terça-feira, fevereiro 17, 2009

O PT MUDANDO O BRASIL


SARNEY E IDELI 

Voces estão lembrados como os petralhas, tratavam o bandido-corrupto Sarney? Hihihi, hihihi.
Essa foto mostra a verdadeira face do PT. Um partido, escroto, corrupto formados por bandidos. Eles se merecem. Eles vão mudar o Brasil.

PARA...HIHIHIHI

Fantasma

Tarde da noite, o sujeito ia passando perto de um cemitério quando ouve:

- Plác, plác, plác…

Acelera o passo, mas o barulho parece aumentar.

- Plác, plác, plác…

Curioso e assustado, estica o pescoço por sobre o muro e vê um homem com uma talhadeira e um martelo sentado em um dos túmulos, talhando a lápide.

- Puxa - murmura, aliviado. - O senhor me pregou um susto e tanto!

- Desculpe - responde o homem, e continua o trabalho.

- Afinal, o que o senhor está fazendo? - torna a perguntar o sujeito.

- Estou corrigindo o meu nome… escreveram errado na lápide!

GOSTOSA


FARTURA

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CLÓVIS ROSSI

O messias do Caribe


Folha de S. Paulo - 17/02/2009
 

O que me incomoda em Hugo Chávez não é o seu "socialismo do século 21" nem o seu histrionismo. Incomoda o autoritarismo, sim, as manobras para fazer-se votar, o incontrolável apetite pelo poder. 
Mas o maior problema nem é esse. É o messianismo, essa ideia, que impregnou toda a campanha para o referendo de domingo, de "depois de mim, o dilúvio", típica do absolutismo monárquico. Homens (ou mulheres) do destino não existem, pelo menos não na minha concepção de mundo.
O messianismo na política termina sempre em tragédia -ou numa prolongada ditadura do "messias" ou na sua queda, em geral cruenta, seguida de um período, mais ou menos longo, de anarquia. Feita essa ressalva fundamental, é importante entender que Chávez, como todos os caudilhos populistas latino-americanos que o antecederam, não nasce de combustão instantânea. Nasce de necessidades e/ou percepções das camadas desfavorecidas da população, que buscam e buscam e buscam quem as ice da destituição. 
Quando encontram alguém que o faça -ou parece fazê-lo-, agarram-se a ele de uma forma que acaba alimentando o messianismo. O peronismo na Argentina, talvez o mais acabado exemplo de populismo, foi muito isso -e permaneceu, ao menos como estado de espírito, mesmo depois de morto Perón. No caso de Chávez, suspeito que sua vitória se tenha devido menos à notória manipulação do eleitorado e mais ao fato de que hoje há postos médicos nos morros de Caracas, precários que sejam, mas melhores que o nada de antes. 
Se quiser derrotar Chávez em 2012 (o que se aprovou foi apenas a possibilidade de reeleição, não a sua obrigatoriedade), a oposição terá que demonstrar aos destituídos que, acima de "messias", o sistema velará por eles. Como no Brasil, aliás.

ARI CUNHA

1.100% de inflação


Correio Braziliense - 17/02/2009
 


Robert Mugabe foi eleito presidente do Zimbábue. O país enfrenta inflação superior a 1.100% mensais. Uma vez no poder, ele foi obrigado a dividi-lo com o adversário. Colonização braba e ambiciosa. A oposição quis participar do governo. Conseguiu nomear um de seus membros para o cargo de primeiro-ministro. Não pôde fazer discurso na posse. A palavra ficou com o que foi eleito. Esse é o quadro de um país pobre e miserável da África Austral. Faz fronteira com Zâmbia ao norte, Moçambique a nordeste, a leste a África do Sul. Ao sul, Botswana. É a parte negra sofrida do mundo. Nada pertence ao povo. E sim ao governo ou a estrangeiros. O povo vive à mingua, sem saúde nem esperança. Vida de sofrimento. Canta e dança para vencer as dificuldades. É nessa hora que a gente pensa na feliz colonização que recebemos de Portugal. Os reis da época financiavam expedições. Exigiam impostos como um cacho de bananas em ouro. Porém construíram a unidade e mantiveram a mesma língua.


A frase que não foi pronunciada

“Petrobras retirou apoio a duas escolas de samba.”
Dossiê anônimo aumenta tensão entre escolas que não receberão o apoio financeiro da estatal num total de R$ 12 milhões.


Desmentido 
O ministro Tarso Genro, da Justiça, esclarece notícia desta coluna, segundo a qual “não deu asilo a quem pediu”. Boxeadores manifestaram desejo de retornar a Cuba, disse o ministro, em depoimento à Polícia Federal, assistidos por um procurador da República — com conhecimento do presidente da OAB fluminense — e de conselheiro da entidade. Não solicitaram refúgio ou demonstraram qualquer intenção de permanecer no país, como fizeram outros três atletas do Pan, Michel Fernandez Garcia, o jogador de handebol Rafael Capote e o treinador de ginástica Lázaro Raynel Lameñas Ramirez, os quais receberam refúgio e hoje vivem no Brasil. 

Farmácia Rosário 
Inteligente e local a publicidade da Farmácia Rosário, nas rádios do Distrito Federal. Dobraram as compras na organização. Valeu o esforço do Bernardino, funcionário mais procurado pelos fregueses do Lago Norte. 

Sempre alerta 
Impressionou a urbanização da Cidade dos Escoteiros no Parque do Itaipu. A TV Jamboree foi demonstração de que investimento em atividades saudáveis para jovens corresponde a uma economia futura. 

GM e Ulbra 
A General Motors do Brasil pôs fim à parceria com a Universidade Luterana do Brasil. Fazia parte do acordo o uso de 73 veículos da GM, que foram retirados do câmpus da Ulbra, em Canoas. Estavam na Universidade para fins didáticos. 

Bravo 
Entusiasma o discurso do senador Arthur Virgílio. “Não escondo minha cara em hipótese alguma. Em nenhuma angulação da minha vida pública.” 

