão de ter candidato próprio aos governos de vários Estados. A prioridade é fazer grandes bancadas nas Assembleias Legislativas e no Congresso. Tudo em nome do plano maior: ficar mais quatro anos no Planalto, com Dilma Rousseff.

PANORAMA POLÍTICO

Fogo no pré-sal

Ilimar Franco

O GLOBO - 26/08/09


O ministro Edison Lobão esteve no Rio em missão de paz, semana passada, e ontem à noite foi a Vitória.
Na noite de segunda-feira, o governador Sérgio Cabral (RJ) recebeu uma ligação do presidente Lula e ontem foi a vez do governador Paulo Hartung (ES). Cabral e Hartung (ES) avisaram que não irão a Brasília na cerimônia do pré-sal. Eles querem que os estados produtores recebam um percentual a mais da receita desse petróleo (40%). Na proposta do governo, a partilha será feita entre todos os estados, sem distinção.

A missão Lobão

Nas conversas com os governadores, o discurso de Lobão é o de que os estados produtores não vão perder. Argumentou que “30% do pré-sal já foram licitados pelas regras em vigor, favorecendo os estados produtores”.

Explicou que em 70% da área, não licitados, “é que a participação será de todos os estados, inclusive dos produtores”. Por fim, disse que projeto de lei criando o Fundo Soberano do petróleo passará pelo Congresso e que lá a proposta poderá sofrer mudanças

Temos os governadores dos maiores estados produtores (RJ e ES) e somos a maior bancada” — Henrique Alves, líder do PMDB (ES) na Câmara, dizendo à bancada que o partido vai indicar o relator da medida provisória que vai definir o marco regulatório do pré-sal

BAMBAMBÃ. Embarcou ontem para a França o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores). Fará palestra para os embaixadores da França no mundo sobre o tema "Agir para uma melhor governança mundial". Amorim vai defender a democratização dos organismos de governança global. Pela primeira vez, o governo francês convida para falar, nesta reunião anual, um chanceler de um país de fora da União Européia

Vanguarda

Quando o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), propôs a saída do Conselho de Ética, não foi ouvido. Em 28 de julho, disse: “Os conselhos de ética deixaram de ser sérios, e não faremos papel de babacas”. Ontem, a ficha caiu no Senado.

Cuca fresca

A audiência na Câmara sobre a redução da jornada de trabalho foi um Fla-Flu.

Fugindo à regra, a presidente da CNA, senadora Katia Abreu (DEM-TO), sugeriu negociar: “Proponho uma grande conciliação em prol dos brasileiros”.

PSDB e Lula: duas avaliações sobre 2010

O PSDB faz festa para as candidaturas de Marina Silva (PV) e de Ciro Gomes (PSB), e proclama o fim da eleição plebiscitária. Os tucanos também especulam sobre a estagnação de Dilma Rousseff e um plano B petista. Na conversa com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), o presidente Lula avaliou: 1. a oposição está hipervalorizando a Marina; 2. o discurso verde é mais forte nos eleitores de José Serra; 3. Dilma está num patamar competitivo; 4.

Ciro não fará campanha anti-governo; 5. O relevante é a queda gradativa do Serra. “Ele chegou a ter 46%, hoje não passa de 36%”, contou um conselheiro do presidente.

Quércia veta candidatura Skaf

O presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, não quer nem ouvir falar da candidatura do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para o governo estadual. “Só se for por outro partido, pelo PMDB, não”, disse Quércia.

Ele explica sua posição: “Temos um acordo em São Paulo com o PSDB. Nosso candidato a presidente é o (José) Serra, a governador o Aloysio (Nunes Ferreira) ou o (Geraldo) Alckmin. Devo concorrer ao Senado e a outra vaga é do PTB, do senador Romeu Tuma”.

PRESIDENTE da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), em defesa da votação da redução da jornada de trabalho: “O deputado pode decidir ficar com quem paga a eleição, os empresários; ou ficar com quem vota, os trabalhadores”.

NO LANÇAMENTO da candidatura de José Eduardo Dutra para a presidência do PT, ontem, houve farta distribuição da revista “Companheiro Delúbio”.

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes

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LOURDES SOLA

Crise política e reforma


O ESTADO DE SÃO PAULO - 26/08/09

"A democracia é duas coisas: uma maquinaria, ou seja, uma estrutura constitucional, e um universo de maquinistas que põe a máquina a funcionar... Minha visão é de que a democracia é ainda uma maquinaria decente que está amplamente transtornada e maltratada por seus atuais operadores" Sartori

Diante de mais uma conjuntura de incerteza, um espectro volta a nos rondar: revisão constitucional. Pode tomar várias formas, uma reforma tópica, parcial ou total, e responder a circunstâncias diversas. O universo de propositores varia e inclui parlamentares, juristas, OAB. É essa fluidez que torna difícil ao analista político decifrar sua razão de ser - diferentemente de Hamlet, que desde a primeira aparição soube a que vinha o espectro de seu pai.

