quinta-feira, janeiro 08, 2009

PARA...HIHIHIHI


O  ALEMÃO

Duas velhinhas bem velhinhas estão jogando sua canastra semanal.
Uma delas olha para a outra e diz:
- Por favor, não me leve a mal. Nós somos amigas há tanto tempo e agora eu não consigo me lembrar do seu Nome, veja só a minha cabeça. Qual é o seu Nome, querida?
A outra olha fixamente para amiga, por uns dois minutos, coça a testa e diz:
- Você precisa dessa informação pra quando?

CARLOS BRICKMANN

O assessor que sabia javanês


Folha de S. Paulo - 08/01/2009
 

Tentar importar para nosso país a luta entre israelenses e palestinos, justo aqui, onde árabes e judeus convivem bem, brasileiros que são?

ENTRE AS tradições da diplomacia brasileira, há duas mais fortes do que todas as outras:
1 - O Itamaraty, nosso Ministério das Relações Exteriores, é extremamente profissional e competente, um celeiro de quadros de excelente qualidade para todas as áreas do governo;
2 - Os curiosos que se arvoram em diplomatas sempre dão errado, mesmo quando assumem com a fama de gênios. São como "O Homem que Sabia Javanês", de Lima Barreto: valem enquanto não aparece ninguém que fale javanês de verdade e fique demonstrado que não entendem nada.
A fauna de curiosos que atrapalharam a diplomacia brasileira é rica. Envolve um ex-presidente que, embaixador em Portugal, teve como principal feito a construção de um galinheiro na residência oficial, para fornecer-lhe a matéria-prima essencial para o frango à mineira; e, transferido para a Itália, morando no magnífico palácio Doria Pamphili, não se sentia bem e passou a maior parte do tempo no Brasil.
Houve um general de pijama, que fez parte da Junta Militar de 1969 (aquela que o deputado Ulysses Guimarães imortalizou com o nome de "Os Três Patetas"), que foi embaixador em Paris.
Outro general, chefe dos subterrâneos das informações, virou embaixador em Lisboa -obrigado, Portugal, pela paciência que teve conosco!
Apoiar a eleição de Evo Morales, que logo depois de tomar posse ocuparia militarmente as instalações da Petrobras?
Apoiar a eleição de Rafael Correa, cujo maior sonho é não pagar o que deve ao Brasil?
Ficar ao lado dos narcoterroristas das Farc, que a Colômbia atacou em território equatoriano?
Tentar importar para nosso país a luta entre israelenses e palestinos -justo aqui, onde árabes e judeus convivem bem entre si, brasileiros que são?
Intervir na política interna de um país vizinho, fornecendo gasolina para que o presidente venezuelano Hugo Chávez pudesse derrotar os grevistas da Petroleos de Venezuela e apoiando sua polêmica decisão de fechar a TV oposicionista?
Vestir-se com roupas de colonizador inglês na Índia para esperar, na selva colombiana, uma libertação de reféns que não ocorreu?
Nada disso é Itamaraty: nossos diplomatas não fazem papel ridículo.
Tudo isso é Marco Aurélio Garcia, o estranho especialista em política latino-americana que jamais escreveu nenhuma obra sobre o assunto, mas conseguiu se transformar em conselheiro do presidente Lula.
Garcia, é bom que se recorde, não se limita às atividades paradiplomáticas: foi também aquele que fez o famoso "top, top", o obsceno "top, top" para comemorar o fato de que não era o governo o responsável pelo acidente da TAM que matou 199 pessoas -isso enquanto o país, de luto, não tinha como aceitar nenhuma comemoração.
E é Marco Aurélio Garcia que, tomando partido numa luta com a qual o Brasil nada tem a ver, dá total razão aos palestinos do Hamas.
A briga é deles, não nossa; mas Garcia conseguiu convencer Lula de que o Brasil pode ter êxito onde Estados Unidos, França, Rússia, Inglaterra e ONU falharam.
O Brasil, como país neutro, como ponto de convergência de árabes e judeus, poderia ter um papel importante na busca da paz. Mas, tomando partido, perdeu quaisquer condições de influir na região.
Há poucos dias, o presidente Lula afastou Marco Aurélio Garcia da função de palpiteiro-mor de política externa, mas o manteve como assessor.
Entretanto, sua influência sobre o presidente é tamanha, ou foi tamanha, que as coisas que diz são tomadas internacionalmente como o pensamento de Lula. É ruim para o presidente, é ruim para o Itamaraty, é pior para o Brasil.
Talvez a solução fosse enviá-lo para a França, onde estudou, e onde estão os trotskistas que, há 40 anos, influenciaram sua cabeça stalinista.
O ex-primeiro-ministro alemão Konrad Adenauer tem uma frase clássica, que é impossível não citar aqui: "O bom Deus, que limitou a inteligência humana, bem que poderia ter limitado também a estupidez".