Horário de verão 
O Sindicato dos Eletricitários de S. Paulo informa que os 113 dias do horário de verão resultaram em redução no consumo de 2 mil MW, equivalente a R$ 4 bilhões. O presidente do sindicato, Carlos Reis, diz que “continuamos desperdiçando anualmente R$ 11 bilhões”, porém não explicou em quê. 

Apuração 
Quem pede para investigar é o senador Mario Couto. Segundo o parlamentar, o governo já gastou em diárias tanto quanto R$ 1,4 bilhão

INFORME JB

Furnas e o bilionário curto-circuito


Leandro Mazzini
Jornal do Brasil - 17/02/2009
 

Algo de estranho acontece em Furnas. Pela terceira vez certa manobra política tenta uma brecha para derrubar diretores que comandam o Real Grandeza, o fundo de pensão da estatal e da Eletronuclear. Em jogo, nada menos que R$ 6 bilhões só em negócios. Ontem, 500 funcionários de Furnas pararam por algumas horas na sede em Botafogo, no Rio (foto). Chegou a notícia de que a direção de Furnas – comandada pelo PMDB, claro – está insatisfeita com Sérgio Wilson (presidente do fundo) e Ricardo Nogueira (diretor de investimentos), ambos funcionários de carreira e eleitos até para outubro de 2009. Para tirá-los dali, o conselho deliberativo – são dois de Furnas, um da Eletronuclear e três empregados eleitos pelos aposentados e ativos – deverá aceitar. Como os cartolas não têm votos suficientes, tenta-se algo no tapetão. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, não foi localizado para comentar.

Lulafolia

O presidente Lula confirmou ao governador Sérgio Cabral que estará domingo, no camarote dele, na Sapucaí. Vai levar dona Marisa e uma penca de filhos e parentes. Sonho de família.

E agora?

Lula só impôs uma condição: não quer jornalistas no camarote. Uma pena. Sérgio Cabral, pai, e o filho, governador, não poderão entrar. Ambos são jornalistas.

A volta

Cesar Maia anunciou ontem por e-mail que seu ex-blog volta dia 2 de março.

Boa tacada

No calhamaço entregue ao Comitê Olímpico Internacional, sobre os projetos da cidade para 2016, a equipe do Rio incluiu no dossiê um trunfo. Mostrou contratos assinados com 150 hotéis do Rio, Belo Horizonte e São Paulo para atender futura demanda para os Jogos, se for escolhida.

Lembrete

Vale a jogada. Em abril, a equipe do COI faz visita ao Rio. Vai vistoriar cada detalhe prometido.

Serra feliz

O governador e presidenciável José Serra (SP) tem reclamado de ilações e inverdades na imprensa sobre o fato de ele não querer prévias no PSDB para a escolha do candidato. Líder absoluto, Serra está tranquilo e feliz, e assegura que o partido nunca esteve tão unido.

Amigo é amigo

O senador Marco Maciel (DEM-PE), conterrâneo de Jarbas Vasconcelos (PMDB), entrou na briga em favor do amigo e colocou mais lenha na fogueira acesa contra o PMDB.

Fala, Perondi

O deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) ligou e avisou que defendeu, sim, a Comissão de Seguridade Social para o PMDB. Mas disse que houve "um acordo" e ele está feliz.

Todo-poderoso

Pela prerrogativa de ser a maior bancada na Câmara, o PMDB pode escolher três comissões na Casa. Já pediu a de Constituição e Justiça, e a de Minas e Energia.

Falta uma

A Executiva do PMDB escolhe hoje a última comissão. Será Educação ou Saúde.

Bem na fita

A tucanada mineira está toda prosa com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio de Lacerda (PSB). "Ele tem sido muito brilhante e competente na escolha da equipe", deleita-se o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG)

RH do Lacerda

Explica-se: o prefeito de BH primeiro enviou o perfil do secretário que gostaria de ter. Depois, eles passaram por uma prova escrita com 300 questões. E, então, uma entrevista pessoal com o alcaide linha-dura. Lacerda agora faz seleção para o segundo escalão.

Promovido

O economista brasileiro Otaviano Canuto foi nomeado ontem vice-presidente do Banco Mundial. Toma posse no dia 4 de maio.

Fogo no ninho

O PSDB não quer mesmo perder o governo do Rio Grande do Sul. A direção prepara carta de apoio à governadora Yeda Crusius, atacada por sindicatos. E o presidente Sérgio Guerra já reserva o voo para Porto Alegre.

O IDIOTA


JÂNIO DE FREITAS

A mãe eleitoral


Folha de S. Paulo - 17/02/2009
 

Lula queria uma jogada de propaganda; para isso, não precisaria de mais do que uma "mãe do PAC"

