quinta-feira, junho 04, 2009

ARI CUNHA

José Alencar, baobá


Correio Braziliense - 04/06/2009
 

Difícil escolher qual figura na política brasileira se encontra como patriota pujante e cidadão de fé. Vamos encontrar o vice-presidente José Alencar. Desde jovem, iniciou o trabalho como vendedor. Foi senador com votação espetacular. Portador de câncer desde 1997, não tem se descuidado da saúde. No último exame realizado no Sírio Libanês, passou cerca de 12 horas em cirurgia. Novas manifestações de câncer apareceram no seu corpo. Amigo do presidente Lula da Silva, cada vez que se levanta do hospital não deixa para depois a reclamação de que os juros devem baixar. Numa oportunidade, Lula foi esperá-lo no hospital. Repórteres indagaram sobre o vice-presidente. “Logo mais ele vai chegar e dizer que os juros estão altos”, disse Lula. Foi o que aconteceu. José Alencar conta na vida com a participação da esposa, dona Mariza. Na última consulta, saiu e disse para a plateia: desta vez, “o bicho vem brabo”. Com sorriso nos lábios, não perdeu a vez: “Passei a vida montando bicho brabo e este vai também”. Nada burla o humor de mineiro. José Alencar trabalhou duro e formou empresa com sucursal até em Buenos Aires. Administra sua vida com inteligência e sabedoria. É homem de vida e gestos simples. Amado pelo povo, é aplaudido aonde chega.


A frase que foi pronunciada

“Não é possível definir política de saúde sem os médicos.”
Explicação do ministro José Gomes Temporão justificando a razão pela qual não homologará decisão a respeito.


Meio ambiente 
Todas as vertentes do meio ambiente vivem de pensamento separado. A ideia é obra e arte do presidente Lula da Silva. Pelo que dá a entender, divide para governar. Carlos Minc levanta a voz e denuncia o fato. Há briga que talvez o faça abandonar o cargo. Com Marina Silva aconteceu a mesma coisa. Lula nunca repreende quem faz o que ele deseja. 

Estrada 
Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento bate o pé e quer construir a BR-319, tão cedo quanto possível. Preservação do meio ambiente, nem falar. Resta saber se será estrada, asfalto de verdade, ou repetição do que se faz no Brasil. Pistas com asfalto carente, acidentes, gente que se vai. Não há piedade nas construções rodoviárias. 

Preço louco 
No Noroeste, ao pé da BR-020, os terrenos estão sendo vendidos na planta. Mesmo assim, o metro quadrado está entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Está localizada vizinha à reserva florestal da Água Mineral, agora ameaçada de invasões. Os preços de imóveis em Brasília vão estourar o mercado ou os compradores. As terras são vendidas pelo GDF. A inadimplência é grande. Poucos poderão honrar compromissos. Mas a dívida é com os bancos. 

Petrobras 
Sai do próprio governo o temor da investigação na Petrobras. Em estando tudo certo, os inventores da CPI serão derrotados e desmoralizados. A empresa vai ganhar pontos no conceito internacional. A proteção dos partidos está fazendo jogo dúbio, como se fosse para alçar novos líderes. Isso provado, a Petrobras tende a sair livre de todas as maldades. 

Câmara Legislativa 
Ledo engano nosso pensamento sobre a Câmara Legislativa. A sede está correndo a toda força. Dava a intenção de coisa correta. Tudo malvado. A Câmara pretende se instalar na Ceilândia, a pedido do PT. O orçamento da mudança, modestamente, exige R$ 100 mil. Isso, sem as vertentes que aparecem, como móveis e o aluguel da escola em que se instalará. 

Nupcial sem aliança 
Governador Aécio Neves aparece com ar fogoso para desmentir acordo nupcial sem aliança. Desmontou sua possível candidatura como vice do governador José Serra. Redemoinho na política nacional. Ambos querem a parte maior do inventário. 

Professor 
Mestre baiano comunica que ensina física no interior do seu estado e recebe por mês R$ 650 brutos. Diz que um parlamentar ganha por ano R$ 10,2 milhões. O minuto de trabalho custa ao erário R$ 11,545. Fechando as contas, informa que um parlamentar custa ao Brasil 688 professores iguais a ele. O leitor dá como endereço e-mail sem identificação e sem assinatura. Mas a comparação pode ser feita pelo leitor.

História de Brasília

Três dragões da independência desmaiaram na solenidade de posse do presidente Jânio Quadros. Foram os únicos casos atendidos pelo serviço de pronto-socorro. (Publicado em 1/2/1961)

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PANORAMA POLÍTICO

Porteira aberta

Ilimar Franco
O Globo - 04/06/2009
 

Numa reunião com senadores do PDT, ontem, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) repetiu que não há alinhamento automático com o PT na eleição presidencial. No dia anterior, dissera que os trabalhistas estariam abertos a uma candidatura de Aécio Neves. Cristovam Buarque (DF) manifestou simpatia pelo nome de José Serra: "Ele fez campanha para mim (para governador)". Já Osmar Dias (PR), candidato ao governo, cobrou uma definição rápida para que ele possa montar seu palanque. 

O barraco entre os senadores do PMDB 

O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), e o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), tiveram um bate-boca anteontem. Tudo começou quando a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), disse: "Então, o João Pedro (PT-AM) será o presidente da CPI da Petrobras". Jucá emendou: "E eu fico de relator". Levantando a voz, Renan atalhou: "Espera aí. É você quem escolhe ou eu? Quem indica sou eu". Jucá reagiu no mesmo tom: "Tem problema? Você está me vetando?". Renan deu a palavra final: "Os líderes já têm lugar na CPI. Essa questão do relator vou submeter a uma decisão da bancada". Constrangimento geral. 

