sexta-feira, junho 26, 2009

BRASÍLIA - DF

Superávit zero em 2010


Correio Braziliense - 26/06/2009


Acabou o tripé do “mais do mesmo” da política econômica: meta de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao ministro do
Planejamento, PauloBernardo, que garanta os recursos necessários aos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principalmente em infraestrutura. E não abre mão dos recursos destinados aos programas Minha Casa, Minha Vida e Bolsa-Família. A ordem é trabalhar com a meta de superávit fiscal zero na nova Lei de Diretrizes Orçamentárias, que o Congresso precisa aprovar antes de entrar em recesso, em julho.


O governo já havia reduzido a meta de superávit fiscal de 3,8% do
Orçamento da União de 2009 para 2,51%, por causa da crise econômica. Agora, com a queda da arrecadação, essa previsão não será alcançada. E a meta de 3,3% projetada para 2010 e 2011 virou puro delírio. Lula não está nem um pouco preocupado com isso. Mira os índices de atividade industrial e o nível de emprego para a retomada do crescimento.


Parece a vitória da Fazenda na queda de braços com o Banco Central. Seria, se o presidente do banco, Henrique Meirelles, estivesse brigando contra isso. Não é o caso. Ele continua de olho na inflação, mas encampou a verdadeira meta do governo: a eleição de Dilma Rousseff (PT) em 2010.

Submarino

O comandante da Marinha, almirante de esquadra Julio Soares Moura Neto, acompanha com lupa o desempenho do submarino nuclear francês Emeraude nas operações de busca da caixa preta do Airbus 330 da Air France que caiu no Atlântico, entre o Brasil e a costa da África. É o principal defensor da parceria com a França na construção do submarino nuclear brasileiro.


Passaralho

O Ministério do Trabalho se justifica: demitiu 40 gráficos do órgão devido à extinção dos contratos de “terceirizados”. Por exigência do Ministério Público do Trabalho e do
Ministério doPlanejamento, até julho de 2009 serão dispensados 1.822 funcionários “terceirizados”, sendo 186 administradores, 8 economistas e 1.628 agentes administrativos. A emissão de carteiras de trabalho, porém, não foi prejudicada: a produção já foi “terceirizada”.


Preparem-se


O governador em exercício Paulo Octávio (DEM) prepara a abertura de todas as contas do Governo do Distrito Federal: contratos de obras, de prestação de serviços, aluguéis e salários de secretários e
servidores, a exemplo do que foi feito pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. Recebeu a missão do governador José Roberto Arruda, que está em viagem oficial ao exterior.


Temer.com

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), quer ampliar a atuação da Agência Câmara, que passaria a produzir spots de rádio e vídeos com pronunciamentos dos deputados para veículos de comunicação do interior.


Radical

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) radicalizou novamente. No começo da crise no Senado, chegou a propor o fechamento do Congresso; ontem, em aparte ao senador Pedro Simon (PMDB-RS), pediu a convocação de eleições gerais. Segundo ele, se as eleições fossem hoje, ninguém se reelegeria.


Brasília, 50 anos

O deputado José Fernando Aparecido (PV-MG), filho do ex-governador do DF José Aparecido de Oliveira, entregou ao deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da Comissão Especial que prepara as comemorações dos 50 anos de Brasília, na Câmara dos Deputados, os desenhos originais do projeto urbanístico de Brasília de autoria de Lúcio Costa. Serão expostos na Câmara, durante as comemorações dos 50 anos de Brasília.


Agiotagem

O cheque especial caiu em desgraça no governo Lula. Ontem, foi apontado como principal responsável pelo endividamento das famílias e inadimplência no comércio pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Os bancos cobram em média

167,8%
de juros ao ano.
É a modalidade mais
cara de crédito.


O número
167,8%
de juros ao ano. É a modalidade mais cara de crédito.


Articulação


O ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB) (foto) entrou na lista dos cotados para substituir o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), que deverá ser indicado para o Tribunal de Contas da União. Tem bom trânsito com os líderes do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), velho companheiro de diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE), e do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), seu amigo desde os tempos de secundarista em Alagoas.


Não deu

Quem continua no sereno é o ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que deixou o posto e não foi aproveitado na Esplanada. Era cotado para o Ministério da Saúde, mas o ministro José Gomes Temporão está firme no galho.

MERVAL PEREIRA

Por um fio


O Globo - 26/06/2009

Dependendo do que vier a acontecer nos próximos dias, o senador José Sarney corre o risco de perder o apoio político do DEM, o que pode significar um baque definitivo na sua resistência em deixar a presidência do Senado em meio à crise que vai se revelando ser cada vez mais sua, ou pelo menos ter nele uma figura central. É uma ironia do destino que a prática do nepotismo que caracteriza a atuação política dos Sarney tenha como símbolo o próprio neto, batizado de José Sarney Neto e que, por vontade própria, aos 20 anos mudou seu nome para José Adriano Cordeiro Sarney.

Se, como os adversários políticos do avô comentam, ele mudou de nome por vergonha, esse sentimento se dissipou com o tempo, pois hoje, aos 29 anos, não se envergonhou de entrar no negócio de crédito consignado no Senado e em outros órgãos públicos, onde o sobrenome pesa mais que os títulos acadêmicos.

