segunda-feira, maio 25, 2009

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

A Petrobras patrocinou até uma ONG fundada pelo companheiro Delúbio

25 de maio de 2009

De maneira que a Petrobras perdeu dinheiro com uma ONG fundada por Delúbio Soares, prefiro começar como se o texto estivesse no meio porque parágrafos de abertura devem dizer algo surpreendente, e pilantragens financeiras envolvendo o tesoureiro do mensalão são tão previsíveis quanto a alternância das marés, a mudança das estações ou mais um assassinato do plural pelo presidente Lula. Considerada até recentemente uma empresa moderna para os padrões brasileiros, a estatal sucumbiu à Era da Mediocridade depois de tomada de assalto pela companheirada. Pode ter caído na vida, sugere a reportagem publicada pelo Estadão na edição de domingo.

Entre outros negócios ─ como direi? ─ obscuros, o jornal resumiu a história de um convênio celebrado em 2007 entre a Petrobras e o Instituto Nacional de Formação e Assessoria Sindical da Agricultura Familiar, o Ifas, organização não-governamental fundada em 1985 por um grupo de petistas chefiado por Delúbio. Homiziada numa casa modesta no centro de Goiânia, desprovida até da placa na fachada, a ONG já se metera num caso de desvio de verbas do INCRA quando a Petrobras topou contemplá-la com R$ 4 milhões.

No texto do acordo, ficou combinado que, em troca da verba, o Ifas ensinaria trabalhadores rurais de Minas, Bahia e Ceará a plantar mamona, dendê e girassol. Entusiasmado com os cifrões, os discípulos de Delúbio prometeram diplomar 3 mil famílias de pequenos agricultores, garantir-lhes assistência técnica e construir armazéns para hospedar a produção de bom tamanho: 5,5 mil toneladas de grãos. Entusiasmada com as cifras que jamais sairiam do papel, a direção da Petrobras acelerou a liberação de R$ 1,6 milhão. Ninguém sabe que fim levou a bolada.

O formidável berreiro causado pela gestação da CPI da Petrobras informou que algo de errado ocorrera. Querem prejudicar a nação com estragos na imagem de uma empresa que é a cara do Brasil, decolou o presidente Lula. Querem privatizar a Petrobras, viajaram sindicalistas neopelegos e subalternos vocacionais como o ministro Edson Lobão. O petróleo é nosso, ecoaram petistas de carteirinha e parlamentares da base alugada. É nosso e ninguém tira, preveniram no centro do Rio os puxadores de cantoria de uma passeata em miniatura. Aí tem, desconfiaram até os frentistas dos postos de gasolina.

Tem até um convênio com Delúbio,  já se sabe. É só o começo. De maneira que a coisa vai ficar feia.

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RICARDO NOBLAT


Rampa abaixo


O Globo - 25/05/2009

"Dizer que é constitucional o terceiro mandato é dizer que o quarto também é.” (Carlos Ayres Britto – presidente do TSE)

Quando fala grosso contra a CPI da Petrobras prestes a ser instalada no Senado, exagera nos seus improváveis efeitos devastadores sobre a saúde da empresa e quase chega a acenar com o fim do mundo, o governo procura atingir dois alvos: o PSDB, pai da CPI, e o PMDB. Por mais que negue, ele teme, sim, a abertura da caixa-preta da Petrobras.

A retórica governamental destina-se em primeiro lugar a amedrontar o PSDB, acusando-o de pretender desde já o enfraquecimento da Petrobras para privatizá-la depois caso um dos seus se eleja em presidente em 2010.

Independente do resultado da CPI, é uma mentira bem urdida a ser explorada na campanha eleitoral que se avizinha.

Quanto ao PMDB, o governo imagina adverti-lo de uma vez por todas: nem pense em extrair vantagens do fato de ser indispensável para que a CPI naufrague. Não lhe darei nada em troca. Diretoria do pré-sal? Loucura! Esqueça! O que você possui é o bastante. Limite-se daqui para frente a cumprir com o seu dever.

Quem conhece bem os dois partidos sabe que a jogada do governo dará resultado com o PSDB, um partido com fama de medroso. Com o PMDB, não. O PMDB é um partido acostumado a apanhar e a seguir em frente. Não se impressiona com arreganhos. Às vezes, até lucra com eles. Há 11 vagas na CPI. A maioria é do PMDB.