Estou cuidando disso como quem carrega ovos" - José Múcio, ministro das Relações Institucionais, sobre as divergências entre os aliados na CPI da Petrobras 

CANTE LÁ, QUE EU CANTO CÁ. Enquanto os líderes dos partidos negociavam um acordo para instalar a CPI da Petrobras, o Senado realizou uma sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento do poeta popular cearense Patativa do Assaré. Da tribuna, Raimundo Fagner cantou "Festa da natureza" e "Vaca Estrela e boi Fubá", além de cobrar o reconhecimento da obra de Patativa pela Academia Brasileira de Letras. 

Antieconômico 

O governo Lula está pasmo com a postura da Federação Única dos Petroleiros no debate do pré-sal. Ela defende uma Petrobras 100% estatal. O custo seria alto, pois 63% de seu capital são privados e 80% negociados na bolsa de Nova York.

 

Copa do Mundo 

Para garantir a Copa de 2014 no Brasil, o governo vai criar um Comitê de Gestão e apresentar um Plano de Investimentos. Para tal, vai pedir à Fifa uma lista de prioridades. No Plano de Ação, capítulo especial para a promoção do Brasil. 


Corte nas verbas do Arco Rodoviário do Rio 

Apesar do selo de "adequado" no relatório do PAC, o 
Ministério do Planejamento cortou R$86 milhões dos R$166 milhões previstos para os quatro trechos das obras do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro. A ligação do Corredor Via Light/RJ-081 com a BR-116 e com o Corredor T5, em Madureira, ficou com dotação zero. O Ministério dos Transportes explica: "O Dnit aguarda a conclusão dos estudos que subsidiarão a execução do projeto, incluído o seu licenciamento ambiental". 

"É dengo, é dengo, é dengo..." 

Tucano próximo ao governador José Serra (SP) garante que não há hipótese de ele desistir de concorrer à Presidência da República em 2010. Explica que o próprio Serra, às vezes, fala que tem como opção a reeleição em São Paulo, mas que seu objetivo com isso é pressionar o PSDB. Aliado, o ex-senador Jorge Bornhausen, falando desta especulação, garantiu à direção do DEM: "Isso não existe, porque 2010 será a última oportunidade de o Serra chegar à Presidência". 

CANDIDATO ao governo do Rio, o prefeito Lindberg Farias (Nova Iguaçu) fará ato conjunto PT-PDT no sábado, com a presença dos ministros Carlos Lupi (Trabalho) e Edson Santos (Igualdade Racial). 

O MOVIMENTO PT vai lançar candidato à presidência do partido. As alternativas são Maria do Rosário (RS), Virgílio Guimarães (MG) e Geraldo Magela (DF). O candidato da Democracia Socialista será o secretário-geral, José Eduardo Cardozo (SP). 

O PRESIDENTE Lula vai criar as reservas extrativistas de Cassurubá (BA) e Prainha do Canto Verde (CE). 

MÍRIAM LEITÃO

Na real, vai mal


O Globo - 04/06/2009
 

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) acabou de revisar a previsão de crescimento do setor em 2009: de zero para -2%. Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) está considerando 2009 como um ano perdido. O setor siderúrgico adiou US$40 bilhões de investimentos que seriam feitos até 2013. A economia real e a Bolsa continuam em dois tempos. 

Ontem, o Ibovespa caiu, mas em 2009 já subiu 40%. A entrada forte de capital estrangeiro é uma das explicações para a valorização dos ativos, que tem espalhado a sensação de que a crise acabou. Quem fala com alguns setores da economia sente que a realidade é bem diferente da espuma. Siderurgia, eletrônicos, e máquinas e equipamentos estão decepcionados. Esperavam já estar numa recuperação sustentada e estão às voltas com um antigo problema: a volatilidade do dólar, que agora despenca. 

No começo do ano, ligamos para alguns setores para perguntar qual era a expectativa de cada um para 2009. A resposta foi curiosa: vários disseram que só em junho poderiam dizer como seria, tal a incerteza que havia naquele janeiro. Agora, eles já sabem: o ano será ruim, ou muito ruim para vários setores da indústria brasileira. 

De acordo com o presidente da Abimaq, Luiz Aubert, os investimentos estão suspensos porque a ociosidade da indústria está elevada. Aubert acredita que o cenário mais provável é de queda de 25% no faturamento e redução de 30% a 35% no volume de vendas. A volatilidade do dólar diminui ainda mais a previsibilidade no setor. 

- Estamos com uma variação acima de 10% na moeda americana. Isso faz com que o empresário não consiga definir um preço para importar ou exportar seus produtos. Torna o negócio um voo cego. Está todo mundo parado, sem saber o que fazer - explicou. 

As demissões devem continuar até dezembro. De janeiro a abril, os números oficiais são de 17 mil postos de trabalho fechados. Até o final de 2009, o temor é de corte de 50 mil, no total. 

- Nosso setor engloba empresas pequenas, com até 120 funcionários. Todos os dias temos relato de demissões. Elas não ganham repercussão porque são em empresas pequenas. O que é pior nisso tudo é que cada empregado precisa de quase 10 anos de treinamentos. Então, recuperar essa mão-de-obra terá um custo muito alto - afirmou. 

No setor siderúrgico, o que antes era a salvação, agora virou preocupação. A China não só não está comprando, como está liquidando aço mundo afora. Isso é um problema grave, de acordo com o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). 

Para o presidente do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, a desova de produtos chineses está prejudicando as vendas dentro do Brasil, e também as exportações do país para a América Latina. No primeiro quadrimestre deste ano, as exportações brasileiras para a região caíram 63%. 