Nepotismo deriva do latim nepos, que pode significar tanto neto como sobrinho. Indica a posteridade de maneira geral, e o sentido se deve aos Papas da Igreja Católica que tinham o hábito de conceder cargos a parentes mais próximos.

Nos tempos modernos, é associado à conduta de funcionários públicos que fazem concessões a familiares.


Dizer que o rapaz é muito bem formado, "com mestrado na Sorbonne e doutorado em Harvard", como disse Sarney em uma curta nota oficial, não explica nem as aptidões do neto, que com um currículo desses deveria estar em posto mais elevado na carreira de economista, mas, sobretudo, não diz nada sobre o aspecto moral da questão, que é o que importa.

Mais uma vez a mistura entre o público e o privado aparece na prática política da família Sarney, que já tinha no recente rol de escândalos um "serviçal" de Roseana empregado como chofer no Senado, ganhando RS 12 mil, e diversos parentes empregados em gabinetes de correligionários, inclusive outro neto, numa prática de nepotismo cruzado muito em voga no Senado e na Câmara e também no sistema judiciário, que em boa hora proibiu a prática.

Como sempre acontece no Brasil quando algum político é apanhado em irregularidade, ele coloca sempre a teoria da conspiração para funcionar. Foi assim quando Renan Calheiros tentava resistir às denúncias para permanecer na presidência do Senado, e passou a difundir a tese de que sua saída seria prejudicial ao governo Lula, que seria na verdade o alvo dos ataques.

O mesmo faz Sarney, que ontem disse que sofre uma "campanha midiática" por sua posição política, "nunca ocultada", de apoio ao presidente Lula e a seu governo. Sarney tem feito análises políticas sobre a situação, colocando em segundo plano as falcatruas e irregularidades que vêm sendo denunciadas nos últimos meses.

Lamenta-se dizendo que se soubesse que o PSDB iria apoiar a candidatura de Tião Viana, do PT, não teria se candidatado, atribuindo à oposição derrotada e à parte do petismo suas atuais atribulações.

Apoiado por um presidente Lula que não mede esforços para demonstrar sua lealdade pessoal, o senador Sarney não tem, porém, o apoio irrestrito nem no seu partido, o PMDB, de onde veio o pedido mais forte para que se licencie do cargo, através do senador Pedro Simon, nem do grupo do PT que apoiou o senador Tião Viana.

Já perdeu apoios individuais dentro do próprio Democratas, onde o senador Demóstenes Torres também pediu sua saída, pelo menos para que o ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, seu protegido, possa ser investigado livremente.

O primeiro-secretário Heráclito Fortes, que acabou assumindo o papel principal das apurações burocráticas relativas a decretos secretos e outras falcatruas envolvendo crédito consignado e terceirizações de toda ordem, no que parece ser um esquema fraudulento de alto calibre organizado dentro do Senado, é uma voz solidária a Sarney dentro do DEM, mas não encontra bons argumentos e corre o risco de morrer afogado abraçado a ele.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, já anunciou que seu partido não está disposto a "defender o indefensável", categoria em que coloca a atuação do neto de Sarney no crédito consignado do Senado.


Não é previsível que o DEM venha a abandonar de vez Sarney, devido aos vínculos históricos que o unem ao partido, oriundo do antigo PFL, criado por Sarney e outros dissidentes do PDS que romperam com o regime militar e aderiram à candidatura de Tancredo Neves à Presidência, viabilizando-a politicamente.

Como essa, teve várias chances de recuperar a imagem de modernizador que o levou pela primeira vez ao governo do Maranhão, e mereceu de Glauber Rocha um documentário esperançoso. A miséria mostrada no filme, longe da redenção anunciada, só fez aumentar.

Na Presidência devido à morte de Tancredo, Sarney pronunciou uma frase que parecia prenunciar bons tempos: "Deus não me trouxe de tão longe para que eu falhe". Falhou fragorosamente quando, inebriado pelo sucesso do Plano Cruzado, trocou os ajustes necessários por uma vitória eleitoral esmagadora do PMDB. Em seguida, o plano fez água e nunca mais o governo Sarney recuperou-se.


Mesmo tendo tido um governo em muitos aspectos desastroso, Sarney conseguiu que prevalecesse na percepção popular um traço inegável de sua conduta política: a tolerância e a valorização da democracia, que ele ajudou a consolidar.

Essa fama lhe deu outra chance de permanecer na política com uma postura de "estadista" que poderia tê-lo reabilitado, não fosse a necessidade de manter o poder regional no Maranhão e no Amapá e o hábito irrefreável do fisiologismo, do nepotismo e da troca de favores como moeda política.

E é essa pequena política que o está levando mais uma vez para a porta dos fundos da História.

GOSTOSA


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NELSON MOTTA

Questão de estilo


O Globo - 26/06/2009

Assim como os jogadores de futebol que fazem faltas violentas imediatamente levantam os braços para indicar que não a fizeram, como num reflexo condicionado, os políticos flagrados com a mão na massa gritam logo que os contratos seguiram a legislação vigente e foram aprovados pelo Tribunal de Contas. Ou então que as contas da campanha foram aprovadas pelo TRE. Ou que tudo teve aprovação do departamento jurídico. Além dos clássicos "eu não sabia" e "é tudo perseguição politica".