 É inescapável: quanto mais se aproxima o fim do governo, mais aumenta o poder de barganha dos seus aliados. Uma coisa é conservar nas alturas a popularidade – isso Lula conserva. Outra é manter intacta a força política que deriva do cargo e do desempenho do seu ocupante – nem São Lula será capaz de tal milagre.

 Sob esse aspecto, o calendário é perverso com os poderosos que têm data marcada para ceder o lugar. É bom que seja assim para a saúde da democracia. O calendário importa menos para aspirantes a ditadores como Hugo Chávez, da Venezuela. Para monarcas e ditadores, ele simplesmente não importa.

Lula só pode inventar a candidatura da ministra Dilma Rousseff porque começou a trabalhar o nome dela há mais de um ano e com rara energia. O tempo foi suficiente. Brecou dentro do PT qualquer tentativa de se cogitar de outros aspirantes a candidato. Atraiu o PMDB. Mas a verdade é que Lula tinha mais poder do que tem agora.

 Seria incapaz de repetir a proeza se fosse obrigado a procurar um substituto para Dilma. O PSB, por exemplo, irá com Dilma, apesar de ter um candidato que é vice-líder nas pesquisas de intenção de voto – o deputado Ciro Gomes. Ocorre que o PSB receia a natureza estabanada de Ciro. Acha que terá mais a lucrar na companhia de Dilma.

 Se Dilma por força da doença fosse obrigada a sair de cena, seria inevitável que a candidatura de Ciro ganhasse novo fôlego. Até aqui, o único compromisso firmado pelo PMDB com o governo é o de apoia-lo. Apoio a Dilma? Bem, depende de suas chances de vitória. E do que ela em troca oferecer ao partido.

 Na hipótese de outro nome do PT vir a ser inventado às pressas para disputar a eleição presidencial, crescerá no PMDB a tendência de apoiar o candidato do PSDB a presidente – seja ele José Serra, como parece mais provável, ou Aécio Neves.

 Lula não será duas vezes o senhor de cutelo da escolha do candidato oficial. Se depender do PMDB, não será.

 Lula sabe disso. E sabe mais: para a candidatura Dilma, nem o câncer é mais letal do que a ideia golpista de mudar a Constituição de modo a que ele possa concorrer a um terceiro mandato consecutivo. É por tal motivo que Lula tem repetido à exaustão que no dia 1º de janeiro de 2011 sairá do Palácio do Planalto direto para casa.

 Infelizmente para Lula, a contagem regressiva para o desfecho do seu atual mandato coincide com a crise da economia mundial, a doença de Dilma, a CPI da Petrobras e um Plano de Aceleração do Crescimento quase empacado. Por mais que ainda possa muito, o cara não pode tudo. E daqui para frente poderá cada vez menos.

GEORGE DE CERQUEIRA LEITE ZARUR


A vantagem brasileira


O Globo - 25/05/2009
 

A vantagem brasileira é uma utopia precisamente definida pelo povo do país, quando insiste que "no Brasil surgirá uma sociedade que derrubará as barreiras de religião, classe e cor". Quem não ouviu essa frase? 

Esse projeto nascido da mestiçagem e da mistura cultural foi descrito por intelectuais como Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e tantos outros. Essa é a vantagem brasileira diante dos que dividem seu próprio povo em nações diversas odiando-se mutuamente, obrigadas por infelicidade histórica a conviver no mesmo território sob o mesmo Estado. É a nossa vantagem em relação aos Estados que empregam o conceito de raça como premissa da identidade. 

Por isso, é gravíssimo que se pretenda destruir a grande vantagem brasileira, por meio da introdução do conceito de raça em nossas leis. Radical é o "Estatuto da Igualdade Racial" que será votado na Câmara. Racializa toda a economia, a saúde e a educação. Seu objetivo declarado é o de eliminar as diferenças entre negros e brancos, mas nada pode ser mais prejudicial a todos os brasileiros, especialmente aos de pele mais escura, do que a introdução do conceito de "raça" na legislação. 

A tese do conflito de "raças" pressupõe imutável hierarquia entre os seres humanos ditada pela biologia e imposta pela violência. Com a derrota do nazismo, o conceito de raça foi rejeitado pela academia, mas não pela sociedade americana, pois consiste em um dos seus critérios centrais de organização. 

É nitidamente racista a associação entre o multiculturalismo e as supostas diferenças de visão do mundo entre "negros" e "brancos", usada para justificar a promulgação de leis raciais no Brasil. Essa relação pode ser estabelecida nos EUA, onde foi construída uma identidade negra à parte, devido à segregação espacial dos guetos. 