- O governo chinês tem incentivado as exportações de aço a preços de liquidação. A China produz cerca de 500 milhões de toneladas de aço por ano, se 10% disso for exportado a preço baixo, é um volume maior do que todo o aço produzido no Brasil - dimensionou Marco Polo. 

O presidente da Abinee, Humberto Barbato, afirma que o melhor cenário para 2009, de crescimento zero, não se concretizou. Agora já se sabe que haverá contração. Ele explica que essa revisão para baixo (de zero para -2%) aconteceu por três motivos: as exportações continuam ruins; o resultado do primeiro quadrimestre decepcionou; a confiança dos consumidores está baixa. 

- Estamos desanimados porque a recuperação que deveria ter acontecido em abril e maio não se concretizou - disse Barbato. 

O principal problema é a confiança. Com a taxa de desemprego em trajetória ascendente, ele diz que os consumidores não se sentem seguros para comprar artigos mais caros, que geralmente exigem longos financiamentos. 

- Não adianta o crédito voltar à normalidade. Para nós, o mais importante é que o consumidor tenha certeza de que não vai perder o emprego - explicou. 

Os números da Abinee falam por si só: as exportações caíram 26% e o faturamento recuou 12% no primeiro trimestre de 2009, na comparação com igual período de 2008. Apenas um dos oito subsetores cresceu: Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (10%), impulsionado por obras públicas ligadas ao PAC. Os outros sete recuaram: Automação Industrial (-5%); Componentes (-21%); Equipamentos Industriais (-11%); Informática (-16%); Material de Instalação (-26%); Telecomunicações (-9%); Utilidades Domésticas (-9%). O setor de Utilidades Domésticas engloba os eletrodomésticos. 

Segudo Barbato, os empresários do setor voltaram a falar em demissões. 

- O quadro não está bonito. Eu sempre fui uma pessoa otimista, mas preciso ser realista neste caso para não ser desmentido pela realidade. Agora temos novamente uma volatilidade no câmbio, que dificulta a tomada de decisões e ainda prejudica as exportações - afirmou. 

Tanto Barbato quanto Aubert acham que a bolsa de valores está completamente fora da realidade da economia mundial. 

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JANIO DE FREITAS

Lula contra Lula


Folha de S. Paulo - 04/06/2009
 


Foi o Brasil que o presidente comprometeu com o apoio explícito, e assinado, a Álvaro Colom, da Guatemala

A RESPOSTA de Lula às críticas a seu apoio ao presidente da Guatemala, Álvaro Colom, apontado como mandante de assassinato, não se satisfaz em expressar sua grosseria presunçosa: é um ato irresponsável de comprometimento do nome do Brasil.
Álvaro Colom está sob investigação, e repudiado por grande parte do seu país, desde que conhecido o vídeo em que o advogado Rodrigo Rozenberg registrou haver um mandante -Álvaro Colom- de seu possível assassinato. Tal como estava advertido, Rodrigo Rozenberg foi assassinado, em seguimento às severas acusações de corrupção, e outras, com que deixou Colom sob forte clamor nacional por sua renúncia.
Lula definiu como "muita tacanha" a visão que, ao criticar a visita e o acordo com que deu apoio a Álvaro Colom, por ignorância não sabe que "a relação internacional não é entre homens, é entre Estados. E as pessoas estão no governo porque foram eleitas".
Esse argumento não precisa de outro para atestar a irresponsabilidade do apoio de Lula a Colom. Que ele, em pessoa, desse apoio ao apontado como mandante de um crime de homicídio e político, seria só uma subida na escala que já o levou a tantos outros apoios pessoais inaceitáveis, entre o miúdo autor de extorsões Severino Cavalcanti e os favorecimentos aos seus amigos da Oi/ Telemar, por exemplo.
É o próprio Lula a afirmar, porém, que não foi à Guatemala como pessoa, foi em nome do Estado brasileiro. Logo, por seu argumento, foi ao país que ele comprometeu com o apoio explícito -assinado, fotografado, declarado- a um presidente envolto nas piores tradições da Guatemala. Cuja história é marcada por sucessivos genocídios, golpes de Estado, corrupção vulgar e venalidade estatal nas relações externas da sua face de "república bananera".
E estar no governo porque eleito não é um valor em si, como presume a filosofia política de Lula. Primeiro, porque depende dos caminhos utilizados para ver-se eleito, e nas "repúblicas bananeras" a história criou e deixou as vias mais desprezíveis. Além disso, porque o valor institucional da eleição não é dado pela urna, mas pelos modos e fins de uso do mandato. Em caso de dúvida persistente, é só Lula perguntar a seu atual aliado Fernando Collor.
Ainda que Álvaro Colom venha a ser isentado do crime, o que não seria surpreendente na Guatemala em que tantas vezes presidentes se igualaram ao poder de vida e de morte, o ato de Lula não encontrará justificativa. É um ato com qualificações mais apropriadas do que tacanho.

Réu
Perdido o foro privilegiado ao perder a Prefeitura de Curionópolis, uma área paraense que dominou com o revólver na cinta ou na mão, o coronel Sebastião Curió é o réu em julgamento de júri popular previsto para amanhã, em Sobradinho, DF, e não mais nas boas instâncias da Justiça do Pará. Celebrizado por seus feitos aos estilo faroeste como agente da ditadura, Curió está enfim acusado de assassinar um menino a tiro, há 16 anos. Seu argumento é de legítima defesa. O menino foi morto pelas costas.
Há alguma coisa esquisita contra as aves brasileiras: Curió, Passarinho, tucanos -não basta que tantas estejam em extinção?