É uma questão de estilo: eles raramente afirmam "eu não fiz" ou "não fui eu", preferem dizer logo que "não há provas", que deixa claro o subtexto "eu não sou bobo, soube esconder muito bem e vocês não vão achar". De novidade, só o histórico "estou cada vez mais convencido da minha inocência", de Zé Dirceu.

O sinal de que a coisa ficou mesmo feia é quando eles gritam "é preciso preservar a instituição", mesmo que sejam eles que a aviltem e a desmoralizem com suas ações e omissões. E, na instituição ameaçada, todos, ou quase, fingem que acreditam. O espírito de corpo vira de porco.

De olhos rútilos e lábios trêmulos, como um patético personagem de Nelson Rodrigues, Sarney bradou da tribuna: "Não sei a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo". Como se não soubesse que são os seus próprios membros que o enfraquecem. Além disso, como ex, ninguém sabe melhor do que ele que, para qualquer presidente, um legislativo fraco é o paraíso da "governabilidade". Será que Lula prefere um Senado acoelhado, flácido e cooptável ou poderoso, aguerrido e independente ? Mas para Sarney os beneficiários da desmoralização seriam os grupos de interesses e "parte da mídia", certamente a que revela seus desmandos e omissões. Faltou pouco para culpar "a direita".

Pedir a extinção do Senado é um tiro no pé, nos quatro. Mas não ofende perguntar: uma hipotética cassação coletiva e novas eleições para o Senado enfraqueceriam ou fortaleceriam a instituição? Prefiro não comentar. Mas estou esperançoso: Agaciel, o Delúbio sem causa do Senado, não vai afundar sozinho para que os seus cúmplices com mandato continuem boiando.

JANIO DE FREITAS

Em torno dos escândalos


Folha de S. Paulo - 26/06/2009


É de dentro da burocracia do Senado que tem saído tudo o que situa Sarney no centro do noticiário pejorativo

OS ACONTECIMENTOS no Senado entram na fase perturbadora, comum a todos os grandes casos anormais no Brasil, em que tudo pode ser lançado no noticiário, não só por jornalistas. Se faltar fundamento ou sobrar desproporção, a relevância dada no início leva às repetições, e poucas vezes à verificação e às correções devidas -e embarcamos todos no mesmo desvio.
E estão aí, como exemplo de agora, as duas contas ultrassecretas do Senado na Caixa, mais do que suspeitas, segundo a associação das revelações do senador Renato Casagrande com, digamos, a ansiedade jornalística. Não tardaram as explicações de que as contas são legais, de serviços externos da informática do Senado (o Prodasen) e de conhecimento do Tribunal de Contas da União. O que ficará valendo e influindo? Por ora, o segredo suspeito das contas, não verificada nem avalizada a explicação.
Os riscos que essas precipitações criam tanto implicam inverdades e injustiças, como embaralhamentos que inviabilizam a apuração dos fatos reais e dos seus responsáveis verdadeiros. Até hoje rolam por aí vários casos conturbados, também pela própria polícia, como o da maleta de dólares em São Paulo, aquele dos dólares apresentados como alegada intromissão de Cuba na eleição, e vários outros. Se bem que não desvirtuassem o desfecho necessário, os malabarismos no escândalo de Collor foram fartos, desde a grande dimensão atribuída à cascata na Casa da Dinda aos inquéritos, que se voltaram erradamente para dois Ermírio de Moraes, enquanto grandes empresários do esquema PC/Collor nem foram citados jamais.
É verdade que não faltam, com frequência, concessões muito baratas ao sensacionalismo, sejam por fraqueza de jornalistas, sejam por decisão de um ou outro meio de comunicação. Mas não há como sustentar que alterações na segurança do noticiário decorram, como norma, de má-fé ou campanhas deliberadas. Razões e propósitos são complexos, e também nesse sentido o escândalo Collor serve de exemplo: revistas, jornais, e TVs que projetaram o processo de denúncias contra Collor foram, quase todos, os mesmos que mais o apoiaram até aquele momento e desde a campanha eleitoral.
A entrada no descontrole, a meio dos chamados escândalos, tem a ver sobretudo com o problema de maturidade do jornalismo brasileiro, retardada pela interrupção de seu percurso por duas décadas de ditadura militar. Tal maturidade não depende só, no entanto, do jornalismo mas também das circunstâncias de sociedade e instituições. E nisso estamos bastante mal.
A convicção exposta ontem pelo senador José Sarney, de que há uma "campanha midiática", da imprensa & cia., para destituí-lo da presidência do Senado não é de todo equivocada. Mas incompleta e insuficiente para explicar sua posição de figura central nas revelações e nos comentários, inclusive de senadores, da realidade oculta do Congresso. Por menos que conte com a simpatia do jornalismo, Sarney está na original posição de alvo daquilo que procura proteger. É de dentro da burocracia do Senado, e não de artifícios de uma "campanha midiática", que tem saído, para os jornalistas, tudo o que o situa no centro do noticiário pejorativo sobre o Senado.
O que não deixa de ser prejudicial para o próprio noticiário e para o conhecimento dos fatos ocultos. Porque permite, por exemplo, que Renan Calheiros se ponha atrás das colunas e fique em sossego, como se nada tivesse com manobras e segredos do Senado nos anos em que o presidiu com carga incomum de poder e arbitrariedade. E assim também com outros componentes de Mesa Diretora. E isso está obscurecido, para conveniência dos diferentes grupos que manobram por um sigilo ainda maior que os descobertos.