Mas, ao contrário do gueto americano, não há nas favelas brasileiras distinções dialetais entre "negros", "pardos" e "brancos": a alimentação não é diferente; frequentam a mesma igreja ou terreiro de umbanda e pertencem à mesma escola de samba. Seus filhos casam entre si. Vencida a pobreza, a vida melhorará para todos. Porém, leis raciais dificultarão a convivência entre vizinhos de cor de pele diferente. Poderão surgir comunidades distintas e antagônicas, devido ao acesso diferenciado a empregos, à educação e à saúde. 

A nação espera que o Congresso rejeite as leis raciais que ameaçam a unidade do povo, afrontam a cidadania e agridem a igualdade republicana. 

GEORGE DE CERQUEIRA LEITE ZARUR é antropólogo e economista.

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CLÁUDIO HUMBERTO

"Eu não sei o que vai acontecer em 2010, como pensarei em 2014?" 

Presidente Lula, ao ser perguntado se buscará a eleição após deixar o mandato em 2010


Ministros candidatos podem sair em outubro

O presidente Lula segredou a um ministro, na viagem ao exterior, que pensa em antecipar para outubro a data de saída dos ocupantes de cargos de primeiro e segundo escalões que serão candidatos em 2010. A ideia é recompor o ministério, no último ano, em comum acordo com a ministra-candidata Dilma Rousseff, a fim de que ela assuma ainda mais atribuições na gestão, engajando toda equipe na campanha presidencial.

Serra no muro
Intriga o silêncio do governador paulista José Serra sobre a CPI da Petrobras. Não é a favor, nem contra, muito antes pelo contrário.

De véspera, feito peru
O governo celebra o êxito da "operação" de constranger o PSDB por criar a CPI da Petrobras, com a lorota da intenção de "vender" a estatal.

Reação nervosa
Por trás da reação à CPI da Petrobras está o medo de escarafunchar as suspeitas de superfaturamento e o financiamento de projetos eleitorais.

Favoritismo
Até os governistas já dão como certa a indicação do senador ACM Jr. (DEM-BA) para a presidência da CPI da Petrobras.

Vale no topo dos investimentos privados
A Vale reajustou seu plano de investimentos de US$ 14,2 bi para US$ 9 bilhões. Mesmo em meio à crise econômica mundial, é o maior investimento privado do Brasil. Todo esse caminhão de dinheiro, de quase R$ 20 bilhões, garante cerca de 45 mil empregos no País. Será investimento maior, por exemplo, que o total prometido pelo Governo Federal para 2010 no programa de construção de 1 milhão de casas.

Preso em casa
Como o ex-juiz Lalau, a defesa do empresário Nenê Constantino deve alegar a idade avançada, 78 anos, para requerer prisão domiciliar.

Tudo como antes
Ao trocar a verba indenizatória pelo cotão de R$ 34 mil, o mensalão de nova geração, a Câmara trocou seis por meia dúzia.

Dossiê PO
Em Brasília, a oposição documenta, para denunciá-las, obras públicas que beneficiam empreendimentos do vice-governador Paulo Octávio.

Gazeta
ACM Neto (DEM-BA), que não deu as caras no conselho de ética para ouvir o deputado do castelo, mal apareceu na Câmara, esta semana. Na quinta, cedo, pegou um avião para o fim de semana em Buenos Aires.

Jogo bruto no Ceará
Das oito tevês cearenses, só a do coronel e senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi avisada do mandado de busca e apreensão, no PMDB, de suposto material de propaganda do deputado Eunicio Oliveira. Para o PMDB, foi uma jogada para desgastar o adversário de Tasso ao Senado.

Distância do Brasil
Refugiados palestinos se manifestaram ontem, em Brasília, confirmando o que esta coluna já havia antecipado: eles não querem ficar no Brasil. Querem dinheiro e passagens para a Europa. Por nossa conta, é claro.

Hélio na frente
O ministro Hélio Costa (Comunicações) tem 40% das intenções de voto para governador de Minas, segundo pesquisa Vox Populi. Em segundo, longe, vem o ex-prefeito de BH Fernando Pimentel, e na rabeira, com 4%, Antônio Anastasia, candidato do governador Aécio Neves.

Sem consenso
A base governista se reúne terça-feira para afinar o discurso na reforma política. PT, PMDB e PCdoB são a favor do financiamento público de campanha e da lista fechada. PP, PR, PTB, PDT e PSB são contra.

