domingo, maio 27, 2007

FESTA NO BLOG

Essa contribuição recebí do Poeta Adilson Cordeiro lá das Brasilias, valeu meu poeta


ZÉ LIMEIRA – POETA DO ABSURDO- Alguns versos:

SOU O CANTADOR MALHÓ
QUE A PARAÍBA CRIOU-L0.
-:-
Muié só presta arpejada,
Porém só presta bem feme,
Do jeito que foi Noeme
Cum cinco mês de casada.
-:-
Só gosto de duas coisas:
Vida boa e muié feme.
Ainda o ano passado
Fui pai dum casá de geme.
-:-
NO DIA QUE EU ME ZANGÁ
MATO VOCÊ DE CARINHO !
-:-
Quanto mais carinho eu faço
Mais recebo ingratidão !
-:-
Peço licença ao prugilo
Dos quelés da juvenia,
Dos tolfus dos aldiácos,
Da baixa da silencia
Do genuíno da Bríbria,
Do grau da grodofobia!
-:-
A minha amada primeira
Eu achei nas Escritura,
Comendo uma rapadura
Por cima da cumieira...
Peguei minha baladeira,
Dei um tiro na infeliz,
Errei, pegou num concriz
Mordendo a boca dum pato...
Responde, destino ingrato,
Qual foi o mal que te fiz?
-:-
Eu briguei com um cabra macho,
Mas não sei que se deu:
Eu entrei por dentro dele,
Ele entrou por dentro deu,
E num zuadão daquele
Não sei se eu era ele
Nem sei se ele era eu!
-:-
Napoleão Bonaparte
Saiu de dentro da grota.
Veio contar anedota
Pra seu Pedro Malazarte
Dom Pedro teve um enfarte,
Tomou um chá de jumento,
Vomitou, botou pra dentro,
Tornou goipar outra vez,
As, dama, valete e reis.
Diz o Novo Testamento!
-:-
Quando Jesus veio à terra
Foi gerente da Paulista
Sócio de São João Batista,
Depois da Segunda Guerra...
De tanto subir a Serra,
Tivero um padecimento,
Inda existe documento
Da juvenia dos dois,
Hoje, amanhã e depois,
Diz o Novo Testamento !
-:-
Pedro Álvares Cabral,
Inventor do telefone,
Começou tocar trombone
Na volta de Zé Leal,
Mas como tocava mal,
Arranjou dois instrumento...
Daí chegou um Sargento
Querendo enrabar os três,
Quem tem razão é o freguês
Diz o Novo Testamento!
-:-
EU ME CHAMO ZÉ LIMEIRA,
CANTADOR QUE TEM CIÚME,
BRISA QUE SOPRA DA SERRA,
FERA QUE CHEGAR DO CUME,
BRIGADA SÓ DE PEIXEIRA,
MIJO DE MOÇA SOLTEIRA
FACA DE PRIMEIRO GUME!
-:-
Quem vem lá é Zé Limeira,
Cantor de força vulcânica,
Prodologicamente
Cantor sem nenhuma pânica,
Só não pode apreciá-lo
Pessoa senvergonhânica!
-:-
O meu nome é Zé Limeira,
Cantor que não é pilhérico,
Mas já sofreu de alguns males,
Foi atacado de histérico,
Chame logo a junta médica,
Faça o exame cadavérico!
-:-
SE TU FOR NA MINHA CASA
TEM CAPIM PRO TEU CAVALO,
SE CHEGAR UM FILÓSOFO
EM MANDO FOTOIGAFÁ-LO
SE CHEGAR UM FOTOIGRÁFO
EU MANDO FILOSOFÁ-LO!
-:-

O velho Thomé de Souza,
Governador da Bahia,
Casou no mesmo dia
Passou a pica na esposa.
Ele fez que nem raposa:
Comeu na frente e atrás,
Chegou na beira do cais,
Onde o navio trêfega
Comeu o Padre Nóbrega,
Os tempos não voltam mais!
-:-
Boi-de-carro, vida amarga,
Como é dura a tua lida
Bem maior que a tua carga
É o fardo da minha vida!
-:-
Vou abrir minha cancela
Por modo tanger meu gado,
O mestre venha atrás deu,
De banda ou mesmo de lado
O meu nome é Zé Limeira,
Caboco disbagaçado!
-:-
Limeira é vate inspirado
Lá da Serra do Teixeira...
Tanto ele canta bonito
Como sua voz é prazenteira,
No compasso da viola
Canta verso a noite inteira
-:-
Um dia eu tava na feira
Comprando um couro de bode,
Chegou quarenta alemão,
Fizero logo um pagode,
Me pergutaro: pru que?
Eu dixe: talvez, prumode!
-:-
Não intendo de inleição
Que lá no Tauá não tem,
Porém se eu fosse votá
Entretanto mais porém
Eu só votava se fosse
Num burro manso ou num trem !
Eu me chamo Zé Limeira
Da Paraíba falada
Cantando na Escritura
Saudando o pai da coaiada
A lua branca alumia
Jesus, José e Maria
Três anjos na farinhada
-:-
EU ME CHAMO ZÉ LIMEIRA
NASCIDO LÁ NO TAUÁ
ENTRE CASCA DE ANGICO
MIOLO DE JATOBÁ
BICO DE PATO VADIO
PICILONE, Z-A ZÁ !



Zé Limeira, paraibano (1886/1954) é considerado o “Poeta do Absurdo” tal a maneira peculiar que narra as estórias do convívio da sua terra natal. Adapta, transforma e inventa palavras para melhor mostrar suas idéias, relatando tudo de uma maneira rude e ao mesmo tempo sutil, tornando a leitura por demais prazerosa. O poeta e jornalista Orlando Tejo foi quem pesquisou e publicou o livro com os versos do Poeta do Absurdo. Ed. Cia. Pacífica – 1987.

Visite o blog:
http://adilsoncordeiro.blog.uol.com.br