sexta-feira, dezembro 18, 2009

RUY CASTRO

Seguidores de Rasputin


FOLHA DE SÃO PAULO - 18/12/09

Pode-se não saber quem foi Gogol ou Tchecov, dois escritores russos pré-1917, mas não há quem não tenha ouvido falar de Rasputin. Grigori Rasputin. Era um homem fascinante, meio monge, meio charlatão, cujo poder sobre o czar Nicolau 2º e família o levou a ser assassinado em dezembro de 1916, aos 47 anos, pouco antes da queda do próprio czarismo.

Na Rússia daquele tempo, não faltava quem quisesse apagar Rasputin. Em 1914, à saída de uma igreja, ele foi atacado por uma prostituta contratada por um inimigo. Ela lhe cravou uma faca no abdômen e girou. Rasputin caiu, olhos esbugalhados e tripas para fora. A mulher se deu por satisfeita e largou a arma. Mas Rasputin foi levado, submetido a uma cirurgia e sobreviveu.

Dois anos depois, um conde, um grão-duque e um extremista de direita o atraíram para uma adega, onde lhe serviram bolos e vinho tinto enriquecidos com cianureto. O veneno – “capaz de matar cinco homens”, dir-se-ia depois – pareceu não afetá-lo. O conde, para se garantir, disparou contra Rasputin, que caiu. Quando o homem se abaixou para examiná-lo, Rasputin, assustadoramente vivo, agarrou-o e tentou estrangulá-lo.

Os outros dois lhe deram mais três tiros, um deles na cabeça, e Rasputin caiu de novo. Ao ver que ainda se debatia, bateram-lhe de porrete até desmaiá-lo e, por sadismo, castraram-no ali mesmo, a golpe de sabre. Depois o amarraram, enrolaram-no num tapete e o jogaram no gelado rio Neva. Foram embora e não viram quando Rasputin se livrou das amarras e do tapete, mas não conseguiu romper a camada de gelo. Segundo a autópsia, morreu afogado. Isso é que é apego à matéria. Mas pense em outros sobreviventes ilustres, como José Roberto Arruda, José Dirceu, Delúbio Soares, Fernando Collor ou José Sarney. Junto deles, Rasputin era amador.

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