CARLOS BRICKMANN
, jornalista e consultor de comunicação, é diretor da Brickmann & Associados. Foi editor e repórter especial da Folha e editor-chefe da "Folha da Tarde" (1984 a 1991).

EDITORIAL-O ESTADÃO

Por que Lula não lê jornais

O Estado de S. Paulo - 08/01/2009
 
As opiniões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva externa sobre a imprensa brasileira são de há muito conhecidas. Ele próprio diz que elas não mudaram desde que chegou ao Planalto - o que faz lembrar a anedota do jornalista irritado com um colega: "Não me venha com fatos novos, que já tenho as minhas ideias formadas." E, decerto por tê-las e por querer poupá-las do contágio com eventuais novidades no comportamento da mídia capazes de pôr em perigo crenças assim viscerais, Lula afirma que se dispensa de ler jornais, revistas, sites e blogs. "Porque eu tenho problema de azia", alegou, tentando exercitar o sarcasmo, numa entrevista publicada na edição deste mês da revista Piauí. (A crer nas suas palavras, ele tampouco assiste a telejornais, nem sequer aos da TV Brasil, nesse caso "por falta de tempo".) 

A imprensa lhe faz mal ao fígado, queixou-se. A mesma imprensa à qual creditou, como já fizera, a sua ascensão à Presidência da República. Foi "produto direto da liberdade de imprensa", repetiu, alheio à incoerência entre essa constatação irrefutável e a sua visão gástrica do jornalismo. Paradoxos, aliás, não faltam quando Lula é instado a falar do assunto - sintoma, quem sabe, de que não o digere com facilidade. O presidente que se guarda de acessar as novas mídias porque também essas, a exemplo das tradicionais, lhe causariam desconforto estomacal, não hesita em saudar a diversidade de comentários disponível em "300 blogs". "Hoje a informação é mais plural", acredita. "Isso democratiza a imprensa, aumenta a capacidade do cidadão de interpretar o que lê."

Lula, ao que diz, não só não lê, não ouve e não vê o noticiário, como recomenda "a qualquer presidente" que se afaste da imprensa - e ainda dos políticos - nos fins de semana. A mídia, insiste, não lhe faz falta. "Um homem que conversa com o tanto de pessoas que eu converso por dia deve ter uns 30 jornais na cabeça todo santo dia", argumenta. "Não há hipótese de eu estar desinformado." Só há. "O tanto de pessoas" que conseguem escalar o gabinete presidencial evidentemente não pediram audiência para criticar o seu titular; têm, todas, interesses a defender, o que aconselha os seus porta-vozes a guardar para si as verdades inconvenientes de que tenham conhecimento sobre o desempenho do anfitrião. Além disso, Lula se informa nas sessões matinais de meia hora com o ministro da Comunicação do Governo, Franklin Martins, que o põe a par do noticiário do dia. 

"Quando sai alguma coisa importante, a Clara (a assessora especial Clara Ant) e o Franklin me trazem o artigo ou mesmo o vídeo de uma reportagem de televisão", conta. Lula talvez não saiba, mas certa vez o presidente americano, George W. Bush, deu uma explicação semelhante para o fato de só bater os olhos nas manchetes - "eu raramente leio as matérias", admitiu, também numa entrevista. Ele se basta com os briefings diários do seu chefe de gabinete e do assessor de segurança nacional, "que provavelmente (sic) leram eles próprios as notícias". A diferença é que Bush, embora observando que muitas vezes as opiniões se misturam às notícias, não deixou de manifestar o seu "grande respeito" pela imprensa. "Nossa sociedade é uma boa, sólida democracia", disse, "porque temos uma boa, sólida mídia."