Com a crise no Senado, o espectro volta a assombrar, sob nova roupagem: com propostas de um Congresso unicameral, na prática, a eliminação do Senado. Não chegam a pautar a agenda pública, mas obrigam a refletir sobre nossos impulsos revisionistas. Por duas razões. Uma é a singularidade da conjuntura atual, que evidencia de forma dramática as falhas do nosso sistema de representação. Combinaram-se as evidências de um Senado de costas para a opinião pública e a dominância, agora escancarada, do Executivo sobre o Legislativo. Sob esse prisma, sobram perguntas. Como remediar o grave déficit no sistema de contrapesos, indispensável para moderar o poder avassalador do Executivo - e da desenvoltura do presidente, fundada em altos índices de popularidade? Como superar o autismo de um Senado indiferente ao eleitorado, de cujos votos, em princípio, depende? O tema da reforma política deve ressurgir. Mas qual? Ou quais? Há outra razão para refletir sobre essas questões. Quando analisados em perspectiva regional, nossos impulsos revisionistas são uma versão soft do tipo de constitucionalismo vigente na América Latina. Num registro mais otimista, portanto, cabe perguntar: por que o Brasil sai bem na foto (embora o Chile saia melhor)? Convém saber quais são os anticorpos que nos protegem para estimulá-los e contra-arrestar os ataques oportunistas.

Descarto a hipótese de que nossa imunidade dependa de uma postura governamental coerente. A ambiguidade da nossa política externa reflete a de seus artífices em relação à questão democrática. A tarefa preliminar é identificar o animal novo que se tornou parte da paisagem regional e que caracterizo como "constitucionalismo iliberal". Sim, sei bem que soa como uma contradição nos termos - e é mesmo. Pois, do ângulo da teoria democrática e na experiência das democracias consolidadas, as Constituições se ancoram em dois pressupostos: devem capacitar o governo a governar e, portanto, a controlar os governados; mas o poder de governar é outorgado com base na premissa de que só é democrático o governo que "se controla a si mesmo". O sistema de contrapesos integrado pelos Poderes Legislativo e Judiciário é a característica definidora do constitucionalismo. Bem... mais lá do que cá.

O constitucionalismo iliberal é antes de tudo um híbrido. Seu ponto de partida é que o acesso ao poder se faz por meio de eleições - um critério de legitimação política de cepa liberal. A partir daí o modelo original sofre uma decantação. Destaco apenas três filtros: 1) O suposto de que uma Constituição é uma caixa de ferramentas que deve garantir antes de tudo a capacidade de governar - a governabilidade -, daí a prevalência do Executivo em detrimento dos contrapesos que o limitam. 2) A maquinaria pode ser atualizada e "modernizada" por seus operadores, quando portadores de "fins superiores". A operação mágica, aqui, consiste em pressupor que toda uma sociedade quer marchar para o mesmo fim. Isso permite eliminar do modelo original uma âncora fundamental, pois nele as Constituições só definem como as normas devem ser criadas para atingir determinados fins. 3) As preferências majoritárias da população, medidas em votos ou em popularidade, são idealizadas e erigidas à categoria de "vontade do povo soberano".

Chama a atenção a cilada autoritária inscrita nessa concepção de democracia, cuja lógica conduz seus operadores a congelar a vida política pela incessante escritura de Constituições. Por um lado, as preferências do eleitorado e da opinião pública variam, pois dependem das condições de concorrência eleitoral. Onde ela existe, a vontade concreta do "povo soberano" é volátil e pode estar dividida. Por outro, tanto a "capacidade de governar" quanto a definição de "fins superiores" encontram outro limite incômodo: a participação política. Quando livre, ela expõe a diversidade dos fins que existem e se contrapõem em toda sociedade complexa. Assim, para continuar erigindo um eleitorado concreto em "vontade do povo soberano" os operadores terão de domesticar os dois motores básicos da democracia: concorrência eleitoral e participação política. A solução é a constitucionalização da vida política (outra contradição nos termos). Seu complemento natural é a desqualificação do terceiro elemento perturbador, a liberdade de imprensa, pois só ela pode atenuar um problema inerente à democracia de massa: quanto o eleitorado e a opinião pública sabem dos assuntos de interesse público?

Quais são os anticorpos? A concorrência eleitoral é irreversível. O sistema de Justiça atua como um contrapeso. A imprensa é competitiva em nível nacional (mas não local). O setor privado dinâmico, diversificado, é um estabilizador, pois é avesso aos excessos de experimentação política. Os riscos? Um Executivo avassalador, a desqualificação da imprensa e o ativismo do presidente, que maximiza os déficits no sistema de representação. Outro risco, dramático: a domesticação de um dos motores da democracia, a participação política, pela incorporação dos interesses organizados e dos movimentos sociais às estruturas do Estado.