NO BAR ZIL

ARI CUNHA

Meio ambiente


Correio Braziliense - 26/06/2009

Ronaldo Caiado, líder dos ruralistas, teve entrevero com o ministro Carlos Minc. O assunto não foi dos melhores, e Minc pediu desculpas por ter usado “expressões indevidas”. Não teve maior valor o pedido de escusas feito pelo ministro. Ronaldo Caiado não aceitou a conversa e sugeriu. Em lugar das expressões, Caiado insistiu para que o ministro dissesse que os ruralistas produzem arroz, milho, leite, carne e outros gêneros alimentícios. E confessasse, finalmente, que defende a produção de cocaína e maconha. Cai pano rápido porque daí pode nascer discussão sobre os dois temas.

A frase que não foi pronunciada


“O ato secreto que precisa ser apurado estaria na CPI da Petrobras.”
Senador Álvaro Dias, pensando nos interesses políticos.


Terror
Dados do Unicef dão conta de que 250 mil crianças são atingidas por conflitos armados. Em 42 países, os menores são usados como soldados, espiões ou escravos sexuais. Radhika Coomaraswamy, representante especial do secretário-geral da ONU para crianças e conflitos armados, teve um encontro com o papa.

Sem punição
Atenção para a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), que se mantêm em silêncio enquanto há denúncias de que a Caesb polui os mananciais do Paranoá. As agências reguladoras foram criadas para defender os consumidores.

Festa
Pioneiros que moraram na 714 Sul têm encontro marcado no Rancho Canabrava, dia 27 deste mês. Já são 233 na lista. A intenção é transformar o evento em reunião anual.

Ação
Tem aumentado muito a popularidade do senador Magno Malta. Os programas de TV que dão ênfase a casos policiais sempre entrevistam o parlamentar. A CPI da Pedofilia reuniu material importante, que estimulou várias iniciativas para acabar com esse crime.

Tesouro
Audiência pública na Câmara dos Deputados discute patente para substâncias extraídas de seres vivos e materiais biológicos. O projeto é de autoria do deputado tucano Antonio Carlos Thame. Quem propôs o debate foi o deputado Nilson Pinto, que acredita na alteração da lei de propriedade industrial, o que será um avanço para o país.

Sensato
Foram oito votos a um. Ficou proibida pelo STF a importação de pneus usados. Os danos ambientais justificaram a decisão. Agora só falta aproveitar os pneus descartados pelo próprio país para serem usados pela tecnologia que desenvolve asfaltos.

Perigo
Acontecem regularmente crimes por e-mail. Desta vez a correspondência falsa tem como remetente a Petrobras. No próprio portal da estatal há explicações prevenindo os usuários do cartão Petrobras. Ao clicar no link indicado, o programa pirata rouba as informações bancárias do internauta.

Imóveis
Imóveis vendidos na planta constam da propaganda imobiliária. Em Águas Claras, que hoje é paliteiro, as vendas são de causar emoção. Algumas plantas não são desenhadas em escala. Há apartamentos de quatro quartos com 70 metros quadrados. Os prazos são longos.

Armas
Desde que o governo iniciou campanha para recolher armas, reuniu o que era possível. Há informação de que metade delas está na posse de jovens. Não parece verdade. A maior parte está na mão dos presos. De dentro da cadeia comandam o crime, punem e dão ordens. Não vai bem o assunto.

Barbosa de pé
O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo, passa a maior parte do tempo das sessões de pé, segurando a cadeira. É que o ministro não pode ficar muito tempo sentado. Sofre de fratura de vértebras. Se a sessão demora, é cansaço demais para o cultor do direito. Seus pareceres são vértebras perfeitas do direito honrados na Corte.

História de Brasília


Por coincidência, o primeiro dia de governo do sr. Jânio Quadros amanheceu sob tremenda cerração, nitidamente paulista. (Publicado em 2/2/1961)

CLÓVIS ROSSI

Quebraram. Mas ganharam


Folha de S. Paulo - 26/06/2009

Lembra-se dos velhos tempos em que os bancos quebraram, os governos do mundo correram para socorrê-los com uma catarata de dinheiro e dez de cada dez analistas diziam que nunca mais o sistema financeiro seria o mesmo? Se você se lembra, melhor esquecer. Está tudo começando a voltar ao que era antes, do que dão eloquente testemunho textos de anteontem no "Financial Times" e de ontem no "Guardian".
"A comunidade financeira de Londres está sacudindo a poeira e voltando ao negócio de fazer dinheiro", diz o "Guardian". Tanto que, nos escritórios da Goldman Sachs, o pessoal já foi avisado para esperar um dos anos mais lucrativos de todos os tempos.
O Barclays, só neste mês, está pagando algo em torno de 730 milhões (R$ 2,4 bilhões) em bônus para cerca de 410 empregados. O "Financial Times" vai na mesma direção: "Investidores e grupos de serviços profissionais britânicos se dizem preocupados com a possibilidade de que mercados de ações bombando permitirão à City londrina contornar as consequências da crise financeira global sem fazer mudanças fundamentais".
Enquanto isso, em "O Globo", lia-se que "a indústria financeira dos países desenvolvidos recebeu em um ano quase dez vezes mais recursos do que todos os países pobres em quase meio século, segundo análise feita por especialistas da Campanha da ONU sobre as Metas do Milênio". Em números: US$ 2 trilhões em 49 anos para os pobres, US$ 18 trilhões nos 12 meses mais recentes para os bancos.
Ah, ainda tem a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) avisando que, com magro 1% da catarata de dinheiro alocada para o sistema financeiro, daria para alimentar todos os famintos do mundo. Os "brancos de olhos azuis" ganharam de novo.