O JOGO POLÍTICO que Lula faz com Dilma Rousseff é tão acintoso, com tantas viagens justificadas por nada e solenidades de razão nenhuma, que daí resulta um efeito já acintoso também, mas contrário. É uma reação de antipatia que está se projetando sobre a ministra, refletida com clareza na substituição do tratamento cerimonioso que lhe dava a imprensa, um reconhecimento a seus méritos, por uma vulgarização depreciativa de seus atos e de sua figura.
Aparente reação também às atitudes desafiantes de Lula, a propósito da imposição desmedida da presença de Dilma Rousseff, a antipatia difusa lembra aquela que assolou José Serra em sua candidatura à Presidência, pelo tom sempre entre o ríspido e o agressivo, enquanto Lulinha paz e amor representava a sua peça.
A mais recente explicação de Lula para as viagens quase diárias de Dilma Rousseff soa, diante dos meros comícios exibidos, mais como deboche do que como esclarecimento: "A Dilma tem que viajar mesmo para inspecionar as obras do PAC". Inspeção não se confunde nem com visita de propaganda, quanto mais com comícios, para os quais são deslocados moradores das redondezas, sindicalistas, militantes petistas a granel, políticos locais e farto material de propaganda política. Tudo depois de um "escalão avançado", pago por dinheiro público, estudar as condições locais e montar o formidável "esquema presidencial", pago também nas contas sempre generosas e jamais expostas da Presidência.
A aritmética de Lula, seja qual for sua precisão, informa que há obra do PAC em 5.200 municípios, dos 5.563 existentes. Informação a que se segue o que tanto pode ser uma antecipação, como advertência ou ameaça: "Nós vamos a cada um dos 5.200 municípios". Vão, no caso, significa fazer comícios. Ou melhor, inspeção de obras.
Daqui à eleição presidencial são cerca de 570 dias, o que indica a necessidade de que Lula e Dilma visitem, até lá, nove municípios por dia, e às vezes mais um de quebra. Ainda que se reduza o total do plano Lula a 10% das viagens anunciadas, não se atenua esta curiosidade: com tanta viagem de Dilma Rousseff, como poderia ela estar conduzindo, já agora, as inúmeras tarefas e responsabilidades do Gabinete Civil? E qual é a sua função primordial, senão a eficiente e competente condução do Gabinete Civil?
O PAC não é um programa bem-sucedido, a rigor não é nem sequer um programa. E uma de suas falhas está no ato preliminar da entrega de sua coordenação a Dilma Rousseff. A quantidade de dinheiro à disposição de tantas e tão dispersas obras, com o envolvimento de vários ministérios e uma multidão de prefeituras, para ser sério precisaria de um núcleo complexo de coordenação, fiscalização e constantes correções técnicas e administrativas. Nada a ver com acumulação funcional de chefia do Gabinete Civil da Presidência, que não é adequado para cuidar nem de obra no banheiro.
Mas Lula queria uma jogada de propaganda. Para isso, não precisaria, mesmo, de mais do que uma "mãe do PAC". E vários bilhões girando por aí, para afinal pousarem em destinos incertos e não sabidos. Enquanto Lula e Dilma Rousseff voam, voam, voam.

PAINEL

Pais da criança


Folha de S. Paulo - 17/02/2009
 

O PT reúne sua Executiva em 9 de março para tomar providências em relação à campanha presidencial de Dilma Rousseff. O partido vai criar uma estrutura para triar as dezenas de pedidos de visitas da ministra aos Estados. Já decidiu também contratar uma pesquisa nacional de opinião para avaliar o grau de conhecimento sobre Dilma nas várias regiões do país.
A atitude pró-ativa reflete um incômodo da máquina partidária com o surgimento de "coordenadores informais" da campanha -os ex-prefeitos Fernando Pimentel (BH), Marta Suplicy (SP) e João Paulo (Recife). "Desconhecemos a existência de qualquer coordenador regional. Por que em Minas, por exemplo, não pode ser outro?", diz o tesoureiro Paulo Ferreira.

Roadshow
Diante do noivado PT-PMDB e com receio da polarização Dilma-Serra, o PSB quer botar o bloco de Ciro Gomes na rua logo depois do Carnaval. O presidenciável fará palestra na Câmara sobre a crise. "Já é parte da estratégia de fazê-lo circular pelo país", explica o líder da bancada, Rodrigo Rollemberg (DF). 

E agora?
Em Pernambuco, o trecho mais comentado da entrevista de Jarbas Vasconcelos não foi a crítica ao PMDB nem ao Bolsa-Família, mas sua recusa peremptória em disputar o governo em 2010. Parte da oposição contava com o ex-governador para enfrentar Eduardo Campos (PSB), que buscará reeleição. 

Troca de guarda 1
O governo, que com o encontro de prefeitos conseguiu suspender a tradicional marcha em Brasília, joga para enfraquecer a Confederação Nacional dos Municípios, há dez anos sob comando do PMDB. 

Troca de guarda 2
Em abril, o petista João Coser, de Vitória, assumirá a vitaminada Frente Nacional dos Prefeitos. Tem o apoio do PSDB, que indicou para vice Wilson Santos, de Cuiabá. 

Na avenida
Celso Amorim e Hillary Clinton tentam sincronizar suas agendas para um encontro em Washington. A secretária de Estado volta de sua primeira viagem no cargo, à Ásia, na noite do domingo de Carnaval. A reunião com o chanceler pode ocorrer até a Quarta-Feira de Cinzas. 

Time
A subcomissão do Senado criada por José Sarney (PMDB-AP) para debater a crise contará com seis economistas: Marcos Lisboa, Luiz Gonzaga Belluzzo, Mailson da Nóbrega, José Márcio Camargo, Luiz Guilherme Schymura, e José Júlio Senna.

Estica...
Ainda saldando compromissos assumidos em sua eleição para a presidência do Senado, José Sarney incluiu na negociação novos cargos, a maioria em comissões repartidas com a Câmara. Um exemplo é a Comissão Mista de Mudanças Climáticas, que era presidida pelo deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) e agora será entregue a um senador. 

...e puxa
O expansionismo de Sarney incomoda a oposição na Câmara, que não aceita a indicação do senador Efraim Morais (DEM-PB) para a futura liderança da minoria no Congresso. Os deputados tucanos querem Otávio Leite (RJ), e os "demos", André de Paula (PE). As comissões devem ser definidas hoje. 

Embromation
Membros da Mesa Diretora estão convencidos de que Edmar Moreira não dará as caras na Câmara até depois do Carnaval. Assim, o deputado do castelo evita ser notificado do processo para explicar seus gastos com a verba indenizatória. 

Talão
Segundo estudo da primeira-secretaria sobre verba indenizatória a ser debatido hoje pela Mesa, cada deputado apresenta em média 30 notas fiscais por mês. O relatório sugere que o portal da Câmara passe a divulgar o CNPJ e nome das empresas prestadoras de serviço. 

Gaveta
Enquanto a Mesa discute a divulgação das notas, oposicionistas sugerem resgatar estudo da Fundação Getúlio Vargas, encomendado pela Câmara em 2006 e jamais usado, que defendia fundir a verba indenizatória com cotas para passagens aéreas e despesas de telefone e correio, cortando 20% do total.