Marcado para perder
O PT-DF escolhe no dia 4 seu candidato ao governo do DF. O ex-ministro Agnelo Queiroz é o favorito entre petistas para enfrentar o atual governador José Roberto Arruda (DEM) e o ex Joaquim Roriz (PMDB).

Pé na estrada
Para protestar contra um projeto do governador José Serra (PSDB), de construir um presídio 
na cidade, o prefeito de Porto Feliz (SP), Claudio Maffei (PT), inicia amanhã viagem a pé até o Palácio dos Bandeirantes, levando um abaixo-assinado com 15 mil nomes, contra o presídio.

Zona de perigo
O dólar abaixo dosR$ 2 é o pavor dos exportadores e do agronegócio: quando os preços começam a melhorar lá fora, a desvalorização cambial ameaça os ganhos. Mas insumos, como fertilizantes, ficam mais caros.

Ambições
O presidente da Petrobras ainda pode ser candidato ao governo da Bahia. Plataforma é o que não lhe falta. Nem grana distribuída na Bahia.

Poder sem pudor
Falatório não é dinheiro

Secretário de Planejamento de Pernambuco nos anos 70, Everardo Maciel promoveu um seminário sobre projetos para a região metropolitana do Recife, na prefeitura da capital. Os temas eram excessivamente técnicos, enfadonhos. O então prefeito, Augusto Lucena, interrompeu Maciel:
– Secretário, vou sair e dar uns telefonemas...
Ante a expressão de espanto de Maciel, ele completou:
– ...quando chegar na parte "dinheiro para a cidade", propriamente dita, pode mandar me chamar.
E foi embora.

APENAS ILUSÃO


EDITORIAL

O Globo - 25/05/2009
 

O planejamento centralizado terminou no lixo da História, mas o ideário do "Estado forte", capaz de induzir o desenvolvimento e muito mais, sobreviveu como uma bactéria resistente. É certo que há funções-chave para o Estado numa sociedade moderna. Inclusive, por óbvio, na economia, haja vista o papel imprescindível dos bancos centrais - a ação deles na atual crise é uma prova. 

Mas, na vulgata que restou deste pensamento, clássico da esquerda, deu-se uma confusão entre os adjetivos "forte", "eficiente" e "inchado". Nem todo Estado forte é eficiente, assim como Estado inchado de servidores não necessariamente é forte, muito menos eficiente. 

O governo Lula se perdeu nessa confusão -, que não é semântica. Contratou até agora cerca de 200 mil funcionários públicos, inflando em mais de 20% o contingente de servidores, na ideia de que assim estaria constituindo um Estado forte e eficiente. Tudo uma custosa ilusão. Basta apurar se houve alguma melhoria notável, proporcional ao inchaço da máquina burocrática, no atendimento à população. A resposta é "nenhuma". Ou se este Estado "forte" consegue conter o desmatamento na Amazônia, despoluir rios, dar segurança ao cidadão. A resposta é "não" -, pois o modelo seguido pelo governo foi o do Estado inchado, ineficiente. 

Subjacente à questão há o problema do custo total desse funcionalismo para a sociedade - e não apenas em salário, mas aposentadorias e custeio em geral. Tinta, horas de trabalho têm sido gastas em Brasília para provar com números supostamente irrefutáveis que, ao contrário do que se possa pensar, o contingente de servidores é até pequeno, como demonstram comparações com países desenvolvidos. 

Ora, comparam-se realidades diversas, o que tira o sentido da própria avaliação. Não se pode considerar percentuais frios de participação de servidores nos diversos mercados de trabalho sem se levar em conta o nível de renda de cada país, respectivas cargas tributárias e a abrangência de atuação de cada burocracia. 

Por esta ótica, a correta, um país com uma carga de impostos como a do Brasil e uma folha de servidores que é um dos principais itens das despesas públicas - e em ascensão constante - tem um Estado inchado, cujo custo se tornou insuportável para a sociedade. Reformar este gigantesco organismo disforme, corporativista, ineficiente, terá de ser, mais cedo ou tarde, uma das prioridades nacionais.