GOSTOSA


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MÓNICA BÉRGAMO

Fichário


Folha de S. Paulo - 26/06/2009


O Ministério da Previdência montou uma força-tarefa que vai percorrer os departamentos de recursos humanos das maiores empresas do país para regularizar informações sobre seus funcionários. O primeiro setor a ser visitado é o de bancos (como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil), seguido dos supermercados e construtoras.

FICHÁRIO 2
A força-tarefa, segundo o ministro José Pimentel, vai se "antecipar" a problemas que surgem quando o trabalhador pede aposentadoria e só então descobre que as informações registradas no INSS estão erradas ou desatualizadas, retardando por meses a concessão do benefício.

ESQUELETO
Condenado por calúnia, o presidente Lula deve desembolsar, até o fim do ano, cerca de R$ 150 mil por ter xingado, em 2001, o então prefeito de Campinas, Francisco Amaral (ele disse que os governantes tinham "assaltado" a cidade). Como já foi condenado em três instâncias, os advogados dele tentam agora ao menos reduzir o valor da indenização. O julgamento, no STJ (Superior Tribunal de Justiça), foi marcado para o dia 4 de agosto.

ESQUELETO 2
Caso o STJ mantenha o valor, o prejuízo vai doer: na última declaração pública em que informa seu patrimônio ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 2006, Lula tinha R$ 474 mil depositados em bancos.

MILAGRE
O senador Marco Maciel (DEM-PE) não ingressou no grupo dos "éticos". No entanto, ele é um dos poucos invictos, até agora, nos imbróglios que abalam o Senado. Não usou a verba de representação (Jarbas Vasconcelos já gastou R$ 78 mil neste ano). Usou passagens, mas não foi citado na farra de bilhetes aéreos (Pedro Simon e Eduardo Suplicy tiveram que explicar viagens com a mulher e a namorada para a Europa e Tasso Jereissati, o uso de verba para abastecer seu avião). Não aparece na lista dos atos secretos nem teve, até agora, que demitir funcionários (Arthur Virgílio dispensou um professor de jiu-jítsu do gabinete).

CORAÇÃO DE MÃE
O ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP) acaba de ser incluído na lista de "palmeirenses ilustres" que serão homenageados com festa, na segunda, na Casa Fasano.

Ela teria inicialmente 60 nomes -mas, até ontem, estava com 72. O governador José Serra (PSDB-SP), a subprefeita da Lapa, Soninha Francine (PPS-SP), o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) e o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo (PSDB-SP), também estão na lista.

ELIANE CANTANHÊDE


Esse filme a gente já viu

Folha de S. Paulo - 26/06/2009

Ao se trancar em casa, sem condições políticas e psicológicas de ir ao Congresso, o ex-presidente da República e tri-presidente do Senado, José Sarney, 78, começou -embora negue- o movimento de saída do cargo, empurrado pela crise que é dele e da instituição. A história se repete. Foi assim com Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Renan Calheiros, que se enredaram nos próprios erros e tiveram de renunciar, vítimas da misteriosa cadeira ejetora da presidência do Senado.
Durante anos se ouve falar de histórias esquisitas que perseguem como sombras a trajetória de cada um deles. Elas só vêm a público daqui e dali, porque "ouvir falar" é bem diferente de "comprovar", mas consolidam percepções do próprio meio político e da imprensa -logo, da opinião pública.
Um belo dia, o poderoso é eleito ou reeleito presidente do Senado, e o que era de "ouvir falar" ganha corpo, pernas e provas. O resto é pretexto. ACM foi derrubado por quebra de sigilo dos votos em plenário; Jader, por escândalos de décadas na Sudam; Renan, pela namorada.
Sarney afunda sob o peso de boas ações para parentes e apadrinhados com dinheiro público e de ligações perigosas com o submundo da burocracia parlamentar. E repete o script dos antecessores de cargo e de infortúnio.
Primeiro, desdém. Depois, perplexidade. Logo, a tese do complô entre inimigos no Estado, adversários no Congresso, funcionários invejosos e, claro, a imprensa. Enfim, a denúncia de uma "campanha midiática", como diz Sarney, também repetindo ACM, Jader, Renan, sem as devidas explicações. O ataque de Pedro Simon não é pá de cal, é detalhe previsível. Sarney chegou ao momento dramático da solidão, da tristeza e de reunir as últimas energias para tentar resistir, gritando socorro para o Planalto. Costuma, porém, ser só questão de tempo. A não ser que refaça o final de um filme que a gente já viu e reviu.

VAMOS ESCREVER?