Tiroteio 

"A nota do PMDB lembra o sujeito que vira para outro e fala: "você é uma pessoa sobre a qual não resta a menor dúvida". Não diz nada." 
Do líder do PSDB no Senado, 
ARTHUR VIRGÍLIO , sobre a decisão dos caciques peemedebistas de não comentar a entrevista em que o correligionário Jarbas Vasconcelos afirma que "boa parte" do partido "quer mesmo é corrupção".

Contraponto

Ai, que calor!

Geraldo Alckmin compareceu em estilo casual a seu primeiro compromisso público como secretário estadual de Desenvolvimento, a inauguração, na semana passada, de uma escola técnica na zona leste de São Paulo. Posando para fotos ao lado de José Serra, o ex-governador tratou de se explicar com o "chefe":
-Puxa, eu deixei a gravata no carro...
Serra minimizou o problema:
-Eu mesmo só estou usando porque meus assessores sempre dizem que sem gravata pareço mais velho...

DORA KRAMER

Verdade inconveniente


O Estado de S. Paulo - 17/02/2009
 

entrevista do senador Jarbas Vasconcelos à revista Veja é um registro de esgotamento.


Daqueles momentos em que o ser humano perde a paciência, por algum motivo resolve pagar para ver sem medir de imediato as consequências, diz verdades da mais alta inconveniência e cria situações que podem levar a rupturas benéficas ou ao reforço de pactos maléficos.

A intenção inicial nem sempre combina com o resultado final. Tudo depende de adesão da sociedade e das instituições. Na história recente da política há dois momentos assemelhados.

Em 1992, Pedro Collor não queria derrubar o irmão Fernando da Presidência da República quando na mesma revista Veja deu entrevista materializando os boatos que corriam em Brasília havia dois anos e contou quase tudo sobre o esquema de corrupção comandado por Paulo César Farias, o tesoureiro do presidente.

Em 2005, o então deputado Roberto Jefferson não pretendia muito mais que manchar o manto de vestal do PT por causa de problemas de partilha e nem de longe pensava em pôr seu mandato a prêmio quando deu uma entrevista à Folha de S. Paulo assumindo o que já fora duas vezes denunciado e desmentido: que a direção o PT comandava um sistema de financiamento público dos partidos em troca de apoio no Congresso.

Nos dois casos, a primeira reação dos acusados, seus aliados e o entorno de inocentes (in)úteis que preferem as versões oficiais aos próprios olhos e ouvidos foi a de exigir "provas" contundentes. Corrupção por escrito, com certidão passada em cartório do céu.

Não fosse a ação firme de alguns setores, pessoas e instituições, as denúncias teriam sido atribuídas a intenções escusas dos denunciantes e nada do que se soube a respeito de ambos os episódios teria sido do conhecimento público.

Agora, diante do desabafo do senador Jarbas Vasconcelos, reproduzindo em gravador fatos notórios e sobejamente sabidos, esboça-se uma reação parecida.

Provas, nomes, documentos, clamam o que Nelson Rodrigues chamava de idiotas da objetividade. Isso, falando dos só equivocados, porque a eles se juntam de carona os mal-intencionados falando em "generalizações" cujas particularidades conhecem em detalhes.

Depois do silêncio de 24 horas, a direção do PMDB se reuniu e decidiu oficialmente tentar "esvaziar" as declarações do senador. 

Dar a elas um caráter pessoal, deixar que se lancem sobre ele algumas desconfianças, quando nada de que fala por ser ranzinza, uma voz isolada no partido, talvez por isso em busca de alguma notoriedade, um homem a quem não se deve dar atenção, um político na contramão da história tal como é contada nesses dias de supremacia da fama e da popularidade sobre o mérito e o respeito.

O senador Jarbas Vasconcelos nada acrescentou, a não ser sua assinatura, a tudo o que todos os dias é repetido para o conhecimento do público. A eleição de José Sarney para a presidência do Senado foi tachada de retrocesso na imprensa nacional e internacional.

O fisiologismo do partido é assumido. Foi o próprio presidente do PMDB quem disse que na próxima eleição ele ficará parte com o governo, parte com a oposição.

O PMDB é tratado permanentemente com desqualificação e não se opõe a isso. Simplesmente parou de argumentar contra os fatos. No máximo, quando eles ameaçam suas posições na administração federal, luta pelas posições, nunca para corrigir os fatos.

Acabou de acontecer, em proporções reduzidas, o mesmo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que apontou a gestão corrupta e ineficaz de seu partido na Fundação Nacional de Saúde.

Foi tratado como um desgarrado, indisciplinado, boquirroto e intolerante, quando foi apenas covarde por ter aceitado dar o dito pelo não dito.

Jarbas Vasconcelos apenas ampliou e detalhou o quadro. Baseado na experiência e confiante na aceitação do conceito de que a amoralidade passou de exceção a regra geral, o PMDB deu de ombros.

Ouve que há corrupção no partido, nem sequer estranha e não procura saber o que se passa: condena liminarmente o denunciante e dá o caso por encerrado.

Bem, isso é o que a Executiva do PMDB acha que deve ser feito. Não necessariamente precisa ser o que todos os parlamentares, governadores, prefeitos, filiados e militantes do partido e de outras legendas devam seguir.

A entrevista de Jarbas Vasconcelos estende aos políticos de bem uma tábua de salvação. Abre a todos a oportunidade de escolher um lado: se o do joio ou do trigo.

Dá à opinião pública a chance de ver quem sustenta a verdade inconveniente dita pelo senador e quem se esconde sob a mentira conveniente contada pela Executiva do PMDB.

Considerar condenável o ato do senador requer necessariamente que se admita como louvável o conjunto da obra do PMDB e se apresentem escusas pelo tratamento desrespeitoso dado à legenda.

É uma escolha que põe em xeque a oposição a quem o senador anunciou apoio na eleição de 2010. Uma opção entre a ruptura benéfica e a renovação do pacto maléfico.