Lourdes Sola, professora da USP, ex-presidente da Associação Internacional de Ciência Política, é diretora do Global Development Network, da International Institute for Democracy e do Conselho Internacional de Ciências Sociais

ALVOROÇO NA RECEITA

EDITORIAL

FOLHA DE S. PAULO - 26/8/2009

Tratada com hipocrisia no governo e na oposição, passagem pelo fisco de grupo sindical retrata politização lamentável

NAUFRAGOU , não sem estardalhaço, a primeira tentativa do governo Lula de aparelhar a Receita Federal. O grupo de sindicalistas, muitos próximos do petismo, que o ministro Guido Mantega promoveu em agosto de 2008, no lugar de uma gestão que considerava vinculada ao tucanato, escapou ao controle do Palácio do Planalto.
A criatura ameaçou o criador, paradoxalmente, quando ela começou a aplicar conhecidas fórmulas de aparelhamento esquerdista. A ocupação sindical, respaldada pelo PT, estendeu-se por praticamente todos os cargos de confiança da Receita. Delegados, as autoridades fiscais mais próximas dos municípios, passaram a ser escolhidos com base num confuso processo de eleições e assembleias.
A queda na arrecadação, num contexto de crise econômica e de desonerações fiscais promovidas pela administração federal, despertou, dentro do governo, a primeira onda de insatisfação contra a nova orientação do fisco. Empresas com bom trânsito no Planalto reclamaram de algumas mudanças de postos e da disposição anunciada de concentrar o foco da fiscalização em "grandes contribuintes".
O choque com a Petrobras -a estatal acusada pelo time da então secretária Lina Vieira de valer-se de manobras contábeis para deixar de recolher R$ 4 bilhões ao fisco- foi a gota d"água.
Lula mandou interromper o experimento e demitiu sumariamente a secretária. Mas a história, como se sabe, não acabou aí. De saída, os insatisfeitos ameaçaram o governo: se o substituto viesse de fora da facção, haveria debandada, em "solidariedade", nos postos-chave da Receita.
O governo se dobrou à ameaça e nomeou Otacílio Cartaxo, até então da mais estreita confiança de Lina Vieira, na tentativa de serenar os ânimos. Mas a acusação, feita por Vieira nesta Folha, de que recebera da ministra Dilma Rousseff um pedido para "agilizar" processo contra familiares de José Sarney complicou as coisas. Era preciso proteger a candidata de Lula, e uma troca de cargos mais profunda começou a ser ensaiada na Receita.
Em paralelo, o Planalto "convenceu" Cartaxo e o efetivou no posto. No Congresso, o secretário recuou das críticas à Petrobras; internamente, abriu alas para o expurgo no órgão, acalentado pelo núcleo do governo. Foi a senha para a debandada espalhafatosa, anteontem, de 12 autoridades fazendárias leais ao grupo sindical, protesto que se alastrou nesta terça, atingindo dezenas de cargos de confiança.
Salta aos olhos a hipocrisia na exploração política do assunto. A oposição, que condenou a ascensão de Lina Vieira por representar um projeto de aparelhamento do fisco, agora trata os sindicalistas defenestrados como heróis do bem público. O governo age como se não tivesse sido o patrocinador do aparelhamento e, cinicamente, assesta sua poderosa máquina de macular reputações contra a ex-secretária.
Mas a pior consequência de todo esse episódio foi a lamentável politização de um órgão da importância da Receita. Desfere-se um golpe contra uma instituição sobre a qual não deveria pesar nenhum indício de atuação enviesada ou manipulação partidária. Haverá sequelas.

GOSTOSA


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VINÍCIUS TORRES FREIRE

Odor de santidade


Folha de S. Paulo - 26/08/2009

Para oposição, Lina passou de "sindicalista" a "mártir'; para o governo, de "fiscal do grande capital" a "inepta ressentida"