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INFORME JB

Anastasia e Costa, os mineirinhos

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 25/05/09

O velho ditado que enobrece a peculiaridade de negociação dos mineiros não sucumbiu diante das variadas maneiras de se fazer política hoje. Aos fatos: a sucessão do governador Aécio Neves corre solta. Pelo PT, Fernando Pimentel e Patrus Ananias se articulam em várias regiões, cada um por si, já revelou o Informe. Quem sai da sombra do poder e ganha notoriedade, aos poucos, é o vice-governador Antonio Anastasia, o preferido de Aécio. Ele tem visitado dezenas de cidades por mês, com o respaldo do chefe – e de nada menos que 16 partidos da coalizão. O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), também trabalha quieto. Tenta convencer o presidente Lula a neutralizar os dois petistas, compor a chapa PMDB-PT, com o mote de que é o melhor para combater o candidato tucano.

Requião x povo Pergunta de...

Depois de comprar briga com toda a imprensa do Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB), que decidiu se aproximar da sociedade pelos próprios meios, agora desconta a ira no povo.

Requião criou o Fale com o governador, no qual responde perguntas pela internet. Mas tem dado respostas deselegantes. Provocado dia desses sobre promessa de reajuste de servidores, mandou esta: "Que pergunta mais imbecil!".

O iluminado

O governador mineiro e presidenciável Aécio Neves (PSDB) fez ao colega José Roberto Arruda, do Distrito Federal, a oferta de compra de parte da Companhia Energética de Brasília. A Cemig, do governo mineiro, quer injetar mais de bilhão ali.

Curto-cicuito

Mas, para abrir o capital da CEB para a sociedade, Arruda terá de convencer mais da metade da Câmara Distrital, onde ele tem muitas resistências ainda de aliados do ex-governador Joaquim Roriz.

Luz do Rio

A Cemig já tem participação, e grande, na Light do Rio.

Lula contra o Mau...

Os craques Lula Vieira, o famoso publicitário, e o conceituado jornalista Maurício Menezes vão se unir para o show Lula enfrenta o Mau (de Maurício).

...no palco

Em breve, o espetáculo vai a cartaz no Teatro Oi Casa Grande. Será sarcasmo puro num passeio entre os erros e curiosidades do jornalismo e da publicidade.

Canto de Ataulfo

Se vivo fosse, o cantor e compositor Ataulfo Alves completaria 100 anos no início de maio. Merecidamente, o intérprete de Amélia, entre outras, ganhou neste fim de semana um canto só seu. Uma estátua (foto) na pequena Miraí (MG), sua terra natal.

Teje preso

A juíza Ana Latorre, da 6ª Vara Federal de Porto Alegre, entrou na lista negra da AGU. Ela expediu mandado de prisão para o chefe da Procuradoria Regional da União na capital, Luis Antônio Alcoba, detido pela PF dia 7.

Teje solto

Alcoba foi preso por descumprimento de ordem judicial referente a fornecimento de remédios. Para a AGU, ele não tem poder para implementar medidas desse tipo. Alcoba já foi solto.

Pais do PAC

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles – o dono do cofre nacional – e o vice-governador do Rio, Luiz Pezão – o Pai do PAC – serão homenageados hoje na Firjan.

OAB ferve

Wadih Damous prepara-se para campanha nacional ou reeleição na OAB-Rio. E esquenta a briga. O vice disputa a vaga. E agora o advogado Luciano Viveiros foi apresentado como terceira via para a presidência da Ordem. Promete modernizar a seccional.

Feirão da saúde

Os reflexos da crise na gestão de saúde serão o tema tratado pelo presidente da Confederação Nacional de Saúde, José Carlos Abrahão, na Hospitalar 2009, feira internacional do setor – de 2 a 5 de junho, em São Paulo.

COISAS DA POLÍTICA


Dilma e os mitos em torno da eleição

Tales Faria

JORNAL DO BRASIL - 25/05/09

Esta coluna publicou entrevistas com Marcos Coimbra, presidente do instituto de pesquisas Vox Populi, e Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, no dia 28 de abril. Em linhas gerais, eles diziam que o câncer da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não influenciaria o eleitor na sua escolha para presidente da República em 2010. Coimbra ia além, argumentando que quem tentasse utilizar isto na campanha – tanto a ministra como seus adversários – poderia, este sim, sair prejudicado.

Lamento informar, mas acho que Coimbra e Montenegro erraram, apesar de serem dois dos melhores analistas de opinião pública que há por aí. A julgar pela pesquisa divulgada pelo PT na sexta-feira – de autoria do próprio Vox Populi – Dilma está se beneficiando da doença, sim. Nos cinco cenários pesquisados pelo instituto, a ministra ficou entre 19% e 25% das intenções de voto. Nunca antes ela havia alcançado nada assim. E a sondagem foi feita entre os dias 2 e 7 de maio, portanto depois do anúncio de que precisou retirar um tumor maligno do organismo.

