domingo, dezembro 13, 2009

CLÓVIS ROSSI

O verdadeiro "o cara"

FOLHA DE SÃO PAULO - 13/12/09


SÃO PAULO - Se não estiver em surto de megalomania, o presidente Lula deveria devolver a seu colega Barack Obama aquela brincadeira sobre ser "o cara". Para quem já esqueceu, Obama cumprimentou Lula, durante o G20 de abril, em Londres, apontando-o como o mais popular do mundo.
Não é que, agora, a pesquisa Latinobarómetro mostra que "o cara", o presidente mais popular, pelo menos na América Latina, é Obama, e não Lula? Obama levou nota 7, contra 6,4 do brasileiro.
Para um subcontinente que cansou-se de gritar "yankees, go home", não deixa de ser revelador que os que continuam com tais gritos sejam os últimos da fila, a saber: Daniel Ortega (Nicarágua), com 4,3; Fidel Castro (Cuba), 4; e Hugo Chávez (Venezuela), 3,9.
Parece decorrência natural do fato de que 59% dos consultados acham que a democracia é o melhor dos regimes. O teor de democracia em Cuba é zero, enquanto nos dois outros países do fim da fila ele é bastante turvo.
Parece também que o público não comprou todo o alarido contra a mídia feito por diferentes governos da região e pela própria mídia chapa-branca: rádio, TV e jornais são mais confiáveis do que todas as instituições da política. Perdemos apenas para a igreja, mas ganhamos dos governos, dos governos locais, da administração pública, dos Congressos, dos partidos políticos (aliás, os que menos confiança despertam no público).

Por falar em megalomania, se Guido Mantega diz que o PIB brasileiro é um "pibão", como devemos tratar o PIB chinês?
Afinal, o PIB do Brasil encolhe ou anda de lado neste ano, ao passo que o da China crescerá 8,5%, pouco mais ou pouco menos.
Aliás, ao contrário da propaganda oficial brasileira, que diz que fomos os primeiros a sair da recessão, a China nem entrou nela.

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