NÃO FAZ MUITO tempo, Lina Vieira era a madrinha do assalto da "república sindicalista" aos postos-chave da Receita Federal. O tucanismo, na política e na mídia, e a oposição em geral estrilavam contra Lina, capataz de mais uma onda de "politização de um órgão técnico" no governo Lula.
"Meses depois...", como dizem aqueles letreiros de novela, Lina largou uma casca de banana no meio do caminho de Dilma Rousseff, que nela pisou e escorregou, afoita e esbaforida na manhã ainda de sua caminhada planaltina -para o Planalto. Então, a mesma torcida que espinafrava a ex-secretária da Receita faz dela uma espécie de mártir do serviço público, demitida em prejuízo do rigor tributário, pois Lina teria caído por multar demais grandes empresas e contrariar outros interesses, dentro e fora do governo.
Para o governo e o governismo, a nomeação de Lina representava, enfim, a mudança de um "esquema viciado" de poder, que predominaria na Receita Federal desde FHC. Agora, a ex-secretária da Receita não passa de uma inepta que não soube tocar as reformas pautadas pelo governo, que trocou as mãos pelos pés ao lidar com os casos da família Sarney e da Petrobras (empresa que "devemos amar", diz o governo), que cai atirando contra a premiê de Lula por ser uma tresloucada ressentida.
Mas não se sabe quase nada do que se passou na gestão Lina Vieira.
Não é possível, por ora, dizer que aquele banco, aquela montadora e aquela siderúrgica, supostamente multadas ou contrariadas pela Receita, tiveram algum papel na queda de Lina. Não se conhecem bem os lados e os motivos do tiroteio interno da Receita, que tem quase tantos partidos como a Polícia Federal.
Se o Congresso não fosse esse contubérnio de desclassificados ou, quando muito, de promotores da chacrinha politiqueira, poderíamos vir a saber algo. Mas a oposição, na falta de programa de oposição ao lulismo, tira apenas casquinhas de banana da infinita capacidade do lulismo de malversar a República.
Sabe-se apenas e mais uma vez que o indo e vindo da cara-de-pau de oposição e governo é infinito. Depois da transmutação da imagem de Lina, sobreveio a da senadora Marina Silva que, de "santa verde", "indiazinha", madrinha do boitatá, do curupira e defensora do reacionarismo ambiental, entre outros insultos (de governo e oposição, do DEM em especial), tornou-se "santa ética" e, por contraste, imagem viva da podreira política do PT, para alegria hipócrita da maioria da oposição.
Oposição que acordou apenas ontem, a seis dias da festa do pré-sal de Lula, para a necessidade de submeter a mudança das leis do petróleo a debates públicos, leis que o governo Lula quer aprovar com urgência suspeitíssima. Mas o que esperar de uma oposição, PSDB, DEM e cia., que fala contra a "gastança" de Lula e aprova todos os aumento de gastos com servidores propostos pelo lulismo? Que aprova sem piar o desbaratamento da reforma previdenciária de FHC (votando a indexação das aposentadorias do INSS etc.)? Que faz biquinho contra o estatismo e aprova o aumento da dívida pública a fim de dar fundos ao BNDES? Que faz lobby para que o BNDES ajude empresas amigas trumbicadas ou em processo "fusões & aquisições"?

COISAS DA POLÍTICA

A tortura, a fé e o Estado

Mauro Santayana

JORNAL DO BRASIL - 26/08/09

A Grécia, que descobriu a lógica e exaltou a ética como a essência do estado e da política, executava os condenados à morte atando-os a tábuas expostas ao sol. Ali, sob a vigilância de guardas, sem água e sem comida, dessecavam-se até o fim. Antes, na Babilônia, prisioneiros eram colocados no oco de estátuas de bronze, sob as quais ateavam fogo. Versão menos estética foi autorizada pelos invasores norte-americanos a seus aliados afegãos: entalar os presumíveis talibãs em contêineres, para que fossem asfixiados e assados, sob o sol do deserto.

Na Inquisição, os torturadores iam além do Estado: diziam agir em nome de Deus. Matar em nome de Deus é o mais terrível dos paradoxos: se Ele é onipotente e senhor de todos os destinos, não necessita que o homem, sua criatura, venha a defendê-lo. É em nome de Deus, do Estado, de uma ideologia, que alguns grupos humanos alugam torturadores e assassinos.

O presidente Obama está em uma esquina do labirinto. O procurador-geral, Eric Holder Jr., foi além do chefe de governo, ao nomear John Durham procurador especial, a fim de investigar os novos casos de tortura, revelados pelo diretor-geral da CIA, Leon Panetta. Obama tivera antes a iniciativa de retirar da agência a tarefa de interrogar “terroristas”, atribuindo-a ao FBI, sob a superintendência de um grupo de sua inteira confiança. Os republicanos, sob a liderança de Dick Cheney, acusam-no de ser “frouxo” na defesa da segurança do povo norte-americano, e exaltam a política dura de Bush. Soube-se também – por Leon Panetta – que agentes da CIA, e matadores contratados, gastaram milhões de dólares a fim de caçar e eliminar “terroristas” em todos os lugares do mundo. Quando Panetta diz que os resultados foram inexpressivos, convém saber em que julgam que falharam: se mataram menos do que pretendiam, ou se assassinaram ao acaso. Se, na Colômbia, os “falsos positivos”, inocentes recolhidos de forma aleatória, mortos e sepultados clandestinamente, serviram para gratificar militares criminosos, o mesmo procedimento é esperado de empresas privadas de segurança, como a Blackwater.