O PAI DA ALGAZARRA

EDITORIAL

Folha de S. Paulo - 04/06/2009
 

No atrito de ministros com Carlos Minc, do Meio Ambiente, se exibe estilo paternal e protelatório do presidente Lula 

NUMA TIRADA característica, o presidente Lula tratou de minimizar os atritos que, durante sua viagem à América Central, voltaram a indispor o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, com outros integrantes do governo e com lideranças ruralistas.
"Toda vez que o pai sai de casa", explicou o presidente, "a meninada faz mais algazarra do que deveria". Adiantou que logo seriam superadas as divergências entre Carlos Minc e diversos colegas seus de ministério -como, por exemplo, Reinhold Stephanes, da Agricultura, Alfredo Nascimento, dos Transportes, e a "mãe do PAC", Dilma Rousseff.
Seria o caso de dizer, em tom jocoso, que o ministro há de se sentir um bocado órfão, com efeito, se tem de lidar com um "pai" como Lula e uma "mãe" como Dilma Rousseff.
É que tiradas retóricas e meias-medidas não ocultam o fato de que a proteção ao ambiente está longe de constar entre as prioridades do governo.
Sem dúvida, a importância do agronegócio e da mineração na geração de emprego e divisas para o país, assim como a urgente necessidade de investimento em transportes e energia, constituem dados objetivos da atual conjuntura.
Embora seja possível conciliá-los com uma estratégia ambiental efetiva, a tarefa está longe de ser simples, e não será resolvida por meio do crônico pendor presidencial para a acomodação política e para o improviso.
A "algazarra" a que Lula se refere não começou, de resto, com a sua viagem aos países centro-americanos. As vocalizações do ministro Carlos Minc já vinham alcançando registros de grande estridência antes da ausência de Lula no cenário doméstico.
Repete-se, em outro estilo, a situação contraditória que marcou a passagem de Marina Silva pela pasta do Meio Ambiente. No plano internacional, e para acalentar alguns setores da opinião interna, convém ao governo Lula ostentar em seus quadros um nome claramente identificado com a causa ambiental -desde que isso não represente empecilho aos interesses de nenhum outro setor.
A lógica de Lula é evitar conflitos e manter as aparências, seguindo o batido figurino varguista que faz o presidente sobrevoar os conflitos da sociedade em pose paternal e protelatória -coisa que sua metáfora sobre a "algazarra da meninada" exemplifica com clareza.
Soma-se a isso o confronto entre a ideia ultrapassada de desenvolvimento a qualquer preço e uma atitude doutrinária exacerbada, militante mesmo, presente em alguns escalões inferiores da administração, a qual tende a boicotar por princípio qualquer projeto de infraestrutura importante para o país.
É o bastante para que a "algazarra" continue, dentro ou fora do governo. Não diminuirá com as admoestações de Lula, mas sim com ações resolutas de Estado, à altura de uma sociedade contraditória e madura o suficiente para dispensar a tutela paternalista e a rebeldia midiática de quem quer que seja.

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PARA...HIHIHI

 QUASE...

Um baiano se dirigiu à atendente da casa lotérica:
           - Olha, não tenho a menor idéia sobre quais números escolher para comprar um bilhete da Loteria Federal. 

Você poderia me ajudar? - Claro, respondeu ela, vamos lá. Durante quantos  anos você freqüentou a escola?
           - 8 anos
           - Perfeito, temos  8. 
           - Quantos filhos você tem?
           - 3
           - Ótimo, já temos  8 e 3.
           - Quantos livros você já leu até hoje?
           - 9
           - Certo, temos um 8, um 3 e um 9.
           - Quantas vezes por mês você faz amor com sua mulher?
           - Caramba, isso é uma coisa muito pessoal, diz ele
           - Mas você não quer ganhar na loteria?
           - Está bem, 2 vezes.
           - Só??? Bom, deixa pra lá. Agora que já temos confiança um com o outro, me diga quantas vezes você já deu o cu?
           - Qual é a sua? Sou espada!
           - Não fique chateado. Vamos considerar então zero vezes. 
           Com isso já temos todos os números: 83920.
           O sujeito comprou o bilhete que correspondia ao número escolhido. No dia seguinte foi conferir o resultado. O bilhete premiado foi o de nº 83921. Cheio de raiva,comentou: 
           - Puta que pariu!!! Por causa de uma MENTIRINHA BESTA eu não fiquei milionário...