Eis a questão de fundo, mais ainda do que saber como o presidente da República se informa ou se é verdade que o jornalismo brasileiro lhe dá azia a ponto de ele manter uma distância profilática de jornais, revistas, sites e blogs. Líderes nacionais que conhecem a função não apenas informativa, mas, principalmente instrutiva da imprensa escrita não dispensam a sua leitura, como faz Lula - que, aliás, não lê nada. Quaisquer que sejam as suas mágoas em relação aos órgãos de comunicação de seus países e qualquer que seja a procedência das suas críticas ao modo como eles os tratam - e está para nascer o governante que não se sinta injustiçado pela mídia -, têm a devida noção da importância de sua contribuição, para a preservação e o aperfeiçoamento da democracia. 

Desde o discurso de posse de 2003, a toda hora Lula se refere à sua escassa escolaridade em tom de quem se vangloria da facilidade com que aprende as coisas "de ouvido". Na verdade, não é o "problema da azia" que o afasta da leitura dos jornais, É, isso sim, a aversão natural que ele tem a qualquer espécie de leitura.

NAS ENTRELINHAS

A coluna que Lula não vai ler


Correio Braziliense - 08/01/2009
 

A principal queixa do presidente é que a imprensa não mostra as coisas boas feitas pelo governo. Não é verdade e ele sabe disso

Em entrevista à revista Piauí, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não lê jornais e revistas. Argumentou que isso lhe faz mal ao fígado. Pode parecer frase de efeito, mas é a mais pura verdade. Lula não gosta de ler notícias e essa aversão não é nem mesmo conseqüência das pauladas que levou desde que assumiu o Palácio do Planalto. Vem de antes, é parte do seu jeito de ser e de fazer política. Mas a relação com a imprensa, ou a falta dela, influencia diretamente sua forma de governar. Até porque vai além do presidente. Atinge sua equipe e o PT. É um fenômeno sobre o qual vale a pena escrever. Mesmo sabendo que o presidente não vai ler. 

Lula se informa das principais notícias no início do dia. O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, ou a assessora especial, Clara Ant, lhe fazem um resumo do que saiu e passam recortes das reportagens mais importantes. Diga-se de passagem que é um avanço. No início do primeiro mandato, esse resumo chegava por meio das “Cartas ácidas”, elaboradas pelo assessor Bernardo Kucinski. Os textos faziam jus ao nome e viam em qualquer reportagem de tom crítico sinais de uma conspiração contra o governo. A acidez descia direto ao fígado presidencial. Franklin Martins faz o relato em tom profissional e desapaixonado. 

Governos têm razões para se queixar da imprensa. É inevitável que aconteçam erros ou injustiças, em especial em momentos mais tensos, como escândalos políticos ou durante o trabalho de comissões parlamentares de inquérito. O governo do PT se queixa mais. Em parte, com motivos. Lula é mesmo alvo de uma feroz vigilância da mídia. Mas é bom lembrar que foi o PT quem criou a fórmula de unir-se à mídia a fim de fazer das CPIs motivo para exigir a queda de governantes. Além disso, Lula pavimentou seu caminho para a presidência contando com a simpatia militante de boa parte dos jornalistas do país. 

Ninguém gosta de abrir o jornal e ler algo desfavorável. Fernando Henrique Cardoso, ao contrário de Lula, era um leitor voraz. Sabia o que tinha sido escrito, onde e por quem. Isso muitas vezes fazia com que seu governo reagisse com cara feia para veículos que assumiam uma postura mais crítica. No caso de Lula, o problema é a generalização. O presidente coloca todos no mesmo saco: a “imprensa”. E está convencido que ela trabalha para derrubá-lo. Já deixou isso claro em mais de uma entrevista e vive batendo na tecla em seus pronunciamentos. 

A generalização é injusta e embute um perigo. Há no PT segmentos que não veem com bons olhos a liberdade de expressão e para quem imprensa boa é imprensa a favor. O próprio Lula pensou em expulsar do país o correspondente do New York Times, Larry Rohter, quando esse escreveu uma reportagem na qual o acusava de beber demais. Foi salvo pela intervenção decidida do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e do jornalista Ricardo Kotscho, à época seu chefe de comunicação. O mesmo governo já tentou criar um conselho para regulamentar o jornalismo. As iniciativas não deram certo, mas deixaram no ar um cheiro esquisito. 