A CIA sempre procurou mercenários para o dirt job, o trabalho sujo de assassinar os que resistem contra o imperialismo americano. Nem sempre, os contratados são mais “eficientes” do que seus próprios agentes. Como narra – entre outros casos – Tim Weiner, em seu excelente estudo sobre a CIA (Legado de cinzas, edição brasileira da Record), a agência, mediante a máfia, entregou a Tony Varona, o principal de seus agentes em Havana, milhares de dólares e um frasco de veneno, a fim de liquidar Fidel Castro. Varona passou-o ao empregado da sorveteria, a fim de ser misturado ao sorvete a ser servido ao líder cubano. Semanas mais tarde, os homens da segurança cubana encontraram o veneno congelado, em um dos refrigeradores da sorveteria. O presidente que aprovou a operação foi o louvado John Kennedy, que, em seguida, intensificaria a guerra contra o Vietnã.

Será difícil aos norte-americanos descobrir que o maior inimigo está em sua atitude diante do mundo. Eles criam seus inimigos externos, quando esses escasseiam, e constroem conspirações para manter seus cidadãos permanentemente amedrontados, dispostos a reagir sem lucidez. A maioria dos eleitores de Obama o escolheu com a esperança de que a sua política de paz recuperasse o prestígio americano no mundo. Se faltar ao presidente o apoio de seu povo agora, no caso da CIA, Obama estará condenado ao malogro.

Há muitos mistérios na História dos Estados Unidos, ainda não desvendados. Entre os mais recentes, há o do assassinato de Kennedy. E, mesmo com a confissão de Timothy Mc Veigh, permanecem dúvidas sobre a explosão do Edifício Federal de Oklahoma, em 1995. Ainda que Bin Laden tenha aplaudido o atentado de 11 de Setembro, restam coisas estranhas a serem esclarecidas. A mais inquietante delas é a falha dos serviços de monitoramento aéreo em detectar o desvio de três aviões de sua rota, a tempo de, pelo menos, tentar forçá-los a aterrissar. Enfim, sendo o mundo, em si mesmo, um mistério, é natural que a vida seja uma sucessão de mistérios. Alguma coisa é certa: todos os povos que se contaminaram pelo espírito de cruzada e pela ambição de domínio acabaram vencidos pela História.

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ELIO GASPARI

Os "12 da Receita" preferiram ir embora


Folha de S. Paulo - 26/08/2009

Planalto gasta em chocolates e sorvetes do Aerolula o valor da preservação da memória anual de uma câmera

O GABINETE de Segurança Institucional, como a Receita Federal, serve ao Estado, não ao governo. Pois de lá veio a informação de que a cada 30 dias o sistema de monitoramento da circulação de pessoas pelo Palácio do Planalto apaga as imagens gravadas pelas câmeras colocadas nos seus corredores. Em benefício do GSI, admita-se que isso é verdade. Nesse caso, trata-se de um exemplo de incompetência ou de desinteresse pela preservação do que acontece na sede do governo. Indica que há mais interesse em apagar a memória do que lá acontece do que em preservá-la.
A preocupação com a capacidade de armazenamento de arquivos digitais é coisa de quem tem mais de 50 anos e há pelo menos dez não lê sobre o assunto. No século passado, para economizar espaço em seu arquivos, a Nasa apagou o vídeo da chegada de Neil Armstrong na Lua, mas as gravações estavam em fitas. Hoje o material caberia num iPod.
O GSI tem dezenas de câmeras espalhadas pelo Planalto. Supondo-se que elas sejam acionadas ao detectar movimentos e gravem 15 quadros por segundo, sua memória, comprimida, armazena 156 gigabytes por mês, ou 1,8 terabytes por ano. Parece muita coisa, mas uma caixinha capaz de guardar tudo isso sai por apenas US$ 200 na loja newegg.com. (Esse foi o custo dos chocolates e sorvetes colocado no Aerolula num de seus voos para os Estados Unidos.)
Admitindo-se que uma vigilância seletiva exija pelo menos 50 câmeras, a despesa vai para US$ 10 mil, ou R$ 19 mil. Em termos de segurança, trata-se de um cascalho, equivale ao custo anual de três cachorros treinados para farejar explosivos a serviço da Casa Branca. Na contabilidade dos companheiros do Planalto, a despesa cobre três meses de gastos do cartão corporativo de um agente a serviço de um familiar de Nosso Guia em 2007.
A explicação do Gabinete de Segurança Institucional decorreu de um pedido do deputado Ronaldo Caiado. Ele queria todos os registros de novembro e dezembro de 2008 para conferir se a secretária da Receita Federal, Lina Vieira, estivera no gabinete da ministra Dilma Rousseff. A solicitação era absurda, pois nenhum governo deve entregar todos os seus vídeos a curiosos. O GSI teria sólidos motivos para dizer que não atenderia à solicitação, em nome da segurança do Estado.
O Estado é aquela instituição a que serve a cúpula demissionária da Receita Federal. Doze servidores que ocupavam cargos cobiçados por empresários poderosos, ministros e parlamentares da base do governo, preferiram deixar as cadeiras, retornando ao chão de suas repartições. Nenhum deles suspendeu o serviço. Devolver cargo de confiança está mais para sacrifício do que para rebelião. Eles defendem o fortalecimento da instituição. (Vale lembrar que 2010 será um ano de eleições gerais.) Numa época em que o Planalto prefere se desmoralizar nas cavalariças do Senado, esses servidores preferiram defender seus nomes e os interesses do Estado.
Há os que saem, como os "12 da Receita", Marina Silva e Flávio Arns. Há os que, irrevogavelmente, ficam, como o senador Aloizio Mercadante. A letra do samba imortalizado por Jamelão mudou de significado. Ele dizia que "quem samba fica, quem não samba vai embora". Nosso Guia preside um governo onde é preferível não sambar.