ENVIADA POR NERI

VINÍCIUS TORRES FREIRE

Enxugar o gelo seco


Folha de S. Paulo - 04/06/2009
 


BC compra quase todo o saldo de dólares de maio, mas dólar ainda caiu 10%; maior parte do fluxo não é "especulativa"
O BANCO CENTRAL enxugou os dólares que entraram no país em maio (isto é, enxugou o "saldo", a diferença entre entradas e saídas de dólares). Comprou o equivalente a 88% do saldo cambial no mês passado, soube-se ontem. Mas, em maio, o dólar caiu quase 10%.
Obviamente, não são apenas as compras ou as vendas do BC que determinam as idas e vindas do dólar. Obviamente, como de costume, algo aconteceu no mercado futuro de dólares (apostas de queda do dólar) para ajudar a empurrar a moeda norte-americana para baixo. Mas, se parece tudo tão óbvio, porque se insiste tanto em que o BC compre ainda mais dólares? Ou melhor, por que se insiste quase apenas nisso como alternativa para conter a valorização do real (ao lado da queda dos juros)?
Uma solução poderia ser a mudança de algumas regras do jogo do câmbio na BM&F, embora parte das apostas cambiais não ocorra na Bolsa. Isto é, por exemplo, aumentar o custo ou o custo do risco para os apostadores, fazendo com que se arriscassem a perdas maiores em caso de aumento da volatilidade. O povo dos mercados diz que isso é uma sugestão ineficaz típica dos Belzebus antimercado da burocracia. Na verdade, os Belzebus de Brasília nem pensam nisso, sugestão de economistas ditos desenvolvimentistas. O governo não cogita nem mexer no IOF, o que aliás nem faria sentido prático, mas muita vez as ações do governo tem sentido prático.
Um problema adicional da queixa sobre os influxos de dólares é que, como tem dito sensatamente o ministro da Fazenda, a composição da torrente de dinheiro não é exatamente maligna. Muito vai para a Bolsa. A balança comercial não vai tão mal como se previa no início do ano, o investimento dito "produtivo" tampouco desabou como se estimava e as empresas começar a pegar algum dinheiro lá fora. A seca de crédito externo, como se lembra, foi um dos motivos do tumulto no mercado doméstico de empréstimos, congestionado por grandes empresas em busca de dinheiro escasso.
Isto posto, a onda mundial que estimulava especulações e insuflava expectativas de alta do real, que deu uma tremelicada ontem, ainda parece um problema. Ou, melhor, será um problema, se continuar como vinha até segunda-feira. Uma queda "expressiva" de juros, como quer a Fazenda e parte da oposição à política econômica, resolveria? Digamos que, "tudo o mais ficando constante" (embora não fique, mas vá lá), se chegasse ao final do ano com uma Selic dois pontos menor (tal hipótese já se torna carne de vaca em bancões brasileiros e por conservadores economistas decanos do tucanato, por exemplo). Faria diferença? Faria diferença, dadas taxas de juros de curto prazo a quase zero no centro do mundo e variações cambiais de 10% ao mês sendo agora coisa normal? Isso talvez afetasse apenas aquela parcela dita "especulativa" do fluxo e alguma expectativa de valorização adicional do real (supondo que o mundo não sofra novos solavancos). Não parece ajudar muito o real, pelo menos no curto prazo.
Não se quer dizer que os juros não possam ou não devam cair. Trata-se aqui do câmbio. Os críticos do real forte ainda precisam apresentar uma alternativa mais estruturada para lidar com o problema.

TOMANDO CERVEJA


BRASÍLIA - DF

O show do bilhão


Correio Braziliense - 04/06/2009
 

Engana-se quem pensa que os pré-candidatos do PSDB à Presidência da República estão parados enquanto a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, se apresenta nos balanços do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sem muito estardalhaço cada um arma seu jogo para a hora de entrar em campo. O governador de São Paulo, José Serra, por exemplo, atingiu a marca de R$ 1 bilhão em impostos estaduais devolvidos aos contribuintes que, ao comprar qualquer coisa no estado, exigiram a nota fiscal paulista e inscreveram seu CPF no programa, uma iniciativa inédita no Brasil. 

***
Serra dá o tom do que vem por aí, caso seja o candidato, uma vez que faz questão de dizer que o projeto poderia ser implantado em âmbito nacional. Aécio Neves, de Minas Gerais, não pretende ficar atrás. Antes de seguir com Serra para Foz do Iguaçu, o governador lança em Minas o centro de atendimento integral à mulher, um projeto que engloba até mesmo um instituto médico legal específico para o público feminino, outra iniciativa pioneira. Serra, de olho no contribuinte, Dilma, no PAC, e Aécio, no voto feminino. Semana de apresentar projetos que vão fazer bonito no horário eleitoral.


Datas

Circula em Brasília a informação de que, em fevereiro, José Serra deixaria o governo de São Paulo para ser candidato a presidente da República. A resposta do governador, no entanto, a quem lhe pergunta sobre 2010 é padrão: “É cedo para tratar de 2010”. E você que está lendo isso faz como a turma da coluna: finge que acredita. 

Caldeirão

Além da crise desencadeada com a demissão de apadrinhados do PMDB, o presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio, enfrenta uma rebelião interna contra o remanejamento de funcionários de carreira, promovido em fevereiro. Dos 90 afetados pela mudança, 27 contestaram as transferências na Justiça. No último dia 27, o grupo conseguiu na 1ª Vara Trabalhista de Brasília uma decisão mandando a Infraero justificar o rearranjo. 

Barraco

Há 21 meses sem partido, o governador de Rondônia, Ivo Cassol, acertou sua filiação ao PP para disputar uma cadeira no Senado em 2010. Novamente às voltas com o Ministério Público e com a Justiça, ele não encontrará recepção calorosa na legenda. O presidente do diretório estadual, Agnaldo Muniz, protestou à Executiva Nacional, a qual ameaçou intervir caso a filiação não seja efetivada. 

Inventário

O líder do PDT na Câmara, Brizola Neto (RJ), começou a colher ontem assinaturas de outros líderes para votar logo uma proposta que impede a realização de leilões de blocos de exploração na camada do pré-sal sem que haja um mapeamento das jazidas. “Ninguém vende uma fazenda sem antes ter um inventário do que há dentro”, disse o pedetista. O governo pretende entregar o marco regulatório do pré-sal em duas semanas. 

No cafezinho

 
 

Paulistano/ Conforme antecipou esta coluna há meses, o presidente do PPS, Roberto Freire (foto), está cada vez mais paulista e entusiasmado com a candidatura a deputado no estado. Ontem ao desembarcar em Sampa, ele fez o seguinte comentário: “Em Pernambuco, está acabando o voto de opinião”. Freire já tem até casa em São Paulo. Só falta o domicílio eleitoral. 

E o dinheiro, ó!/Convocada pelo presidente Lula há pouco mais de um mês, a Conferência Nacional de Comunicação já sofreu dois cortes em seu orçamento. Na primeira tesourada, a dotação original de R$ 10 milhões foi reduzida para R$ 8,2 milhões. Na segunda, da semana passada, o arrocho enxugou os recursos para R$ 1,7 milhão. 