A principal queixa do presidente é que a imprensa não mostra as coisas boas feitas pelo governo. Não é verdade e ele sabe disso. O governo viveu seu pior momento no final de 2005. À época, o escândalo do Mensalão contaminava o ar do Palácio do Planalto. A popularidade de Lula despencou e as pesquisas apontavam que ele se encaminhava para uma derrota certa nas eleições do ano seguinte. O presidente percebeu isso e decidiu inverter o jogo. Passou a adotar uma agenda positiva, cheia de medidas populares: dinheiro para grandes obras, aumento nos programas sociais, crédito mais barato. Em pouco tempo, a curva das pesquisas tinha se invertido. Lula foi reeleito e hoje chega aos 80% de aprovação. Como o país ficou sabendo de todas essas medidas? Pela imprensa, presidente. Quando a notícia é importante, ela sai. 

É preciso reconhecer que não ler jornais dá a Lula uma vantagem tática. Ele se informa de forma semelhante a de seus eleitores. Fica sabendo das grandes histórias, as que geram mais barulho e repercussão. Dessa forma, só reage quando a encrenca é grande o suficiente para gerar problemas reais. Não entra em qualquer marola. Assim, evita ser pautado pela imprensa. 

Mas a falta dessa leitura também lhe cobra um preço. O de não perceber que a imprensa é maior que as generalizações. Erra, como os governo erram. Mas acertam bastante. Ao não ler, o presidente está exercendo sobre a mídia o mesmo olhar enviesado que condena nos jornalistas. Fica apenas com a imagem ruim. 

Se alguém encontrar o presidente em suas férias na Bahia e quiser comentar esta coluna, fique à vontade.

O IDIOTA CARA DE PAU


ELIANE CANTANHÊDE

Simples assim: pela paz!


Folha de S. Paulo - 08/01/2009
 

Só fui a Israel uma vez, como turista. Visitei do norte, na fronteira com o Líbano, até o extremo sul, entre Egito e Jordânia, rodando pela Cisjordânia nos limites com a Síria. O que mais impressiona é que judeus e árabes vivem lado a lado, bairro a bairro, numa proximidade inimaginável.
Olhando Jerusalém do alto, é possível distinguir, pela disposição e pela nuance de cores, onde moram uns e outros. E, de baixo, cruza-se o tempo inteiro, ora com as famílias muito claras dos judeus, ora com as famílias morenas dos árabes, ambas geralmente numerosas.
Um judeu ali pelos 70, engraçado e falando várias línguas, levou meu grupo de apenas quatro pessoas a um restaurante árabe. A chegada foi esfuziante, com abraços e sorrisos de velhos conhecidos. Daí a pergunta: "E numa guerra?". Do nosso companheiro, sem titubear: "Ou eles me matam, ou eu mato eles".
A milhares de quilômetros dessa história, dessa cultura e das dores do Oriente Médio, convém evitar defesas ou acusações apaixonadas e o erro de reagir aos atuais ataques a partir só de 1947, de 1967 ou de 2005, cortes que nos empurram para um lado ou para outro, inevitavelmente. A questão vem de muito antes, é daquelas em que todos têm razão e ninguém tem razão, enquanto potências movem peças de acordo com suas conveniências.
O que podemos e devemos é discordar tanto dos foguetes inconsequentes do Hamas quanto da "reação desproporcional" de Israel -como acusam os governos, inclusive o do Brasil, que apita pouco, mas não se omitiu e tem sido coerente com sua política externa.
Agiu contra a unipolaridade norte-americana e sua tendência pró-Israel. E respaldou a ação combinada da França e do Egito -os dois países que Celso Amorim primeiro procurou- pelo cessar-fogo e pela reabertura de canais de negociação.
Ou seja, pela paz. Que, aliás, é justamente o que nos cabe fazer nesse momento de sangue e de dor.

COLUNA PAINEL

CPI, parte três


Folha de S. Paulo - 08/01/2009
 

Desta vez é uma escuta que remete ao telefone da secretária do líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), que faz a oposição vislumbrar um caminho para tentar um terceiro sopro de vida à CPI dos Grampos. A fórmula funcionou no meio do ano passado quando estourou a Operação Satiagraha da Polícia Federal.
A avaliação é que a comissão foi uma das raras trincheiras de resistência ao governo no Congresso. Ou seja, mais do que investigar o caso do tucano, a ideia é deixar aberta até março a janela que expôs a cúpula da PF e da Abin. Além de preparar um parecer alternativo na CPI, centrando fogo no governo, o PSDB acionará o Ministério Público Federal e usará o caso para pressionar a Anatel sobre o sigilo de dados.