PARA...HIHIHIHI

FANTASIA

O careca, usando uma muleta, chega numa loja de fantasias e diz ao atendente:

- Estou querendo ir à um baile de carnaval e preciso de uma fantasia.

- Pois não! Tenho uma aqui de pirata que é lindíssima, inclusive vai disfarçar a sua muleta e a sua careca!

- Legal! Quanto custa?

- 380 Reais!

- Caramba! Não tem uma mais baratinha?

- O senhor pode ir fantasiado de monge. Esse hábito franciscano lhe cairá perfeitamente.

- Quanto custa?

- 120 Reais!

- Caramba! Não tem uma mais baratinha?

- Que tal essa fantasia de surfista? Um bermudão, uma camiseta, óculos escuros…

- Quanto custa?

- 40 Reais!

- Caramba! Não tem uma mais baratinha?

Aí o atendente se encheu, foi lá pra dentro e voltou com um pote na mão.

- Toma, são três Reais!

- O que é isso?

- É calda de caramelo. Você despeja na cabeça, enfia a muleta naquele lugar e sai fantasiado de maça do amor!

MÓNICA BÉRGAMO

Multidão


Folha de S. Paulo - 17/02/2009
 

A Comissão de Anistia está criando uma "turma especial" para julgar com exclusividade os processos de militares que se dizem perseguidos pela ditadura e que pedem indenização. Serão julgados 5.200 casos só neste ano -até o ano passado, foram apreciados 8.000. Além de indenização, os militares querem ser incorporados à reserva das Forças Armadas. Assim, os vencimentos que receberem podem se converter em pensão para filhas solteiras depois de sua morte.

MESMA MOEDA 
A Comissão marcou também para o dia 19 de junho o julgamento de 210 processos de moradores do Araguaia que viviam na região na época da repressão à guerrilha e que também querem indenização.

GLAUBER ANISTIADO
E a Comissão de Anistia vai analisar também em breve um processo de anistia do cineasta Glauber Rocha.

 
O caso dele, que estava passando despercebido, será julgado junto com o de outros "intelectuais e artistas" como os do educador Paulo Freire, do dramaturgo José Celso Martinez e da atriz Norma Bengell.

TOALHA 
O ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa comunicou à Secretaria da Cultura de São Paulo que desistiu de se candidatar à presidência da Bienal. Motivo: falta de apoio para conseguir recursos que o ajudassem a recuperar o prestígio do evento.

FALA, SALGADO!
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) diz que pretende instalar "um tomógrafo" no Senado para saber "o que se passa na cabeça" do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para acusar seu próprio partido, o PMDB, de só pensar "em corrupção". "Ele não é esse paladino da justiça e da moralidade, não! Fez, e faz, coisas em Pernambuco que fazem dom Helder Câmara dar cambalhota no caixão." Como Jarbas, que foi genérico, Salgado não aponta que "coisas" seriam essas. "Mas já estou recebendo uns documentos de Pernambuco", diz. Jarbas não foi encontrado até o fechamento da coluna para comentar.

EU DISSE?
E Jarbas se dividia ontem entre "a vaidade e o arrependimento", de acordo com um de seus amigos próximos, por ter acusado o partido de corrupto.

ELIANE CANTANHÊDE

Acabou a brincadeira


Folha de S. Paulo - 17/02/2009
 

O nosso querido Hugo Chávez não tem mais George W. Bush para chamar o presidente dos EUA de "el diablo", esgotou seu estoque anual de palanques, plebiscitos e referendos e ganhou o jogo, conquistando finalmente o direito a re-re-re-reeleições. 
Agora, acabou a brincadeira, e ele vai ter de sentar na cadeira para fazer o mais difícil, além de mais chato: governar. E em época de crise, com a Venezuela navegando em mares revoltos como o Irã de seu amigão Mahmoud Ahmadinejad, combinando inflação e recessão: em 2008, mais de 30% de inflação; em 2009, projeção de crescimento negativo de 2%. Dá para brincar? 
Sansão tinha os cabelos, Chávez tem o petróleo (também como Ahmadinejad). Com o barril pela hora da morte, ele estava bem vivo. Com o preço caindo à metade, lá pelos US$ 44, US$ 45, a coisa muda de figura, com impacto sobre seus pacotes de bondade dentro e fora da Venezuela, no circuito Cuba, Paraguai, Bolívia, Equador. Politicamente, Chávez vai bem, obrigado. Perdeu a primeira tentativa das reeleições ilimitadas, mas ganha essa com praticamente o mesmo percentual que teve ao chegar ao poder em 1998/1999: em torno de 55%. O que também comprova que a Venezuela, mesmo descontando-se os 33% de abstenção, está onde sempre esteve na era Chávez: dividida ao meio. 
Abrem-se assim outras frentes para dar aos presidentes a chance de irem ficando. Bom exemplo, até porque no campo oposto ao de Chávez, está o de Álvaro Uribe, da Colômbia, que desembarca hoje em Brasília com um rastro de 70% a 80% de popularidade maculado pelos grupos de extermínio que se multiplicaram na guerra contra as Farc. 
No Brasil, o primeiro efeito da vitória de Chávez deverá ser no Congresso, com a aprovação rápida e fácil da entrada da Venezuela no Mercosul. A oposição grita porque faz parte gritar, mas sabendo que tem tudo para perder.