VINÍCIUS TORRES FREIRE

Banca estrangeira segura crédito

FOLHA DE S. PAULO - 26/06/09

Crédito doméstico cresce a um terço do ritmo pré-crise; renda do trabalho sobe cada vez menos; governo gasta mais

ONDE FICA o fundo do poço do elevador da economia brasileira? No caso do crédito doméstico, parece que fomos ao segundo subsolo em fevereiro, mas estamos agora pouco acima do térreo.

Quanto à renda do trabalhador, o elevador desce desde julho de 2008, mas ainda não passou do chão. No que diz respeito ao déficit do governo federal, o saco é ainda sem fundo. É o que se depreende de um conjunto de dados divulgados ontem.

Desde outubro do ano passado, o crédito doméstico cresce a uma taxa mensal que é quase um terço da registrada nos meses anteriores à crise de 2008. Os bancos privados nacionais voltaram a emprestar -de dezembro até abril, os bancos públicos respondiam por quase 80% do aumento mensal do estoque de empréstimos. Agora, a banca privada de propriedade nacional voltou a superar os bancos públicos nessa conta.

Mas os bancos de capital estrangeiro reduziram seu estoque de crédito em todos os meses deste ano com exceção de março (sempre considerando o crédito doméstico). As novas concessões de crédito para empresas (empréstimos novos, calculado pela média diária) caíram bem, pelo segundo mês consecutivo. Os empréstimos consignados sustentam quase dois terços da expansão do crédito para pessoas físicas. Em suma, o aumento do estoque de crédito é regular, mas baixo -pode ser que os clientes ainda temam tomar empréstimos. Mas, no caso da banca estrangeira, a contração da oferta de crédito parece deliberada.

A expansão do consumo depende de crescimento balanceado de crédito e renda. Um dado positivo desta crise foi que a renda do trabalho continuou crescendo em relação ao ano anterior (nas seis regiões metropolitanas acompanhadas pelo IBGE). Mas cresce cada vez menos. A massa salarial aumentava na casa dos 10% ainda em agosto de 2008.

Foi minguando até o ritmo de 3%, em abril (sempre em relação ao mesmo mês de 2008). O número de pessoas ocupadas em relação ao número de pessoas em idade de trabalhar estagnou faz um trimestre. Na comparação com o resto do mundo, com as exceções asiáticas de costume, tais resultados são bons.

Ficamos muito longe de um desastre, ao menos (na crise de 2003, por exemplo, a massa salarial caiu brutalmente). Mas o elevador da renda do trabalho ainda está descendo, sem a compensação de uma retomada mais forte do crédito. Em suma, é um resultado de PIB zero, de economia ainda se contorcendo no fundo do poço ou andando de lado.

Parte da sustentação da renda no país (mas não só da renda do trabalho) se deve ao aumento do gasto público. Até certo ponto, uma alta do déficit devida a transferências sociais e investimento público é razoável. Mas os dados divulgados ontem sobre o déficit do governo federal indicam algum excesso. A arrecadação líquida no ano quase estagnou (na maior parte devido à redução de impostos para incentivar o consumo), mas as despesas cresceram 18%.

A despesa com investimentos subiu quase 25%, o que é razoável. Os gastos com o funcionalismo cresceram quase outro tanto: 22%. Em ano de crise, o resultado pode ser aceitável; mas o aumento da despesa tem sido recorrente. Para piorar, o ano que vem é de eleição. De gasto.

INFORME JB

Lula: carioca, aliado e religioso

Leandro Mazzini

jornal do brasil - 26/06/09

Ciente do poder eleitoral do Rio na sucessão presidencial, e de que o PSDB tem na manga Fernando Gabeira (PV) com bom recall de votos, o presidente Lula decidiu fazer agenda cada vez mais presente na capital fluminense. Primeiro porque, preocupado com o tiroteio de todos os candidatos ao governo contra Sérgio Cabral, quer dar maior apoio ao aliado. Segundo porque também torce por Marcelo Crivella – senador mais votado e seu verdadeiro candidato há anos. Por isso vai comparecer, dia 12, na Catedral Presbiteriana do Rio, para a celebração dos 150 anos dos presbiterianos no país. Lula deu ontem o sinal verde, em reunião no CCBB, em Brasília, convidado pelos deputados Arolde de Oliveira e Manoel Ferreira – este, um dos líderes da Assembleia de Deus.

Casas do Brasil Rei de chinelos

A secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, apresenta hoje novos números do déficit habitacional: o país precisa de 6,273 milhões de domicílios.

Pelé continua a ganhar mais dinheiro fora do campo. Será garoto propaganda das Eco Sandals. Fechou contrato com o vietnamita Thai Nghia, dono da Goóc, fábrica de calçados verdes no Brasil, feitos com pneus recicláveis.

Gastança

O Senado enviou como mimo, para amigos da Casa, centenas de exemplares sobre os trabalhos da 53ª Legislatura. Um livro com 1.106 páginas. Edição assinada e confeccionada a mando do ex-diretor Agaciel Maia.

Atrasadão

Só que estamos em fim de junho de 2009, e a 53ª Legislatura trata da gestão do ex-presidente Garibaldi Alves – de fevereiro a dezembro de 2008.