Tenho a impressão de que, se o câncer da ministra mostrar-se curado, o medo de que a doença atrapalhe sua atuação administrativa será muito menor do que o sentimento de solidariedade do eleitor. E ela poderá se beneficiar disso na campanha, se não cometer exageros. Lembro quando Ciro Gomes era candidato em 2002 e se descobriu que sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, tinha câncer. A moça até raspou a cabeça. Ficou linda, fez anúncios na TV. O grau de simpatia pelo marido cresceu absurdamente. Ciro acabou naufragando porque teve sua imagem desconstruída pela equipe de José Serra. E o próprio candidato se entregou aos seus costumeiros destemperos verbais. Mas que havia se beneficiado do tema, isso é inegável.

Ainda a propósito das entrevistas publicadas naquela coluna do dia 28, vale destacar outro detalhe: Montenegro parece ser quem errou mais. Nosso amigo disse que Dilma dificilmente passaria dos 15% a 17%, e que tudo indicava que o tucano José Serra venceria as eleições para presidente ainda no primeiro turno. Pois a tal pesquisa mostra que Dilma já praticamente assegurou a realização de um segundo turno.

O curioso da história é que na semana passada, poucos dias antes da divulgação da tal pesquisa, voltou a circular a conversa de terceiro mandato para Lula. O desconhecido deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) ganhou manchetes dizendo que apresentará projeto de plebiscito para que se autorize a re-reeleição do presidente. Essa é uma conversa que todo mundo que está próximo de fato de Lula sabe que não conta com o seu apoio. Jackson Barreto obteve seus 15 minutos de fama. Mas esse papo só serve mesmo para dar a entender que a candidatura de Dilma Rousseff não é para valer. Falar em terceiro mandato de Lula é o mesmo que dizer que Dilma não tem chances de vencer. Então é uma prosa que interessa mais aos adversários de Dilma do que aos aliados de Lula. Daí porque a oposição sempre bate o bumbo quando se fala em terceiro mandato.

E já que estamos brincando de derrubar mitos, que tal falarmos dessa história de que o PMDB está preocupado com a doença de Dilma? Caro leitor, pense bem: se um candidato fica doente, quem é o primeiro beneficiado? O vice, é claro. Quem deveria ter preocupação era o PT, não o PMDB. Os peemedebistas estão doidos para fechar acordo com Dilma em 2010. Tudo que o presidente do partido, Michel Temer, o ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, e o governador do Rio, Sérgio Cabral, mais querem é essa vaga de vice. Muito embora jurem o contrário. E, no PT, as figuras hegemônicas do partido – leia-se José Dirceu, Aloizio Mercadante e Marta Suplicy – já foram convencidos pelo presidente Lula a encampar a candidatura Dilma. Estão nisso até a alma.

Garotinho

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho enviará no dia 1° de junho ao presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, uma carta na qual comunica seu desligamento do partido. Garotinho argumenta que quer se candidatar a governador, mas que sabe do interesse do PMDB em apoiar a reeleição de Sérgio Cabral. Portanto, não lhe restava outra opção que não a de procurar outro partido. No caso, a legenda escolhida (e já acertada) é o PR. O ex-governador está em campanha frenética pelo interior do Estado.

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PAINEL

Ampla, geral e irrestrita

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO 25/05/09

Prima da especulação em torno do terceiro mandato presidencial, a conversa sobre a possibilidade de prorrogar todos os mandatos por dois anos é hoje mais ouvida no Congresso do que sua parente. Seus defensores, dos mais diferentes partidos e nem de longe restritos ao baixo clero, têm repetido um número mágico, calculado ninguém sabe como: fazer coincidir todas as eleições em 2012 levaria o país a "economizar R$ 10 bilhões". Não é ideia fácil de concretizar, mas, diferentemente do terceiro mandato, que resolveria apenas a vida de Lula, a prorrogação viria a calhar para muita gente, no governo e na oposição, que teme encarar as urnas no ano que vem.

Francamente. Mensagem do ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que também aderiu à onda do Twitter: "Esse alarido sobre o terceiro mandato tenta jogar nas costas do presidente Lula o desejo de muitos de prorrogar por dois anos todos os mandatos. Não dá, né?" 

