quinta-feira, agosto 14, 2008

A VARANDA EM PEQUIM

MEDALHA DE COURO


BUNDINHAS DA TORCIDA
COM MINHA REDE FISGUEI ESSA GOSTOSA
Eliane Cantanhede

- Sim, não, talvez


Folha de S. Paulo
14/8/2008


O ex-bispo Fernando Lugo toma posse na Presidência do Paraguai amanhã e pode criar uma saia justa para o Brasil. Mas há dois Brasis. Um do presidente Lula e do chanceler Amorim, cheios de amor e de investimentos para dar; outro da área técnica, pronta para dizer "não, não e não" para mudanças em Itaipu.O Paraguai pede aumento do preço que o Brasil paga pela energia excedente. O ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, e o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, vão dizer não, e Lula e Amorim vão, em troca, prometer mundos e fundos do BB e do BNDES para uma linha de transmissão para a capital.O Paraguai pede a revisão do tratado de Itaipu para poder vender o seu excedente (93%) para Argentina, Chile e Uruguai. Lobão e Samek também dirão não, e Lula e Amorim vão acenar com financiamento de pontes e viadutos.O Paraguai pede a redução dos juros de contratos bilaterais. Lobão e Samek mais uma vez dirão não, e Lula e Amorim vão sugerir muito e muitos reais, ou dólares, para pequenas e médias empresas.Lobão e Samek têm argumentos pragmáticos: quem pagou Itaipu, avalizou os empréstimos e carrega a binacional nas costas é o Brasil. O Paraguai ficou no lucro, sócio de uma empresa de US$ 30 bi -bem mais que seu PIB-, e já recebeu mais de US$ 3,5 bi em royalties. Reclama de quê? Só consome 7% da produção porque não desenvolveu sua indústria e sua infra-estrutura.Mas, para a política (Lula) e a diplomacia (Amorim), o pragmatismo, aí, é outro: para ser líder, precisa ser bonzinho com os pobres. Lugo chega com a utopia da velha esquerda católica, para rezar na missa de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales, que vêem o Brasil como um "ianque tupiniquim", culpado por todos os erros e desigualdades. Lula ira à posse, mas vapt-vupt. Para ouvir pouco e falar menos ainda.
MUTRETA
Clara insensatez

EDITORIAL O Globo
14/8/2008

Pode ser que o local e o momento tenham despertado no presidente Lula sua conhecida habilidade de falar o que as platéias querem ouvir. Seja qual tenha sido a motivação, não se pode deixar passar sem crítica a defesa feita terça-feira, no Rio, perante militantes da UNE - hoje uma correia de transmissão do PCdoB e do governo -, de mudanças na Lei do Petróleo, para pretensamente adequá-la à exploração das promissores áreas no pré-sal. Os fatos contrariam o presidente.
Vamos a eles. A Petrobras anunciou recentemente a descoberta de mais um campo de petróleo na camada de pré-sal, em uma profundidade de mais de cinco mil metros. Batizado preliminarmente de Iara, o poço descoberto fica em uma área contígua ao campo de Tupi, no mesmo bloco de concessão (BM-S-11), na Bacia de Santos, em águas ultraprofundas, a mais de 200 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. É entusiasmante que as novas perfurações estejam sendo bem-sucedidas, e a custos mais baixos do que as avaliações exploratórias iniciais no pré-sal da Bacia de Santos. Ainda que somente os testes de longa duração possam de fato definir a capacidade futura de produção desses campos, os técnicos parecem não ter mais dúvidas que serão muito produtivos.
Foi a evolução do processo exploratório, motivado pelo atual modelo de concessões e impulsionado pelos altos preços do petróleo no mercado internacional, que levou a Petrobras e companhias parceiras a descobrirem os reservatórios da camada do pré-sal.
Com os lucros que vem obtendo, a Petrobras conseguirá financiar uma parte significativa dos seus investimentos sem necessidade de recorrer a um endividamento oneroso que possa ter impacto negativo nos seus resultados no futuro. Essa condição econômico-financeira vantajosa permite que a empresa faça parcerias sólidas com outras companhias do setor, de forma a multiplicar essa capacidade de investir. Como o atual modelo de concessões é competitivo, a disputa para exploração de novos blocos no pré-sal será acirrada, pois outros investidores pesos pesados devem se interessar também pelas licitações. Assim, antes mesmo de se retirar uma gota de petróleo dos novos campos, os cofres públicos já estarão se beneficiando - com o recebimento dos bônus de assinatura - da exploração e produção no pré-sal. Empacar tudo isso com mudança desse modelo, que está "em pleno vôo" e dando certo, é clara insensatez, além de prejudicar os acionistas da Petrobras. Ainda mais se o governo decidir criar mais uma estatal com esse fim - sonho do PMDB e de aparelhistas em geral.