Caravana

Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Edmilson Valentim (PCdoB-RJ) viaja com a comitiva do Rio para a China. Quer voltar com a pasta cheia de projetos.

Na UTI

O ex-diretor do Senado Agaciel Maia perdeu, por ora, a assistência médica vitalícia. O pedido foi do senador Eduardo Suplicy, um dos signatários do ato 18 da Mesa Diretora que determinou o benefício.

Na UTI 2

Suplicy diz que não se lembra de ter havido debate sobre o assunto. Os colegas, também não.

Ciro & PSB

Um cardeal do PSB admite que, ao autorizar o PDT, a ala paulista do socialismo, a alimentar sua candidatura ao governo de São Paulo, Ciro Gomes dá sinais de desânimo com a corrida presidencial e força o partido a unir-se em torno da candidatura Dilma.

Previsões

"Até agora, o PSB está dividido entre os que o querem candidato e os que não querem para apoiar a candidata do PT. Mas esse movimento do deputado desanima seus apoiadores e reforça a tese contrária à sua candidatura", disse o cacique.

Voz da mulher

A Ouvidoria da Secretaria de Políticas para as Mulheres comemora seis anos e cerca de 2 mil denúncias de todo tipo.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


MÍRIAM LEITÃO

Nervos de aço

O GLOBO - 26/06/09

As boas notícias começam a voltar devagar ao setor siderúrgico, que tinha sido violentamente afetado pela crise. CSN e Gerdau religaram altos-fornos; o presidente da ArcelorMittal Tubarão acha que o pior passou. O setor de distribuição de aço acredita que em agosto os estoques podem estar normalizados no país. As ações das siderúrgicas subiram mais do que o Ibovespa.

Outro setor atingido em cheio foi o de máquinas e equipamentos, que, na segunda-feira, receberá seu pacote de ajuda. Eles pedem que o governo permita a devolução imediata de imposto pagos em PIS/Cofins e IPI. Hoje, a devolução é em 12 meses. De janeiro a maio, o setor teve queda de 30% no faturamento e cortou 18 mil vagas. O pior problema é que estão raras as encomendas para o ano que vem. Normalmente, elas acontecem com meses de antecedência porque certas máquinas são produzidas lentamente.

Mas quem conversa com esses dois setores, que viveram o olho do furacão na crise, ouve que a situação começa a melhorar. Numa reunião do setor siderúrgico em Nova York, a informação foi que os países ricos vão consumir menos aço por um bom tempo. A aposta é na demanda dos países emergentes.

No Brasil, houve melhora, mas não tanta que justifique a forte alta das ações. As empresas do setor estão entre as que apresentam melhor desempenho na bolsa este ano. Se o índice Ibovespa subiu 35% desde janeiro, as ações da CSN cresceram 60%; Usiminas, 51%; Gerdau, 35%. Para o presidente da ArcelorMittal Tubarão, Benjamin Baptista, isso é sinal que o mercado aposta que o pior já passou.

Uma parte da alta se deve ao fato de que essas são ações de alta liquidez, e outra, a uma boa notícia recente: os estoques de aço internacionais voltaram ao normal. Isso significa que a produção também poderá crescer.

- A normalização dos estoques no mundo é nossa melhor notícia. Ela significa que qualquer aumento de demanda será acompanhado por aumento de produção. Também quer dizer que a oferta maior de aço não terá impacto negativo sobre os preços - afirmou Baptista.

No auge da crise, em dezembro de 2008, a ociosidade do setor no mundo chegou a 50%. Baptista conta que a usina de Tubarão, em Vitória, já está operando com 87% da capacidade. Apenas o menor alto-forno está parado, para manutenção. Ele também conta que a demanda de aço do exterior, que havia sumido com a crise, agora volta a acontecer.

No Brasil, os estoques ainda estão elevados porque houve muita importação. A crise fez com que houvesse liquidação de aço mundo afora, e parte dessa produção veio parar no país. Isso justificou a alta da tarifa de importação de zero para 12% a 14%.

O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, calcula que nossos estoques estarão normalizados no final de agosto. Mesmo assim, ele acha que as vendas internas fecharão o ano com queda entre 25% a 30% em relação a 2008:

- O pior já passou, mas ainda estamos longe de dizer que a situação é boa. Provavelmente fecharemos 2009 voltando seis anos em nível de produção. Já virou consenso o fato de que os países desenvolvidos não vão mais consumir aço como no período anterior à crise.

O presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo Lopes, também faz coro de que o pior já passou. Mas o momento ainda é de cautela e incertezas.

- No encontro em Nova York, havia duas visões. Uma mais pessimista, apostando em crescimento mais forte só a partir de 2011 e 2012. Outra, mais otimista, contando com melhora já a partir de 2010. Mas isso sinaliza consenso de que 2009 será ruim - disse.

O impacto direto é nos preços. O valor da bobina quente no mercado internacional, que é tido como referência, está menor hoje do que em dezembro de 2007. No auge da escalada da economia mundial, a tonelada bateu em US$1.100, em junho de 2008. Em dezembro, caiu para US$550. Agora, está em torno de US$450.

O setor de máquinas e equipamentos é o que mais sofre em épocas de incerteza. E os números não deixam mentir: o investimento caiu 14% no primeiro trimestre, e o segundo trimestre, mesmo com a melhora do PIB, não será de desempenho muito melhor que no começo do ano. O faturamento caiu 30%, e o setor teme ter que continuar demitindo.