Diferenças/ Um peemedebista prá lá de observador resumiu assim o que distancia o líder governista Romero Jucá (PMDB-RR) do líder do PMDB Renan Calheiros (AL): “Romero é governo. Renan é Renan”. É, pois é... 

Por falar em Jucá.../ O líder tá bombando. Dia desses circulava em Brasília no volante de um Jaguar. Coisa fina.

MERVAL PEREIRA

Só união contra Lula


O Globo - 04/06/2009
 

Enquanto o PT convenceu-se rapidamente de que a unidade em torno da ministra Dilma Rousseff, candidata escolhida pelo presidente Lula e não pela cúpula partidária, era a melhor aposta para a tentativa de permanecer à frente do governo, setores importantes do PSDB ainda não estão convencidos de que o governador de São Paulo, José Serra, é a melhor escolha para o partido tentar reconquistar o poder federal.

 


Essa diferença de comportamento dá uma clara vantagem, neste momento, às forças governistas, e somente a inesperada doença da ministra pode enfraquecer sua posição na corrida presidencial. Ao mesmo tempo em que se debate mais uma vez entre dois presidenciáveis, o PSDB vai perdendo terreno numa corrida que, por decisão estratégica do presidente Lula, foi antecipada e já não há como ser freada. 

Com o agravante de que o governador de Minas, Aécio Neves, é um político de mais peso e história pessoal do que Geraldo Alckmim. A decisão de Serra de não se jogar a campo até o ano que vem teria sentido se o partido estivesse unido em torno dele inequivocamente. 

E, se os governos de São Paulo e de Minas Gerais, dois dos mais importantes estados da federação, servissem de exemplo das alternativas tucanas de administração - espécie de laboratórios em que a população poderia identificar que mudanças para melhor os tucanos imporiam na administração federal caso voltassem ao poder em 2010. 

Ao contrário, diante da crise econômica internacional que poderia afetar a credibilidade da política governamental, o governo Lula vem adotando medidas que vêm sendo percebidas como corretas, não apenas pela população de maneira geral, mas pelo empresariado. 

Mesmo que a economia esteja em recessão e que provavelmente feche o ano com crescimento negativo, e que o desemprego aumente, os incentivos fiscais para setores da indústria, os financiamentos do BNDES, o programa habitacional e as obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) formam um conjunto de ações que dá a sensação de que o governo está fazendo tudo o que é possível diante de uma situação que não foi criada por ele. 

O problema da oposição é que, mesmo que o PAC seja mais uma obra de ficção do que um programa planejado de mudança estrutural, e que o projeto de construir um milhão de casas populares seja mais uma peça de propaganda do que uma realidade factível, é difícil transformar isso em uma peça de oposição inteligível pelo eleitorado. 

O governo parece acenar com esperança, enquanto a oposição parece querer o quanto pior, melhor. 

Assim como é difícil para a oposição transformar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no grande vilão da crise - como tenta fazer o governador de São Paulo, que concentra no Banco Central as críticas ao governo, enquanto confraterniza em público com o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff, na tentativa de não se atritar antes da hora com um governo popular ou, quem sabe, de fazer com que parte do eleitorado lulista o veja como uma alternativa melhor do que a oficial. 

Durante todo o primeiro governo Lula e boa parte do segundo, a permanência de Henrique Meirelles à frente do Banco Central era vista como uma capitulação de Lula aos méritos da política econômica tucana, e a autonomia do Banco Central como um dos principais fatores que conseguiram equilibrar a economia brasileira, mesmo com o aumento dos gastos públicos. 

Não foram poucas as vezes em que o PSDB uniu-se para defender o Banco Central dos ataques de setores petistas, que pediam a cabeça de Meirelles. 

O presidente Lula, recentemente, disse que o presidente do Banco Central é o ministro que mais defende o povo, pois, com a política fiscal, a inflação está sob controle e o poder de compra da população está preservado. 

Até mesmo a valorização do real, em decorrência dos juros altos, tem a vantagem de fazer a alegria da classe média, embora prejudique as exportações. 

Antes de a crise estourar, a oposição tinha um discurso de gerenciamento moderno eficiente contra o aparelhamento do estado petista, e defendia as reformas estruturais como imprescindíveis para que o país pudesse crescer no ritmo dos demais emergentes. 

Com a crise, o papel do Estado na economia ganhou dimensões salvadoras em todo o mundo, e o governo Lula passou a defender a justeza de sua política, mesmo distorcendo conceitos e tratando como solução definitiva a intervenção do Estado que, nos países desenvolvidos, é vista como uma solução radical e temporária. 

O que era considerado erro do governo passou a ser virtude: bancos estatais, programas sociais de cunho assistencialista como o Bolsa Família, que teriam efeito duplo, em termos equitativos e de aquecimento de demanda. 

O aumento do salário mínimo, que aumenta a rigidez trabalhista e o déficit da Previdência, tem também um efeito direto sobre demanda através dos programas sociais a ele vinculados. 

Até mesmo o PAC, cuja maioria de obras não saiu do papel, é apontado como um programa contracíclico de efeitos sociais, comparável pelos mais governistas ao New Deal que ajudou a tirar os Estados Unidos da Grande Depressão, na década de 30 do século passado. 

Mesmo sendo uma obra propagandística, o PAC faz a alegria dos empreiteiros e ajuda a dar ao governo Lula o apoio de setores empresariais importantes. 

As pesquisas de opinião mostram que a estratégia está dando certo e que a popularidade de Lula ajuda a alavancar a candidatura de Dilma Rousseff. 