GOSTOSA


BELEZA

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CARLOS HEITOR CONY

Canivete suíço


Folha de S. Paulo - 17/02/2009
 

De uns tempos para cá, a mídia decidiu adotar o politicamente correto e, além disso, evitar problemas na Justiça: jornais, revistas, rádios e TVs não classificam ninguém de traficante, ladrão, estuprador ou assassino. Na obrigação de informar crimes, sequestros, tiroteios e assaltos sexuais, o máximo a que chegam é à suposição. A polícia invade um morro e mata tantos supostos traficantes, que supostamente escondiam um arsenal supostamente de última geração.
Esse cuidado com a lei e com os fatos foi agora reforçado pelo Supremo Tribunal Federal: só se deve julgar após o último recurso na Justiça. Até lá, tudo não passará de suposições (ia dizer supositórios). Suponho que todos estejam supostamente certos.
Daí o meu espanto quando a mídia tratou do caso de uma brasileira que supostamente teria sido retalhada por supostos neonazistas na Suíça. Até mesmo Lula e o ministro Amorim embarcaram nessa, sem esperar que a suposição fosse confirmada ou negada.
Para o bem geral, não se chegou ao "casus belli", a um caso de guerra contra aquele país supostamente pacífico, cujo exército, se é que lá existe um (que não seja a Guarda Suíça que cabe toda no Vaticano), e cuja arma principal é aquele canivete também suíço, com diversas lâminas, abridor de lata, tesourinha de unha, chave de parafuso e alicate. Serve para mil e uma atividades. Supostamente serve para mutilar barriga e pernas de uma brasileira.
É evidente que o caso requer uma investigação real, e não suposta, uma vez que os fatos estão embaralhados não de forma suposta, mas real. Por ora, manda a prudência que se espere a última palavra da polícia suíça e da Corte de Haia para formarmos uma posição política e juridicamente correta.

LUIZ GARCIA

No fim, fritos


O Globo - 17/02/2009
 

Parece que quase ninguém gostou da decisão do Supremo Tribunal Federal que garante a liberdade de réus condenados até que se esgotem todas as possibilidades de recurso. 

Um policial federal, por exemplo, definiu o seu próprio trabalho como o equivalente de "enxugar gelo", enquanto um juiz acusava os ministros do STF de "agravarem a sensação de impunidade no país". E não faltou quem fizesse coro, com manifestações semelhantes de irritação e desânimo. 

Também acho tudo isso, como já escrevi. Mas reconheço que é preciso dividir adequadamente as responsabilidades. O tribunal tem um sério problema de falta de agilidade. É bastante difícil entender que ministros fiquem meses e até anos com um processo nas mãos sem tempo para formular uma opinião, redigir o voto e mandá-lo para a frente. O que lhes falta? Assessores? Computadores? 

Por outro lado, a possibilidade de longa hospedagem dos processos no STF não é o único, digamos assim, fator de impunidade prolongada. O problema tem tudo a ver com a lentidão da Justiça no Brasil. Toda ela. 

Num parêntese pertinente, ignorantes em processo jurídico como eu têm o direito de estranhar, por exemplo, que o sistema precise ter um Superior Tribunal de Justiça e um Supremo Tribunal Federal. 

Por lei, o STJ é a última instância para questões não constitucionais. Em tese, a sua criação, relativamente recente, teria vindo para aliviar consideravelmente a carga do irmão mais velho. Na prática, isso não parece acontecer. 

O fato de que uma quantidade de processos envolvendo crimes comuns ainda bate no STF sugere ao leigo uma estranha contradição - que tenho certeza que não existe, como os mais sábios certamente vão nos ensinar, qualquer dia desses. Bate na cabeça da gente a desconfiança de que esses processos estejam na área constitucional por culpa do detalhismo excessivo da Carta de 88. 

Seja como for, se a opinião pública leiga não tem autoridade para discutir o mérito das decisões judiciais, parece ser legítima a estranheza, para não falar em irritação, dos cidadãos em relação aos efeitos práticos de alguns critérios, algumas decisões. 

No fim das contas, cidadãos sensatos precisam acreditar que o STF não tem prazer algum em deixar em casa, por tempo indefinido, réus com condenações ratificadas em mais de uma instância. 

É bem possível que se chegue à conclusão de que o problema exige uma reforma da Constituição pelo Legislativo. Se depender, vamos dizer assim, do índice de devoção ao interesse público existente no Congresso que temos no momento, meu parecer jurídico é no sentido de que estamos fritos.

EDITORIAL-O ESTADO DE S. PAULO

O CUSTO DA VITÓRIA 

O ESTADO DE S. PAULO - 17/2/2009

Há dois meses, o caudilho Hugo Chávez colocou em funcionamento o rolo compressor do governo e, no domingo, obteve o resultado pelo qual tanto ansiava: criou a possibilidade de se tornar ditador vitalício de seu país, utilizando-se de um dos principais instrumentos da democracia - as eleições. O resultado do referendo sobre a emenda constitucional da reeleição indefinida foi duplamente indiscutível. Em primeiro lugar, Chávez saiu vitorioso de uma disputa que era vital para o seu projeto político. Em segundo lugar, consolidou a divisão da nação, pois, se é verdade que 54% dos eleitores aprovaram o esbulho democrático, não é menos verdade que 46% dos cidadãos repudiaram o retrocesso institucional do país a condição só igualada durante o ciclo de ditaduras terminado em 1954.

Agora, mais que nunca, a "revolução bolivariana" é Chávez. Desde muito tempo antes de reunir os partidos e movimentos que o apoiavam no Partido Unido Socialista da Venezuela, ele vem repetindo que a revolução é ele, o governo é ele. Ao seu redor, pululam áulicos, que premia ou dispensa em desgraça segundo assomos de sua vontade. Por onde passa não vicejam líderes nem projetos de liderança que possam se constituir em alternativas ao Jefe Supremo. Não foi à toa que, depois de votar, no domingo, declarou que, nas urnas, estava se decidindo "meu destino político" - o dele, não o da Venezuela.

Disse mais. Segundo ele, com o referendo, a Venezuela está "assumindo a vanguarda da América Latina", ao criar "uma nova doutrina constitucional". Trocando em miúdos, ele pretende redobrar esforços para exportar a "revolução bolivariana", já adotada na Bolívia, no Equador e na Nicarágua, para toda a região - uma forma de obter, de fora, o apoio que sabe que, mais cedo ou mais tarde, lhe faltará no plano interno.

Hugo Chávez precisava desta vitória eleitoral também para sustentar o mito da invencibilidade, abalado pela derrota do referendo realizado há 14 meses, quando os venezuelanos rejeitaram a sua constituição liberticida, e pelas recentes eleições regionais, quando a oposição conquistou os governos dos Estados e cidades mais importantes do país. 