Mercado
De R$ 250 a R$ 300 foi o valor negociado pelos integrantes da quadrilha de escutas clandestinas, presa pela Polícia Civil, para obter dados do telefone da secretária de Aníbal. O tucano havia sido informado há 45 dias de que o aparelho fora monitorado, num encontro com um promotor no aeroporto. 

Rede
Na sequência, o deputado tucano acionou Carlos Sampaio (PSDB-SP), que interveio junto à cúpula da polícia paulista. Depois de ouvir a gravação ontem, Aníbal pediu ao secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, que tente identificar quem "comprou" o grampo. 

Presente de grego
Após brigar na Justiça Eleitoral para assumir a Prefeitura de Campos (RJ), Rosinha Matheus (PMDB) reclama que o gabinete está sem telefone e internet, os carros oficiais sem combustível e muitas escolas tiveram a luz cortada por falta de pagamento. 

Aperto
O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que cortou 10% do seu orçamento, também criou grupo para passar um pente fino nos contratos acima de R$ 70 mil. 

Ampla margem
Apesar de o Tesouro Nacional ter anunciado ontem a captação de US$ 1,025 bilhão no mercado internacional, a margem de manobra era bem mais ampla. No despacho em que autorizou a emissão dos títulos no exterior, Guido Mantega (Fazenda) estipulou limite de US$ 2 bilhões.

Bola de cristal
O governo brasileiro vê com bons olhos a afirmação de Barack Obama de que depois de sua posse, no dia 20, terá "muito mais a dizer" sobre o conflito na faixa de Gaza. "Talvez seja uma estratégia para ter uma posição mais contundente no futuro. Obama também não está apoiando a posição de George Bush", diz o assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia. 

Róseo
Lula enviou carta aos 5.563 prefeitos eleitos em que não faz nenhuma menção à crise. Ele propõe parceria para acelerar investimentos e reduzir a pobreza. "Você vai encontrar no governo federal um parceiro para cumprir este compromisso", diz. 

Supermercado
Na carta, Lula também os convida para encontro de dois dias em Brasília, em 10 e 11 de fevereiro. Dez ministros, além dos presidentes do BB, Caixa, BNDES e Funasa, "venderão" seus programas para os novos administradores. 

Resistência
O deputado Paulinho da Força (SP) é um dos que ainda tentam evitar que o PDT desembarque da candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) à presidência da Câmara. "O PMDB insiste em ficar com as duas Casas, mas não vai conseguir", diz. 

Distância
Michel Temer (PMDB-SP) informou ao Palácio do Planalto que prefere se reunir com o presidente Lula sem a presença dos senadores do partido. Ele tenta desvincular a sucessão da Câmara da do Senado, aonde PMDB e PT não estão se entendendo. Além disso, não aceita dividir a sala com seu arqui-inimigo Renan Calheiros (PMDB-AL).

Tiroteio


"Que o presidente Lula não gosta de ler, todo mundo já sabia. Agora ele revela possuir um forte espírito antidemocrático, de quem não sabe lidar com as críticas." 
Do deputado 
ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP), comentando a entrevista em que Lula diz, à revista "Piauí", que não acompanha diretamente o noticiário porque isso lhe dá "azia".

Contraponto 

Que vontade que dá...

Com o presidente Lula em férias, o vice José Alencar convocou a imprensa para uma entrevista coletiva anteontem. Como de hábito, falou sobre seu tema predileto: os juros. Em determinado momento, os jornalistas perguntaram se ele pretendia disputar um cargo no Executivo em 2010. O vice, que se recupera de um câncer, disse que não. A próxima pergunta foi se ele tinha informação sobre um possível desejo de Lula de se candidatar a algum cargo daqui a dois anos. Alencar abriu um sorriso:
-Olha, eu torço para isso! Porque daí ele teria de se licenciar por seis meses e eu assumiria. Daria tempo suficiente para eu mandar abaixar os juros para 0,5 ponto...

DORA KRAMER

Muito além do panfleto


O Estado de S. Paulo - 08/01/2009


Não é um debate na acepção da palavra. Nem uma discussão. Para o primeiro faltam as ideias e, para a segunda, há carência de contraditório. Chamemos, então, de palco o ambiente em que evoluem os candidatos às presidências da Câmara e do Senado.

É um cenário, com paredes falsas onde nada tem consistência nem conteúdo. O principal candidato ao comando da Câmara, deputado Michel Temer, informa que tem “propostas sérias de reestruturação da Casa”.