Alto lá. Do ministro baiano Geddel Vieira Lima (PMDB) sobre entrevista em que o correligionário Orestes Quércia sugere que o ministro da Integração Nacional estará com o tucano José Serra (SP) em 2010: "Entendo a posição do Quércia, mas ele não pode confundir o desejo dele com as ações dos outros. Em momento nenhum sinalizei nada nesse sentido. Meu caminho natural é apoiar o candidato do presidente Lula". 

Arrimo. Yeda Crusius (PSDB) pode ter caído do palanque, mas, no que depender do PT, a governadora continuará sangrando, porém de pé, até a eleição. Pré-candidato à sucessão gaúcha, o ministro Tarso Genro quer adiar ao máximo a adesão dos tucanos a José Fogaça (PMDB). 

Tampão. Para os petistas de São Paulo, está claro por que Luiz Marinho é o maior propagador da ideia de apoiar um candidato de outro partido ao governo estadual. Como o prefeito de São Bernardo do Campo quer a vaga, mas não tem condições de disputá-la em 2010, gostaria que nenhum correligionário lhe fizesse sombra em 2014.

Aquém. A arrecadação do IPI sobre cigarros cresceu apenas 9,6% em abril contra o mês anterior (de R$ 252 milhões para R$ 276 milhões). Em março, ao anunciar a redução do imposto para uma série de produtos, o ministro Guido Mantega havia dito que a perda seria compensada por "um ajuste linear de 23,5% das alíquotas sobre cigarros". 

Para todos. Técnicos do Senado já debruçados sobre os contratos da Petrobras avaliam que, ao jogar luz no universo de ONGs e entidades que receberam verba, a CPI esbarrará em uma incômoda lista de associações de magistrados e até em congressos do Ministério Público financiados com dinheiro da estatal. Nos últimos quatro anos, foi gasto R$ 1,2 milhão com eventos desse tipo. 

Opep. A bancada do PSB do Senado vive uma disputa tão discreta quanto acirrada por uma vaga na CPI da Petrobras. Renato Casagrande é capixaba, e Antonio Carlos Valadares, sergipano. Os dois Estados concentram investimentos e royalties da estatal. 

Repaginado. O site "Xô CPMF", que o DEM criou na época da vitoriosa campanha para derrubar a contribuição, foi reativado com o nome de "Xô imposto". O alvo agora é a tributação da poupança. 

Notáveis. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), sugeriu ao presidente da Câmara a criação de um Conselho da Cidadania, na tentativa de reaproximar a Casa da sociedade após meses de noticiário negativo. Seria formado por personalidades de diversas áreas e se reuniria uma vez por mês.

Tiroteio

"O PSDB virou uma oposição kamikase, que desistiu completamente de propor alternativa para o país e aposta no agravamento da crise." 


Do governador de Sergipe, MARCELO DÉDA (PT), criticando o empenho do principal partido de oposição pela abertura da CPI da Petrobras.

Contraponto

Para ontem No livro "Diálogos com o Poder", o consultor político Ney Figueiredo conta que em 1959, quando trabalhava com o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, compareceu ao velório de Bernardo Sayão, um dos pioneiros da construção de Brasília. Na cerimônia, Figueiredo viu o presidente da República, Juscelino Kubitschek, reclamar da demora na realização do enterro.
-É que ainda não tem cemitério oficial na cidade, presidente...- explicou um assessor.
JK sacou uma caneta e assinou ali mesmo o decreto que criou o primeiro cemitério de Brasília.

DENIS LERRER ROSENFIELD

Nação Guarani


O Estado de S. Paulo - 25/05/2009
 
A demarcação da Raposa-Serra do Sol já aparecia como o prelúdio do que estava por vir. Apesar das ressalvas aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, que tornaram menos aleatórias e arbitrárias as demarcações e homologações de terras indígenas, o processo de relativização da propriedade privada e da soberania nacional segue agora o seu curso. Imediatamente após a decisão do Supremo, as agremiações ditas movimentos sociais, como o MST e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ala esquerdizante da Igreja Católica, deflagraram um processo de fragilização dessas ressalvas, procurando, nos fatos, mostrar que a lei a eles não se aplica. Tornaram ainda mais explícitas suas posições contra a economia de mercado, a propriedade privada, o agronegócio e o Estado de Direito. Vejamos.

O Cimi e os ditos movimentos sociais estão entrando numa nova etapa de formação da opinião pública nacional e internacional, propugnando pela formação de uma nação guarani. As publicações Porantim (Cimi) e Sem Terra (MST) já trazem matéria a esse respeito, pois essas organizações têm plena consciência de que sem o apoio da opinião pública nenhuma transformação política pode ter lugar. As mentes precisam ser conquistadas para que haja um espaço de abertura para mudanças. Eles estão cientes de que a política moderna, a das democracias representativas, está alicerçada na opinião pública. Utilizam-se, nesse sentido, da democracia para subvertê-la, arruinando as suas instituições.