CLÓVIS ROSSI

Brasil vê bases como irreversíveis, mas tenta reaproximar vizinhos

Folha - 26/08/09

O governo brasileiro já dá como certo que a cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), na sexta-feira em Bariloche, não provocará a reversão do acordo Colômbia/EUA para o uso de bases na Colômbia por militares americanos.
A reversão era o objetivo não explicitado da cúpula. Para a Venezuela, continua sendo, como se vê da seguinte declaração de seu chanceler, Nicolás Maduro: "Esperamos que da cúpula de Bariloche surjam importantes conclusões que permitam garantir ao continente sul-americano que as bases de paz se multiplicarão e que as bases militares dos EUA comecem um processo de reversão".
Se não haverá a reversão, quer dizer que a cúpula é um fracasso pré-anunciado? Não necessariamente.
Primeiro porque era absolutamente irrealista esperar a reversão. No mesmo dia em que anunciou a disposição do presidente Álvaro Uribe de participar do encontro, a Chancelaria colombiana já avisava que não condicionava o acordo com os EUA aos resultados da cúpula.
Segundo porque Bariloche pode ser o palco para começar a fechar a mais grave ferida aberta na pele da união sul-americana, que é o confronto Equador/Colômbia. Quito rompeu relações com Bogotá depois do bombardeio de um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano, no ano passado.
No périplo que encerraram ontem pelas duas capitais, Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, encontraram, na versão de Marco Aurélio, "sangue doce" de parte a parte para "desatar o nó bilateral".
De fato, somando o que autoridades equatorianas e colombianas disseram aos dois brasileiros ao que a Folha ouviu na Chancelaria colombiana, parece haver espaço para ao menos iniciar a reaproximação.

Ponto a ponto:
1 - Extraterritorialidade - É a exigência equatoriana de que a Colômbia renuncie definitivamente a perseguir os terroristas das Farc em território de outros países. Marco Aurélio encontrou boa disposição entre os colombianos para atender o pedido.
2 - Combate às Farc - Os colombianos, sem mencionar nomes de países, queixam-se de que os vizinhos não colaboram no combate ao narcoterrorismo representado pelas Farc. É uma queixa que se dirige tanto à Venezuela como ao Equador.
Mas os equatorianos exibiram a Jobim e Marco Aurélio "dados muito significativos" sobre a repressão ao pessoal das Farc que cruza a fronteira.
Além disso, prometeram que processarão judicialmente todos os equatorianos acusados de vinculação com as Farc, inclusive pessoas que participaram da campanha eleitoral do presidente Rafael Correa.
3 - O caso Juan Manuel Santos - É o ex-ministro colombiano da Defesa, eventual candidato à sucessão de Uribe e o principal responsável pela repressão às Farc. A Chancelaria colombiana não aceita que o Equador queira processá-lo por conta do ataque ao acampamento das Farc.
Os equatorianos disseram aos brasileiros que o caso foi iniciado pelo Poder Judiciário, sem qualquer subordinação ao Executivo.
Resolver a pendência Equador/Colômbia é um passo no sentido de reafirmar que "nada é mais importante que a Unasul. Ela tem prioridade sobre qualquer outra questão", como diz Marco Aurélio.
Sem negar que a questão das bases continuará causando "desconforto" ao governo brasileiro, o assessor de Lula não deixa de dar relevo ao que Colômbia e EUA apontam como único objetivo do acordo entre eles (combate ao narcotráfico e ao terrorismo, umbilicalmente ligados): "O narcotráfico é um inimigo fundamental. Não pode pesar nenhuma suspeição sobre nenhum país de leniência no combate a ele".