O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, disse que num cenário pessimista, esse número de vagas perdidas pode chegar a 50 mil. Pode ser um número só para forçar a devolução imediata dos impostos. Melhor é o segundo argumento:

- O empresário brasileiro sabe que precisa investir e que precisa renovar suas máquinas para enfrentar principalmente a concorrência dos chineses. Com isso, estamos esperançosos de que a devolução vai incentivar novas encomendas - explicou.

Por enquanto, quem ainda faz encomendas são indústrias de óleo e gás (quase tudo a Petrobras) e de alimentos, que sofreram menos com a crise. Mesmo que a medida seja anunciada, Veloso acredita que tudo o que ela vai conseguir fazer é reduzir a queda de 35% para 25% no faturamento do setor em 2009.

PAINEL DA FOLHA

Fiel da balança

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 26/06/09

Principal peça de sustentação do presidente do Senado fora das fileiras do PMDB, o DEM se reúne na terça para tirar posição sobre a crise. Por ora, a tendência é que o segundo maior partido da Casa não engrosse o coro de ‘fora Sarney’. Mas também não parece disposto a sustentá-lo a qualquer custo.
O presidente Rodrigo Maia diz que o DEM ‘não adotará atitude oportunista’, mas, ao mesmo tempo, não defenderá o indefensável. ‘Se começarem a se acumular muitas perguntas sem resposta, como ele vai presidir a Casa?’, pergunta. Em privado, vários ‘demos’ consideraram desastrosa a nota na qual Sarney associa sua situação ao fato de apoiar Lula.

Aquele abraço - Sarney recebeu ontem telefonema solidário do presidente Lula.

Reprise - Ao associar seu calvário ao fato de apoiar Lula, Sarney segue o roteiro de Renan Calheiros. O então presidente do Senado usou o mesmo discurso na crise de 2007.

Capenga - O Portal da Transparência entrou no ar sem os contratos de terceirização de mão de obra. Não existe base de dados unificada sobre eles, mais um sinal de que aí reside uma das principais caixas-pretas da Casa.

Bem-estar - Existe um ‘serviço de psicologia’ à disposição dos senadores, com 11 funcionários. Só um tem formação na área. Os demais são técnicos legislativos e há ainda um ‘assistente editorial gráfico’. A Casa tem também um serviço de ‘qualidade de vida’, com três nomeados.

Líder - Efraim Moraes (DEM-PB) tem o maior número de empregados no gabinete: 57, segundo o portal.

Firma reconhecida - Luciana Vieira Paim, funcionária de Paulo Paim (PT-RS), pediu certidão em cartório para provar que não é parente do petista. Choveram ligações de protesto no gabinete depois que o portal entrou no ar.

Abre-te... - A comissão de sindicância que fez o levantamento dos atos secretos sugeriu em seu relatório que se faça uma minuta de resolução segundo a qual todos os atos têm de ser convalidados pela autoridade responsável num prazo de 30 dias, sob pena de perderem a validade.

...sésamo - Os beneficiados por decisões que ainda estejam na gaveta terão de colocar a cabeça para fora, ou então perderão os privilégios.

Imexível - Ao adiar para julho a decisão sobre os cortes no Orçamento, Lula disse a auxiliares que serão cumpridos todos os reajustes acertados com o funcionalismo.

Eu recomendo - De Lula, durante voo entre SP e Brasília na segunda-feira: ‘Se o PT de São Paulo tiver juízo, apoia o Ciro para governador’.

Para confundir - Um expoente do PT paulista contrário à importação de Ciro não se impressiona com o conselho presidencial: ‘O Lula fala uma coisa para cada um’.

Não fui eu - Ideli Salvatti (PT-SC) teve a carteira de habilitação cassada por acúmulo de multas. Sob ameaça de encarar curso no Detran e novo exame, a líder do governo no Congresso irá recorrer. Alega que as infrações foram todas cometidas por seu motorista.

Tiroteio

Agora dá para entender por que Lula quer ser presidente da Petrobras quando deixar o Planalto. Ele está de olho no salário.

Do deputado JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), sobre a informação de que os vencimentos anuais de José Sérgio Gabrielli chegam a R$ 710 mil.

Diplomacia - O advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, era o estranho no ninho na festa junina do ‘demo’ José Jorge, ministro do TCU. O governo quer ampliar seu trânsito no órgão fiscalizador.

Contraponto

República dos Pampas

Durante solenidade ontem no Palácio Guanabara, Tarso Genro insinuou que gostaria de contar com o conterrâneo José Mariano Beltrame se vencer a eleição para o governo gaúcho. Em seu discurso, o ministro da Justiça qualificou o delegado federal, hoje secretário de Segurança, como ‘nosso gaúcho servindo ao Estado do Rio’. E completou:
-Quem sabe o senhor volta para o Rio Grande do Sul...
Declarando-se ‘refém de uma máfia gaúcha’, o governador Sérgio Cabral condenou a ideia:
-Não inventa, porque ele vai continuar aqui. E daqui a pouco eu vou trazer o Luiz Fernando Corrêa- disse Cabral sobre o diretor-geral da PF, que também é gaúcho.