terça-feira, dezembro 15, 2009

PAINEL DA FOLHA

Missão cumprida

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO


Lula deixou claro para mais de um auxiliar que não pretende dar satisfações a Michel Temer sobre sua sugestão de que o PMDB apresente uma "lista tríplice" de candidatos a vice de Dilma Rousseff. Pode vir a afagá-lo em público, mas não se enredará numa conversa privada que implique conceder ao presidente da Câmara algum favoritismo na disputa pela vaga.
Isso porque, na contramão da leitura contemporizadora de alguns petistas, houve pouco ou nenhum improviso na fala de Lula no Maranhão. Ele de fato não quer Temer como vice e parece disposto a peitar o comando do PMDB. A poeira do incidente da semana passada vai baixar, mas o recado já foi dado.




Gangorra. As cabeças mais frias do PMDB avaliam que a possibilidade de resistir à vontade de Lula será inversamente proporcional ao desempenho de Dilma nas pesquisas. Quanto mais rapidamente ela subir, menor a chance de o partido impor o nome do vice. Mas, se ela patinar, a coisa muda de figura.

Serial. Quem conhece Lula aposta que o episódio da "lista tríplice" será seguido de outras estocadas no PMDB mais adiante. O presidente poderia, por exemplo, não nomear o secretário-executivo João Reis Santana Filho para o Ministério da Integração Nacional quando Geddel Vieira Lima deixar a pasta para disputar o governo da Bahia.

A favorita. O "eleitorado" em Copenhage nem de longe reflete as pesquisas de intenção de voto no Brasil. Na conferência do clima, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) lutam para conseguir alguma visibilidade, enquanto Marina Silva (PV) é reconhecida e paparicada por todos.

Sem legendas. Do Twitter do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), direto de Copenhague, minutos antes do discurso de Dilma: "Está sendo exibido um vídeo (em português) sobre a realidade do Brasil segundo o governo". E na sequência: "Vídeo bem feito. Imagens maravilhosas. Mas quem não é brasileiro, naturalmente, não está entendendo nada...".

De olho. A Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), que anunciou em agosto a disposição de não participar da Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), enviou vários de seus integrantes ao evento, iniciado ontem em Brasília. Eles foram credenciados como "observadores".

Indigesto. Ainda sob o impacto do Arrudagate, os presidentes dos três partidos de oposição, Rodrigo Maia (DEM), Sérgio Guerra (PSDB) e Roberto Freire (PPS), promovem confraternização hoje em Brasília.

Pano rápido. Durante os dois minutos em que fotógrafos tiveram acesso à reunião de Arruda com o secretariado, o governador suou para tentar demonstrar normalidade. O único assunto permitido foi o andamento de obras.

Pede pra sair. Uma ala do PR dá sinais de insatisfação com a permanência de Izalci Lucas Ferreira, presidente do partido no Distrito Federal, na Secretaria de Ciência e Tecnologia de Arruda. Atribuem ao mensaleiro Valdemar Costa Neto a decisão de não entregar a cadeira.

Tática. Recém-indicado para cargo na Secretaria do Futebol, a ser criada pelo Ministério do Esporte para cuidar de assuntos relativos à Copa de 2014, o delegado Protógenes Queiroz (PC do B) já foi consultor da CBF e teve viagens pagas pela entidade.

Cidade-sede. Ao participar em Veneza de um fórum de cortes europeias, o presidente do STF, Gilmar Mendes, acertou a realização no Rio, em janeiro de 2011, da 2ª Conferência Mundial de Cortes Constitucionais. Mais de cem delegações devem participar.

com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

No debate sobre a divisão dos royalties do pré-sal, é preciso cuidar para que a pressão dos Estado produtores não vire um "preção".

Do deputado JOSÉ MENTOR (PT-SP), sobre o projeto que ainda aguarda a votação de destaques na Câmara para depois ir ao Senado.

Contraponto

Lanterninha Na noite de domingo, um grupo de tucanos foi ao Cine Academia, em Brasília, assistir a "Abraços Partidos". Antes do novo filme de Pedro Almodóvar, surgiu na tela o trailer de "Lula, o Filho do Brasil", em imagem tão desfocada que a sessão teve de ser interrompida.
Feito o ajuste necessário, retomou-se a exibição dos trechos da cinebiografia do presidente, só que desta vez sem som. Quando a sessão foi novamente interrompida e as luzes se acenderam, um governista que estava no fundo da sala apontou e gritou, para riso geral:
-É tudo culpa da oposição ali na frente!

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