Fez tudo a toque de caixa. Entre lançar a ideia do referendo e ganhá-lo nas urnas passaram-se três meses. Precisava evitar que as condições críticas da economia venezuelana - resultado de dez anos de desgoverno e agravadas com a queda abrupta dos preços do petróleo, a maior riqueza nacional - se traduzissem em perda de popularidade capaz de comprometer seu projeto político.

De fato, até um mês antes do referendo, todas as pesquisas de opinião indicavam que a reeleição indefinida seria rejeitada no referendo - como já havia acontecido em 2007. Hugo Chávez reverteu essa tendência, usando os meios à sua disposição.

Fez, por exemplo, amplo uso dos recursos do Tesouro nacional, tanto distribuindo benesses para as populações mais necessitadas como financiando uma campanha publicitária sem precedentes. As emissoras oficiais de rádio e televisão - e restaram poucas fora da área de influência do governo - fizeram propaganda maciça do "sim", sem dar espaço para a oposição. Esta, com seus recursos financeiros exauridos pela campanha eleitoral de novembro, não teve como enfrentar a máquina de propaganda do governo. As manifestações populares convocadas pelo governo em apoio à reeleição indefinida contavam com abundantes recursos materiais e com a aprovação incondicional das autoridades. Já a oposição não obteve autorização para muitos de seus comícios e várias passeatas organizadas pelos estudantes foram dissolvidas violentamente pela polícia. Para completar o quadro de abuso, o governo pressionou, com ameaças e chantagens, os funcionários públicos e trabalhadores das empresas estatais, bem como os beneficiários das "missiones" - os programas de assistência social custeados pelo Estado.

Tudo isso terá, evidentemente, um custo para Hugo Chávez. O referendo provou, mais uma vez, que sua permanência no poder se deve a uma combinação do uso da força e de medidas populistas. Sem o acesso ilimitado aos recursos financeiros do Estado, ele não é invencível nas urnas. A crise econômica e fiscal por que passa a Venezuela, com o crescimento da inflação e do desemprego, e o desaparecimento de produtos essenciais à população podem abreviar a aventura bolivariana. 

FERNANDA KRAKOVICS

Agora vai?

Panorama Político 

O Globo - 17/02/2009
 

A Mesa Diretora da Câmara analisa proposta de alteração do ato que regulamenta o funcionamento da Corregedoria. O objetivo é dar mais poder ao órgão e evitar manobras protelatórias. Hoje, há cerca de 20 processos parados. A intenção é acabar com brechas na notificação de deputados, fixar um prazo para a conclusão das investigações e dar poderes à Corregedoria para ter acesso a documentos que estejam com outras instituições. 

Dilma divulgará o PAC em São Paulo 

O PT de São Paulo pediu sexta-feira à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), em jantar na casa de Marta Suplicy, que dê mais atenção ao estado, montando uma agenda para divulgar os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no principal colégio eleitoral do país. Foram citadas especificamente as obras do Rodoanel, do metrô, do corredor Expresso Tiradentes e a urbanização da favela de Paraisópolis. Como essas obras têm contrapartida do governador José Serra (PSDB), a preocupação é deixar a marca do governo federal. Na semana passada, o tucano anunciou um pacote de R$20,6 bilhões. 

A estratégia do PMDB é desqualificá-lo, como se ele fosse o maluco da família" - Raul Jungmann, deputado federal (PPS-PE), sobre a reação do PMDB às declarações do senador Jarbas Vasconcelos (PE) 

A VOLTA. Sentados à mesma mesa em jantar sexta-feira, a ministra Dilma Rousseff e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci trocaram impressões sobre a crise. Palocci chamou atenção para a recuperação de setores como o automobilístico e a construção civil, além da retomada de atividades no interior do estado. Avaliou como bons sinais, e Dilma concordou. Palocci ainda tinha outros motivos para comemorar. Naquele dia, o STF havia arquivado um pedido de investigação contra ele. 

Comunicação 

PSDB, DEM e PPS adotarão estratégia comum de comunicação. Juntos, têm cem minutos de propaganda de TV no ano e querem utilizá-los para consolidar o discurso de oposição. Avaliam que a atuação no Congresso não repercute.

Prévias 

O diretório estadual do PT de São Paulo discutiu sábado a realização de prévias para o governo do estado. "O PT de São Paulo tem juízo. Até o final do ano deve afunilar em um nome", disse o presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini. 

O carnaval de Dilma 

A ministra Dilma Rousseff deve ter seu primeiro teste de popularidade no sábado. Ela está sendo esperada no desfile do Galo da Madrugada, no Recife, que costuma arrastar mais de um milhão de pessoas. Dilma deve chegar à cidade na sexta-feira para a abertura do carnaval. Já o ministro Carlos Lupi (Trabalho) irá para o Rio, onde desfilará na Inocentes de Belford Roxo, do Grupo de Acesso, cujo enredo exaltará Leonel Brizola. 

Pregando no deserto 

Pouco tem adiantado os apelos do presidente Lula pela facilitação do crédito em tempos de crise. Empresários da construção civil estão reclamando das exigências da Caixa Econômica Federal para liberar o dinheiro da linha de crédito criada pelo governo. Ela foi aberta em outubro do ano passado e reservou R$3 bilhões para capital de giro. Segundo dados do setor, a um mês e meio do vencimento do prazo do financiamento, somente R$50 milhões foram emprestados. 

O PRESIDENTE da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), quer regulamentar 142 dispositivos constitucionais. Desses, apenas 62 já possuem projetos para tal. 

CELEBRIDADE. O STF divulgou ontem, em sua página, que era aniversário da ministra Ellen Gracie. A idade não foi revelada. A saber: 61 anos. 

O "THE SUNDAY TIMES" publicou matéria sobre a luta dos índios enawene nawe contra a construção de hidrelétricas no rio Juruena, em Mato Grosso.