BIGODES


ROBERTO DAMATTA

Você não vale nada, mas eu gosto de você!


O Globo - 26/08/2009

Toda novela diz muito. A de Gloria Perez, “Caminho das Índias”, tem uma música que é a mais perfeita fórmula para este Brasil que nos irrita, mas enreda e que, por isso mesmo e apesar de tudo, jamais tiramos da cabeça e do coração. Quando a Argentina chega ao auge de uma crise, eles largam o país afirmando que a grande nação do tango é “una mierda!” Nós, no período da hiperinflação, da moratória, do sequestro da poupança, do mensalão e das grandes roubalheiras, rasgávamos nossos passaportes e decidíamos ficar. Tal como os personagens da novela — o guarda de trânsito Abel, marido da traidora Norminha — nós tínhamos que esperar “para ver no que dava”. Para termos certeza de que o Brasil era mesmo um país sem solução; ou para sentirmos o dragão inflacionário nos devorar. Vivíamos ao pé da letra, a letra da música do Dorgival Dantas, gravada por Calcinha Preta, que registra graficamente o drama entre Norminha e Abel: “Você não vale nada, mas eu gosto de você.


(Mas) Tudo o que eu queria era saber por quê, tudo o que eu queria era saber por quê!” Aí está, numa fórmula popular e abstrata, o que os grandes interpretes do Brasil — Sílvio Romero, Nina Rodrigues, Paulo Prado, Euclides da Cunha, Oliveira Viana, Gilberto Freyre, SérGilgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Raymundo Faoro, Florestan Fernandes, Vianna Moog, Celso Furtado e quem mais você quiser — tentaram explicar ou compreender: as razões pelas quais este país tão erradamente construído (de nobres, escravos e capitalistas sem competição, impostos e mercado), tão malformado por “raças inferiores”, tão desprovido de elites honradas e de estruturas legais, financeiras e de um economia e uma vida política capazes de gerar equidade e honestidade; tão afeito a éticas anti-igualitárias como a da condescendência, do nepotismo e da malandragem, não se autodestruía ou inspirava somente ódio, mas interpolava, entre o “você não vale nada, mas eu gosto de você”, essa cláusula de todas as redenções, esse arrebatador, porque paradoxal e compassivo: “Tudo o que eu queria era saber por quê; tudo o que eu queria era saber por quê!” Sim, porque, enquanto houver o desejo de compreender o elo entre o traidor e o traído, enquanto existir a busca para as razões do comportamento de uma Norma sem normas (ou limites) e o puro pastor Abel (guarda de trânsito) que a deixou viver sem essa consciência de fronteiras, fonte de todas as sinceridades e foco indispensável de uma vida honesta, há que se ter consciência do que já experimentamos e realizamos. Refiro-me ao fato concreto de livrar o Brasil de alguns dos seus males ditos crônicos e seculares. Não foi o que fizemos quando, por exemplo, o tiramos da escravidão e do autoritarismo dos militares? Não foi o que realizamos quando, com o Plano Real, liquidamos o invencível dragão inflacionário? E não é o que hoje experimentamos neste governo do PT e do Lula que seria diferente, ideológico; que não roubava e deixava roubar; mas no qual vivemos uma extraordinária convergência não só de políticas econômicas, mas de estilos de governar no qual as coalizões espúrias e as ambições pessoais, a mentira e a mendacidade se repetem? A desgraça é que o Brasil, como a Norminha, tem muitas faces.

Há a que se livrou da hiperinflação com mais democracia, e há também a que corre o risco de liquidar-se no neocaudilhismo com a destruição de um partido ideológico, o PT, justo pelo seu líder mais importante, o Lula, na sua sofreguidão de fazer um sucessor. Eu não tenho a menor simpatia pelo radicalismo petista, mas estimo instituições. Tenho certeza de que o Brasil revela uma enorme carência de equilíbrio entre personalidades e valores internalizados indispensáveis ao seu bem-estar social.

Entre nós, basta um sujeito virar o “cara” para ele usar o execrável “Você sabe com quem está falando?” que, como eu (e não Gil berto Freyre, Caio Prado Jr ou Sérgio Buarque de Holanda) mostrei há trinta anos, coloca de quarentena as reflexões mais inocentes sobre a implantação da “cidadania” moderna, inseparável do liberalismo. É necessário fazer como os estudiosos do Brasil que não o abandonaram à sua sorte de país errado ou falido, mas amorosamente procuraram saber onde estava o elo entre o enganado e o enganador. O amor, a esperança e a eventual transformação estão na tentativa de saber por quê.