Quais? Ontem deu notícia de uma delas: “Vou acabar com essa história de baixo clero e alto clero.” Igualdade na fraternidade, pois. 

O principal candidato ao comando do Senado, senador Tião Viana, divulgou uma carta de duas páginas e meia em que uma única vez diz direta e objetivamente a palavra “proponho”. O quê? 

“Construirmos o Legislativo do tempo presente.” Como?

Mediante a adoção de uma “agenda ousadamente positiva”. Com qual finalidade? 

“Sobrepor-se à agenda da crise e impedir que o Parlamento fique a reboque dos acontecimentos.” Uma locomotiva em ritmo de Brasil grande, presumidamente.

E assim, em tom de panfletagem eleitoral, se desenrolam as preliminares das eleições de fevereiro. Concepções genéricas sobre a afirmação da “altivez” do Legislativo, chavões sobre a “judicialização” da política não atendem “as crescentes demandas da sociedade em torno de um Congresso Nacional afirmativo e propositivo”, como o senador Viana considera necessário em sua carta aos eleitores da corporação.

Atendem, quando muito, ao que demanda a performance dos candidatos na batalha do voto a voto, a fim de se compor o cenário com algo mais que os acertos interpartidários, estes sim as reais referências na troca de comando do Parlamento.

A preocupação dos personagens é a de arregimentar apoios ao custo que for. Inclusive o da compostura. Como faz o Executivo em relação ao Legislativo, que incorpora o pior e não presta atenção no melhor dos outros dois Poderes. Ao contrário, ataca o ativismo do Judiciário no lugar de buscar ser tão ou mais ativo.

O presidente da República tem 37 ministérios e milhares de cargos de confiança à disposição para lotear na formação de sua maioria parlamentar. Aos presidentes da Câmara e do Senado cabem duas dezenas de cargos das Mesas Diretoras para entregar aos partidos ali representados e, assim, tentar obter a maioria dos votos dos colegas.

Antigamente a coisa não era assim tão escancarada. Hoje, no caso da Câmara principalmente, faz-se a divisão de maneira desabrida, sem pejo: é a primeira secretaria para um partido, a segunda para outro, as suplências para os menos cotados, as vice-presidências para os mais importantes e está feita a receita.

Se resulta em boa coisa, não interessa. Exatamente como a lógica do Executivo: arma-se a maioria, mas não necessariamente se faz um bom uso dela. Se Michel Temer assegura a vitória com essa prática de loteamento, não é o que está em questão. Pode até perder como vários outros candidatos “do poder” já perderam.

Lamentável é o processo. Este por si só já consolida a degradação do Poder Legislativo e invalida quaisquer manifestações contra alegadas injustiças de avaliação cometidas contra a instituição.

Não existe maior prova da degenerescência que o ambiente na antessala da escolha dos novos presidentes das duas Casas do Congresso Nacional.

Faz algum sentido um candidato a presidir a Câmara dos Deputados abraçar a causa da extinção do “baixo clero e do alto clero?” Nenhum, a não ser como exercício de demagogia. E autorreferida, como se o Congresso fosse um grêmio recreativo e não a entidade de representação popular com todas as responsabilidades públicas inerentes a este papel.

Viana, Temer, Aldo Rebelo, Garibaldi Alves e todo o plantel de candidatos dispõem de uma gama de assuntos para ser abordados que passam pelo aprimoramento do processo legislativo e vão muito além do panfleto. 

Isonomia

Se não é eticamente adequado que um presidente de partido acumule essa função com a chefia de um ministério - conforme indicam a regras da Comissão de Ética Pública da Presidência da República -, não é aconselhável também que um político presida ao mesmo tempo um partido e a Câmara dos Deputados.

O conceito de conflito de interesses (mesmo presumido) é o mesmo. Daí o plano inicial, já abandonado, de o presidente do PMDB, Michel Temer, se licenciar do posto caso venha a se eleger presidente da Câmara.

Temer é um jurista e desses bastante referidos no formalismo, várias vezes cotado para o cargo de ministro da Justiça. Por essas e muitas outras mais, certamente saberia muito bem ao paladar geral, e ao decoro legislativo em particular, a retomada da ideia original do afastamento.

Mais não seja como medida preventiva a eventuais questionamentos de conduta.