Para que se tenha ideia da enormidade que está sendo tramada, a dita nação guarani abarcaria partes dos seguintes Estados brasileiros: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O foco é o Estado de Mato Grosso do Sul num primeiro momento e, logo após, Santa Catarina e Espírito Santo.

Cabe ressaltar que é em Mato Grosso do Sul que essa luta se vai travar prioritariamente. Eles reconhecem que perderam nesse Estado a primeira batalha política junto à opinião pública pela disputa desses territórios indígenas. Houve forte reação de proprietários rurais, parlamentares e do próprio governador, impedindo uma primeira tentativa de amputação de cerca de um terço de seu território. Naquele então, o discurso apresentado era de que se tratava apenas de uma nova demarcação, que corrigiria uma "injustiça" histórica. Em suma, afetaria apenas alguns proprietários. Ora, já naquela ocasião o que estava em pauta era a formação de uma nação guarani, projeto que ainda não dizia explicitamente o seu nome. Agora estão preparando a segunda batalha, com a bandeira guarani orientando os seus movimentos. Novas portarias da Funai se inscrevem nesse processo em curso.

A nação guarani não está, porém, restrita a esses Estados brasileiros, mas se estende a outros países: Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Segundo eles, a Bolívia já trilha esse caminho político, necessitando apenas ser apoiada no que vem fazendo, destruindo, na verdade, as frágeis instituições daquele país. O foco, aqui, seria o Paraguai, onde o processo se inicia com um presidente simpatizante da "causa" e que, via Teologia da Libertação, compartilha os mesmos pressupostos teóricos do Cimi, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do MST. Entendem-se, portanto, melhor a sustentação dessas agremiações políticas ao presidente Lugo e a política adotada de apoio às invasões das terras dos brasiguaios. A identidade brasileira não lhes interessa.

Para granjear a simpatia da opinião pública internacional criaram um site global, hospedado nos EUA, assumido por uma ONG holandesa e alimentado pela regional do Cimi de Mato Grosso do Sul. Observe-se que é o próprio Cimi que elabora o conteúdo de um site internacional (www.guarani-campaign.eu), visando a interferir, dessa maneira, nos assuntos brasileiros, escolhendo como alvo o Estado de Mato Grosso do Sul. Aliás, o site é muito bem feito, começando por uma apresentação gráfica da América Latina sem fronteiras, sob o nome de Ameríndia. A verdadeira América Latina seria a pré-colombiana. Provavelmente pensam, no futuro, em expulsar todos os brancos e negros, europeus, africanos e asiáticos, que deram, pela miscigenação, a face deste nosso Brasil!

Como não poderia deixar de ser, o site comporta várias versões: em português, inglês e holandês, estando prevista a sua ampliação para o alemão. Para quem se preocupa com a opinião pública internacional, busca apoio político e financiamento na Europa e nos EUA, uma ferramenta desse tipo é vital. É ela que terminará alimentando as pressões exercidas sobre o Brasil e subsidiará, também, os formadores de opinião nacionais e internacionais.

Consoante com esse trabalho, foi elaborando um mapa da nação guarani, denominado Guarani Retã, que englobaria os Estados brasileiros acima listados e os países latino-americanos vizinhos. Chama a atenção o fato de a América Latina ser apresentada como um território verde, sem fronteiras nacionais, com o lema "terra sem males". Procedimento semelhante foi adotado com o mapa quilombola, elaborado pela Universidade de Brasília, que orienta hoje as ações da Fundação Palmares, do Incra e dos ditos movimentos sociais. A estratégia política é a mesma.

O Cimi, em suas publicações, reconhece ainda a aliança estratégica com o MST, que lhe ofereceu apoio logístico e organizacional em invasões e outras manifestações, como campanhas de abaixo-assinados. Exemplo recente seria Roraima, com "assessores" emessetistas "ajudando" os indígenas em plantações de arroz. Esses "brancos", aliás, podem lá entrar! Reconhecem, inclusive, que tal aliança foi operacional no Espírito Santo, na luta contra a Aracruz, pois, como se sabe, as plantações de eucaliptos e a indústria de papel e celulose são símbolos, a serem destruídos, do agronegócio.