A beleza do laço entre Abel e Norminha reside no fato de que eles sabem que só se muda o que se ama. A tese do quanto pior melhor, que tanto animou a nossa esquerda, não funciona porque o conserto (ou a cura) é, entre os humanos, o limite. Não se trata somente de apontar a mendacidade do governo ou de enterrar o senador Mercadante. Não! É preciso descobrir, como manda o Dorgival, o porquê desse nosso amor por um tipo de poder que faculta a hipocrisia, a chantagem emocional, a roubalheira, a incúria administrativa e todos esses outros monstros que conhecemos tão bem. Se esses caras não valem mesmo nada, não basta execrá-los. É preciso saber por que nós — estão aí as estatísticas — os amamos tão apaixonadamente.

TODA MÍDIA

Até segunda, confusão

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/08/09

No alto do UOL e da Reuters Brasil, ao longo do dia, "Definição sobre exploração do pré-sal sai segunda, diz Lula". Porém no destaque do G1, portal da Globo, "Eu errei, diz Lula sobre valor destinado à União". Da Folha Online, "Após errar, Lula constrange Aloizio Mercadante e menciona correção pelo Twitter". Até ele faz piada com a renúncia "irrevogável".
Sobre o marco regulatório, a Reuters despachou e foi a notícia de maior repercussão sobre Brasil no Google News, ao longo do dia, que o "Governo avalia se cobra royalties no pré-sal", foco das divergências. Em "exclusiva", o ministro de Energia declarou que, "se houver cobrança, todos os Estados receberiam os recursos, não apenas os produtores", mas para tanto será preciso mais um projeto de lei, o quarto.

ELDORADO PETROLEIRO
Sob o título "Poço no Brasil põe Shell em boa posição" (spot), o "Wall Street Journal" deu longa reportagem anunciando que a "Royal Dutch Shell vai oficialmente se juntar hoje [ontem] a um grupo seleto de multinacionais que extraem petróleo no Brasil e espera que o projeto", no campo Parque das Conchas, na Bacia de Campos, "sirva de porta de entrada para uma das mais cobiçadas reservas do mundo", o pré-sal. O "Valor" deu na submanchete, "Pré-sal, um Eldorado para multinacionais".
O mesmo "Valor" informou que "algumas companhias petroleiras", convidadas para a cerimônia do pré-sal na segunda, "podem faltar". Estão "irritadas" por não terem participado da discussão do marco regulatório.

A EXXON É VERDE?
A revista "Forbes" anunciou a Exxon como "a empresa verde do ano", na capa, por sua aposta em gás natural no Qatar . Mas sites de mídia como o CJR já questionam, dizendo não passar de "window dressing", exposição enganosa

OUTRAS MARAVILHAS
Já vem de algumas semanas, andou até pelo site do "New York Times", e voltou ontem às agências uma votação mundial das sete maravilhas naturais. Entre os concorrentes estão, do Brasil, junto com outros, a floresta amazônica e as cataratas do Iguaçu. Também entre os pré-selecionados no painel chefiado por um ex-presidente da Unesco, o mar Morto, que precisou de entendimento entre Israel e a Autoridade Palestina, o Grand Canyon, a Grande Barreira de Coral (Austrália) e o Vesúvio.
A escolha é realizada no site New 7 Wonders, de um "aventureiro suíço", e só deve terminar no ano que vem, quando se espera que atinja um bilhão de votos.

DE VOLTA AOS JUROS
Na primeira página do "Financial Times", "Israel eleva as taxas de juros", com seu banco central, dirigido por Stanley Fischer, sendo "o primeiro" pós-crise.
No mesmo "FT", a coluna Lex alerta que o movimento de Israel, "deixando a ordem unida", poderá ser seguido por bancos centrais de outros países de "leve recuperação", listando a Noruega, a Coreia do Sul e a Austrália.

DOS EUA AOS BRICS
Ontem Obama indicou Ben Bernanke para novo mandato no BC americano -e o "Wall Street Journal" postou, logo abaixo na home page, como o "Dólar vem de forma estável perdendo influência".
Avisa que "a economia dos EUA pode estar dando sinais de recuperação, mas o futuro do dólar segue em questão". E ouve investidores privados "cada vez mais confortáveis" nos quatro Brics.

TELES NOVAS?
Enquanto os portais Terra, da Telefônica, e iG, da Oi, seguiam passo a passo as notícias de "Lina e Dilma", o portal, G1, da Globo, mudou sua manchete subitamente para "Aneel aprova internet e TV por assinatura via rede de energia". A agência de energia liberou "distribuidoras" para a concorrência com as teles.

"CORREÇÃO"
A Reuters despachou, "Pênis de girafa de Lego é roubado na Alemanha", de manhã. À tarde, novo despacho "informa que a parte roubada foi a cauda"