ILIMAR FRANCO

Enfrentar a crise

Panorama Político

O Globo - 08/01/2009
 

O governo Lula vai reunir empresários, trabalhadores e personalidades que integram o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para atualizar a agenda de desenvolvimento do país. O governo espera que surjam propostas novas para superar os efeitos da crise. Seminário semelhante em 2006 resultou no PAC. Virão ao Brasil, em março, participar desse debate os economistas James Galbraith, Robert Guttmann e Ignacy Sachs.


Serra não quer nem marolinha 

Líder nas pesquisas de intenção de voto e com 90% de conhecimento, a tarefa eleitoral prioritária do governador José Serra, neste ano, é governar bem São Paulo. Acredita, dizem os serristas, que assim imporá com naturalidade sua candidatura ao PSDB. Com um programa de investimento de R$18 bilhões, Serra vai acompanhar com lupa a evolução das receitas estaduais. No campo político, já tem amarrado ao seu projeto o DEM, o PPS e parcela do PMDB. Internamente, agirá com cautela e paciência para costurar a aliança interna, sobretudo com o governador Aécio Neves (MG), que também postula concorrer à Presidência. 


A fragilidade jurídica impede que os senadores e partidos assumam compromisso" - Henrique Alves, líder do PMDB na Câmara (RN), sobre a reeleição do primo Garibaldi Alves (PMDB-RN) para a presidência do Senado 

PREOCUPAÇÕES DE LULA. No programa de rádio "Café com o presidente", canal direto de Lula com a população, o tema mais abordado por ele em 2008 foi a geração de empregos, citado 21 dias. Em segundo lugar está o PAC, bandeira do segundo mandato, levantado em 17 programas. Depois vem a crise internacional e a dos alimentos, acarretada pelo aumento do preço das commodities, presente em 15 dos 51 programas. 

Pragmatismo 


Além de prestar um serviço ao Palácio do Planalto, o PDT quer garantir um cargo de suplente na Mesa Diretora e a presidência de uma comissão ao apoiar Michel Temer (PMDB-SP) para presidente da Câmara, abandonando Aldo Rebelo (PCdoB-SP). "Somos intrépidos para defender nossos direitos", disse o deputado Mário Heringer (PDT-MG), que até o fim do mês passado era líder do Bloco de Esquerda. 

CNJ e cartórios 


Nota técnica do Conselho Nacional de Justiça recomenda a rejeição, pela Câmara dos Deputados, da proposta de emenda constitucional que permite a efetivação de titulares de cartórios sem concurso público. Para o CNJ, a proposta "caminha na contramão" do sistema de recrutamento de pessoal para o poder público e seria um "descompasso histórico". O documento afirma ainda que o STF já considerou a medida inconstitucional ao julgar outras matérias.

Bate-boca 

Michel Temer (PMDB-SP) ligou ontem para Osmar Serraglio (PMDB-PR) e pediu que ele retire sua candidatura à presidência da Câmara. "Se eu conversar muito com você, fico sem ânimo para fazer campanha", encerrou Serraglio. 

Sem discurso 

Serraglio, aliás, terminou o dia ontem desanimado. A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados discutiu e encampou uma de suas principais propostas de campanha: a concessão de plano de saúde para funcionários comissionados. 


A PREFEITA de Natal, Micarla de Sousa, declara hoje situação de calamidade pública na saúde, o que lhe permitirá dispensar licitação para a contratação de médicos e compra de material. 

TROCA-TROCA. Rogério Guedes assumiu ontem a diretoria-geral do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) no lugar de Marcelo Lopes, que será o novo superintendente do Sebrae no Rio Grande do Sul. 

O PRESIDENTE da Fundação Milton Campos, Francisco Turra, quer o PP fora do governo. Diz que o partido virou coadjuvante na política nacional.

MERDA NÃO AFUNDA


QUINTA NOS JORNAIS


Globo: Estados quintuplicam os gastos e investem menos

 

Folha: Fuga de dólares é a maior desde 1982

Estadão: Governo quer limitar uso do FAT em acordos

JB: Israel exige saída de civis e amplia ataque

Correio: Em alta - Preço da cesta básica no DF dá o maior salto desde 1997

Valor: Fundos de pensão têm o pior ano de sua história

Gazeta Mercantil: Saldo do fundo 157 pode superar R$ 1 bi

Estado de Minas: Mais dinheiro para quem vende 10 dias de férias