Para não perder novamente o poder nacional, será preciso a oposição convencer o eleitorado de que Dilma não é Lula outra vez. Só resta encontrar um caminho de unidade, com uma chapa puro-sangue, que contraponha a experiência administrativa de seus principais governadores à inexperiência de Dilma.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


O IBAMA NÃO DEU LICENÇA AMBIENTAL PARA DESMATAMENTO

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CELSO MING

Quem é o patrão?


O Estado de S. Paulo - 04/06/2009
 
O resgate da General Motors Corporation (GM) e da Chrysler com dezenas de bilhões de dólares em recursos públicos dos Estados Unidos foi justificado como uma operação de interesse nacional pelo presidente Barack Obama. Mas envolve enormes conflitos.

Em seu pronunciamento de segunda-feira, Obama avisou que o governo americano se via como um "acionista relutante" da GM, agora que terá 60% de participação na companhia. Ele diz que se tornou necessário salvar as montadoras em nome da manutenção dos empregos e da imagem do país. Mas há enormes questionamentos a fazer.

Um deles diz respeito aos subsídios. A intervenção do governo americano é uma enorme operação de distribuição de subsídios passível de contestação nos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC), na medida em que parece configurar competição desleal no mercado de veículos dos Estados Unidos e do resto do mundo.

A defesa da concorrência não se faz apenas desmanchando monopólios ou fusões suspeitas. Faz-se, também, por meio da premiação da gestão bem sucedida e da entrega das administrações irresponsáveis à sua própria sorte. Afinal, não são essas as regras do capitalismo sadio?

Por que, por exemplo, a GM e a Chrysler puderam pintar e bordar durante anos de gestão que agora se revelou desastrosa, para, em seguida, receberem presentões oficiais? Enquanto isso, por que a Ford - e não vamos nem puxar aqui pelo nome de outras montadoras instaladas nos Estados Unidos - deve se conformar com comer o pão que o diabo amassou? Não seria melhor para a Ford parar de lutar para que o governo americano intervenha depois com injeções generosas de recursos públicos, sempre em nome da manutenção dos empregos e do orgulho nacional?

Enfim, a concessão de status de invulnerabilidade a empresas e bancos apenas porque são grandes demais (too big to fail) alimenta o risco moral e encoraja administrações levianas. Isso não pode ser bom para o objetivo da sociedade.

O outro grande conflito de interesses que sobrevém da operação de salvamento de duas das três grandes montadoras americanas é a nova condição da central sindical do setor, a United Auto Workers (UAW), cujo fundo de saúde se tornou proprietário de 17,5% do capital da GM e de 55% do capital da Chrysler. 

Nessa hora, os sindicatos não tiveram escolha. Ou trocariam seus créditos nas montadoras por posições acionárias ou correriam o risco de perder tudo. Mas, afinal, o que sairá desse arranjo? Qual será o interesse prioritário dos trabalhadores: obter o máximo de lucro para as empresas ou assegurar os maiores aumentos de salário, a melhor aposentadoria e os melhores planos de saúde?

Nos anos 60, os frades dominicanos ajudaram a criar aqui no Brasil a Unilabor, empresa do setor de móveis, administrada por uma cooperativa de trabalhadores. Meses após sua fundação, os funcionários convocaram uma assembleia para decidir por uma greve para aumento de salários. "Contra quem é essa greve?", perguntou o líder. "Contra o patrão que paga salário baixo", responderam. "Mas o patrão são vocês...", ouviram do outro lado.

É esse tipo de pergunta que os trabalhadores da GM e da Chrysler terão de responder agora. 

Confira

Atrás da esquina - Todos os dias, aparece autoridade denunciando o risco de inflação nos Estados Unidos. Terça-feira, foi a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Ontem, foi o diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) Thomas Hoenig.

A preocupação geral é com o princípio de rejeição dos títulos do Tesouro americano de 30 anos, cujo rendimento (yield) não para de subir. 

Enquanto isso, o presidente do Fed, Ben Bernanke, avisou ontem que, além de não haver sinais de inflação, o desemprego continua crescendo e a crise pode ter uma recaída forte.

LIXO


ROLF KUNTZ

Políticas de governo ou de ministros?


O Estado de S. Paulo - 04/06/2009
 
O Brasil é comandado pelo presidente Lula, disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante o entrevero com a senadora Kátia Abreu, líder ruralista. Se o presidente comandar o Executivo - não o País - e conseguir articular sua base parlamentar, já executará boa parte de sua tarefa. Mas perguntem ao presidente: Qual a política ambiental de seu governo? Qual sua política agrícola? Quais as prioridades transmitidas aos ministros do Meio Ambiente e da Agricultura? Ganha um prêmio quem conseguir uma resposta satisfatória. Se houvesse orientação, ministros não andariam brigando em público nem sairiam em busca de composições com diferentes setores políticos e diferentes grupos de interesses. O ministro Carlos Minc mencionou um pacto entre ambientalistas e a agricultura familiar como derrota para o grupo ruralista. É função de ministro fazer pactos desse tipo?

O presidente Lula tem cobrado bom comportamento de seus auxiliares: divergências não são proibidas, podem até ser úteis, mas não se deve discutir em público. Ele acerta ao cobrar mais compostura e mais discrição, mas erra ao parar nesse ponto. Recém-eleito, em 2002, Lula prometeu governar para todos os brasileiros - não só para quem votou nele. Apesar de redundante, foi uma promessa bonita. Mas ele mesmo não tirou as consequências de suas palavras. Um de seus erros foi permitir a fragmentação do governo, como se os diferentes ministérios devessem atender a diferentes interesses.