ARNALDO JABOUR

O Brasil virou um grande PMDB 

O Estado de São Paulo - 17.02.2009

A entrevista de Jarbas Vasconcelos na revista Veja desta semana é uma rara ilha de verdade neste mar de mentiras em que naufragamos. Precisávamos dessas palavras indignadas que denunciam a rede de mediocridade política e de desagregação de poderes que assola o país, do Congresso ao Executivo.

De dentro de casa, Jarbas berrou: “O PMDB é corrupto!” e mostrou como este partido nos manipula, sob o guarda-chuva do marketing populista de Lula. O que Jarbas Vasconcelos atacou já era voz corrente entre jornalistas, inclusive o pobre diabo que vos fala.

Mas sua explosão é legítima e incontestável, vinda de um dos fundadores do MDB, depois transformado nesta anomalia comandada pelo Sarney, que é o líder sereno e hábil da manutenção do atraso em nossas vidas. Duvidam? Vão a São Luís para entender o que fez esse homem com seu jaquetão impecável há quarenta anos no poder daquele Estado. Jarbas aponta: “a moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador Sarney, (...) que vai transformar o País em um grande Maranhão”.

Mais que um partido, o PMDB atual é o sintoma alarmante de nossa doença secular. Era preciso que um homem de estatura política abrisse a boca finalmente, neste País com a oposição acovardada diante do ibope de Lula.

Estamos aceitando a paralisia mental que se instalou no País, sob a demagogia oportunista deste governo. O gesto de Jarbas é importante justamente por ser intempestivo, romanticamente bruto, direto, sem interesses e vaselinas. É mais que uma entrevista – é um manifesto do “eu-sozinho”, um ato histórico (se é que ainda sobra algo “histórico” na política morna de hoje). E não se trata de um artigo de denúncia “moral” ou de clamor por “pureza”, é um retrato de como alianças espúrias e a corrupção “revolucionária” deformaram a própria cara da política brasileira. Com suas alianças e negaças, o Governo do PT desmoralizou o escândalo!

Lula revalidou os velhos vícios do País, abrindo as portas para corruptos e clientelistas, em nome de uma “governabilidade” que nada governa, impedido pela conveniência e interesses de seus “aliados”. É como ser apoiado por uma máfia para combater o mal das máfias.

Jarbas não tem medo de ser chamado de reacionário pelo povão ou pelos intelectuais que ainda vivem com o conceito de “esquerda” entranhado em seus cérebros, como um tumor inoperável. Essa palavra “esquerda” ainda é o ópio dos intelectuais e “santifica” qualquer discurso oportunista. Na mitologia brasileira, Lula continua o símbolo do “povo” que chegou ao poder. A origem quase “cristã” desse mito de “operário salvador”, de um Getúlio do ABC, lhe dá uma aura intocável. Poucos têm coragem de desmentir esse dogma, como a virgindade de Nossa Senhora.

A última vez que vimos verdades nuas foi quando Roberto Jefferson, legitimado por sua carteirinha de espertalhão, botou os bolchevistas malucos para correr. Depois disso, chegou o lulo-sindicalismo, ou o peleguismo desconstrutivo, que empregou mais de 100 mil e aumentou os gastos federais de custeio em 128 por cento. O lulismo esvazia nossa indignação, nossa vontade de crítica, de oposição. Para ser contra o quê, se ele é “a favor” de tudo, dependendo de com quem esta falando – banqueiros ou desvalidos? Ele põe qualquer chapéu – é ecumênico, todas as religiões podem adorá-lo.

Ele ostenta uma arrogância “simpática” e carismática que nos anestesia e que, na mídia, cria uma sensação de “normalidade” sinistra, mas que, para quem tem olhos, parece a calmaria de uma tempestade que virá para o próximo governante.

Herdeiro da sensata organização macroeconômica de FHC que, graças a Deus, o Palocci manteve (apesar dos ataques bolchevistas dos Dirceus da vida), Lula surfou seis anos na bolha bendita da economia internacional, mas não aproveitou para fazer coisa alguma nova ou reformista. Lula tem a espantosa destreza de nos dar a impressão de que “tudo vai bem”, de que qualquer crítica é contra ele ou o Brasil.

Como disse Jarbas em sua entrevista, o governo do PT “deixou a ética de lado e não fez reformas essenciais, nem nada para a infraestrutura e o PAC não passa de um amontoado de projetos velhos reunidos em pacote eleitoreiro” (...) e o Bolsa Família, que é o maior programa oficial de compra de votos do mundo, não tem compromisso algum com a educação ou com a formação de quadros para o trabalho”.

A única revolução que deveria ser feita no Brasil seria o enxugamento de um Estado que come a nação, com gastos crescentes, inchado de privilégios, um Estado que só tem para investir 0,9% do PIB. A tentativa de modernização que FHC tentou foi renegada pelo governo do PT. Lula fortaleceu o patrimonialismo das velhas oligarquias e o PAC é uma reforma cosmética, como a plástica da Dilma, que ele quer eleger para voltar depois, em 2014. O único projeto do governo é o próprio Lula. Em cima dos 84% de aprovação popular, nada o comove. Só se comove consigo mesmo.

Lula se apropriou de nossa tradicional “cordialidade” corrupta para esvaziar resistências. Assim, ele revitalizou o PMDB – o partido que vai decidir nosso futuro! Hoje, não temos nem governo nem oposição – apenas um teatro em que protagonistas e figurantes são o PMDB.

E no meio disso tudo: o Lula ,um messias sem programa, messias de si mesmo. 84% do povo apoia um governo que acha progressista e renovador, quando na verdade é ultra-conservador e regressista. Nem o PT ele poupou para “conservar” a si mesmo. O PMDB é sua tropa de choque, seu “talibã” molenga e malandro. Agora... tentem explicar este quadro que Jarbas sintetiza com a clara luz de sua entrevista para um pobre homem analfabeto que descola 150 reais por mês do Bolsa Família... Vivemos um grande auto-engano.