O ministro Minc apresentou-se, durante a discussão com os fazendeiros, como representante dos ambientalistas. Se essa é a sua concepção do cargo, está errada. Ministro do Meio Ambiente não representa ambientalistas. Ministro da Agricultura não representa agricultores, grandes ou pequenos, nem os empresários do agronegócio. Ministro do Desenvolvimento não representa industriais. Presidente de Banco Central não representa os banqueiros. Ministro do Trabalho não representa os trabalhadores. Presidente da CVM não representa os participantes do mercado de capitais. O presidente da República representa o País. Para ajudá-lo nessa função ele delega responsabilidade e autoridade a ministros e a outros funcionários. Assim como seu chefe, eles são representantes da sociedade, e não de alguns grupos e de alguns interesses.

Tudo isso pode ser o óbvio ululante, mas essa obviedade é com frequência esquecida no governo. Só esse esquecimento pode explicar o pacto, alardeado pelo ministro Minc, entre seu ministério, os ambientalistas e a agricultura familiar - um pacto descrito como derrota para o grupo ruralista. Como esse grupo, segundo Minc, é apoiado pelo ministro da Agricultura, também este, segundo o mesmo raciocínio, foi derrotado. E o governo? Saiu vitorioso ou perdedor desse episódio?

O pacto festejado em tom triunfal pelo ministro do Meio Ambiente foi motivado pela discussão sobre a reforma do Código Florestal Brasileiro. É um assunto de enorme importância e o governo deve ter uma opinião sobre o assunto. O governo - não este ou aquele ministério. Se o governo tem uma opinião sobre o tema, seus ministros devem trabalhar em conjunto, apoiando e municiando a base parlamentar. Em conjunto os ministros e parlamentares da área governista devem negociar os detalhes polêmicos do projeto, sem se envolver em pactos ou alianças com quaisquer dos grupos de interesses. Se não houver acordo e for preciso confrontar algum grupo, os ministros devem ir unidos para a briga. Os parlamentares da base podem até se dividir, para atender seus eleitores, mas não os membros do Executivo. A administração e a política funcionam assim, nas democracias, exceto quando o governo é incapaz de se organizar.

O presidente Lula parece ter outra concepção de governo e de administração pública. Se a sua concepção fosse mais próxima dos padrões comuns, não teria, por exemplo, deixado o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afrontar a Comissão de Ética Pública. Não teria tolerado por tanto tempo, no primeiro mandato, o conflito entre o presidente do BNDES, Carlos Lessa, e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan. Não teria deixado o Ministério do Desenvolvimento Agrário intrometer-se nas discussões da Rodada Doha sobre comércio agrícola. Não autorizaria pressões contra o Banco Central, embora ele mesmo, o presidente da República, tenha evitado dar grandes palpites sobre juros e câmbio. A pergunta permanece: a política ambiental e a política agrícola são dos ministros ou do governo?

CORRUPÇÃO


Freire: Há tanta corrupção no governo que base de Lula não consegue mais esconder malfeitos







Foto: Tuca Pinheiro
Freire: Há tanta corrupção no governo que base de Lula não consegue mais esconder malfeitos 
Freire critica manobras do governo para barrar investigações.


Por: Valéria de Oliveira 

PORTAL DO PPS


O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse nesta quarta-feira que há tanta corrupção no governo Lula que sua base no Congresso não consegue mais encobrir os malfeitos e muito menos abafar CPIs."Infelizmente, os malfeitos desse governo não estão apenas na Petrobras; então seus aliados ficam tentando encobrir uma investigação e descobrem outra".


A situação ficou tão evidente, ressalta Friere, que falta de "gente competente" do governo para impedir investigações de desvio de recursos públicos e superfaturamento, fato que ficou claro no Senado, onde a base governista está em situação delicada para defender o Planalto em duas CPIs. Numa trapalhada da base aliada e do governo, a oposição assumiu a relatoria da CPI das ONGs, a qual ela já presidia. Os governistas, por causa do episódio, querem inviabilizar outra CPI, a da Petrobras, que deveria ter sido instalada ontem, terça-feira.


"Parece evidente que o governo tem poucos 'homens de confiança' para impedir investigações, porque foi necessário transferir um deles (Inácio Arruda, do PCdoB do Ceará) da CPI dos Ongs, onde ele estava exercendo com proficiência seu papel de embargar toda e qualquer investigação, para a CPI da Petrobras. Se descuidaram do regimento, da ação da oposição e agora estão com uma batata quente na mão", ironizou o presidente do PPS, ao se referir ao fato de o cochilo do Planalto ter jogado o comando completo da CPI das Ongs no colo da oposição.


Para Freire, o problema do governo é ter de enfrentar duas CPIs importantes, que apuram denúncias muito graves, embasadas em laudo do TCU, da Polícia Federal e do Ministério Público. Freire lembra que governo vinha conseguindo inviabilizar as investigações na CPI das ONGs. "Mas quando surgiu a CPI da Petrobras, a base aliada teve de deslocar dela um parlamentar e acabou em palpos de aranha".


Segundo o presidente do PPS, não há como fugir da instalação da CPI da Petrobras, cujo funcionamento vem sendo usado pelos governistas para chantagear a oposição. "Não tem como fugir da instalação. É um direito de minoria, não é nem de oposição". Entretanto, analisa, o governo está querendo "ganhar tempo para ver se resolve o problema que ele próprio criou".


Disputa


Quando à disputa de poder entre PT e PMDB para obter o comando da CPI da Petrobras, Freire acredita que ela se deve a uma briga "entre áulicos do governo para ver quem é mais áulico que o outro, quem pode desempenhar melhor o papel e se credenciar junto ao Planalto".


O ex-senador lamenta que o Parlamento deixe "de exercer um papel importante e se afirmar como um poder sério perante a nação" para se dedicar a "relações promíscuas com o Poder o Executivo". Para Freire, esses parlamentares perderam a capacidade de representar um Poder. Se dedicam a representar seus próprios interesses.